segunda-feira, dezembro 23, 2024

Três grandes decepções da minha vida

A vida da gente é uma espécie de sopa onde entram vários ingredientes. Felicidade, amigos, brigas, situações engraçadas, tristes, relações sociais de todos os tipos, sexo e decepções entre dezenas de outros ingredientes. A mistura desses ingredientes em proporções aleatórias conduz para uma percepção de que a vida de um não é igual a do outro. Só isso pode explicar que muitas vezes dois irmãos que viveram a maior parte da vida numa mesma família tenham visões de mundo completamente diferentes.

Um dos ingredientes mais interessantes da minha vida, foram as minhas decepções. A maior parte das pessoas tenta a todo custo construir uma vida sem isso. Afinal, decepção é uma erva amarga na vida da gente. Mas à medida em que envelhecemos, começamos a mudar nosso paladar e certas coisas que achávamos horrível quando piás (cerveja, por exemplo) começam a parecer bem melhor. E é talvez pelo fato de que estou ficando velho que começo a rememorar certos episódios altamente decepcionantes da minha infância. Vamos a eles:
O dia em que enterrei meu tesouro

Eu sempre fui fã de filmes de piratas. Sempre desejei ardentemente encontrar um tesouro numa ilha tropical e tornar-me milionário. Um dia, esta oportunidade apareceu. Eu estudava numa escola de Três Rios enquanto morava com meus avós. Um dia, a escola passava por uma daquelas olimpíadas escolares e vi um caminhãozinho descarregar um monte de caixas no fundo da escola. Estiquei o olho para ver o que poderia ser aquilo e notei que aquelas caixas estavam cheias de medalhas. Uau! Medalhas de ouro, mané!

No fim do dia, naquela algazarra da saída entrei na fila para que carimbassem a minha caderneta. Durante a fila, a turba desorganizada percebeu que o inspetor havia ido ao banheiro, colocando um garoto mais velho para segurar o pessoal no portão. Imediatamente surgiu um motim. Ninguém reconheceu a autoridade do garoto e o caos se instalou bonito. Centenas de garotos invadiram a secretaria. Eu estava no meio. Eu não era muito de fazer grandes merdas, mas eu era conhecido como “o cabeça” das maiores maluquices.

Eu apenas falei para o Marcos Paulo (o mais encapetado entre os delinqüentes dali) que havia uma “arca do tesouro” cheia de moedas de ouro lá nos fundos da secretaria.

Pronto. Só precisei disso para que no minuto seguinte, TODOS os moleques da escola saíssem correndo para a rua com os bolsos cheios de medalhas de ouro. Entre eles, eu, o pirata!

Corri para a casa da minha avó com meu tesouro. Mas tão logo cheguei lá com minhas medalhas, fui logo mostrando pra minha vó e contando como eu era um pirata esperto. Fui recebido na base da porrada.

Minha vó me meteu o couro porque sabia que eu, totalmente néscio em matéria de esportes, não teria  condições de ganhá-las. Eu não era o Michael Felps para ganhar tantas medalhas de ouro. Daí que minha avó concluiu que eu roubei a escola e a porrada comeu com vontade. Não adiantava eu alegar que era apenas mais um dos que recebeu sua “parcela” no grande saque do ano à secretaria. Minha vó brigou comigo, me deixou de castigo sem poder ir ao cine Rex ver os Goonies, e o pior, me obrigou a voltar na escola e devolver as medalhas.

Eu enxuguei as lágrimas e retornei com meu passinho de urubu cansado de volta para a escola. Os bolsos cheios de medalhas de ouro. Eu me sentia o pirata mais burro do mundo. Eu sabia que seria o único zé mané de toda a escola que iria voltar lá pra devolver as medalhas.  Eu sabia que seria crucificado como único culpado pelo saque dos moleques todos que fizeram a mesma coisa que eu. No caminho, comecei a pensar um plano alternativo, uma saída para minha situação.

