quarta-feira, março 12, 2025
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Ufos e avistamentos coletivos

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Os avistamentos coletivos de OVNIs há muito capturam a imaginação humana, mas há algo particularmente fascinante quando esses eventos transcendem o testemunho isolado e se tornam experiências coletivas, presenciadas por dezenas, centenas ou até milhares de pessoas ao mesmo tempo.

Esses casos desafiam explicações simplistas, alimentam debates sobre vida extraterrestre, tecnologias secretas ou fenômenos naturais mal compreendidos, e nos convidam a refletir sobre nossa posição no cosmos.

Prepare-se para uma jornada pelos céus – e talvez além deles.

1. O Incidente de Phoenix (1997) – As Luzes que Pararam o Arizona

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Na noite de 13 de março de 1997, a cidade de Phoenix, no Arizona, Estados Unidos, tornou-se o palco de um dos avistamentos de OVNIs mais amplamente testemunhados e documentados da era moderna. Entre 19h30 e 22h30, milhares de pessoas – estimativas variam entre 10.000 e 20.000 – relataram ter visto um fenômeno extraordinário no céu. O que começou como um avistamento casual logo se transformou em um evento que mobilizou moradores, autoridades e, posteriormente, pesquisadores de todo o mundo.

 O que as Testemunhas Viram?

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Os relatos convergem em dois pontos principais: luzes brilhantes dispostas em uma formação em “V” ou um objeto escuro, gigantesco e silencioso que parecia deslizar sobre a cidade. Muitas testemunhas descreveram cinco ou sete luzes amareladas ou alaranjadas, movendo-se em perfeita sincronia, enquanto outras afirmaram ter visto uma nave triangular ou em forma de boomerang, tão grande que bloqueava as estrelas ao passar. Um detalhe recorrente era o silêncio absoluto do objeto – algo incomum para qualquer aeronave conhecida na época.

Lynne D. Kitei, uma médica local que mais tarde escreveu um livro sobre o caso (The Phoenix Lights), foi uma das primeiras a registrar o evento em vídeo. Seu filme caseiro mostra as luzes pairando no horizonte, desafiando a lógica de aviões ou helicópteros. Outras testemunhas, como Mitch Stanley, um astrônomo amador que usou um telescópio para observar as luzes, insistiram que pareciam aviões individuais. No entanto, a maioria discordou, apontando a ausência de som e a escala do objeto como evidências de algo fora do comum.

 Reação Oficial e Controvérsia

A Força Aérea dos EUA inicialmente permaneceu em silêncio, mas, meses depois, sugeriu que as luzes eram flares (sinalizadores táticos) lançados por aviões A-10 durante um exercício militar na Base Aérea de Luke, a cerca de 100 quilômetros de Phoenix. Essa explicação, porém, foi amplamente contestada. Testemunhas afirmaram que os flares não poderiam se mover em formação tão precisa nem permanecer visíveis por tanto tempo sem dissipar. Além disso, o horário dos supostos exercícios não coincidia perfeitamente com os avistamentos iniciais.

O então governador do Arizona, Fife Symington, inicialmente ridicularizou o evento em uma coletiva de imprensa, apresentando um assessor fantasiado de alienígena. Anos depois, em 2007, ele mudou de tom. Em uma entrevista à CNN, Symington admitiu ter visto o fenômeno pessoalmente e o descreveu como “algo que não parecia deste mundo”. Sua mudança de discurso reacendeu o interesse no caso e reforçou a percepção de que algo extraordinário havia ocorrido.

Impacto Cultural

O Incidente de Phoenix não foi apenas um evento isolado; ele transformou a cidade em um ponto focal para entusiastas de OVNIs. Documentários, como The Phoenix Lights: Beyond Top Secret, e conferências ufológicas mantêm o caso vivo. Para muitos, as luzes representam uma das melhores evidências de que algo além da compreensão humana cruzou os céus naquela noite. Para outros, é um exemplo clássico de histeria em massa combinada com fenômenos explicáveis mal interpretados. O que ninguém contesta é o número impressionante de testemunhas – um fator que torna o caso impossível de ignorar.

 2. O Avistamento de Fátima (1917) – Um Fenômeno Celestial ou Extraterrestre?

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Embora amplamente conhecido como um evento religioso, o “Milagre do Sol” ocorrido em Fátima, Portugal, em 13 de outubro de 1917, tem intrigado ufólogos por suas semelhanças com avistamentos modernos de OVNIs. Mais de 70.000 pessoas – de camponeses analfabetos a jornalistas céticos – reuniram-se na Cova da Iria após três crianças pastoras, Lúcia dos Santos e seus primos Jacinta e Francisco Marto, anunciarem que a Virgem Maria apareceria e realizaria um sinal visível a todos.

O Dia do Milagre

Naquele dia chuvoso, a multidão aguardava sob um céu encoberto. Por volta do meio-dia, as nuvens se abriram, e o Sol começou a se comportar de maneira inexplicável. Testemunhas relataram que o astro “dançava” no céu, girava como uma roda de fogo, emitia luzes multicoloridas e parecia descer em direção à Terra antes de retornar à sua posição normal. Alguns descreveram o objeto como um disco prateado ou uma esfera brilhante, e muitos notaram que suas roupas, antes encharcadas pela chuva, secaram instantaneamente após o evento. A prova que não era o sol fazendo evoluções, é que estamos vivos, hahahaha. Se o sol, por ventura,  resolvesse dar um bordejo por aí, não haveria mais vida no planeta.

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Jornais da época, como O Século, publicaram relatos detalhados. Um repórter escreveu:

“Diante dos olhos atônitos da multidão, o Sol tremia, fazia movimentos bruscos, nunca vistos, fora de todas as leis cósmicas.”

Outros testemunhos mencionaram um som sutil, como um zumbido, e uma sensação de calor incomum, que chegou a derreter coisas e secar roupas das testemunhas molhadas por uma chuva intensa.

Interpretação Religiosa vs. Ufológica

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A Igreja Católica canonizou o evento como um milagre, associando-o às aparições marianas relatadas pelas crianças. No entanto, ufólogos como Jacques Vallée e Eric von Däniken sugeriram uma leitura alternativa: o que as testemunhas viram poderia ter sido uma manifestação extraterrestre ou tecnológica avançada, mal interpretada no contexto religioso da época. A descrição de um objeto circular giratório, emitindo luzes e movendo-se de forma impossível para o Sol real, ecoa relatos modernos de OVNIs.

O milagre de Fatima
Representação da figura que teria aparecido após o objeto realizar evoluções diante de milhares de pessoas estupefatas. Ela foi considerada pelo povo como a Virgem Maria, mas poderia ser uma extraterrestre?

Críticos argumentam que o evento pode ter sido um fenômeno atmosférico, como um parélio ou uma ilusão óptica amplificada pela expectativa da multidão. No entanto, a escala do avistamento – com testemunhas espalhadas por quilômetros – e a consistência dos relatos desafiam explicações simplistas até hoje.

Um Mistério Duradouro

Seria o caso do avistamento de Fátima e o milagre do sol um fenômeno ufológico ou uma aparição Mariana misteriosa?
Fátima permanece um ponto de intersecção entre fé, ciência e especulação ufológica. Para os religiosos, é uma prova de intervenção divina; para os ufólogos, uma evidência de que encontros em massa com o desconhecido remontam séculos. Seja qual for a verdade, o número de testemunhas e a riqueza de detalhes tornam esse caso um marco na história dos fenômenos aéreos inexplicáveis.

 3. O Caso da escola Ariel (1994) – Crianças e um Encontro Inesquecível

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Em 16 de setembro de 1994, a pacata cidade de Ruwa, no Zimbábue, tornou-se o cenário de um dos casos ufológicos mais comoventes e bem documentados envolvendo testemunhas jovens. Na escola primária Ariel, 62 crianças entre 6 e 12 anos afirmaram ter visto um objeto prateado pousar perto do pátio durante o recreio. O que torna esse caso único é a combinação de relatos consistentes, a sinceridade das crianças e a possibilidade de um contato direto com seres não humanos.

O Relato das Crianças

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Por volta das 10h, enquanto os professores estavam em uma reunião interna, as crianças brincavam ao ar livre. De repente, um objeto ovalado, descrito como metálico e brilhante, desceu lentamente a cerca de 100 metros da escola, em uma área de vegetação densa. Algumas crianças relataram ter visto pequenas figuras – de cerca de um metro de altura, com pele cinzenta, cabeçudos e zolhudos, como já conhecemos bem, hehe – saindo do objeto. Segundo os testemunhos, essas figuras se aproximaram e “falaram” com algumas crianças sem usar palavras, transmitindo imagens mentais de destruição ambiental e mensagens sobre a necessidade de cuidar do planeta.

Uma das meninas, entrevistada pelo psiquiatra John E. Mack, disse:

“Eu senti que eles estavam me olhando nos olhos, e de repente vi coisas ruins acontecendo com a Terra, como árvores morrendo.”

Outra criança desenhou o objeto com detalhes impressionantes, incluindo luzes piscantes e uma cúpula transparente.

Investigação e Credibilidade

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O cientista John E. Mack pesquisou o caso intensamente

O caso chamou a atenção internacional quando Cynthia Hind, uma ufóloga sul-africana, visitou a escola dias depois. Ela entrevistou as crianças separadamente e ficou impressionada com a consistência dos relatos. John E. Mack, professor de Harvard e pesquisador de experiências extraterrestres, também investigou o caso, filmando depoimentos que revelaram emoção genuína e ausência de contradições significativas.

Professores confirmaram que algo estranho ocorreu: alguns ouviram gritos das crianças e viram um clarão no céu, embora não tenham testemunhado o pouso diretamente. Moradores locais relataram avistamentos de luzes anômalas na mesma manhã, adicionando credibilidade ao evento.

Reflexões e Controvérsias

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desenhos das testemunhas

O Caso da escola Ariel, de Ruwa, levanta questões profundas. Por que seres avançados escolheriam se comunicar com crianças? Seria a inocência delas um canal mais aberto para mensagens? Críticos sugerem que as crianças podem ter sido influenciadas por filmes de ficção científica ou imaginado o evento coletivamente. No entanto, a falta de exposição a mídias ufológicas na escola rural e a emoção crua nos depoimentos desafiam essa teoria.

