Eu tenho um porrilhão de ilustrações deste cara no meu Hd de “referências inspiracionais”. Resolvi homenagear o Frank com 20 grandes ilustrações do mestre. Como eu não tenho todas (o cara tinha mais hora de tela que urubu de vôo) é possível que eu esqueça alguma fenomenal, inesquecível e etc. Então já peço desculpas antecipadamente.
O Death Dealer… Uma figura sombria num cavalo parrudo de perfil. O fundo embaçado chega a lembrar uma arte abstrata. Há um pequeno filete de sangue que desce pela elevação. O rio de sangue com os abutres sugeridos ao fundo dão uma clara mensagem do que esperar desta figura. É o meu preferido, e um dos mais conhecidos trabalhos do Frank.
Conan esmagando geral… Um clássico das capas do Cimério, que Frazetta mais do que ninguém soube ilustrar. Ele foi um prolífico desenhista do Conan, mas eu pessoalmente gosto mais dos outros estilos que o Frazetta fazia. É inegável o talento dele ao ilustrar a Era Hiboriana, mas o meu preferido nas capas do Conan era o artista Earl Norem. O que eu gosto nesta imagem é que ela é um deleite para os olhos. Você fica passeando por milhares de pequenos detalhes ali na pilha de corpos.
Flash for Freedom… Neste desenho, Frazetta exprime o modo alpha-masculino de ser. Um cara que é visivelmente o fodão, constrói uma composição piramidal com duas mulheres nuas abaixo dele. Frazetta costumava brincar com a sensualidade das mulheres e sujeitos fortes, altamente masculinos e com um toque sutil (ou nem tão sutil assim) de cafajestice surgem em harmonia em seus trabalhos. É um equívoco imaginar que Frazetta estava usando sua arte para cristalizar uma ótica machista na mente das pessoas. Quem alega isso demonstra um belo exercício de ignorância. Em muitas obras do artista, a mulher aparece subjugada, frágil ou lânguida (ou ainda tudo isso simultaneamente) mas existem diversas obras em que a mulher é retratada como um signo forte, selvagem e indomada. Há o mistério e o poder do feminino em grandes e icônicos trabalhos do mestre, como podemos ver abaixo:
Nesta obra, de clara composição em diagonal, temos a figura feminina emergindo da floresta, armada com uma lança, na companhia de um tigre de dentes de sabre. Ao colocar a mulher em justaposição ao Tigre, Frazetta nos lembrava o signo felino que representa a alma da mulher. Esta uma mulher idealizada, não completamente selvagem (como nos sugere o complexo e delicado adorno de cabeça) mas ainda assim uma guerreira.
Frazetta gostava da aplicação das feras mitológicas, extintas e/ou bestiais em suas obras. Na maioria dos casos elas surgem como elementos de perigo, mas em certas obras Frazetta agrega aos animais selvagens a companhia humana, destacando esta relação. Nos trabalhos da escola da arte fantástica é comum o uso do claro e escuro, do macho e fêmea, do monstro e herói. Nesta obra, o masculino fica a cargo do tigre, musculoso, retesado, com seus dentes de sabre grandes e simbólicos.
De cara dá pra sacar que o estilo de trabalho de Frazetta se divide em dois grandes grupos. As imagens de pose e as imagens que contam uma história. Não sei dizer se isso é uma característica dos trabalhos dele ou se é uma coisa que surge por determinação da empresa, pois as capas do Conan se dividem nesses dois estios até hoje. Na imagem abaixo vemos Conan lutando contra gigantes de gelo.
A figura masculina é algo permanente do trabalho dele muito em função do fato de precisar criar para vender. A empresa que contratava seus serviços tinha um público cativo de quase totalidade masculina, juvenil e adolescente. Isso ajuda a explicar as infinitas insinuações de sexo e masculinidade viril em seus quadros.
Como ele focava muito do trabalho em capas, chamar a atenção era algo fundamental, por isso os contrastes e o intenso uso da cor em seus trabalhos.
A composição é geralmente dramática, com uma luz teatral, que mistura elementos esfumados e esmaecidos com cores vivas e elementos detalhados. Nos trabalhos dele é normal vermos que as pessoas gradualmente se fundem com a base, se ocultando em troncos e folhagens. Um recurso da pintura clássica que ajuda a produzir uma unidade na tela.
Seu tipo de composição mais comum é a triangular. O ponto de vista quase sempre é paralelo, mas eventualmente ele tentava inovar nisso, jogando o ponto de vista em formas diferentes. Entretanto é um recurso que não funciona bem para capas, o que restringia a aplicação comercial das composições inovadoras.
