Faz um tempo venho notando uma certa idiotificação na sociedade.
Eu reconheço que soa presunçoso falar que a sociedade está assim ou assado sem um estudo do IBGE que mostre que as pessoas estão piorando em seu grau de idiotificação. “Sociedade” é um termo muito amplo e de fato, acho difícil dizer isso sem incorrer em uma horrenda generalização.
Fica até engraçado cometer essa idiotice querendo dizer que a sociedade está se tornando mais idiota do que sempre foi. Mas mesmo correndo esse risco, volta e meia, nos noticiários, nos jornais, na minha timeline do facebook, contemplo um panorama não muito positivo no que diz respeito ao avanço da sociedade, pelo menos na parte dela que consigo observar.
Se a logica do iceberg estiver certa, pode ser ainda muito pior do que já parece. Ocorrem situações tão idiotas, mas tão idiotas no Brasil dos últimos anos que me sinto envergonhado de algo que nem é minha culpa, de ter nascido aqui. Por exemplo, essa disputinha idiota entre ativismo evangélico e ativismo gay. Eu acho isso idiota.
Acho que há idiotice generalizada dos dois lados e a coisa ganhou contornos de uma corrida para quem baixa mais as calças e parece mais retardado. De um lado um grupo político que explora a questão com claros objetivos eleitorais e nada além disso. Do outro, um bando de gente com falhas graves de articulação política, em em certas situações demonstrando atitudes muitas vezes antagônicas aos direitos que buscam.
Aquela situação de duas meninas irem a um culto evangélico para beijar de língua e assim chocar as pessoas, dizendo que estão usando isso como uma “Bandeira” de um movimento social me soa tão, mas tão idiota, que sinto pena de quem teve esta ideia. Isso tem efeito inverso.
A coisa fica ainda pior quando o político-pastor (algo que na minha cabeça já é um contrassenso e conflito de interesses) manda prender as duas porque se beijaram no culto.
No fundo a vítima é a discussão política. Traveste-se tudo na sociedade de hoje. O desejo de aparecer, de se tornar centro das atenções de um lado e do uso eleitoral do factóide, mais uma chance de aparecer nos jornais, mais uma oportunidade imperdível de conquistar votos e ampliar sua base votante e assim beneficiar a bancada e seus projetos, que vão muito, muito além da mera “proteção à família” como gostam de pregar.
Hoje, a idiotificação da sociedade é esfregada na sua cara a todo momento. Você liga o radio, e está ali um sujeito comentando o vestido de noiva da mulher do funkeiro Naldo. Ele critica os brilhos, os brincos, as roupas. Critica a gravata do noivo (supostamente uma imitação da gravata de diamantes do finado deputado Clodovil Hernandes), as musicas que tocaram no casamento, as roupas dos convidados. Dizem que foi tudo over. Tudo cafona.
O incrível é que as pessoas absorvem isso sem se dar conta de quão cafona é um cara criticar o casamento alheio, talvez até mesmo sem ter ido ao evento, como se de alguma forma, as pessoas pobres que ficaram ricas não podem ter o direito de celebrar como querem. É a cafonice suprema da cafonice hipotética. E daí que o vestido era assim ou assado? E daí que o cara usou uma gravata de brilhantes (nem sei se usou, pois acabei mudando de estação antes mesmo de ouvir em detalhes sobre isso) ou um sapato com o preço de um carro?
As pessoas com vida medíocre precisam falar mal das outras para se sentirem menos medíocres.
É difícil a gente olhar para uma celebração como um casamento e não notar que de um certo modo, todos os casamentos do mundo são celebrações peculiares. Por mais elaborado e caro que ele seja, é uma celebração ritualística, que numa visão distanciada, podemos dizer que são todos cafonas. E daí? Foda-se tudo isso. Casar é legal, as festas de casamento são legais, as pessoas dançam, aquela sua tia sisuda solta a franga… Não há nada mais retardado e detestável do que pessoas que esperam que o funqueiro e a noiva, ex-mulher-fruta (uma aberração típica do Brasil) produzam uma celebração contida típica da casa real da Inglaterra.
Quando surgem os noticiários, aparece a notícia de que as autoridades estão surpresas com o roubo de toneladas de chapas de aço cortém. Que eles “não sabem como as chapas sumiram da área onde estavam”. (área aberta e sem vigia)
Ora, francamente… Não foi o David Blaine. Nem o Copperfield!
É claro que um malandro parou um caminhão com um munque e meia duzia de peão e içaram essa merda toda para cima de uma carreta e levaram, pô. Essa conversa de que “não sabemos como foi” é conversa fiada para ocupar o espaço na mídia? Se não é, parece. A conversa de que “iremos apurar o que ocorreu” também me deixa com o gosto amargo na boca de que fui nivelado por baixo pelo político. Eu esperava mais de quem só espera o meu voto.
Falando em político, o mais evidente e crasso exemplo de idiotificação social é o Horário eleitoral, com os mesmos atores cuspindo a mesma mentira de sempre na nossa cara, com filmagens maquiadas e meias verdades habilmente costuradas por marqueteiros, afim de varrer os fracassos para debaixo do tapete e ressaltar grandes exemplos de governança, mesmo que eventualmente, se pegue o sucesso do concorrente para dizer que é seu.
Nem as propagandas de produtos não salvam a sensação de que um abismo vem se abrindo sob nossos pés a cada vez que pensamos ter chegado ao “fundo do poço”. Veja por exemplo, as propagandas de carros. Pagamos caríssimo por carroças que não seriam aceitas em países desenvolvidos. Uma parcela significativa do valor de um automóvel é imposto, mas não é a monumental e desumana carga tributária que cloca o preço dos carros brasileiros acima do mercado mundial. Muito acima. Pagamos hoje o carro mais caro do mundo.
Tendo um transporte público abaixo dos padrões mínimos de qualidade, o que empurra mais e mais gente para o carro e seus preços escorchantes.
Sabemos que os aumentos nos custos dos carros não reflete um aumento de insumos, mas sim da fatia de lucro das montadoras. A margem de lucro das montadoras no Brasil chega a ser três vezes maior que a de outros países. Me lembro agora da clássica pergunta que um jornalista fez ao presidente da Honda: Por que os carros da Honda no Brasil são tão caros? A resposta, direta e simples como um tapa na cara: “É caro porque o brasileiro paga”.