Mudei de direção. Fui até a linha do trem e escavei com as mãos um buraco fundo. Me certifiquei que ninguém estava olhando. Então, peguei as medalhas de ouro do bolso. Eram umas seis, e joguei ali. Cobri com terra cuidadosamente e até reconstituí o matinho sobre o buraco. Olhei em volta para ter certeza que ninguém havia me visto enterrando o tesouro. Memorizei cuidadosamente quantos passos eu precisava dar de uma árvore até a linha do trem. Dali eu contei quantos dormentes tinham ( dormente é aquela madeira que fica debaixo do trilho)  até a rua.

Limpei as mãos e voltei para casa. Minha vó quis saber se eu havia devolvido. Eu não disse nada. Apenas olhei para baixo. Ela concluiu que eu havia levado uma senhora esculhambação na escola e estava sem graça. Não fui ver os goonies, mas passei aquela tarde desenhando o “mapa” do meu tesouro.

O tempo passou. Um mês, dois, três, quatro meses. Um ano, mais um… Todo dia, indo pra escola eu passava perto da linha do trem e pensava no meu tesouro enterrado. Veio as férias, mais um ano, outras férias. Um dia, vi na televisão a propaganda do odissey. O odissey era um videogame que parecia ter um teclado. O conjunto dava uma ilusão de superioridade tecnológica sobre o meu atari, presente do Tio Zé Carlos. O atari foi um dos presentes inesquecíveis da minha vida. Então eu tive a brilhante ideia de resgatar meu tesouro e vender para o hominho do “compro ouro” que tinha na praça da autonomia. Com certeza aquele monte de medalha de ouro me daria grana para comprar videogames, não só para mim como um para cada irmão.

Peguei o meu mapa cuidadosamente escondido numa página central de um livro da Barsa lá na casa da minha avó. Nem era preciso do mapa, pois ao longo de vários e vários meses, eu rememorava cada detalhe daquele dia, e ficava pensando quando seria o fatídico dia de reencontrar o tesouro.

Mas pegar o mapa fazia parte da “aventura”. Peguei o mesmo, fui até a rua, contei os passos, contei os dormentes, cheguei no local. Comecei a cavar.

Nada.

Não havia nada. Apenas uma terra nojenta.

Eu fiquei muito puto. O ódio me subiu a cabeça. Tive vontade de jogar uma pedra no primeiro desgraçado que eu visse pela frente. Eu não queria acreditar. Cavei o mais fundo que pude em busca das medalhas de ouro. Cavei até achar uma pedra grande. Aí concluí que estava cavando no lugar errado. Voltei na rua, olhei no mapa. Contei os passos, contei cada um daqueles dormentes desgraçados e ali estava o buraco. Um buraco cheio de …ferrugem.

Eu tive vontade de chorar. As medalhas não eram de ouro. Eu havia sido enganado. Me senti ludibriado pela escola. Onde já se viu, dar medalha de ouro falsa para os esportistas! Um absurdo.   E o pior do pior era ter apanhado da minha vó por causa daquele monte de lata vagabunda.

Naquele dia, eu decidi que a romântica vida de bucaneiro não era mesmo pra mim.

O dia em que eu passei de ano. De um ano para o outro – Episódio 1

Esta é triste. Eu tinha ficado de recuperação na quarta série. Recuperação de Matemática. Recuperação é uma merda. Você vê todos os seus amigos saindo de férias e você lá. Tendo que ir pra aula. E o pior, todo mundo pensa que você é burro, afinal, “os inteligentes passam direto”.  Pra mim, ver meus amigos saindo de férias não mudava muito a minha vida, porque simplesmente não tê-los me eximia da inveja de ver aquele bando de (com licença? ) FILHOS DA PUTA indo passar as férias em Cabo Frio.

Então, estudei pra caramba, ralei para aprender aquela maldita taboada do nove. Arme e efetue, esses nomes que parecem provenientes das mentes mais doentias dos torturadoes do DOPS. A minha professora de Matemática era uma carrasca que faria o Freddy Krueger parecer uma freira.

Quando eu finalmente consegui obter a nota mínima para passar de ano, lembro disso como se estivesse acontecendo bem agora, minha mãe olhou meu boletim e falou:

-Philipe, vai lá e fala com a coordenadora que eu quero que você repita de ano.