Eu gosto desta ilustração abaixo porque ela reflete o simbolismo de uma geração que estava a mercê de um controle externo poderoso. Era assim na política (e talvez ainda seja) e na família. Forças ocultas, gigantes, lançam-se sobre os heróis. O elmo com asas é a materialização do desejo da liberdade.
Muitas imagens de Frazetta representam o herói sendo subjulgado ou correndo grande perigo.
Em outras vemos os personagens interpretando papéis, posando ou apenas relaxados contemplando a natureza.
Além dos quadros a óleo ele dominava a arte do nanquim. Alguns desenhos são coloridos em aquarela. Outros são apenas em preto e branco.
Seus desenhos em bico de pena são muito apreciados pelos fãs.
É uma pena Frazetta ter morrido. Mas ele deixou uma bela obra de vida, um legado inspirador como só os grandes mestres podem fazer.
Que perda. Grande ilustrador! O modo como ele desenha nádegas femininas (tanto nas formas como nos ângulos)me lembra a obra de outro mestre, desta vez do cinema: Tinto Brass.
Realmente uma perda enorme. Arrisco-me a dizer que nenhum artista será tão capaz e original como Frazetta foi.
Pois é, Philipe… Também fiquei muito triste ao saber do ocorrido. Ficamos com o consolo proporcionado pela apreciação das obras do mestre. Grande legado!
agora entendi melhor o seu luto
– nossa. como ele gostava de desenhar pessoas nuas ¤ . RS’ euuri e4 :lol2:
Realmente ele gostava de desenhar traseiros xD e seus desenhos de anatomia eram sem referência.
Meu ídolo.
Descanse em paz Mestre. –
Não sei o que dizer… Um dos primeiros livros que comprei na minha vida, moleque ainda e com dinheiro de mesada, foi o “New Visions- a collection of modern science fiction art”- em 1985 (O livro é de 82 e eu tenho ele até hoje). Vários artistas, em inglês, sendo que eu não entendia merda nenhuma- Mas lá estavam o Frank Frazetta e o Boris Vallejo… Depois disso, comecei a colecionar qualquer coisa com desenhos desses dois gigantes; E essas coleções levaram a outras, e outros grandes nomes e infindáveis pilhas de livros, revistas, cards ou qualquer coisa relacionada à arte fantástica, depois outros estilos, etc. Mas tudo praticamente começou ali, com os desenhos do Frazetta e do Boris e eu me perguntando: Putz! Como esses caras fazem isso?!? É como se morresse alguém próximo, pq afinal cresci com esses caras por tudo quanto é lado. Triste… Em março perdemos o Glauco e agora essa notícia me derruba de novo.
Vale uma conferida:
goldenagecomicbookstories.blogspot.com/
Eu nem conhecia.
Achei excelente o trabalho dele!
Especialmente com a delicadeza das mãos e rostos femininos, com a criatividade das situações ilustradas, e com a escolha das cores para dar efeitos de luz e sombra.
Aquela da menina cavalgando na praia é perfeita!
Poxa que pena, nao sabia que ele tinha morrido. Ei Phillipe, seria uma boa homenagem fazer uma escuta inspirada numa obras dessas ein, faz tempo que nao apresenta uma no blog! Abraços.
Painting with Fire é um dos meus videos de cabeceira ….. ele mostra o mestre pintando suas obras… entrevistas com sua família e amigos mais próximos …. àqueles que se interessarem vale a procura …..
descanse em paz …..
Muito boa a arte dele, é bem expressiva e cheia de significados na imagem. Tenho que admitir que, a vista do estilo do desenho e das figuras, o artista que segue uma linah parecida que eu amo de paixão é o Boris Vallejo. Eu não conhecia muitas obras do Frank Frazetta, mas me lembrou bastante. Muito bonitas a imagens. ^^
D.
O Boris era o maior fã dele.
Putz, deu saudades da Heavy Metal. Meu tio tem uns livros de arte fantástica dos anos 80 que construíram boa parte da minha imaginação, ficavamos eu e meu irmão horas vendo e revendo cada um, mas eles tinham mais coisa do Vallejo. Nessas imagens dá pra ver muito também do Corben e do Bisley, fabuloso.
O cara criava verdadeiros ícones. Tenho certeza que já vi aquela imagem da garota com o tigre “revisitada” em alguns lugares por outros artistas. Sem contar aquela do viking com lança contra o encapuzado, tem uma capa que o Alex Ross fez do Superman contra o Espectro que é quase prima desta.