E paga mesmo. As pessoas se endividam até os fios de cabelo para ter o bem, que em outros países pessoas que ganham menos podem ter com mais facilidade. Outra coisa que me assusta às vezes é essa tendência cada vez maior de nivelar pessoas pelo seu poder aquisitivo. Valorizamos mais o que o outro tem do que o que o outro é. A própria violência, uma das piores mazelas do Brasil, reflete uma certa idiotização em certo grau. Vide o caso do tal pedreiro Amarildo que sumiu na Favela da Rocinha.
Foi necessária uma verdadeira ópera para se concluir o que estava óbvio e sempre esteve. A polícia matou o cara. Mas para chegar na verdade (ainda uma meia verdade) é necessário um preâmbulo de vários meses a título de “investigação”. Lembro que até levantar hipótese de que o cara foi levado por aliens alguém sugeriu no radio.
É como se todos, inclusive as vítimas e algozes, mídia e políticos estivessem numa peça de teatro do qual não podem sair. Abrindo o jornal, vemos fotos de polícia militar espancando professor e gente que não tinha nada a ver com a manifestação. Nas mídias sociais, o policial que deveria zelar pela paz e ordem mostra a arma quebrada de tanto espancar pessoas, com certo orgulho. Ele acredita que o papel dele é bater nas pessoas, sob a benção do Estado. Quando ele espanca um professor ele não está contra a causa, contra o professor.
Ele está exercendo uma das poucas prerrogativas que o Estado não abre mão. O direito à violência.
Naquelas pancadas idiotas vão uma carga de raiva por ganhar mal, por ser vítima do sistema que usa o cara e joga fora, que usa o cara como propaganda eleitoral e não dá em troca, do sistema viciado, de ver o errado e não poder fazer nada para não morrer. No Rio de Janeiro, onde o policial ganha pior, temos uma relação dúbia com a polícia, porque a população não confia nela. E a corporação responde a isso se mostrando menos digna de confiança a cada nova cagada, como aquela do policial flagrado forjando provas para prender um manifestante. Escroques de farda maculam a integridade dos bons policiais.
Resta descer o porrete no primeiro que passar à frente. Quando o cara se vê como um martelo dos governantes, ele vai tornar um inferno a vida de todos que ele achar que são pregos.
A idiotificação se faz sentir também e principalmente nos discursos oficiais. No trasvestimento de um interesse de partes em programa de governo. Em desvio de dinheiro de um país para outro sob a égide de acordos bi-laterais.
Na indignação fake e politiqueira com a espionagem americana que qualquer pessoa minimamente esclarecida sabe que sempre existiu e foi inclusive apoiado pelos próprios políticos brasileiros por anos e anos. A idiotificação se torna explícita quando vejo um político do quilate de Renan Calheiros ir a TV dizendo que vai fazer os servidores da Câmara que ganharam durante décadas salários acima do teto do funcionalismo devolver o dinheiro (que já nem existe mais) aos cofres públicos.
Isso é como contar piada infame em velório. Os caras ganharem acima do teto é a excrescência, mas mais nojento que isso é o político aparecer querendo ganhar destaque dizendo que irá mandar devolver o dinheiro – que a esta altura nem mais existe, e numa manobra que (não sou jurista) nem me parece ter base legal. E veja quem está pagando de “o super honesto”…
Mas de tudo isso, de todas as evidências de idiotificação social que vão se acumulando, uma me chamou a atenção pelo baixo nível intelectual que revelou.
É o caso de uma moça que foi filmada fazendo sexo oral num cara. Logo, foi filmada por ele. O sujeito dá um zoom no rosto dela enquanto ela fala algo sobre transar. Imediatamente essa coisa foi postada na net, e eu recebi enxurradas de coisas relacionados a isso. De piadinhas com o simbolo que ela faz no video a discussões de pessoas acusando a moça de ser puta, safada, piranha… Os que pegaram mais leve dizem que ela foi inocente de se deixar filmar.
Há ainda, para o espanto de todas as pessoas inteligentes, nos dias de hoje, quem pense que “toda mulher é puta e deve ser tratada como tal”. Outro dia inclusive recebi o link de um site que defende essa premissa, dizendo que só há uma maneira de tratar uma mulher: Como carne.
Sério. Tem quem pense isso e pra mim isso não é machismo, é miséria intelectual.
Hoje a vantagem tecnológica permite a qualquer um usar a internet para expor suas frustrações pessoais e angariar simpatizantes que tem a mesma visão distorcida do mundo. Se juntam-se muitos idiotas, a bandeira ganha contornos de “causa”. Fora que muitas vezes uma certa causa é até nobre, mas na necessidade de chamar a atenção para ela, exageros colocam a coisa no nível do ridículo. Um belo exemplo da irracionalidade patética a que me refiro foi a “performance” de uma militante feminista que para chocar, enfiou um crucifixo no anus de seu parceiro durante a celebração católica da Jornada Mundial da Juventude.
Além de feio e de mau gosto, a atitude foi repudiada até por integrantes do movimento de valorização dos direitos da mulher a que os dois alegam pertencer.
Claro, há quem não veja nenhuma razão lógica para execrar uma moça que estava fazendo sexo e foi filmada durante o ato. Não me levem a mal, mas eu não acho o sexo sujo e nem imoral. É graças ao sexo do meu pai com a minha mãe que eu estou aqui, e muito provavelmente, graças ao sexo do seu pai com a sua mãe, que você está lendo isso.
Tirando a galera que é bebê de proveta, todo mundo está por aqui graças ao sexo.
Assim, não temos porque rotular uma pessoa que foi filmada fazendo um ato sexual como depravada, ou safada ou qualquer coisa do tipo, com base apenas num video que não diz respeito a ninguém além dos envolvidos. A confusão em cima do video, esse lance da garota ter que se disfarçar, ser impedida de ir para a Faculdade, só revela o quão preconceituosa essa sociedade está.
Será que um percentual da nossa sociedade ainda está na idade média? Minha hipótese é que sim. A evolução não tem mão única. Enquanto uma parcela social pode evoluir, há aquelas que involuem, podem hoje estar ainda no início do século XIX em suas crenças e lógica financeira. Há os que estão na Idade das Trevas, vendo seu mundo dicotomizado entre Deus e o Diabo…
E não nego, hoje há pessoas por aí que estão na idade da pedra!