Sim, meu amigo. A minha própria progenitora, com meu boletim -carta de alforria nas mãos, me mandou voltar e PEDIR (olha o grau da humilhação humana) para repetir. Eu caminhei para a scretaria como quem acaba de levar um tiro na cabeça. Me sentia muito pior que apenas um burro. Me sentia um proto-burro falido. Nem sequer competência para repetir a quarta série eu tinha. Minha mãe, cheia das boas intenções, teve que me mandar na secretaria comunicar que ela queria que eu repetisse. O objetivo da estranha situação era que nós iríamos mudar de cidade e minha mãe prevendo que a próxima escola seria mais forte achou melhor que eu entrasse com um ano de defasagem.

Eu entrei na secretaria e pedi para repetir. Pela cara da coordenadora, ficou claro pra mim que aquela era a maior burrice do universo, mas quem era eu para apitar alguma coisa sobre o meu destino? Ela imediatamente anotou meu nome num bloco e entregou a secretária.

Quando mudamos, a escola para a qual eu fui era bem mais fraca que minha escola anterior, o que significa que eu joguei um ano escolar no lixo.

O Dia em que eu passei de ano. De um ano para o outro – Episódio 2

Este foi o ano da Juliana do sutiã de bolinhas. Era a sétima série. Aquele foi o ano em que eu conheci meu amigo-irmão-padrinho de casamento-parceiro de ideias malucas Paulo Rogério. Eu tinha outros grandes amigos, como o Elvis, também conhecido como Magoo, o Fabio Guaraldi, que corria bem na educação física, o fábio Tardivo, que tinha aquela voz de locutor e era alto pra caramba, o Ryan, um cara muito doido que gostava de assustar a vizinha crente usando um isqueiro e um spray de Baygon. A turma era muito legal. As meinas, principalmente, eram bem bonitas. Mas…

Eis que eu fique de recuperação em Matemática. Na sétima série, eu já havia me habituado com a maldita recuperação de Matemática, porque desde a segunda eu vinha ficando de recuperação (sempre em Matemática).

Então, depois de muito estudar, ralar feito um desgraçado em monômio, binômios e polinômios, eu me ferrei. Fui pegar o boletim e ali estava a maldita letra I, de insuficiente.

Nunca gostei muito da letra I. Ela tem aquele ridículo pinguinho em cima, como se fosse uma bola. Eu acho que inconscientemente, sempre detestei o i por causa do seu pinguinho. O I não é uma letra séria. É a única letra que fica displicentemente brincando com aquela bolinha. Veja o A por exemplo.

O A fica lá, concentradão, pernas abertas. Base fixa. Rígido. Mas e o i? O i teima em ficar com aquele chapéu ou bolinha na testa. Parece o Ronaldinho Gaúcho das letras.

Aquele i era de INSUFICIENTE.

Tudo que eu precisava. Mais uma chancela desgraçada para ostentar na minha testa. Eu não era SUFICIENTEMENTE bom para passar para a oitava série. Isso significaria não só ter que estudar aquele monte de coisa tudo de novo, mas o que é pior, ver os meus amigos mudarem de série, de camisa. Eles passariam a estudar de manhã. Eu ficaria fodidamente limitado com um bando de pirralhos de tarde, como um mongol. Aquilo somado com a decepção do maior veto de todo o universo, produziam uma estrutura dramática incomum para minha biografia escolar de pseudonerd.

Eu estava deprê. Passei as férias numa fossa do caramba. Quando finalmente estava para começar o ano, minha mãe recebeu a circular de compra de material. Ali no documento estava bem claro para qem quisesse, ver: Philipe Kling David – 8 serie B.

Eu não podia acreditar. Deus havia intercedido por mim. Algum milagre do universo, talvez o próprio Dom Bosco em pessoa, havia me salvado. Meus pais se animaram. Todos começamos a fazer planos eufóricos sobre esta “segunda chance”.

Meu pai falou comigo para eu meter a cara, tirar excelentes notas logo de cara, pois se depois disso a escola descobrisse o erro, ele processaria a escola alegando que se eu tirava nota boa na oitava série, teria que ter sido aprovado na sétima.

Aquilo tudo fazia um grande sentido pra mim. Comprei a camiseta verde da oitava série. Fui com a minha mãe comprar todos os livros e material.