Décadas depois, muitas das crianças, agora adultas, mantêm suas histórias inalteradas. Um documentário de 2021, The Ariel Phenomenon, revisitou o caso, mostrando o impacto duradouro na vida dos envolvidos. Para Mack, que faleceu em 2004, Ruwa foi uma das evidências mais fortes de que estamos sendo visitados.

4. O caso da escola de Wales (1977) 

1 1977 Broad Haven Triangle sightings in Wales | Polêmica | aliens, disco voador, estranho, naves, OVNIs, polêmica, ufosCuriosamente existem mais casos que são estranhamente similares ao ocorrido no Zimbábue. Esses ocorreram no País de Gales, e com duas escolas!

Os eventos ocorridos em 4 de fevereiro de 1977 ano e nos meses seguintes se tornaram um dos episódios mais impressionantes da história recente de Pembrokeshire. Esse conjunto de relatos deu origem à expressão “Triângulo de Broad Haven”, que até hoje é lembrada como um dos marcos na ufologia local.

Numerosas testemunhas, entre elas agricultores e crianças em idade escolar, relataram terem visto naves pousando, luzes estranhas no céu e figuras humanoides de mais de dois metros de altura, vestidas com trajes prateados, vagando pelo interior galês. Isso fez com que 1977 se tornasse um ano crucial tanto para os moradores locais quanto para pesquisadores e entusiastas do fenômeno OVNI em todo o mundo.

De acordo com Emlyn Williams, integrante da Swansea UFO Network, aquele foi um período de intensa atividade na região:

“Foi uma verdadeira revoada de avistamentos. Quando analisamos cada ocorrência individualmente, já é surpreendente. Mas, ao considerar a quantidade de relatos e a proximidade dos locais, percebemos que algo realmente extraordinário estava acontecendo”

O primeiro grande incidente registrado em 1977 ocorreu em 4 de fevereiro, quando 14 alunos da escola primária de Broad Haven afirmaram ter visto um OVNI pousando nas proximidades. As crianças foram separadas e instruídas a desenhar o que haviam visto. O resultado impressionou a todos: os desenhos eram incrivelmente semelhantes, reforçando a veracidade do relato.

Um dos estudantes, David Davies, que na época tinha 10 anos, relembrou sua experiência anos depois. Em entrevista à BBC Cymru Wales, ele descreveu a nave como sendo prateada e em formato de charuto, com uma cúpula central. O avistamento durou apenas alguns segundos, mas ele se recorda da sensação de espanto e fascínio que tomou conta dele.

Coincidentemente, no mesmo dia, sem que tivessem sido influenciadas pela mídia, crianças de outra escola, localizada em Hubberston, também avistaram uma nave pairando no céu. Um estudo conduzido pelo pesquisador Peter Paget revelou que cerca de 20 alunos, além de um adulto presente no pátio da escola, testemunharam o estranho objeto.

Outro relato marcante ocorreu no Haven Fort Hotel, um edifício histórico localizado entre Broad Haven e Little Haven. A proprietária do local, Rosa Granville, afirmou ter visto uma nave oval pousar a cerca de 30 metros de sua casa. Ela descreveu ter observado duas figuras emergindo do objeto, vestidas com macacões prateados e dotadas de membros anormalmente longos. A experiência a deixou profundamente abalada, a ponto de relatar o ocorrido a seu deputado.

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Outro local de grande importância nos registros de 1977 foi a fazenda Ripperston, pertencente a Billy e Pauline Coombes. O casal alegou ter passado por diversas situações inexplicáveis, incluindo a aparição de um ser alto e prateado do lado de fora de sua casa. Esse ser teria ficado parado junto à janela, observando-os. Quando a polícia foi chamada, encontraram sinais de queimadura em uma roseira próxima ao local onde a entidade havia sido vista.

Casos similares se repetiram em Milford Haven, onde o vereador local Cyril John afirmou ter avistado um objeto cinza em forma de ovo, emitindo uma luz avermelhada. Além disso, ele relatou ter visto uma figura humanoide flutuando no ar por aproximadamente 25 minutos antes de desaparecer lentamente.

Embora os relatos tenham despertado o ceticismo de muitas pessoas, diversos pesquisadores argumentam que as explicações convencionais não são suficientes para desacreditar todos os avistamentos. Alguns sugerem que as crianças em Broad Haven poderiam ter confundido um caminhão de esgoto com um OVNI, mas especialistas apontam que seria improvável que jovens acostumados à vida no campo cometessem tal engano.

Na época, o Ministério da Defesa britânico conduziu uma investigação sobre os fenômenos, mas o relatório oficial mencionou apenas a possibilidade de brincadeiras e aeronaves militares como explicações para os avistamentos. No entanto, documentos internos revelam que autoridades estavam intrigadas com o grande número de testemunhas confiáveis envolvidas.

Para muitos ufólogos, o ano de 1977 continua sendo um dos mais notáveis na história dos avistamentos de OVNIs no Reino Unido. Alguns acreditam que a intensa atividade militar na região pode ter atraído a atenção de visitantes extraterrestres. Outros argumentam que fenômenos naturais ou testes secretos de tecnologia militar poderiam explicar os incidentes.

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Independentemente das explicações, a Swansea UFO Network afirma que avistamentos de objetos não identificados continuam a ocorrer no País de Gales até hoje. O grupo, criado em 2015, se dedica a investigar casos recentes e documentar os eventos do passado. Eles relatam receber cerca de 50 testemunhos por ano, vindos de diferentes partes do país.

Embora muitos dos avistamentos possam ser explicados por fenômenos naturais ou erros de percepção, os pesquisadores da rede acreditam que entre 10% e 20% dos casos permanecem sem explicação. Para eles, o importante é manter uma abordagem imparcial e reunir evidências, permitindo que cada pessoa tire suas próprias conclusões.

Seja qual for a verdade por trás dos eventos de 1977, o Triângulo de Broad Haven continua sendo um dos maiores mistérios da ufologia britânica, e os relatos daquele ano permanecem vivos na memória de muitos.

5. O Avistamento em Massa de Nuremberg (1561) – Uma Batalha nos Céus?

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Um dos registros mais antigos de um avistamento em massa ocorreu em 14 de abril de 1561, na cidade de Nuremberg, então parte do Sacro Império Romano-Germânico. Centenas de moradores acordaram ao amanhecer e testemunharam o que foi descrito como uma “batalha celestial” no céu. O evento foi tão impactante que o artista local Hans Glaser produziu uma xilogravura acompanhada de um texto detalhado, preservado até hoje.

 A porrada comeu

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Segundo o relato, o céu se encheu de objetos luminosos de várias formas – esferas, discos, cruzes e cilindros – que pareciam se mover em padrões complexos. Alguns objetos emitiam fumaça ou faíscas, e outros caíam em direção ao solo, desaparecendo antes de tocar a terra. Glaser escreveu:

“Os habitantes de Nuremberg viram uma visão terrível, com muitos sinais e maravilhas, como se o próprio céu estivesse em guerra.”

A xilogravura mostra um caos organizado: esferas vermelhas e azuis, cilindros pretos alongados e um grande objeto triangular dominando o cenário. Testemunhas interpretaram o evento como um presságio divino, mas ufólogos modernos veem paralelos com descrições de OVNIs e até especulam sobre uma possível demonstração tecnológica extraterrestre.

Explicações Possíveis

Na época, o evento foi visto como um aviso de Deus, refletindo o fervor religioso do século XVI. Hoje, cientistas sugerem que poderia ter sido um fenômeno atmosférico raro, como parélios (halos solares) combinados com nuvens incomuns. No entanto, a variedade de formas, os movimentos coordenados e os relatos de objetos caindo desafiam essa interpretação.

 Um Eco no Tempo

O caso de Nuremberg é um lembrete de que avistamentos em massa não são exclusivos da era moderna. Ele sugere que, independentemente da causa, a humanidade sempre olhou para o céu em busca de significado – e, às vezes, encontrou mais perguntas do que respostas.

5- A batalha de Stralsund – 1665

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Muito se fala sobre a batalha nos céus de Nuremberg, mas há um outro caso mais ou menos parecido, ocorrido em Stralsund, em 1665.  Seriam os mesmos objetos numa  espécie de revanche?

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Tudo começou em abril de 1665, quando seis pescadores testemunharam um fenômeno celestial inexplicável – uma batalha aérea nos céus acima do Mar Báltico perto de Stralsund.

Ao anoitecer, um disco cinza-escuro apareceu bem acima do centro da cidade e multidões viram aquilo, horrizadas.

Os, seis pescadores que estavam pescando arenques na costa de Stralsund observaram grandes bandos de pássaros no céu que pareceram “se transformar em navios de guerra” e se envolverem em uma batalha aérea estrondosa. Os conveses ficaram cheios de figuras fantasmagóricas. Quando, ao anoitecer, “uma forma plana e redonda como um prato” apareceu bem acima da Igreja de São Nicolau, causando pânico. No dia seguinte, eles descobriram que estavam tremendo por todo o corpo e reclamando de dor. (Seria algum efeito do medo ou efeito físico causado pela exposição à radiação?)

Transformação da mídia

A mídia espalhou as notícias como fogo, com os editores de vários folhetos e jornais travando uma competição feroz entre si para inventar as versões e interpretações mais coloridas dos eventos. Foram as convicções religiosas em particular as mais responsáveis ​​por determinar como o evento foi transformado pela mídia. O público em geral não poderia saber que o que realmente havia sido testemunhado era um reflexo atmosférico de uma batalha naval que estava acontecendo logo além do horizonte. Em vez disso, eles estavam convencidos de que o universo era governado por um deus que tinha o poder de projetar visões de desastres iminentes no céu. A batalha aérea também foi percebida como um prodigium (latim para “presságio” ou “portento”).

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Os temas visuais do século XVII provavelmente também foram decisivos em termos de determinar como a mídia moldou as representações da batalha aérea, com visões futurísticas de dirigíveis – pelas quais as pessoas do século XVII eram incrivelmente entusiasmadas – desempenhando um papel especial.

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Mais de 100 anos antes do primeiro voo tripulado de balão de ar quente ser realizado, Francesco Lana Terzi (1631–1687) publicou seu projeto para um barco voador sustentado por esferas de vácuo, o que causou grande sensação em toda a Europa. O fato de o projeto nunca ter sido realmente realizado fez pouco para diminuir o fervor geral. A humanidade continuou a sonhar em conquistar os céus.