Vejo até pessoas dizendo que a moça foi burra de se deixar filmar. Mas isso já parte do princípio que é justo ridicularizar quem é pego no “ato” que todos fazem?
Não é idiota esse tipo de coisa? E daí? Eu nem sei quem é essa dona. Não pago as contas dela, não tenho nada a ver com o que ela faz em seus momentos íntimos e nem porque ela se deixou filmar. Provavelmente porque nunca imaginou que um homem teria a boçalidade suprema de exibir ao mundo uma intimidade assim. Eu não posso culpar essa mulher de confiar em um outro ser humano que lhe pagou com a traição, expondo-a a um ridículo porque a sociedade é naturalmente ridícula nos mais diversos níveis. É desanimador testemunhar pessoas culpando a mulher do video ao invés de culpar quem o fez e divulgou.
Esse monte de julgamentos morais e silêncios quando deveríamos nos revoltar com atitudes políticas diversas, parecem refletir a nossa pobreza intelectual e espiritual. Eu confesso que não posso dizer com certeza cientifica que nossa sociedade está se idiotificando mais e mais, ou se isso é somente uma impressão. Talvez o advento das mídias sociais permitiram às pessoas a se unir em círculos de iguais, formando grupos de pessoas cada vez mais parecidas intelectualmente, onde opiniões divergentes são punidas com exclusão e banimento. Talvez isso deixe a sociedade menos disposta a visões diferentes e nos leve a um futuro de fundamentalismo ideológico. Mas certamente isso reflete nossas condições infelizes.
Talvez a mídia apenas atue como um espelho mostrando nossas mazelas. Se for assim, é irônico que a deficiência intelectual crônica do país contribua justamente para que as pessoas não se vejam refletidas neste espelho.
Eu não ia ler o texto…acabei lendo e não me decepcionei, como sempre. Eu acho que idiotização acaba sendo falta de educação, eu acho que se nosso povo no geral fosse minimamente educado, as coisas seriam mais diferentes. No caso do policial: é bem provável que além de ganhar pouco, ele tenha sido um cara que estudou até bastante pra passar no concurso, mas um concurso em que cai matemática, geografia, informática…nada de sociologia, filosofia, política. São muitos pontos, muitas lacunas…mas eu realmente acho que educação é o que faz falta, educação que liberte, que traga sentimento de participação na sociedade. Bom, de novo, excelente texto.
Concordo muito com isso Philipe, não sei se viste o filme “Idiocracia”, que retrata puramente isso, e realmente estamos ficando assim aos poucos…
Lembro no dia do Rock in RIo, onde estaria passando ao vivo no Multishow, perguntei para o meu pai pq não passam isso em TV aberta, já que é um Super Evento nosso, para o Mundo, ele disse, “não da audiência”, Regina e seu esquenta tem muito a acrescentar a minha vida então? O pior é que vi em algum lugar dizendo sobre esse programa, que não é tudo como eles mostram a vida da pessoas da favela e afins, e sim, como isso está ajudando a eles ficarem assim, como tem uma guria de óculos, que vi sem querer e queria entender o que acontecia, ela falava nada com nada, era ignorante e batiam palmas pra ela! Onde vamos parar…
Bruno, rapaz, isto não é nem 10%. A julgar que você nunca foi dentro de uma favela e mal assiste TV aberta, posso dizer que você ainda tem muito o que ver. Mas claro, posso estar enganado nesse comentário, então me desculpe se falei abobrinha. :-)
Eu acho que não passam em TV aberta pra venderem pay-per-view.. Audiência, acho até que daria..
Texto perfeito, Philipe. De uma lucidez rara hoje em dia. Parabéns pelo blog e pelas matérias interessantes que você publica.
Excelente texto. Acho que, em grande medida, uma das causas da idiotização da sociedade é a uniformização das opiniões em prol do “politicamente correto”. Assim, quem manifesta uma opinião contrária à da maioria é rapidamente crucificado. Ouse levantar a voz contra políticas “sociais”, manifestar sua opinião à respeito de gays ou dizer que é “de direita”, por exemplo, e veja o que lhe acontece.
Dizer que vivemos hoje em uma sociedade democrática é ofender os princípios da liberdade.
Quanto ao policial, sua atitude reflete a ausência de justiça no Brasil e a sensação de que tudo é permitido. Já que a lei não resolve, vamos na base da porrada!!
Cara, tinha pensado em fazer um comentário sobre o assunto mas seu texto acaba por resumir o q venho pensando todos os dias…. as pessoas estão emburrecendo e os poucos conscientes são tratados como loucos, assim como no velho mito da caverna. Talvez seja interessante para aqueles que detém poder sobre nós manter a população “hipnotizada” com bundas, consumo, balada, futebol, vida alheia, etc, pois desse modo, quando menos pensarmos melhor. é por isso que não há interesse em cultivar a cultura e a educação não só no Brasil, mas em muitos lugares. Pensar é perigoso, já que daí passaremos a questionar uma série de dogmas que nos são impostos à força, como religião, trabalho, cultura, etc. Sonho num dia em que pelo menos a maior parte das pessoas “saia da caverna” e enxergue o mundo fora da “Matrix”.
pois é, sem mais delongas, assino embaixo! o texto mostra vários aspectos de algo que nao é uma conversa fiada qualquer.. DE FATO VIVEMOS NUMA SOCIEDADE QUE É CADA VEZ MAIS BURRA, IDIOTA, MEDÍOCRE e outros mais adjetivos. o mais engracado de tudo é quando voce tenta se isolar ou diminuir a influencia de tanta idiotice coletiva e acaba sendo tachado de alienado, de revoltado, etc.. hahahaha, é coisa séria! umas ferias permanentes na siberia até q nao seriam tao ruins!
Eu não ia ler o texto. Mas como tenho Philipe em conta, resolvi ler. Cheguei a um ponto do texto que preferi acelerar, pois era mais do mesmo. Não discordo com o conteúdo do texto. Mas acrescento uma pergunta: e dai que a sociedade é idiota? Quando voltamos ao passado da sociedade brasileira, acredito que veremos várias atitudes idiotas que tem paralelo com nossa situação atual. No final das contas, o que isso importa?
“Por exemplo, essa disputinha idiota entre ativismo evangélico e ativismo gay.”
Que diferenças há entre nosso ativismo brasileiro (seja qual lado for), e o de outros países? Pergunto pois não tenho exemplos. Gostaria de saber o seu ponto de vista e de outros que assim desejem.