No primeiro dia de aula, eu fiquei tenso. Toda vez que alguém vinha na porta da sala, eu achava que ia dar merda. Tentei sentar no fundo, de modo a não ser visto. Não despertar suspeita.

Ao fim do primeiro dia de aula na oitava série, eu me sentia liberto. Tudo dera certo. Eu estava mesmo com meus amigos. Não pagaria de burro e finalmente havia testemunhado um milagre legítimo. E útil.

No dia seguinte, cheguei cedo. Sentei no meu lugar lá atrás. Começou a aula de português. Uma a uma, as disciplinas se sucederam e tudo corria normalmente. Até que…

Até que apareceu uma pessoa na porta da sala com um papel do computador.

-Quem é Philipe Kling David aí? – Perguntou o careca bigodudo.

Imediatamente inúmeros dedos acusatórios apontaram na minha direção.

O cara entrou na sala já falando:

-O que você tá fazendo aqui na oitava série com este uniforme? Você é repetente!

… (pausa dramática)

repetente, repetente, repetente REPETENTEEEEEE!

A voz tornou-se um eco mas logo eu percebi que não era a minha mente. Era a turma inteira batucando nas mesas e gritando aquela desgraçada verdade. Eu era um maldito repetente de merda tentando dar um golpinho de quinta categoria. A escola, para se esquivar do “erro de digitação”, me acusava de tentar me infiltrar clandestinamente na oitava série.

Levantei cabisbaixo e saí de sala, ao som de “REPETENTE, REPETENTE, REPETENTE”. No caminho, notei o sorriso de satisfação de Allysson, do Bruno Torres e de tantos outros. No meio daqueles olhares notei a expressão de pena de umas meninas. A expressão de pena apunhalou meu coração com uma dor cem mil vezes pior do que os gritos daqueles tapados.

O sonho acabou. Eu voltei a usar a camiseta amarela. Um ano depois de sofrer o veto histórico da minha geração, eu voltava aos holofotes do escarnio popular com a bombástica história do “repetente clandestino”, como fiquei sendo conhecido a partir dali.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Philipe Kling David, autor de mais de 30 livros, é editor do Mundo Gump, um blog que explora o extraordinário e o curioso. Formado em Psicologia, ele combina escrita criativa, pesquisa rigorosa e uma curiosidade insaciável para oferecer histórias fascinantes. Especialista na interseção entre ciência, cultura e o desconhecido, Philipe é palestrante em blogs, WordPress e tecnologia, além de colaborador de revistas como UFO, Ovni Pesquisa e Digital Designer. Seu compromisso com a qualidade torna o Mundo Gump uma referência em conteúdo autêntico e intrigante.

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Comentários

  1. Sei muito bem como é isso..escola então nem se fala…quando eu não ia com o uniforme na escola…( nao usava por que nao gostava de ser igual aos outros tontos…rsss) me botavam lavar banheiros imundos :( …isso era extremamente humilhante…rsss e quem diria…hoje eu trabalho com moda… :D :D

  2. Pow tb passei por isso, não de ser exculhachado ( cm X mesmo, teu caso mereci ) como foi contigo, mas minha mãe vivia me tirando de colegio e me colocando em outro

  3. Se eu fosse vc, processaria o colegio da “O Dia em que eu passei de ano. De um ano para o outro – Episódio II”, ou algo assim, afinal, tava na lista de material q vc era da 8ª serie B!

    ;*

  4. Olha, se isso te consola, ta mãe fez você fazer só uma série de volta. Minha avó fez uma das minhas tias voltar da 8ª para a 5ª sem dó nem piedade. :omg:

  5. Ah, mas o J pode, porque ele é deficiente. Ele tem esta perna retorcida que ele tem que arrastar pela eternidade. Além disso, o j fica com uma parte abaixo da linha. Ele é o aleijão do alfabeto. Eu não gosto do I mas tenho pena do j.

  6. Pedreira ein? Agora você tem que escrever sobre três grandes realizações de sua vida… Para compensar, sabe? Mas mudando de saco para sacola, que tipo de escola mais doida a tua… rolava uma questão de segregação entre as turmas, por uso de cores… sem contar a total falta se senso do cara que te chamou na sala…

  7. Imagino a galerinha do São Vicente só rindo da tua cara quando foram te buscar na sala…hehehe, é brabo…a história foi trágica, mas ri demais.