 

Mais casos de avistamentos coletivos

Fora esses qeu eu citei aqui temos outros, como:

1. O Incidente de Westall (1966, Austrália)

Em 6 de abril de 1966, mais de 200 estudantes e professores da escola Westall, em Melbourne, viram um objeto prateado em forma de disco pousar em um campo próximo. O evento durou cerca de 20 minutos, e testemunhas relatam que militares chegaram rapidamente ao local, isolando a área. Até hoje, ex-alunos mantêm suas histórias consistentes.

2. O Avistamento de Teerã (1976, Irã)

Na madrugada de 19 de setembro de 1976, centenas de moradores de Teerã, além de pilotos da Força Aérea Iraniana, observaram um objeto brilhante que interferiu nos sistemas de radar e desativou equipamentos de caças enviados para interceptá-lo. Documentos desclassificados dos EUA confirmam o caso como um dos mais intrigantes da ufologia militar.

3. A Onda Belga (1989-1990, Bélgica)

Entre novembro de 1989 e abril de 1990, mais de 13.500 pessoas relataram avistamentos de objetos triangulares silenciosos sobre a Bélgica. Em uma noite, 30 de março de 1990, caças F-16 foram enviados para perseguir os objetos, que foram detectados por radar mas escaparam em velocidades impossíveis.

Contexto Cultural: Por Que Avistamentos em Massa Fascinam?

Os casos ufológicos com muitas testemunhas transcendem o campo da pesquisa e entram no reino da cultura. Desde os discos voadores dos anos 1950 até os drones misteriosos de hoje, o imaginário coletivo molda e é moldado por esses eventos. Filmes como Contatos Imediatos de Terceiro Grau e séries como The X-Files amplificam o interesse público, enquanto a internet permite que testemunhas compartilhem suas histórias em tempo real.

Em 2025, com a proliferação de smartphones e redes sociais, avistamentos em massa ganham nova dimensão. Um evento como o de Phoenix hoje seria registrado por milhares de câmeras, mas também enfrentaria o desafio da desinformação. Um bom exemplo é o caso dos drones de Nova Jersey, que explodiram a internet com relatos, toneladas de vídeos e muita desinformação tentando pegar carona no Hype com vídeos antigos sendo mostrados como reais e até fraudes deliberadas.

Isso levanta uma questão: será que o excesso de dados torna a verdade mais clara ou mais obscura?

Implicações Científicas: O Que a Ciência Diz?

A ciência oficial tem sido cautelosa com OVNIs, mas o tema ganhou legitimidade nos últimos anos. Em 2021, o governo dos EUA divulgou um relatório sobre Fenômenos Aéreos Não Identificados (UAPs), admitindo que muitos casos permanecem sem explicação. Astrônomos como Carl Sagan argumentaram que avistamentos em massa poderiam ser fenômenos naturais mal interpretados, mas cientistas como Avi Loeb defendem a investigação séria de possíveis tecnologias extraterrestres.

Para os casos aqui descritos, explicações alternativas incluem:

  • Flares e aeronaves: Phoenix e Teerã podem envolver testes militares secretos.
  • Ilusões ópticas: Fátima e Nuremberg podem ser fenômenos atmosféricos amplificados por expectativa.
  • Sugestão coletiva: Ruwa e Westall poderiam refletir imaginação compartilhada.

No entanto, a quantidade de testemunhas e a consistência dos relatos desafiam essas hipóteses, sugerindo que pelo menos alguns eventos podem ultrapassar nosso entendimento atual.

Especulações: E Se For Verdade?

E se esses avistamentos representarem contatos reais com inteligências não humanas? As implicações seriam profundas:

  • Tecnológicas: Naves silenciosas e manobráveis poderiam revolucionar nossa engenharia.
  • Filosóficas: A confirmação de vida extraterrestre redefiniria nosso lugar no universo.
  • Sociais: A humanidade poderia se unir – ou se dividir – diante de tal revelação.

Alguns teorizam que esses eventos são demonstrações deliberadas, destinadas a nos preparar para um contato futuro. Outros acreditam que são acidentes, brechas em uma presença que prefere permanecer oculta. Em 2025, com missões espaciais como as da SpaceX e avanços na busca por exoplanetas, estamos mais perto do que nunca de respostas – ou de novas perguntas.

 Olhos no Céu, Mentes Abertas

De Nuremberg em 1561 a Phoenix em 1997, os casos ufológicos com grande volume de testemunhas nos lembram que o céu é um espelho de nossos medos, esperanças e curiosidades. Eles desafiam a ciência, inspiram a arte e nos conectam como espécie. Seja por fenômenos naturais, tecnologias secretas ou visitantes de outros mundos, esses eventos nos convidam a olhar para cima e perguntar: o que mais está lá fora?

Você já presenciou algo estranho no céu? Conhece um caso local que merece ser contado? Deixe seu comentário e junte-se a essa exploração do desconhecido. Afinal, em um universo tão vasto, o improvável pode ser apenas uma questão de tempo.

A moeda Vermelha – FINAL

9

Malphas sofreu um brusco espasmo, e sorrindo, com os olhos fechados, parecia em absoluto êxtase. Tremendo de forma estranha ele colocou a moeda com cuidado na sua caixa original. Segundos depois, outro espasmo, fez sua cadeira se afastar da mesa. Don Goodman pulou para trás num susto.
Seu sorriso gradualmente começou a se converter em uma careta grotesca.

Dave olhou para Dean Goodman com os olhos arregalados de pavor.
Os dois se entreolharam por um breve segundo que antecedeu a macabra cena que estava apenas começando diante deles.

O olhar de Dean Goodman estava injetado de medo e perplexidade, enquanto os olhos de Dave carregavam a desesperança de quem já tinha testemunhado o horrendo e macabro espetáculo antes, num tipo de dejavu maldito.

Tal qual Larry, no passado, o milionário com aquele seu terno italiano bem cortado de alta alfaiataria e relógio caríssimo, começou a derreter numa poça fétida, preta e malcheirosa.
Dean gritou horrorizado quando a cabeça de Malphas caiu do pescoço e rolou pelo chão, se corroendo em uma gosma escura, que se uniu com o caldo viscoso que pingava da cadeira.
Agora, ali diante deles, o que antes era só um monte de carnes, ossos e músculos se convertia numa poça que lembrava petróleo, mas fedia um odor odioso de morte.

Dave notou Goodman olhando para ele estarrecido, enquanto apertava o próprio corpo contra a parede oposta à poça de gosma, que já estava sendo absorvida pelo carpete.  O jornalista sensacionalista murmurava sem parar a mesma coisa.

— Puta que pariu! Puta que pariu… Puta que pa…

A porta da sala se abriu de supetão e um daqueles “clones” do milionário entrou, personificando-o como se nada tivesse acontecido.

Ele sorriu ao olhar para os dois homens. Dave atrás da mesa, chocado e Dean se esgueirando junto à parede.
O homem sorriu e se aproximou da cadeira, como se nada tivesse ocorrido:

— Desculpem pelo mal jeito.  É ela mesma.  É a moeda que eu quero.  — Ele disse, e quando ele falou aquilo, Dave se impressionou, porque era exatamente a mesma voz, a mesma entoação, o mesmo porte físico e inclusive, as mesmas roupas do homem que havia acabado de derreter diante de seus olhos.

O novo Malphas Tenebris parou diante da poça escura e ficou olhando para aquilo, mexendo a cabeça num tipo ne movimento negativo, enquanto sorria.

Dave Atkins num movimento rápido, fechou a caixa com a moeda dentro e puxou-a para si, ocultando-a sob a mesa.
Malphas virou-se para ele lentamente.
— O que foi isso, rapaz?
— Eu… Eu… Desisti do negócio. Tenha, te… Tenha um bom dia!
— Você não pode desistir! Eu vou ficar com a moeda. — O bilionário respondeu calmamente.
— Dá.. Dá a moeda pra ele, Dave. Dá essa merda logo pra ele!  — Gemeu Goodman lá do outro canto da sala, trêmulo.  Dean Goodman parecia estar a ponto de ter um colapso nervoso.
Dave agora estava diante de uma situação estranha. A mais estranha e perturbadora de sua carreira na Twins Pawn.

— Eu não vou fazer negócio. Eu decido com quem eu negocio nesta loja e ela é minha.  — Ele disse, decidido.

Malphas soltou uma profunda gargalhada.
— Acho que você não está entendendo. Não estou pedindo. Isso é uma ordem. Me dê a moeda.
— Ou?  — Dave estava tenso. Todos os seus músculos estavam retesados. Ele acionou o botão do pânico sob a mesa.
— Ou eu vou ter que pegar ela de você e posso assegurar que a experiência não lhe será muito agradável.  — Malphas sorriu maliciosamente enquanto respondia.
Nisso a porta da sala se abriu e Zed apareceu, segurando uma pistola 9mm.

— O que tá pegando aí?  — Gritou o segurança.

— Ai caralho! — Gemeu Goodman ao ver o homem armado.
Zed viu a poça no chão e o milionário de pé diante dela. Olhou para Dave Atkins que disse:

— Zed, leve esse… Homem lá pra fora! Não vamos fazer negócio!

— Senhor, me acompanhe. — Disse o segurança apontando a arma.
Malphas olhou com desdém para o enorme homem de jaqueta de couro preta e arma na mão. E perguntou: –Rapaz, por que você está segurando essa aranha preta?
Zed então olhou para a pistola 9mm e num grito largou a mesma no chão.
Dave percebeu que Zed estava sendo hipnotizado de alguma forma.

— Caralho, bicho nojento! — Ele gritou e começou a pisar na arma, pensando estar esmagando uma aranha.
— É uma ilusão, Zed! É uma ilusão!
Malphas soltou uma gargalhada. Dave agora estava estupefato, vendo a arma gradualmente se metamorfosear numa enorme aranha esmagada no chão.
Dean GoodMan agora estava chorando no canto da sala, em posição fetal.

Malphas voltou-se para Dave Atkins: — Vou contar até cinco para você ser um bom rapaz, um bom empresário e empurrar essa caixa para o meu lado da mesa. Como um bom empresário, você vai aceitar o meu cheque e ficará satisfeito. Vou pagar um adicional de quinhentos mil pelo incômodo e pelo, err… claro, pela limpeza. Desculpe a sujeira.