“…ex-mulher-fruta (uma aberração típica do Brasil) …”
E Pamela Anderson e Cicciolina poderiam ser comparados as mulheres frutas do Brasil? Me refiro ao apelo sexual na mídia, pois foi essa a abordagem que entendi do seu texto.
“Um belo exemplo da irracionalidade patética a que me refiro foi a “performance” de uma militante feminista que para chocar, enfiou um crucifixo no anus de seu parceiro durante a celebração católica da Jornada Mundial da Juventude.”
O seu texto se completa. Ela o fez para chocar. E ela conseguiu.
“A evolução não tem mão única”
Evolução é só ir pra frente. Acredito que uma palavra melhor seria amadurecimento.
Cara, a ”evolução” não tem mão única, pelo menos no lado de valores de uma sociedade, vou usar um exemplo prático: no passado, em alguma época o Brasil não era dominado por tantas religiões tão fervorosamente (hahahahaha!), e hoje pessoas doam ate a sua casa e seu orifício anal a ”Deus”, se precisarem ao dizimo, tu acha isso uma coisa evoluida? A idiotice sempre existiu, e a maneira como ela é levada vai interferir em todo o futuro da sociedade. De fato, a idiotice está afetando cada vez mais o mundo não só o braZil, penso eu que o lado ocidental e uma parte da Europa em maior quantidade. Mas tu não pode negar para a gente, aqui isso acontece demais, tu já viu Pamela Anderson fazendo Quadradinho de 8 em plena rede aberta de televisão em algum outro país? Se a ”evolução” tem mão única, explica pra nós como evoluímos bastante, chegando a um ponto em que as pessoas tem de pontos de vistas extremos e não levam numa boa, além de serem fúteis.Sim, também existiam idiotas no passado (talvez menos fúteis, comparando com o conhecimento ao dispor de sua época e a época que vivemos), agora isso importa, sempre importou e sempre importará, e muito, abraço. ass: matador de críticas ruins…
Eu fiquei pensando sobre este lance da evolução parecer uma involução. Acho que é o que acontece aqui. De um ponto de vista Naturalista, o que será a evolução? É a adaptação do organismo aos fatores externos, correto? Assim, vamos imaginar um inseto que num ambiente com mais oxigênio pode ser maior e assim evitar ser comido. Isso é uma evolução. Ninguém discute. Aí há uma mudança climática e reduz-se a oferta de oxigênio. O inseto ficará a cada geração, menor, já que os descendentes menores otimizaram o uso do gás e por isso sobreviveram, passando seus genes menores para a frente. E então eu pergunto: O inseto aumentou e diminuiu de tamanho. Se ele evoluiu quando aumentou, terá involuído quando diminuiu? Claro que não. Ele também evoluiu. Se adaptou à influência externa.
Assim quando eu digo que a sociedade está se tornando mais e mais idiota, ela pode estar sim evoluindo, mesmo que para nós pareça uma involução. Talvez um numero indeterminado de fatores, entre eles a crise na educação familiar, a falta de referências, a crise na educação escolar como um todo, o excesso de produtos e elementos disputando sua atenção, a troca de relações por aquisições e o prazer mais fácil e ao alcance de um clique… São inúmeros fatores que colaboram direta e indiretamente para a sociedade se organizar da maneira que se organizou. Hoje vejo o mundo estratificado entre exploradores e explorados. Este mundo onde os produtos já saem das lojas com data de dar defeito, onde na falta de atributos intelectuais se busca mais o “ter” que o “ser”, onde as pessoas estão presas a grandes engrenagens que sugam delas dinheiro e tempo, obrigando-as a desejar e consumir coisas as quais elas realmente não precisam, para suprir demandas internas sempre presentes… è um mundo onde há cada vez menos espaço para discordar. Quem discorda é inimigo, é oposição, é intolerante e deve ser exterminado.
Nos encontramos em um mundo onde a fôrma do cidadão ideal, chamado aqui de “contribuinte”, é bem restrita e não se admite grandes variações. Uma sociedade onde as pessoas se divertem vendo as crianças cantar musica de duplo sentido, com danças que exploram e estimulam uma sexualidade cada vez mais precoce.
Se com todas essas condições ambientais as pessoas vão se tornando mentecaptos controlados e manipulados, que só querem saber de comprar e aparecer, podemos inferir que estamos diante de uma evolução para adaptação a este ambiente. Pais boçais dificilmente criarão filhos diferentes. A individualidade talvez vá se extinguir em algum momento, enquanto o individualismo só cresce e se expande. O lucro a qualquer custo se tornou a tônica deste novo mundo, onde a riqueza material se sobrepõe a todas as demais riquezas. è isso que eu quis dizer com a mão dupla da evolução social.
Estava criticando o comentario de paulo, assino em baixo philipe.
Caro Philipe, acredito mesmo que no caso dos “seres humanos” temos três possibilidades: ocorrem “evoluções”, “involuções” e “revoluções”. Evoluções ocorrem quando os indivíduos desenvolvem – ou percebem que já tinham e passam a usar – determinada capacidade que lhes dá vantagem na sobrevivência. A partir do momento que deixam tal capacidade de lado; ou a usam mal, ou até mesmo param de usá-la, temos uma “involução”. Agora, quando alguém se dá conta de que isso aconteceu – ou está acontecendo, então estamos diante de uma verdadeira “revolução”.
Entre nós, brasileiros, esta última é muito difícil – e improvável – de acontecer. Se as coisas que acontecem nos dias atuais nos causam indignações, não podemos nos esquecer que somos o reflexo dessas mesmas “idiotices” que só aumentam no dia-a-dia, pois ela têm grande apelo e aceitação popular.
Penso que o problema brasileiro seja falta de “pedigree”, mesmo, de um sentimento nacionalista, onde quase todo mundo aceita e aplica a “lei de gerson”. Sem ser racista, nem discriminar nenhuma cultura ou população, somos fruto do que havia de pior em três grandes povos: indígenas, que eram locais, e que se “venderam” aos badulaques dos brancos exploradores; os exploradores, que por sua vez, além de levar riquezes embora, mandavam para cá quem não era bom na origem (pena do degredo); e, finalmente, mão de obra escrava – um dos grandes flagelos da humanidade – trazida para fazer o trabalho que ninguém queria fazer.