  8. Você escreve muito bem, meus parabéns!

    A do ‘repetente’ foi a pior. Nossa, deve ter sido FOGO!

    Já passei por coisa parecida mas não por repetir.. não estou lembrado.. hehehe

  9. Matemática também foi meu pesadelo durante um bom tempo,
    me levou pra recuperação umas 4 vezes! Felizmente eu conseguia notas como 9 e nunca precisei repetir!
    Se tivesse passado por uma situação como a sua acho que ia querer me enterrar…e que falta de “tato” a do tiozinho hein?! Antes tivesse te chamado pra fora da sala e dado a infeliz noticia.

  10. Muito interessante, adorei teu blog, pode contar com mais um leitor assíduo.
    É verdade, escreves muito bem, mas pude encontrar erros no texto que causam um certo… “desconforto”.

    Acredite ou não, nunca gostei do “i” Também.
    Adoro matemática, o meu problema é com História :/

  11. [quote comment="68238"]Muito interessante, adorei teu blog, pode contar com mais um leitor assíduo.
    É verdade, escreves muito bem, mas pude encontrar erros no texto que causam um certo… “desconforto”.

    Acredite ou não, nunca gostei do “i” Também.
    Adoro matemática, o meu problema é com História :/[/quote]

    Valeu cara. Consertei os erros lá. (os que eu consegui descobrir).

  12. Como a loira eu também passei por uma ironia do destino, fiquei em recuperação por 3 anos seguidos em Artes e Inglês, e adivinhe: hoje sou professora de Inglês e pinto quadros nas horas vagas…

    Parabéns pelo blog, arrasando como sempre!!!

  13. Ahuahuhauhua… muito legal as suas histórias malucas… me fez bem lê-las. E tive uma recordação bizarra! Qdo estava na 5ª série, uma colega me negou um pouco de água da sua garrafa, ao pedir a professora pra beber no bebedouro da escola, pasmem, a tal colega me pediu para que enchesse a tal garrafa. Não exitei e os pensamentos já fuíram para o mal dela. Fui no banheiro e enchi com a água da privada.. rsrs!!! E logo após me saciei de prazeer ao vê-la tomando a tal água! kkkkk
    Acho que nesse feito alcancei suas proezas, Philipe.
    Bjos! :ohhyeahh:

  14. Meu amigo, lendo suas historias lembrei da minha infância no colégio publico. Sempre fui nerd em ciências, mas sempre fraco em matemática, hoje compreendo melhor a matéria. Mas o problema é a forma como a matemática nos é ensinada, só pra ter uma idéia, eu cheguei a sexta série sem saber divisão, ninguém me havia dito que na divisão ao contrario das demais operações, você não começa da unidade para a dezena, centena etc… Então aquilo nunca dava certo, a culpa era de um garoto de 7 anos ou dos professores que nunca perceberam essa “deficiência”? de segunda série em diante ficava em recuperação, e fui reprovado na quarta série, quando percebi que seria reprovado novamente na sexta desisti de estudar. Teria que fazer um trabalho em casa durante as férias de meio de ano , óbvio que não fiz o tal trabalho,quando as férias terminaram eu nem sequer voltei a freqüentar as aulas, saia de casa pra escola, mas não entrava no colégio, a farsa durou até agosto quando minha mãe descobriu e me deu a decisão: ‘ Não quer estudar vai trabalhar, não vou criar vagabundo!’. Hoje olhando pra trás acho graça, mas quantos potenciais cérebros são desperdiçados no nosso pais por desqualificação dos nossos professores… ( Sei que aqui não se está discutindo a qualidade do nosso ensino, mas deixe eu fazer esse desabafo). Eu havia assumido que de fato era incapaz de aprender matemática e isso me desestimulou a seguir adiante. Hora se você não sabe as 4 operações básicas como pode entender o que vem depois disso? Parabéns pelo texto bem redigido e coeso. Abraço!