Dave sabia que estava diante de alguma coisa que não era gente. Malphas não era humano. As coisas estavam saindo do controle. Zed Agarrou no braço de Malphas.

— Senhor, você ouviu o chefe. Não dificulte, por favor.

Malphas apenas olhou com absoluto desdém para Zed.

Ouviu-se um “cleck” na sala e a cabeça de Zed dobrou 90 graus para trás.  A cena arrancou gritos de pavor de Dean Goodman e de Dave Atkins. O corpanzil de quase dois metros do segurança tombou para trás pesadamente, caindo sobre a poça escura na sala, que fez respingar o caldo nojento sobre Dean Goodman.

Malphas voltou a se virar para Dave.

— Bem… Onde estávamos mesmo? Ah, sim, você vai me entregar a caixa agora.

Dave concordou em silêncio. Trêmulo, tornou a colocar a caixa sobre a antiga mesa de mogno com tampo de pedra. Ele esticou os braços e lentamente empurrou a caixa na direção de Malphas.

Malphas por sua vez, meteu a mão dentro do terno e retirou um talão de cheques. Ali ele preencheu a soma de doze milhões e quinhentos mil dólares. Assinou.  Em seguida, ele estendeu o papel no ar.

Dave, ainda trêmulo, estendeu a mão e pegou o cheque em silêncio.

Malphas pegou a caixa e se dirigiu para a porta. E então estancou.
Lentamente ele se virou. Dave Atkins estava segurando a pistola apontando para ele.

Malphas sorriu novamente.  — Poucas vezes eu vi alguém da sua coragem e petulância.

— Pra que você quer isso? Que obsessão é essa por essa merda amaldiçoada?  — Dave continuou apontando a arma.

Malphas se virou, segurando a antiga caixa fechada.

— A moeda não é apenas um artefato amaldiçoado, mas uma chave para algo maior. Mas isso não está ao seu alcance conhecer. Guarde a arma. Aceite o dinheiro. O negócio já foi feito…

Dave nada respondeu. Apertou o gatilho com força e atirou duas vezes no magnata. As balas o atingiram bem no peito. Ele bateu contra a parede com o impacto. E a caixa de madeira caiu no chão.

— Dave! O que? O que está fazendo? Tá maluco? — Goodman gemeu do cantinho da parede, com a cara toda lambrecada da gosma preta.

Dave tornou a atirar. Deu mais dois tiros. Malphas Tenebris caiu no chão, bem ao lado do corpo de Zed. Dos buracos minava um sangue completamente preto, que estava empapando o terno.
Então o bilionário tombou no chão. Estava morto.
Dave olhou para Goodman.

— Acabou.

— Tá louco? Acabou? Tá maluco? — Goodman chorava, trêmulo.

Novamente, a porta se abriu e outra copia de Malphas Tenebris entrou.  Ele parou, olhou o corpo de Malphas no chão, cheio de tiros. Olhou a poça fétida diante da mesa, e o corpo de Zed caído com a cabeça dobrada para trás.

— Tsc-tsc… Como vocês tão idiotas  — Ele disse — quantas vezes essa palhaçada vai se repetir aqui, rapaz?
Ele então se abaixou e pegou a caixa. Dave tentou atirar nele, mas a arma já estava sem balas.
Malphas abriu a caixa e constatou que ela estava vazia. Ele se virou para Dave e mostrou a caixa vazia com o forro de tecido vermelho em seu interior.

Agora ele pareceu deixar sua calma ameaçadora de lado.

Uma voz poderosa e carregada de tanto ódio que seria impossível descrever, emanou de sua garganta como um jorro de maldade condensada em três palavras:

— Cadê a moeda?

Dave nada disse. Estava pronto para uma morte terrível como a de Zed, mas não ia entregar a moeda, porque algo em seu âmago o impedia de negociar com uma criatura daquele tipo.

Malphas estendeu sua mão na direção de Dave, e a pesada mesa de mogno com tampo de pedra voou sobre ele, o pressionando contra a parede.

O  som abafado da respiração de Dave e os gemidos de Dean Goodman foram os únicos sons audíveis na sala. O ar estava  denso, quente e sufocante , carregado de eletricidade estática e um cheiro acre de carne putrefata. A luz da lâmpada fluorescente piscava de forma irregular, criando sombras retorcidas sobre as paredes sujas de sangue.

Dean Goodman  estava encolhido no canto da sala,  com as mãos pressionando as têmporas, balbuciando palavras desconexas enquanto encarava a poça negra e viscosa que era, segundos antes,  uma das cópias de Malphas.

Dave Atkins  arfava,  o peito esmagado pela mesa maciça, seu rosto  rubro de esforço e desespero. Ele sentia as costelas  pressionando os pulmões, os músculos em espasmos de dor enquanto tentava se libertar do peso da mesa.

Suas unhas cravaram no chão de carpete embebido no sangue ainda quente de Zed, cuja  cabeça pendia num ângulo impossível. Dave viu de onde estava o pescoço quebrado de forma grotesca, como uma marionete de cordas cortadas.

De pé,  no centro da carnificina,  Malphas Tenebris.

O ser que, até então,  vestia  uma forma humana, agora estava  transformado. Seus olhos, antes sombrios e cheios de cinismo, agora eram poços flamejantes de puro ódio, queimando em um  vermelho sulfuroso. Sua pele, antes lisa e impecável,  começava a rachar, revelando fendas negras das quais  escorria uma fumaça oleosa, como um carvão incandescente prestes a estourar.

Seus dedos haviam se alongado, transformando-se em garras escuras, e a voz que saiu de sua boca era um rugido sobrenatural, mais parecido com o som de um milhão de dentes rangendo em uníssono do que com algo humano.

 SEU INSETO DE MERDA!  — urrou Malphas, cuspindo saliva negra pelo chão. —  ONDE ESTÁ A MOEDA? O QUE VOCÊ FEZ, VERME?!

Ele ergueu uma das mãos, e um turbilhão de sombras  começou a girar ao seu redor,  sugando o ar da sala, transformando a poeira e o sangue em um furacão de trevas vivas.

Dave apenas gemeu, tentando respirar,  o peito rangendo, sua visão começando a falhar.  Ele sabia que ia morrer.

Foi então que  a porta rangeu lentamente.

O cheiro de  incenso queimado e papel velho  inundou a sala.

E então ele entrou.

Doutor Lao.

O ancião chinês  não parecia afetado pelo horror da sala, pelo cheiro pútrido de morte, pelo sangue espalhado como uma pintura macabra nas paredes. Ele entrou  calmamente, como se estivesse prestes a servir chá para um amigo.  Seu rosto não trazia medo, nem raiva. Apenas desapontamento.

— Miseráveis seres da escuridão… Sempre tão teatrais.  — Lao suspirou, ajustando os óculos de aro redondo sobre o nariz envelhecido.

Malphas girou a cabeça  num estalo doentio , como se os ossos estivessem quebrando dentro da carne.

—  Lao…  — Murmurou ele, e sua voz  parecia ecoar  de dentro de um  poço profundo , reverberando com uma camada dupla, como se  muitas vozes falassem ao mesmo tempo.

Doutor Lao  se curvou levemente, com a paciência de quem já esperava aquele momento.

—  Você veio longe demais por algo que não lhe pertence.

Malphas  rugiu em fúria, e em um piscar de olhos,  ele investiu.

A sombra se lançou na direção de Lao , abrindo-se como  uma miríade de tentáculos negros. O ancião  apenas girou levemente o pé esquerdo, desviando-se  como um lenço sendo soprado pelo vento, seu manto branco  não foi sequer tocado  pelo turbilhão de trevas que avançava sobre ele.

E então,  ele contra-atacou.

Lao ergueu um único dedo, e  o tempo pareceu parar.

De sua mão  emanou um clarão dourado, que estourou como  o sol nascendo em um campo de batalha mergulhado em trevas.

O corpo de Malphas  parou no ar, congelado, como se tivesse sido cravado no espaço por correntes invisíveis. Seus olhos  se arregalaram em puro choque, e seus tentáculos  se contorceram violentamente, tentando se libertar de algo que não era visível a olho nu.

Então Lao fechou a mão em um punho.

E Malphas  gritou.

Não era um grito humano.  Era o som de vidro se partindo, de aço sendo triturado, de uma tempestade se rasgando ao meio.

O corpo do mago negro  começou a se despedaçar, como um castelo de areia sugado para dentro de um redemoinho.

Primeiro os dedos, que se dissolveram em faíscas negras e se desintegraram no ar.

Depois os braços, que foram sugados para dentro de si mesmos como papel queimando.

Seus olhos  se tornaram fendas escura, sua boca  se alargou em um grito sem fim, e então… Ele implodiu.

A sala foi varrida por  uma poderosa onda de choque, jogando móveis pelos ares, apagando as luzes,  fazendo o chão tremer como se um terremoto estivesse sacudindo a loja de penhores. A mesa caiu com Dave Atkins, que bateu no chão.

Quando tudo silenciou,  só restava Lao em pé, intacto.

O corpo de Malphas já não existia mais. Restava apenas  um resíduo de fumaça negra , rodopiando no ar como  o último suspiro de algo que nunca deveria ter existido.

Doutor Lao  deslizou os olhos pela cena, ajustou os óculos e caminhou até Dave, que ainda tentava se libertar da mesa.

Com um único gesto, Lao ergueu a mesa no ar e a lançou para o lado, como se não pesasse mais que uma pena.

Dave arfou, tossiu, sentiu gosto de sangue na boca.  Tentava entender o que tinha acabado de ver quando Lao apenas olhou para ele e sorriu,  calmo como sempre.

—  Você está bem?

Dave não conseguiu responder. Apenas encarou  o velho que, até aquele momento, pensava ser apenas um homem frágil, mas que agora, diante da destruição ao redor,  parecia mais poderoso do que qualquer coisa que ele já tinha visto na vida. E ele não demonstrava sentir sequer um pingo de cansaço.

Doutor Lao havia vencido.

Mas Dave sabia… Aquilo  não tinha acabado.

Lao se abaixou diante dele.  Arrumou com seus dedos esqueléticos o cabelo de Dave.