Em resumo, misturamos o pior de três culturas e o resultado não poderia ser diferente. Insisto: não sou racista e não discrimino nenhum povo ou cultura. Mas em todas, como sabemos, existem os bons e os ruins… por aqui, parece que resolveram misturar os ruins. Deu no que deu.
Philipe,
Tristemente esse seu último texto me fez lembrar do enredo de um livro (que esqueci qual o título) de Pohl & Kornbluth onde no futuro a humanidade “normal” é só de idiotas pois o ambiente social protegido propicia que eles sobrevivam e gerem descendentes… e os inteligentes se refugiam no polo sul.
Belo texto Philipe. Infelizmente, receio que o mundo esteja caminhando para um futuro como o do filme Idiocracy (o filme é tosco, mas o conceito é ótimo).
Ótimo texto! Tenho visto cada idiotice na sociedade brasileira ( não só na brasileira, mas principalmente ) que dá vontade de não ouvir nem ver mais notícias.. Está faltando conhecimento ao povo, e eles nem sequer fazem questão de adquirir. Acho que a falta de uma educação de qualidade e a religião prendem muitas evoluções na sociedade. Sim, a religião também. Acho que a religião tem feito muito mais do que ser um “elo entre você e Deus”. Ela quer interferir na sociedade, naqueles que não acreditam nela. Quer levar à Brasília os seus valores, ideologias e práticas ( práticas que as vezes fogem totalmente o conceito bíblico dela ). Interpretam a bíblia da maneira que lhes convém. Enfim, é a minha opinião! O texto está ótimo, assim como o seu site / blog. ;)
Valeu Moisés
Realmente concordo com o ponto da religião. Acho que estamos rumo a um regime parecido com o islamismo, mas ditado pela “bancada evangélica”. Eles não têm compromisso com o povo e nem com as leis ou o bem da nação, só querem impor sua religião e colocar todos no cabresto. Sou católico e acho errado o envolvimento da religião com a política, pois isso é impor dogmas “na marra” para o restante da população.
Quanto à idiotização geral, um bom exemplo é o tal whatsapp. Perdão aos que se utilizam desse aplicativo, mas vocês já pararam pra pensar em quanto do conteúdo que chega por ele é realmente útil ou interessante? Eu não uso, mas tive a oportunidade de ver o celular de um conhecido no carregador (único momento em que o cara desgrudou do celular, pois estávamos em um churrasco e o cara nem conversava com a galera, apenas com outras pessoas pelo celular. O que foi fazer lá então? Pegar wi-fi de graça?) e fiquei abismado. Li as mensagens chegando por quase 10 minutos (189 no total) e eram coisas do tipo”kkkkkk”, “huahuahuahuahau”, “ousadia e alegria” e manifestações desse tipo pra qualquer besteira que alguém falasse. Fiquei estupefato.
Einstein dizia: “Eu temo pelo dia em que a tecnologia superará as interações humanas, pois, neste dia, teremos uma geração de idiotas”. O dia que ele tanto temia chegou.
Concordo no que diz respeito ao mau uso da tecnologia. Mas acho que isso é reflexo de um problema maior. Agora, com relação aos pastores na política, o pior é que algo me diz que no fundo, no fundo, eles estão cagando para a religião. Estão apenas usando ela, porque é uma força motriz poderosa para ganhar dinheiro. Onde mais eles poderiamos e meter senão na política, onde há um farto uso do dinheiro?
O pior de tudo é que quem fica com a pecha é o evangélico, quando ele está apenas sendo manobrado ardilosamente por quem deseja o dinheiro.
Concordo quanto ao fato dos pastores se interessarem mais no poder e no dinheiro do que em impor a religião em si. Além do mais, não tenho nada contra evangélicos (meu irmão é, tenho amigos e são e todos são pessoas de bem), mas eles tentam travestir o interesse pelo poder com o argumento da religião (por isso comparei com o islamismo) e isso é errado. Enquanto isso o povo sofre tanto com o ponto de vista, que deve ser baseado na religião (para justificar estarem ali), quanto com a ladroeira.
Quanto à tecnologia, o whatsapp foi só um exemplo, pois quando a tecnologia é usada por idiotas, nada de bom pode sair. Eu vejo o futuro como sendo uma época em que as próximas gerações terão todo o conhecimento disponível e interesse nenhum em possuí-lo. Desde que seus celulares funcionem, a Apple continue produzindo e os Androids atualizados, estará tudo bem.
Quero também falar que há muito tempo acompanho o site (desde antes da história do Gus), e continuo sempre voltando por causa do conteúdo, nos fazendo explorar sempre assuntos que normalmente passariam despercebidos.
Continue assim. É um dos poucos blogs que nos fazem “pensar fora da caixa”.
Valeu Edu. Amanhã é aniversário do Gus!
É a sociedade que muda ou os olhos de quem a vê?
Hoje penso que as duas coisas estão igualmente certas, Paulo.
Infelizmente concordo em gênero, número e grau com o texto. Durante muito tempo acreditei que a ideia de uma sociedade idiotificada fosse apenas pessimismo da minha parte, mas conforme fui ficando mais velho e tendo mais “experiências de vida”, percebi que de fato a humanidade (todos nós, não apenas os brasileiros) caminha para um futuro negro. =(
Queimar sutiãs e marchar com os seios de fora no passado também foi considerado idiota. Ocorre que manifestações performáticas buscam justamente isso, o confronto. Forçar a barra contra as forças de opressão para mostrar que o movimento não vai recuar nem se submeter ao status quo. As performances visam insipirar a militância. É muito simples taxar os atibvistas de idiotas quando quem escreve pertence a elite dominante. Tradição, família e propriedade ainda é o ideal de mundo “não idiota” para a maioria dos brasileiros.
E no que queimar os sutiãs resolveu? Hoje as mulheres se estapeiam nas lojas em promoções de langerie, querendo comprar sutiã.
O sutiã de ontem que era visto como símbolo da opressão hoje é objeto de desejo. Muitas questões mudam com o tempo.
Penso que se alguém resolve queimar o “seu” sutiã como protesto, é direito que lhe cabe. Mas no momento em que seu protesto se torna uma provocação com crucifixos no ânus do seu parceiro, em um evento religioso, isso evidencia uma falta de limites e coerência. Sem falar que é crime. (consulte o código penal)
Minha opinião? Isso só serve para chamar a atenção de uma forma patética.