  15. tirei nota baixissima na prova de redaçao pq meu texto alem de ser um lixo eu num botei nenhum pingo nos “i”. -.-‘ eu tb odeeeeeio a letra “i” principalmente por causa do pingo estupido. uheuheuheuheu

  16. Querido filho,

    Pais sofrem muito quando sao jovens e tem filhos criativos como foi o seu caso. Várias vezes tentamos te ajudar, como no caso do uniforme da 8ª série eheheheh! Também tomei a decisao dificil de pedir para vc repetir porque baseada no sucesso de tal atitude com seu irmao Raphael havia sido muito acertada a repetencia. Como poderia saber que a escola numa cidade maior iria ser mais “fraca”??? Como mae pensei em estar tomando a melhor medida pra vc aprender “matematica”.Valeu como base para sua vida de “escritor”…

  17. -O que você tá fazendo aqui na oitava série com este uniforme? Você é repetente!
    Que cara babaca, aposto que vc estudava em escola publica, pessoas assim não tem preparo nenhum para trab com crianças e adolescentes.

  18. o importante, nessas horas, é DAR A VOLTA POR CIMA!!!

    Philipe, adorei seu blog, e pude notar que vc está construindo uma família cibernética…

    também estudei em colégio salesiano (2 anos e meio), o resto foi em escola pública (tenho muito orgulho!).

    eu sempre fui o aluno bonzinho, e aquele conhecido como puxa-saco, cdf, etc… bom, mas na 7 e 8 séries tive meus momentos de “escape” e rebeldia transviada, onde pude notar que realmente não dava pra coisa.

    abs: David

  19. Caro Philipe: Sou muito fã dos seus textos, quem não seria? Agora, prá quem tem pena das coisas terríveis que aconteceram com você, eu digo: você mereceu cada uma delas. Porque é claramente impiedoso com as mazelas alheias. Onde já se viu fazer tão levianamente metáforas com portadores de deficiências? Sem falar que você deixa bem claro seu desprezo por pessoas que não julga, digamos, atraentes ou…brancas. Porém, deixemos para lá essas coisas desagradáveis porque eu quero te dizer também que você, Philipe, merece também o sucesso e o prestígio que conquistou, porque é criativo, surpreendente, único.

    • Muitas vezes as palavras escritas nos traem de formas desumanas. Por estar sempre expondo meu pensamento, diariamente, ao longo de mais de quatro anos, é de se esperar que em certas situações eu não tenha me expressado de forma suficientemente clara, provocando impressões errôneas como esta que você tem de mim.
      Eu não desprezo pessoas que não julgo atraentes ou… brancas.
      Não sei de onde você tirou isso. Na verdade se não estou enganado, eu tenho um post aqui no blog em que teço longamente minhas impressões sobre a questão racial, que aos meus olhos, só existe a humana. O resto é papo de babaca.
      Corta um negão no meio e vê se o sangue dele é menos vermelho que um branco. É? Não é.
      Eu seria idiota se pensasse que um negro é diferente do branco em alguma coisa pra além das características que nos diferem individualmente.
      Muitas vezes sou acusado de expor pessoas com doenças bizarras e grotescas aqui, como se eu estivesse caçoando delas e de seu sofrimento. Não entendo porque algumas pessoas entendem que pessoas com deformações ou doenças raras não devem ser vistas, devem ser escondidas e trancadas em porões para que ninguém saiba de sua existência. Vejo os ataques muitas vezes como projeções do preconceito de certas pessoas, que ao invés de assumí-los, preferem apontá-los nos outros.
      Obviamente que não sou nenhum santo e não defendo o “bom mocismo hipócrita” que hoje impera em todos os lugares midiáticos. E por conta disso tenho que reconhecer integralmente a minha culpa por desprezar realmente pessoas estúpidas.
      Felizmente, eu tenho os leitores para apontar minhas falhas e me tornar (na base da porrada no quengo) uma pessoa mais ligada.

  20. cara achei seu blog por acaso mas agoa virei leitor muito bom e sobre seu caso da escola comigo aconteceu parecido eu tinha passado de ano e por engano algum disgraçado me coloco como repetente  ateh arrumarem a merda lá fiquei 1 mes estudando na serie que eu ja havia passado com monte de babaca me chamando de burro kk’

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