— Os outros lá fora…
— Eles se foram. Fez bem em não entregar a moeda. A moeda é preciosa pra eles.
— A moeda, doutor… A moeda esta ali. — Dave estendeu a mão apontando para a mesa, que estava caída, tombada de lado sobre o corpo de Zed.

Lao se levantou foi até o chão e pegou a caixa de madeira. Em seguida ele caminhou até a mesa, Dave indicou a gaveta secreta sob o tampo. Lao abriu a gaveta e olhou firmemente para dentro. A moeda levitou no ar. deu dois giros sobre seu próprio eixo e pousou com suavidade dentro da caixa de bambu antigo.

Dave percebeu que a moeda havia ficado preta novamente.

— A moeda, está de novo pre-preta…

Lao sorriu e disse apenas: — Mistério. Agora, pagamento.

Dave agradeceu. Disse que não precisava.
Nisso, Dean Goodman se levantou, parecia terrivelmente perturbado com tudo que viu, e saiu pela porta afora, falando frases desconexas.
Lao ajudou Dave a se levantar. Ele estava muito machucado.

— Você precisa ir ao um hospital.  Costela quebrada!
— Sim… Ung, o-obrigado.
— Homem enlouqueceu. Poucos suportam.
Dave percebeu que Lao se referia a Dean Goodman. Ele por sua vez, sentia que um grande peso fora tirado de suas costas.
— Agora, pagamento. — Disse Lao.
— Não, não quero dinheiro. A moeda é sua, doutor Lao. Só peço que me diga, por que a moeda amaldiçoada é tão importante afinal?
— Amigo doente. Essa moeda é importante para salvar amigo de Lao de coma obscuro.
— Coma obscuro?
— Sim. Amigo entre lá e cá. Amigo prejudicado. Vou salvar! Moeda muito importante…
–Doutor o que era esse homem? Isso não era gente.
Lao Sorriu.

— Não, não… Gente, nunca! Forma de gente. É um ser da escuridão. Não foi morto, apenas banido. Sua essência maligna não é destruída, apenas banida…. Agora, pagamento.
— Eu já disse que não quero dinheiro.
— Não dinheiro. Com um gesto de gratidão.  — Lao sorriu e se levantou. Caminhou até o meio da sala.
Alie ele fechou os olhos e movei seus braços em movimentos circulares. Dave testemunhou em silêncio quando Lao traçou um tipo de portal que se abriu na parede, revelando um tipo de rachadura. Lao meteu o braço até o ombro por dentro da rachadura na parede e puxou com violência. Um saco vermelho gosmento enorme como um grande verme caiu para dentro da sala. Dave se arrepiou ao ver aquilo.
Lao então fez mais alguns movimentos e a rachadura na parede se fechou e sumiu. Ele então foi ate aquela coisa que se contorcia no chão. Meteu as mãos enrugadas e rasgou um tipo de membrana. De dentro daquela coisa, embebido em sangue e gosma, estava Larry.
Dave teve um choque ao ver o irmão dele, que parecia estar sufocando, meio desmaiado.

— Ajuda Lao! — Exclamou o velho chinês, apontando para o corpo nu de Larry no chão.
Dave saltou sobre o irmão e começou a fazer massagem cardíaca. Larry então vomitou sangue e começou a tossir.
Lentamente ele foi abrindo os olhos, e então balbuciou: — “Da-Dave?”

Dave olhou com os olhos marejados para Lao e quis agradecer, mas soluçava muito com a emoção de rever o irmão.
O velho chinês sorriu feliz:
— Vocês dois em mal estado. Precisam médico!
O velho então se levantou e foi até o canto da sala. Ali ele se abaixou e pegou um papel. Voltou até Dave e o entregou. Era o cheque com a soma vultuosa.

— Um presente. Reconstruir a loja. Vai pagar os prejuízos! Compre presente para mulher e crianças, viu?

Depois, curvou-se num comedido cumprimento e partiu em silêncio.

Lao saiu levando consigo a caixa com a moeda, e deixou Dave abraçado com Larry, que não estava entendendo nada.

Sumatra, Indonésia

Em meio à densa selva tropical de Sumatra, onde o ar era úmido e carregado com o perfume de flores exóticas, um tuc-tuc vermelho e amassado parou no fim de uma trilha de terra enlameada. O ronco do motor cessou, deixando apenas o som distante de cigarras e o canto de pássaros tropicais que ecoavam entre as árvores gigantescas, cujas copas se entrelaçavam em um emaranhado verde e infinito.

O velho de roupas encardidas e chapéu vermelho desceu do veículo e bateu na lateral, acordando o passageiro que dormia profundamente deitado na poltrona de veludo com buracos queimados de cigarro. Ele falou em minangkabau, o idioma amplamente falado na região oeste da ilha de Sumatra:

— Kito lah sampeh! (“Chegamos!”)

Doutor Lao desceu do veículo. Sobre seu manto branco já manchado de poeira, ele trazia uma antiquada mochila de couro. Desceu e olhou ao redor. A vegetação ondulava suavemente com a brisa quente que vinha do litoral distante, enquanto, ao longe, um templo esquecido pelo tempo espreitava entre as folhagens, envolto por raízes que pareciam querer engolir suas pedras ancestrais.

O motorista do tuc-tuc cuspiu para o lado, ajeitou o boné gasto e, sem dizer uma palavra, deu a partida, sumindo pela trilha de terra com um rugido de motor que logo se dissolveu na floresta.

Lao ficou de pé na estrada lamacenta. Ele se esticou, respirou fundo, sentindo a umidade na pele. Sua jornada estava chegando ao fim.

Ele começou a caminhar da estrada para a floresta, na direção do templo.  O som abafado dos próprios passos misturava-se com os ruídos distantes da floresta.

O vento frio da noite já se insinuava através das passagens e ruínas de pedra, carregando o cheiro de velas queimadas e ervas secas.  Lao desceu por uma escada estreita cortada na rocha no canto do salão principal do templo onde morcegos voavam para todos os lados. Lá em baixo, a luz trêmula das chamas de archotes projetava sombras esguias pelas paredes de pedra do templo esquecido, criando um jogo de espectros dançantes sobre os pergaminhos espalhados pelo cômodo. O ambiente era antigo, carregado de segredos esquecidos, como se cada rachadura na madeira contasse uma história de feitiços antigos e promessas nunca cumpridas.

Doutor Lao avançou pelo aposento em passos silenciosos mas decididos. Sua túnica branca esvoaçava levemente à medida que atravessava a penumbra. Seus olhos, profundos e cheios de conhecimentos herméticos fixaram-se na figura imóvel sobre uma simplória  cama de madeira escura, coberta por lençóis gastos e bordados com símbolos arcanos há muito esquecidos pelo tempo.

— Leonard?

O corpo imóvel do mago parecia frágil, um contraste perturbador com o que ele já fora um dia. Sua pele, antes vibrante, agora era pálida como mármore, os lábios finos e esmaecidos, as pálpebras cerradas há muito tempo, como se estivessem pesadas demais para se abrir.

Lao se aproximou, ajoelhando-se ao lado da cama. Com cuidado, apoiou na cama a mochila de couro desgastada. De dentro ele removeu a caixa. Seus dedos trêmulos deslizaram a tampa para o lado, revelando o brilho opaco e inquietante daquele pequeno objeto negro descansando sobre um tecido vermelho escarlate.

O ancião a observou por um momento, seu semblante sereno, mas carregado de um peso invisível. Ele sabia o que estava prestes a fazer. Lao conhecia o risco. Mas não havia outra escolha.

Ele se inclinou mais próximo, trazendo os lábios enrugados para perto do ouvido de Leonard.

Sussurrou, sua voz suave como a brisa noturna:

— A moeda está comigo, Leonard.

A chama das velas tremulou no cômodo de pedra, como que respondendo.

O ar ao redor pareceu se contrair, carregado por algo invisível, algo antigo e faminto.

 Então fechou os olhos.

— Nós vamos trazê-lo de volta, meu amigo!

FIM

 

A Incrível Operação Mincemeat

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Pois bem, meus amigos, a história de hoje é um verdadeiro thriller de espionagem da vida real. Chega a ser difícil de acreditar que aconteceu, porque parece coisa de filme, e de fato, ninguém menos que Ian Fleming, o Inventor do James Bond, estava por trás da equipe que a executou.

Um cadáver misterioso

O corpo da Operação Mincemeat
O corpo da Operação Mincemeat

Era 30 de abril de 1943, um pescador espanhol encontrou um corpo boiando nas águas de Huelva, no sudoeste da Espanha. O cadáver vestia uniforme militar britânico completo, com sobretudo preto e botas. Amarrada à sua cintura, havia uma maleta preta, trancada. A cena parecia tirada de um filme de espionagem.

O pescador reportou sua descoberta às autoridades espanholas. Quando os oficiais examinaram o corpo, descobriram sua identidade: Era o Major William Martin, do exército britânico. No bolso, havia documentos pessoais, fotos de sua noiva e até mesmo uma nota fiscal de um anel de diamante. Para completar, ele usava roupas íntimas de lã de alta qualidade—algo raro em tempos de racionamento e reservado apenas para oficiais de alto escalão.

Operation Mincemeat1 | Polêmica | curiosidades, guerra, incrível, segunda guerra mundial

Mas essa não era uma morte comum. O patologista que examinou o corpo constatou que a causa da morte fora uma combinação de hipotermia e afogamento.

Os britânicos, por sua vez, entraram rapidamente na jogada, com o vice-cônsul britânico Francis Haselden supervisionando a investigação.

A Maleta Secreta

A tal maleta preta continha documentos militares altamente sigilosos. O governo britânico estava literalmente desesperado para recuperá-la, enviando mensagens diárias à Espanha exigindo sua devolução o mais rápido possível.

Só que havia um detalhe crucial: a Espanha, embora oficialmente neutra, tinha muitos simpatizantes nazistas dentro de seu alto escalão militar.

Como esperado, os alemães tomaram conhecimento da existência de um corpo de oficial graduado com uma mala secreta. Assim, sabendo da possibilidade de que havia ali  documentos importantes para seus inimigos, eles rapidamente intervieram.

Com uma haste de metal, agentes da inteligência nazista conseguiram extrair os documentos sem danificar os lacres do envelope.