Você acha que algum católico ficou simpatizante da marcha das vadias (ou seja lá o grupo que for que assumiu a autoria daquela “performance”) com aquela papagaiada ridícula?
A ideia de que se reduz preconceito criando fusuê que na verdade só estimula o preconceito, ainda mais quando as massas são controladas habilmente por pessoas sórdidas, não me parece das mais inteligentes. Achar que isso é burrice não me faz ser um opressor. Este tipo de pensamento maniqueísta onde quem não concorda com você é seu inimigo, é o seu opressor, é EXATAMENTE parte do que eu chamo de idiotização da sociedade.
O argumento mais facil para fugir de uma discussão é qualificar quem pensa diferente como opressor. Eu não sou opressor, muito pelo contrário, aliás. Nem sou contra o ativismo. Sou contra ideias idiotas que mais atrapalham as causas do que ajudam. E sou fundamentalmente contra a falta de organização. Essa descentralização anárquica onde cada um faz o que quer seria boa se todo mundo fosse inteligente. Basta um otário se exceder para abrir a brecha para que os reais opressores usem isso contra qualquer movimento. Nem vou citar exemplos disso porque hoje qualquer jornal que vc abrir terá um.
Perfeito seu comentário, Philipe! Parabéns pela lucidez e pelo blog
Valeu Isadora!
Em minha opinião, a sociedade não está ‘idiotificando’.
Ela sempre foi assim. Só que agora há a internet e a possibilidade de se mostrar o que ela sempre foi.
Fora da grande rede eu não percebo essa intensificação da idiotice porque ainda há o medo das pessoas se mostrarem o que realmente elas são.
A internet consegue tirar um raio-x da verdadeira sociedade em que vivemos e estamos chocados com isso.
Off: o formulário de comentário está com a cor da fonte muito apagada e piora ainda mais com a cor de fundo.
Vou melhorar a visibilidade aí. Valeu o feedback.
Também notei esse problema mas prefiro digitar o texto em um editor, copiar e depois colar no espaço. Dá para aproveitar o corretor ortográfico… e diminuir os erros de digitação…. rssss….
Texto perfeito! Só não posso dizer que concordo com tudo, pois o Philipe disse que parece estar havendo uma volta à Idade Média. Nesse ponto discordo, pois na Idade Média havia muito menos idiotismo.
Tem um outro texto aqui do blog em que falo basicamente desse aspecto, e por isso não detalhei muito. Eu acho que temos hoje uma mistura. Há pessoas vivendo na era dos jetsons e outras na idade média. Temos índios ainda na idade da pedra em tribos perdidas da Amazônia… Hoje ta tudo misturado.
Aplausos!!! Você disse tudo, Philipe!
A cada dia fico mais fã de seu trabalho. As coisas precisam ser ditas, doa a quem doer.
Estou cansada de conviver com hipocrisia de um lado e silêncio de outro.
Vou compartilhar sua matéria lá na contioutra (www.facebook.com/contioutra). Já tenho compartilhado e indicado matérias suas nos últimos dias.
Grande abraço!!!
Josie
Valeu Josie!
Muito bom o texto! E essa parte final me chamou muito a atenção: “Talvez o advento das mídias sociais permitiram às pessoas a se unir em círculos de iguais, formando grupos de pessoas cada vez mais parecidas intelectualmente, onde opiniões divergentes são punidas com exclusão e banimento. Talvez isso deixe a sociedade menos disposta a visões diferentes e nos leve a um futuro de fundamentalismo ideológico. Mas certamente isso reflete nossas condições infelizes.” Isso vemos muito na internet, através de páginas como Facebook, o antigo Orkut, yahoo respostas, alguns blogs de péssima qualidade. Já passei por situações do gênero onde eu expus uma opinião contrária e fui quase que “linchada virtualmente” pelos demais…. afinal, pra que lado estamos indo?
Independente do estado, a sociedade em si influenciarem com certos comportamentos das pessoas em geral, nada justifica você ter atitudes sem respeito ou violentas com os demais…. afinal, pela natureza ,somos seres racionais e os responsáveis pelas nossas escolhas somos nós mesmos.
KKKK’ isso me lembrou do filme idiocracia.
Essa é a visão de uma pessoa que vê tudo de um patamar mediano quase superior.
Acho que você tem razão. É mesmo. As pessoas nos patamares inferiores são vitimas do sistema e são cegas para o problema, dado o fato que precisam se preocupar apenas em buscar sua bolsa-isso, bolsa-aquilo e os vales que lhes dão como esmolas em troca de seu voto para manutenção do sistema. Já as pessoas do patamar superior não pensam isso porque estão restritos a um mundo mágico e repleto de regalias, onde os demais os servem e eles podem desfrutar de uma vida nem sempre completa, mas bem melhor que a da maioria. Se a violência lhe oprime no patamar superior, você pega seu Legacy e voa para a Suécia.
É no patamar mediano que ainda estamos perto o suficiente dos infelizes da base e longe o suficiente da utopia do topo da pirâmide e podemos constatar uma degradação em diversos níveis, que muitas vezes transcende a questão da educação.
Para usar uma expressão bem popular: “agora matou a pau”. Sem pedantismo, acertou “no centro do meio”.
Seu copo está meio cheio. Bem longe da realidade do bolsa família. Não queira se colocar lá. Já usou sua “Canon cu de galinha” hoje?
Felizmente, né? Tenho trabalhado duro para encher o meu copinho. Com relação ao cu de galinha, pouparei você da minha zoação com seu email fetiche@gmail.com e a ideia de cus de galinha. Você já pegou seu bolsa familia pra pagar a lan house?
Seria, por acaso, “bouça-lanrrauze” (sic) ???? Não vamos dar idéias, pois alguém pode querer aproveitar e lançar moda….rssssss……..
Falando nisso tu viu que andaram planejando o “bolsa novela”? Acredite se quiser, o bolsa novela foi pleiteado para o povo pobre comprar aparelho de Tv.
boa! além de expor dados de seus usuários, ficou sem palavras! Saiba que seu copo está meio cheio pela esmola que estou te dando clicando no seu site! eu uso o bolsa família com o seu dinheiro que vc paga impostos.
ótimo!
Você lê em inglês né Philipe?
Dá uma olhada nessa HQ. Ela explica perfeitamente o porquê dessa idiotização de certos grupos sociais.
http://www.smbc-comics.com/?id=2939
PS: Ainda vou pegar isso, traduzir e espalhar nas nets. Mais gente precisa ler isso…
O seu texto é bem abrangente e muito explicativo. Acredito que sendo um dos mais velhos a comentar por estas bandas posso esclarecer umas coisinhas a respeito. Até a década de 70 havia uma relativa estabilidade entre as forças que compõem a sociedade brasileira mas com a ditadura militar as coisas mudaram bastante. O primeiro passo em direção à imbecilização massiva foi a desestruturação do sistema educacional público que existia no país, transformando-o, gradualmente, em depósito de crianças sem preparo para enfrentar a concorrência dos vestibulares das faculdades públicas. Quando eu era garoto (estou com 50), estudar em colégio particular era assinar atestado de burrice e incompetência porque a escola pública era severíssima e meritocrática. A escola particular era sinônimo de pagou, passou. A lógica na escola pública era simples: ou estuda ou reprova. E reprovava sem choro nem vela. Papai e mamãe punham o rabinho entre as pernas para conversar com professores e diretores, algo completamente diferente dos dias atuais. Os pimpolhos eram alunos e os professores autoridades respeitadas pela sua competência e pelo seu papel social. Ponto.
Em 1972 houve a reforma do ensino e a extinção dos antigos cursos do secundário, a reforma do primário e do ginásio e o banimento das matérias humanísticas da grade curricular. Estudava-se sociologia, filosofia, música e artes no ginásio e no colegial e ainda tinha inglês, francês e latim. Daí aumentaram as aulas de matemática, aboliram o ensino de literatura nas aulas de português, obrigaram a todos a estudar química, física, etc porque o país precisava de engenehiros, cientistas, etc (tudo papo furado) e matérias humanas eram consideradas coisas de viado ou de comunista pelos milicos ditadores de plantão. As aulas de educação física – uma palhaçada onde só se ia para jogar uma pelada muquirana de futebol – era mais importante do que uma aula de geografia ou inglês. Inventaram uma matéria estúpida chamada OSPB – organização social e política brasileira – onde os alunos eram catequisados dentro da visão militarista, machista e totalitária dos ditadores com aqueles slogans estúpidos do tipo: Brasil, ame-o ou deixe-o, Brasil, minha vida por ti, blablablá. O futebol foi sacralizado como o grande ópio da sociedade e as porteiras para os cartéis das drogas foram escancarados. Quem viveu em alguma cidade grande na época sabe muito bem que se comprava drogas da polícia sem qualquer problema porque havia a lei da mordaça, ou seja, simplesmente não se podia denunciar nada sob pena de ser “desaparecido” pelos agentes do estado. A famigerada lei de Gérson virou uma espécie de norte para o comportamento social do povão que via os militares roubarem fortunas embaixo dos nossos narizes e saírem ilesos de suas incursões ilegais (quem viu Tropa de elite 2 sabe do que estou falando). O exemplo vinha de cima e foi institucionalizado por eles com a famigerada figura dos prefeitos e governadores biônicos – um nome singelo para paus mandados – impostos pelos generais e que não eram eleitos pelo povo. Foi a época do desmonte do país. Do desmonte político, do desmonte social – as favelas apareceram, se multiplicaram e incharam de maneira absurda porque os camponeses eram impedidos de produzir segundo a política econômica vigente da época e se mudavam para as periferias dando início a um dos maiores cânceres sociais do nosso país. Foi a época do desmonte cultural – a Globo virou padrão de qualidade e padrão de comportamento de norte a sul – as novelas ditaram desde costumes até moda, o cinema só fazia pornochanchada, as poucas orquestras sinfônicas e conservatórios quase desapareceram, desamparadas pelo estado, a indústria fonográfica resolveu investir no quanto pior melhor e a música americana – geralmente a de pior qualidade por lá – virou parâmetro de qualidade por aqui. Há casos e casos de cantores nacionais que adotaram nomes estrangeiros, cantaram em inglês e se deram super bem. E assim o caos foi se instalando.
Agora imaginem o quadro: o desmonte da sociedade em seus parâmetros de cultura, educação e civilidade foi sendo implementado desde o início da década de 70. Estamos em 2013. São quarenta anos de idiotização sistematizada, programada e continental. É lógico que só podemos estar vivenciando o caos porque o sistema foi desustruturado paulatinamente durante os últimos 40 anos para que chegasse exatamente onde está. Este fenômeno dos evangélicos fundamentalistas se metendo em assuntos que eles nem deveriam pensar em se meter nada mais é do que a aplicação de uma teoria sociológica onde se pega um grupo desprovido de valores essenciais de base e se trabalha alguns aspectos de revolta, confusão conceitual e ignorância generalizada e se parte para o sectarismo pregando a fé como a única forma de sentido para essas vidas vazias. E de tão vazias que são acabam por intrometer-se nas vidas alheias. Sem contar que este fenômeno sectarista é oriundo da extrema direita do partido republicano dos EUA – o mesmo que quer quebrar o país só para provar à população que o presidente Obama é incompetente – como forma de catequisação ideológica tanto da população interna – o fenômeno do Bible Circle nos EUA – e das seitas pentecostais e neopentecostais no Brasil e em países africanos. Por trás disso há toda uma ideologia de neo-colonização pela fé, mas isto é outro assunto. E este fenômeno, novamente, teve seu início lá trás na ditadura, quando setores da igreja católica se rebelaram contra a tirania dos ditadores, fizeram um dossiê sobre a tortura, assassinato e desaparecimento de milhares de presos políticos no Brasil e o entregaram ao presidente Jimmy Carter, um democrata e humaista, em 1976 em São Paulo. Ali começou o fim da ditadura. Os milicos viram que a igreja não era mais uma aliada e resolveram abrir as portas do país para as religiões oriundas dos EUA que inicialmente trabalhariam na conversão dos índios da Amazônia. Logo se descobriu que instalaram aeroportos na região e transportavam ilegalmente minerais e pedras preciosas extraídos ilegalmente na região. Mas a coisa continuou e estamos onde estamos.
Resumo da ópera: a menos que se nasça um idiota total – o que é patológico e difícil de acontecer – o processo de idiotização se faz em estágios e coletivamente. Eu não sei em que estágio estamos agora mas sei onde o processo começou. Só sei que para frear e tentar retroceder este caos institucionalizado as providências deveriam ter sido tomadas ontem para vigorarem antes-de-ontem dado o estado crítico em que nos encontramos.