Ao lê-los, encontraram informações de suma importância: o Major William Martin era um mensageiro do Tenente-General Sir Archibald Nye, e a carta que ele carregava, escrita à mão e assinada, revelava planos militares cruciais dos aliados na Segunda Guerra.

De acordo com aqueles os documentos, os Aliados planejavam invadir a Grécia e a Sardenha a partir do Norte da África. Essa informação caiu como uma bomba no comando alemão, que imediatamente reforçou suas tropas nessas regiões, deslocando grandes contingentes para a área. Uma mensagem foi enviada às forças nazistas:

“As medidas a serem tomadas na Sardenha e no Peloponeso têm prioridade sobre quaisquer outras.”

Então os documentos foram recolocados cuidadosamente no envelope e devolvidos ao vice-cônsul britânico com a garantia de que “tudo estava lá”. O caso foi enviado o mais rápido possível para Londres.

Após o recebimento, os documentos foram examinados com técnica forense, e a ausência de um cílio estrategicamente colocado foi notada. Outros testes mostraram que as fibras do papel foram danificadas por serem dobradas mais de uma vez, o que confirmou que as cartas tinham sido extraídas e lidas.

Então, uma mensagem foi enviada a Churchill e aos Estados Unidos: “Carne moída engolida inteira” – Carne moída era o nome de uma operação muito secreta, um truque e uma armadilha.

Para acalmar quaisquer potenciais temores alemães de que suas atividades tivessem sido descobertas, outro telegrama criptografado, mas quebrável, foi enviado a Haselden, afirmando que os envelopes foram examinados e que não foram abertos; Haselden vazou a notícia para espanhóis conhecidos por serem simpáticos aos alemães.

A decisão estava tomada. Os alemães direcionaram divisões inteiras para defender a Grécia e a Sardenha, esperando ferrar o plano dos ingleses. Mas os nazistas não sabiam um detalhe importante: Eles caíram num golpe.

A Verdade Sobre o Major William Martin

Tudo isso era mentira.

O Major William Martin nunca existiu. Ele era, na verdade, Glyndwr Michael, um sem-teto galês que morreu após ingerir veneno para ratos por engano.

Seu corpo foi cuidadosamente preparado pelos britânicos, que montaram uma identidade falsa completa, com fotos, cartas de amor, cuecas, e até mesmo recibos para que tudo parecesse legítimo.

Essa enorme farsa foi batizada de Operação Mincemeat (Carne Moída), e seu objetivo era enganar os nazistas sobre a verdadeira invasão aliada: o ataque à Sicília.

Enquanto os alemães esperavam ansiosamente um ataque na Grécia, 160 mil soldados aliados desembarcavam de surpresa na Sicília em 10 de julho de 1943, pegando as forças do Eixo enfraquecidas e completamente desprevenidas. O golpe foi um sucesso absoluto.

Impacto e consequências

A Operação Mincemeat não apenas ajudou na captura da Sicília, mas também teve um efeito duradouro na guerra. Duas vezes depois disso, documentos verdadeiros caíram nas mãos dos nazistas—uma vez após o Dia D e outra em um planador acidentado. Em ambos os casos, os alemães desconfiaram que fosse outra malandragem e ignoraram as informações, acreditando que poderia ser um novo truque dos britânicos. Essas não eram hahahaha.

A genialidade desse plano não passou despercebida. Muitas figuras envolvidas foram altamente condecoradas, e um dos que mais se beneficiou da experiência foi Ian Fleming, criador de James Bond. Sim, a mente por trás do espião mais famoso do mundo usou muito do que aprendeu nessa operação para construir seus personagens e histórias.

O Homem Que Nunca Existiu

O caso foi tão impressionante que acabou virando filme em 1956: The Man Who Never Was (O Homem Que Nunca Existiu). Mais recentemente, em 2022, uma nova adaptação cinematográfica foi lançada, reacendendo o interesse nessa operação brilhante.

E assim, a história de um sem-teto galês, transformado em um major fictício, enganou uma das maiores máquinas de guerra da história e ajudou a mudar o curso da Segunda Guerra Mundial.

Se isso não é um dos golpes de inteligência mais impressionantes já feitos, eu não sei o que é.

E aí, o que você achou dessa história? Deixe seu comentário e compartilhe esse relato com seus amigos—afinal, a realidade às vezes é mais mirabolante do que a ficção!

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A terrível história de Blanche Monnier

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Pois bem, meus amigos, sentem-se confortavelmente porque a história de hoje é daquelas que deixam a gente de queixo caído. Um misto de horror, crueldade e uma pitada absurda de “como diabos isso aconteceu e ninguém notou?”

Você já ouviu falar de Blanche Monnier? Se não, prepara-se para um mergulho profundo na desgraça humana. Porque essa história tem de tudo: uma família aristocrática obcecada com aparências, um romance proibido, uma reclusão de mais de DUAS DÉCADAS e um dos resgates mais chocantes da história da França.

A Jovem Que Encantava Paris

Blanche nasceu em 1849 na cidade de Poitiers, França. Filha de uma família respeitável, cresceu cercada de luxo e boas maneiras, como se esperava de uma jovem da aristocracia francesa. E não era apenas o dinheiro que tornava Blanche notável: a moça era belíssima.

Blanche Monnier jovem | Polêmica | bizarro, cativeiro, história, sinistro, triste

Sabe aquele tipo de mulher que poderia inspirar poetas e fazer pintores largarem tudo para passar meses pintando seu retrato? Pois é, era esse o nível.

Obviamente, a jovem atraiu vários pretendentes. Não era só o pessoal da nobreza que queria uma chance, até os intelectuais parisienses se encantaram por ela. Mas aí surge o primeiro problema: a família de Blanche era daquele tipo que queria manter um controle ABSURDO sobre sua vida.

O Namorado Indesejado

Quando Blanche se apaixonou por um advogado mais velho e sem um tostão furado, sua mãe, Louise Monnier, teve um colapso. Como assim sua filha perfeita iria casar com um plebeu sem dote respeitável? Era inadmissível!

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A veia maldita

E foi aí que a coisa degringolou de vez.

O Cativeiro Começa

Louise Monnier, em um ato de crueldade que só as mentes mais perturbadas poderiam conceber, simplesmente TRANCOU Blanche em um quarto. E não foi um castigo de alguns dias para esfriar a cabeça.

Foram 25 ANOS.

SIM, VOCÊ LEU CERTO.

A jovem, que poderia ter sido a estrela da alta sociedade, passou um quarto de século enclausurada, sem ver a luz do sol e sem ter contato com ninguém que não fosse a própria família e os serviçais. Seu “crime”? Amar a pessoa errada.

A já não tão querida mãe tomou medidas extremas para garantir que NINGUÉM soubesse do paradeiro da filha. O quarto foi lacrado, as janelas cobertas, e qualquer tentativa de Blanche de pedir socorro era ignorada. Pior ainda: ela foi deixada em condições SUB-HUMANAS, no escuro.

Você consegue imaginar passar 25 anos sem sair de um cômodo, sem banho adequado, sem um raio de sol, dormindo numa cama que virou seu banheiro, sua mesa de jantar e seu único espaço de existência? Pois essa foi a realidade de Blanche Monnier.

O Resgate

Blanche Monnier 1901 | Polêmica | bizarro, cativeiro, história, sinistro, triste

A situação só veio à tona graças a uma carta anônima enviada às autoridades francesas em 1901. O texto era curto e direto:

“Uma família aristocrática guarda um segredo obscuro. Em uma casa, uma mulher vive enclausurada por 25 anos em condições deploráveis.”

Os policiais foram até a casa dos Monnier e o que encontraram os deixou absolutamente horrorizados. Ao abrirem a porta do cômodo onde Blanche estava, foram atingidos por um fedor insuportável. O ar era pesado, viciado, um mix de dejetos, sujeira e decadência.

E no meio daquele caos, uma mulher desnutrida, coberta de feridas e imunda, completamente debilitada, escondia-se da luz do dia como um animal assustado. Blanche pesava pouco mais de 25 quilos e não via um ser humano fora de sua família havia um quarto de século.

Os jornais da época relataram o caso com horror e choque. A própria alta sociedade que um dia a família Monnier queria tanto impressionar se voltou contra eles. Louise Monnier foi presa, mas morreu apenas 15 dias depois de um ataque cardíaco. Seu filho, Marcel, tentou argumentar que Blanche havia “se acostumado” àquela vida e que tudo era um grande mal-entendido.

blanche monnier 1 march 1849 13 october 1913 often known in v0 giggbdui4qhe1 | Polêmica | bizarro, cativeiro, história, sinistro, triste

Sim, isso mesmo. Ele alegou que sua irmã estava feliz vivendo como um prisioneiro medieval. A desculpa não colou, e Marcel também foi condenado, mas escapou da prisão por tecnicalidades legais.

O Que Aconteceu com Blanche?

Depois de ser resgatada, Blanche foi internada em um hospital psiquiátrico. Infelizmente, após tantos anos de abusos e privação, sua saúde mental estava severamente comprometida. Ela passou o resto da vida institucionalizada, falecendo em 1913, aos 64 anos.

Triste

O caso de Blanche Monnier é um dos mais tristes e inacreditáveis da história. Como foi possível que durante 25 ANOS, NINGUÉM tenha notado? Como os serviçais, os vizinhos e os conhecidos da família aceitaram as desculpas esfarrapadas e nunca suspeitaram de nada? A resposta pode estar no medo, na conveniência ou simplesmente na frieza da aristocracia da época.

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Hoje, o caso de Blanche serve como um lembrete perturbador de que a crueldade humana não tem limites e que, muitas vezes, os verdadeiros horrores acontecem a portas fechadas, ocultos sob a aparência de respeitabilidade.

E aí? Você já conhecia essa história macabra? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe com os amigos (de preferência aqueles que reclamam de ficar muito tempo dentro de casa, porque aposto que depois dessa, vão repensar umas coisinhas).

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Curiosas palavras intraduzíveis

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A linguagem é o produto uma cultura e a reflete invariavelmente. Assim como outras culturas parecem estranhas para nós, suas palavras também parecem. Muitas palavras são traduzíveis em praticamente todas as linguagens conhecidas, é o caso da expressão “eu te amo”.
Mas nem todas são assim. Como tal, a seguir está uma pequena porção de palavras que não possuem tradução:

  • Dreimannerwein (alemão) – Um vinho tão repugnante que são necessários três homens para fazer você bebê-lo.
  • Age-Otori (japonês) – Parecer menos atraente após uma mudança no penteado.
  • Raphanidóo (Grego antigo) – Inserir um rabanete no brioco de alguém kkkkk.
  • Tartle (escocês) – Fazer uma pausa ao apresentar alguém porque você esqueceu o nome da pessoa.
  • L’appel du vide (francês) – “O chamado do vazio”, o desejo instintivo de pular de lugares altos.
  • Waldeinsamkeit (alemão) – A sensação de estar sozinhos em uma floresta.
  • Uitwaaien (holandês) – O prazer de caminhar em tempo ventoso.
  • Ya’aburnee (árabe) – “Você me enterra”, Amar alguém tanto que você espera morrer antes dele para nunca ter que viver sem ele.
  • Tingo (Ilha de Páscoa) – O ato de pegar coisas que você quer da casa de um amigo, pegando tudo emprestado aos poucos.
  • Ikkuserpok (Inuit) – Amarrar uma perna de um cachorro ao pescoço.
  • Lagom (sueco) – É tipo “na medida certa”, mas não exatamente certo, porém, mais pra certo que pra errado.

Em seguida, uma menção honrosa à palavra Mamihiapinatapei (Terra do Fogo) – Duas pessoas olhando nos olhos uma da outra, cada uma querendo que a outra dê o primeiro passo e os dois ali no zero a zero.

Esta palavra foi homenageada no Guinness Book of World Records de 1993 como sendo a “palavra mais sucinta” do mundo.

A macabra arte da automumificação

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Muitas vezes, monges podem fazer coisas estranhas, como meditar dentro de uma panela de óleo fervente e até coisa pior.

Mas o Sokushinbutsu é o nome de uma prática que não é mais observada ou tolerada por nenhuma seita budista.  A automumificação requer paciência, dedicação e uma determinação de aço. Preparar-se para e viver sua própria morte é um processo desagradável, verdadeiramente uma espécie de suicídio lento.

O processo de se mumificar

O tenebroso processo começa com 1000 dias de murchamento. Por pouco menos de três anos, apenas nozes e sementes são consumidas, retirando a gordura corporal de qualquer pessoa. Combinado com isso, havia um regime de exercícios punitivo. Após os mil dias iniciais, o próximo estágio começa.

Os próximos mil dias viram uma mudança, o único consumo sólido permitido era uma mistura de casca e raízes. Então vinha uma nova tintura, a seiva da árvore Urushi.  Essa é uma substância usada para laquear tigelas. Quando ingerida, é venenosa, causando rápida evacuação intestinal.

Este não era o propósito principal, embora testasse a coragem, havia um uso prático para a seiva: Três anos de ingestão daquela seiva mortal espalhariam veneno por todo o corpo, contaminando todos os capilares. O objetivo era tornar o corpo tão venenoso que nenhuma larva ou outro animal o consumiria após a morte. Por sua vez, ela também atuaria evitando o apodrecimento ou deterioração após a morte.

172 sokushinbutsu | Polêmica | curioso, estranho, monge, mumificação, tibete

Então os últimos dias de vida. Agora murcho e envenenado, o monge entrava em uma câmara pouco maior que eles. A posição de lótus era assumida e eles se trancavam, fisicamente incapazes de se mover daquela posição. A única conexão com o mundo exterior era um tubo que lhes entregava ar e um sino solitário. Não há mais alimentos a partir deste ponto.

Se um monge estivesse vivo um dia, eles tocariam o sino para informar o mundo exterior. No dia seguinte, o mesmo processo. No dia da morte, eles não tocariam o sino. Aqueles de fora esperariam mais um dia. Se o sino não tocasse, se presumiria que o monge estava definitivamente morto e no dia seguinte, o tubo de ar seria removido.

Então chegam os próximos 1000 dias. O monge permaneceria intocado durante a duração, a morte cobraria seu preço e, com sorte, o corpo seria mumificado. Quando os últimos 1000 dias chegassem ao fim, só aí o túmulo seria aberto por um monge que determinaria se a mumificação foi bem-sucedida ou não.

Se fosse, o corpo era anunciado como um Buda e o corpo era movido para uma área no templo de onde poderia ser visto e inspirar os aspirantes a budistas. Se o corpo simplesmente se decompusesse, então seria sinal que aquele monge não seria um Buda, mas, independentemente disso, era reverenciado e admirado pela determinação e espírito demonstrados pelo ato final.

Folclore ou realidade?

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Sempre houve grandes mitos difundidos no ocidente para com os monges do Tibete, com ideias estranhas e fantasiosas como eles terem poderes de levitação, morrer e voltar à vida, controlando as batidas do coração entre outras. Por isso, muitos pensavam que a automumificação também fosse um desses mitos mas isso se revelou verdade.

Sokushinbutsu foi considerado por muito tempo como um folclore até que budistas mumificados foram encontrados em julho de 2010 trouxeram realidade à situação.

A longa e torturante jornada de nove anos da vida à morte raramente era bem-sucedida; das centenas de budistas que se envolveram na prática, só 24 cadáveres mumificados com sucesso foram descobertos até agora. Todos foram datados do auge dessa prática, o início do século XIX.

Tudo isso pode parecer estranho, mas foi tudo feito em busca da iluminação.

Monges mumificados dentro de estátuas

Existem casos em que o monge mumificado era colocado dentro de estátuas também. Um bom exemplo disso é essa estátua, que foi pivô de um problema jurídico recentemente:

estauta | Polêmica | curioso, estranho, monge, mumificação, tibete

O Tribunal Popular Superior da Província de FUJIAN confirmou uma decisão de um tribunal inferior, ordenando que um colecionador de arte holandês devolvesse a estátua de Buda do Patriarca Zhang Gong aos moradores de uma cidade de Fujian.

O julgamento final encerrou uma batalha jurídica internacional de três anos entre moradores das vilas de Yangchun e Dongpu, na cidade de Sanming, e Oscar Van Overeem, um arquiteto e colecionador holandês que detêm a estátua.

A estátua laqueada a ouro de 1.000 anos contém o corpo mumificado do Patriarca Zhang Gong, um monge famoso que ficou conhecido por sua benevolência durante a Dinastia Song (960-1279).

A estátua é uma relíquia cultural significativa que foi consagrada no Templo Puzhao, na Vila Yangchun, para ser adorada pelos moradores locais antes de ser roubada em 1995, de acordo com o tribunal.

Em um veredito feito em 2020, o Tribunal Popular Intermediário de Sanming exigiu que o colecionador holandês que a comprou devolvesse a estátua às vilas de Yangchun e Dongpu. Van Overeem apelou da decisão ao tribunal superior.

Após mais investigações e julgamento, o tribunal superior disse ontem que Van Overeem alegou ter comprado a estátua em Amsterdã em 1996, mas ele não conseguiu fornecer um recibo relevante. (até porque ela foi roubada)

Em março de 2015, Van Overeem permitiu que a estátua fosse exibida no Museu Húngaro de História Natural, em Budapeste, Hungria, informou o tribunal superior.

O tribunal identificou a estátua como uma relíquia cultural roubada e exportada ilegalmente, observando que ela reflete os costumes tradicionais do sul de Fujian e tem um significado especial para os moradores. Portanto, a estátua deve ser devolvida.

Os moradores estavam procurando pela estátua desde seu desaparecimento. O mistério foi resolvido depois que atraiu atenção internacional com sua exposição na Hungria em março de 2015, quando um raio-X revelou que a estátua continha os restos mumificados de um monge budista.

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A Administração do Patrimônio Cultural Nacional da China disse na época que entraria em contato com Van Overeem na esperança de persuadi-lo a devolver a estátua à China, e os moradores também tentaram negociar um acordo com ele.

Mas todos os esforços para chegar a um acordo falharam e os moradores entraram com uma ação no tribunal de Sanming em novembro de 2015. O tribunal realizou duas audiências públicas em 2018.

O Patriarca Zhang Gong foi um monge de Fujian amplamente conhecido por ajudar as pessoas a combater doenças com sua experiência em remédios de ervas, evitando que muitas pessoas sejam vítimas da praga, enquanto prega o espírito e as doutrinas budistas.

Quando ele morreu, aos 37 anos, seu corpo foi mumificado e envolto na estátua. fonte

Honra e privilégio

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Uma busca por compreensão e conforto, duas qualidades que muitos lutam para encontrar em suas vidas diárias. Para eles, o processo foi uma honra e um privilégio. Eles teriam se orgulhado dessa prática, a dedicação que demonstraram foi admirável.

Encarar a perspectiva da morte e seguir em direção a ela. Deve ter sido preciso muita coragem para passar por essa lentidão suicida.

Bartini Beriev VVA-14: A mais estranha aeronave soviética?

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As tensões pós-Segunda Guerra Mundial entre os Estados Unidos e a União Soviética deram origem à Guerra Fria, uma situação que levou a declarações belicosas de ambos os lados.

“ Temos que ser duros com os russos. Eles não sabem como se comportar. Eles são como touros em uma loja de porcelanas. Eles têm apenas 25 anos. Temos mais de 100 e os britânicos são séculos mais velhos. Temos que ensiná-los a se comportar.”

Foi o que o presidente Harry Truman disse em abril de 1945. As tensões entre as duas superpotências continuaram na década seguinte e, em 1956, Nikita Khrushchev proferiu as seguintes palavras:

“Se você não gosta de nós, não aceite nossos convites e não nos convide para vir vê-lo. Quer você goste ou não, a história está do nosso lado. Nós o enterraremos. ”

A corrida armamentista que se seguiu levou o mundo à beira do desastre, e levou mais de 40 anos para que ambos os lados decidissem que essa retórica tinha que cessar e tentativas fossem feitas para acabar com o  conflito ideológico. No entanto, os confrontos da Guerra Fria continuam a surpreender os fãs de história, e em particular aqueles interessados ​​no desenvolvimento da aviação.

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Aeronave anfíbia experimental Beriev VVA-14 no Museu da Força Aérea Central, Monin Autor: Alex Beltyukov CC BY-SA 3.0

 Durante as décadas da Guerra Fria, fabricantes americanos e soviéticos criaram algumas inovações experimentais extraordinárias e projetos de aeronaves futuristas. O Bartini Beriev é um desses modelos, que lembra mais uma nave de filme do que um avião de guerra:

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Desenvolvida durante a década de 1970, essa aeronave de aparência bizarra foi projetada para propósitos defensivos contra submarinos nucleares dos EUA. Como tal, ela deveria pousar e decolar da água, além de ser capaz de voar longas distâncias em alta velocidade. Além disso, ela também deveria voar eficientemente acima da superfície do mar.

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Bartini-Beriev VVA-14 Autor: Alan Wilson CC BY-SA 2.0

Robert Bartini, o homem que criou essa aeronave pouco ortodoxa, nasceu em Fiume, Itália (hoje Croácia), e após a revolução fascista na Itália, foi enviado para a União Soviética para ajudar o jovem país no campo da aviação. Ele se formou no Instituto Politécnico de Milão, além de ter sido treinado na escola de pilotos em Roma. Ao longo dos anos, Bartini participou de vários projetos, trabalhando como engenheiro de aviação. A partir da década de 1930, ele trabalhou como designer-chefe.

Ele já havia sugerido o desenvolvimento de uma aeronave antissubmarina na década de 1960. Mas foi somente em 1972, quando trabalhava em colaboração com o Beriev Design Bureau, que o primeiro protótipo Bartini Beriev VVA-14 foi finalmente concluído. O primeiro voo do protótipo foi realizado em 4 de setembro daquele ano, mas seus pontões infláveis ​​ainda não estavam instalados, o que significava que ele ainda não podia pousar no mar.

Cerca de dois anos depois, os pontões infláveis ​​foram adicionados, mas os primeiros voos de teste anfíbios tiveram que ser adiados até junho de 1975, após vários problemas imprevistos com os pontões surgirem. Mais modificações no design do Bartini Beriev foram necessárias, mas o designer chefe, Bartini, morreu em 1974, e as coisas começaram a desacelerar.

O Bartini Beriev VVA-14 (aeronave anfíbia de decolagem vertical) foi desenvolvido na União Soviética durante a década de 1970
O Bartini Beriev VVA-14 (aeronave anfíbia de decolagem vertical) foi desenvolvido na União Soviética durante a década de 1970

Demorou quase dois anos até que as modificações necessárias, incluindo uma extensão da fuselagem dianteira e a adição de um grande flap, fossem finalmente concluídas. No entanto, apesar das modificações, os testes conduzidos provaram ser malsucedidos e, em 1977, os soviéticos não estavam mais interessados ​​no projeto e decidiram cancelá-lo.

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Hoje, o protótipo restante do Bartini Beriev VVA-14 pode ser visto no Museu da Força Aérea Russa em Monino, onde está mantido desde 1987 em estado parcialmente desmontado.
Esse avião não deu certo mas pelo menos ele ficou marcado na lembrança por seu design estranho. Um par perfeito para o mais impressionante navio da Guerra Fria. 

A banda que resolveu fazer uma fogueira com dinheiro

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O KLF, uma banda tão doida que literalmente queimou dinheiro.
Em 1991, o grupo musical mais vendido do mundo não era uma grande banda de rock, nem uma superestrela pop. Era The KLF, um duo britânico formado por Bill Drummond e Jimmy Cauty.

The KLF
The KLF

Apesar de muito famosos na época, sua popularidade não veio apenas por suas músicas contagiantes, mas também por sua atitude anárquica e subversiva em relação à indústria fonográfica.

O The KLF se destacava não apenas por seus hits, mas pela forma como zombava do mercado musical e desafiava as convenções estabelecidas.

Diferente de outros artistas que buscavam fama e fortuna, Drummond e Cauty tinham uma filosofia peculiar, que pode soar muito estranha em tempos de capitalismo selvagem:

Eles não queriam lucrar com sua arte.

Assim, absolutamente todo o dinheiro que ganhavam era reinvestido em produções cada vez mais extravagantes, em vez de ser usado para enriquecer seus criadores.

O Sucesso e a Polêmica de The KLF

Durante os primeiros anos da década de 1990, a popularidade do The KLF cresceu exponencialmente. Um dos maiores sucessos do grupo foi Doctorin’ the Tardis, um mashup que misturava o tema do seriado Doctor Who com Rock and Roll (Part Two) e outros sucessos da época:

Apesar das críticas negativas da mídia especializada, essa música esquisita atingiu o topo das paradas no Reino Unido e entrou no top 10 em países como Austrália e Noruega.

Entretanto, não era apenas a música que chamava a atenção. A banda sempre fez questão de provocar a indústria musical com gestos ousados e inesperados. Esse comportamento atingiu o auge em uma apresentação histórica no Brit Awards.

O Choque no Brit Awards

A performance mais controversa do The KLF aconteceu no Brit Awards, um dos maiores eventos musicais do Reino Unido. Para a ocasião, a banda se juntou ao grupo punk chamado Extreme Noise Terror e apresentou uma versão de 3 A.M. Eternal em estilo thrash metal. Drummond, usando um Kilt e um sobretudo de couro, gritava as letras da música no microfone de forma intensa.

O momento mais chocante veio quando ele saiu do palco e retornou segurando um enorme fuzil automático. Diante de uma audiência perplexa, ELE COMEÇOU A  ATIRAR NO PÚBLICO!

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Felizmente, a metralhadora era equipada com balas de festim, mas o povo não sabia e considerando que eles já tinham uma fama de ter o miolo meio mole, você pode imaginar que foi uma correria de pânico sem precedentes.

Para encerrar a apresentação caótica, um locutor anunciou solenemente:

“Senhoras e Senhores, The KLF deixou a indústria musical.”

O que parecia apenas uma declaração bombástica, feita para chocar e fechar com chave de ouro, logo se mostrou verdadeiro. Eles pararam pra valer!

Pouco depois, o duo anunciou oficialmente sua aposentadoria da música. Contudo, um problema surgia: Mas e agora? O que fazer com todo o dinheiro que ainda entrava devido aos direitos autorais de suas canções?

A Criação da K-Foundation e o Dilema do Dinheiro

Após deixar a indústria musical, Drummond e Cauty passaram a refletir sobre sua relação com o dinheiro. Eles nunca quiseram ganhar fortunas e, mesmo sem lançar novas músicas. Mas seus antigos sucessos continuavam gerando receita sem parar.

Isso evoluiu até que no ano de 1993, o KLF acumulavam cerca de £1.000.000 (um milhão de libras esterlinas), cerca de sete milhões e trezentos mil reais aproximadamente. Nada mal para quem não queria ganhar nem um centavo e fazia tudo de zoeira, né?
Assim, eles decidiram fundar a K-Foundation, uma organização inicialmente voltada para ajudar artistas em dificuldades financeiras.

[momento desabafo de um artista falido] (E eu aqui na merda… “Mim dê, papai, mim dê!”)

Voltando ao post: Entretanto, fiéis à sua filosofia de contestar o sistema, logo mudaram de ideia. Justificaram sua decisão com uma declaração peculiar:

“Percebemos que artistas em dificuldades devem continuar a lutar, afinal, esse é o verdadeiro objetivo.”

[momento desabafo de um artista falido 2] Filhos da puuuutaaaaaaa!

Diante dessa nova perspectiva, decidiram fazer algo completamente inusitado com o dinheiro. Primeiramente, tentaram criar uma obra de arte com as cédulas, pregando as notas em uma grande moldura de madeira. No entanto, nenhuma galeria aceitou expor a peça. Tentaram transportar a obra para a Rússia, mas nenhuma seguradora quis cobrir os riscos. Sem saber o que fazer com uma montanha de dinheiro, uma ideia extrema surgiu: VAMOS QUEIMAR A PORRA TODA!

A Queima de Um Milhão de Libras

No dia 22 de agosto de 1994, Bill Drummond e Jimmy Cauty, acompanhados de seu fiel ajudante conhecido como Gimpo, embarcaram em uma jornada inusitada. Pegaram uma balsa rumo à ilha de Jura, na Escócia, um local onde já haviam realizado uma de suas performances artísticas anteriores.

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Dentro de um galpão industrial abandonado, eles começaram a formar pilhas de cédulas de 50 libras, cada uma contendo £50.000. Inicialmente, ficaram receosos de que o dinheiro não queimasse direito, mas logo as notas começaram a pegar fogo rapidamente. Cauty jogava cédulas no fogo com empolgação, enquanto Drummond usava uma tábua para empurrar as notas que escapavam das chamas para dentro do fogo.

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Em torno de £100.000 subiram pela chaminé, se dispersando pelo céu da ilha. O evento foi registrado por Gimpo em um filme de 67 minutos intitulado Watch the K Foundation Burn a Million Quid (Assista a K-Foundation Queimar Um Milhão de Libras), que mais tarde seria exibido em vários eventos.

Repercussões e  arrependimento

A queima do dinheiro causou grande controvérsia e questionamentos. Durante as exibições do filme, Drummond e Cauty debatiam com a audiência: foi certo? Foi errado? Ou não era da conta de ninguém?

A mídia e o público se dividiram. Alguns viam o ato como uma crítica contundente ao capitalismo e à obsessão por dinheiro. Outros consideravam um desperdício absurdo que poderia ter sido usado para algo mais significativo.

Por anos, Drummond afirmou que não se arrependia da decisão. No entanto, em 2004, admitiu à BBC que justificar o ocorrido se tornava cada vez mais difícil:

“É algo muito difícil de explicar para seus filhos. E não fica mais fácil com o tempo. Gostaria de saber explicar o motivo para que as pessoas entendessem.”

Por outro lado, Cauty foi mais afetado pela decisão. Amigos relataram que ele entrou em um estado de depressão leve e sentia uma espécie de choque pelo que haviam feito:

“Todos os dias eu acordo e penso: ‘Meu Deus! Queimei um milhão de libras e todo mundo acha que foi errado’.”

Arte, Protesto ou Insanidade?

O ato de The KLF continua sendo um dos momentos mais bizarros da história da música e da arte contemporânea. Foi uma crítica ao materialismo? Um protesto contra a indústria fonográfica? Ou apenas um capricho de dois artistas excêntricos?

Independentemente da interpretação, a história de Bill Drummond e Jimmy Cauty permanece um dos gestos mais radicais já feitos no mundo da música.

Certo ou errado, eles fizeram o que queriam.

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