Coitadas das crianças que estão chegando aí…
Meu caro, se você já completou – também – mais de meio século de existência (ou seria teimosia?), bem vindo ao clube “dos que possuem mais passado do que futuro”…. rsssss…. você não é o único “dinossauro” não, tá!
Excelente comentário, caro Fernando!
Só agora, lendo seu testemunho do processo de alienação de um povo (no caso, nós brasileiros), foi que me dei conta de como o fato de artistas nacionais terem se travestido de estrangeiros lá pelas décadas de 60/70 é um fato muito mais grave do que costuma-se considerar, de como é possível manipular uma nação de modo que ela só venha consumir aquilo que forças maiores desejam que ela consuma.
Perfeito.
Muito bom, Philipe! Adoro os textos nos quais você emite sua opinião sobre os fatos cotidianos! Adoro os outros textos também… enfim, adoro tudo no Mundo Gump!
Hahaha Valeu! Mas eu sou meio doido, hoje acordei achando que isso tudo que eu escrevi está errado e é uma visão meio distorcida minha sobre as coisas.
Ou seria um sintoma de “idiotificação”…. sinal amarelo piscando…. rssss… brincadeira, claro. Lendo todos os comentários sérios a respeito, podemos notar que trata-se de uma constatação o nível de mediocridade em que anda a sociedade… rimou. Se isso foi realmente “orquestrado” por esse ou aquele sistema político, não posso dizer. Mas tenho certeza de que não estamos muito melhores do que na época do militarismo… se eles construíram o “caixão” da intelectualidade social, esse regime popular e populista atual colocou o último prego! Quando pior melhor, menos cobrança, e vamos mantendo o sistema de mamatas.
Tinhamos porcos gordos no chiqueiro, que precisavam de relativamente pouco… agora, colocamos – permitimos – os porcos magros no comando, e até eles engorarem, precisarão “comer” muito, mas muito mesmo!
Acho q desde os 12 anos de idade penso em como a sociedade é idiota, é tanta involução, que como você disse há pessoas que vivem na idade da pedra. As vezes dá vergonha de ser humano, são tantas coisas ruins em tantos níveis, não temos um pingo de educação e de respeito, se pelo menos nos respeitássemos e cuidássemos de nossas vidas, com certeza não estaríamos discutindo sobre o casamento do fulano rico emergente, ou da garota que deixou ser filmada como se esses assuntos fossem mudar nossas vidas, o mundo é um manicômio,cheio de gente louca querendo chamar atenção pra si.
Basta ler os comentários de qualquer notícia do, por exemplo, G1 para ver o nível de educação de muitos Brasileiros. Parece um ring de boxe, só que em textos. Por isso que não comento e nem leio mais os comentários do G1.
E por falar em mulher, certa vez li num site um texto de uma brasileira que estava fazendo residência médica em Portugal e estava sofrendo muito com o preconceito. Segundo ela, a mulher brasileira, por lá, tem uma fama pesada, tanto é que até mesmo nos programas de TV de lá, como as novelas, quando se vai a um “cabaré”, eles dizem “vamos às brasileirinhas”. Mas perceba que até aqui as mulheres são, muitas vezes, tratadas dessa forma também. Basta ouvir algumas músicas de forró eletrônico, pagode, axé, funk para se tirar essa conclusão.
De modo geral, imagine como estará a sociedade daqui a 15 anos? Não dá pra imaginar!!!
Parte dessa fama das brasileiras podemos creditar ao nosso Governo federal, que durante décadas produziu campanhas internacionais de turismo orientado para a sexualidade e vulgaridade com mulatas e “garotas” de ipanema.
A solução de tudo é uma educação de ótima qualidade.
Não adianta ficarmos batendo a cabeça achando que uma geração que tem como ídolos, crianças que cantam funk de ostentação, sertanejos ditos universitários onde emitem onomatopeias em 75% de sua música, vá mudar alguma coisa.
A revolução tem que ser para um futuro melhor e não mais para essa geração nascida nos anos 2000.
Acredito que não haja uma “solução” única e milagrosa, mas um conjunto de atitudes a serem tomadas, com um fim comum. Pergunto: com o baixo nível de nossos alunos, hoje em dia, quem vai querer uma”educação de qualidade”? Ela pressupõe regras e austeridade, e isso a garotada de agora não quer nem saber… querem as bobagens enlatadas que a mídia lhes bombardeia e pronto. Estão mais voltados para o imediatismo a todo custo, do que para o longo prazo bem planejado. E mudar esse tipo de conduta precisa de ações em vários flancos e níveis. Um trabalho hercúleo, sem dúvida!!!
Acho que o pior são as ideias messiânicas que volta e meia surgem como ” a grande saída” para a falência educacional. Um exemplo é quela ideia tosca de que basta colocar a criança para mexer no computador e ele lhe dará todo o conhecimento necessário.
Tá complicado o negócio.
Eu não tinha entendido o motivo de meu comentário não ter sido aprovado (esse também é só para o autor). Agora li os termos de uso do site e entendi. Já excluí tudo que dizia respeito a vcs da minha página. Fiz duas postagens no meu site indicando seu blog para leitura completa da matéria (o que não considero cópia, mas na dúvida…) e tinha feito um compartilhamento direto, mas já apaguei tudo. Desculpe pelo mal entendido. O blog é seu, regra é regra, lei é lei.
Josie, não entendi do que vc ta falando. Pode me mandar uma mensagem sobre o caso em questão pelo formulário de contato?
Por padrão TODOS os comentários feitos aqui entram em moderação e só são liberados depois que eu leio, porque eu respondo todo mundo. (dá um trabalho da porra, mas é minha obrigação) Isso é assim porque quando o blog começou a fedscer muitas empresas malandras apareciam aqui para botar propaganda sem pagar nada. Aí eu modero e so libero o que tenha a ver com o post.
Tema importante esse do post.
Enquanto a educação pública e particular forem sucateadas, o padrão dificilmente se elevará.
Vejam o que estão fazendo com a TV Cultura em São Paulo. A única TV publica em São Paulo esta sendo sucateada para ser vendida e abrir espaço para mais um canal comercial.
Gosto muito do site, mas quando sai um comentário sobre política a coisa desanda feio. Resolvi comentar só nesse aqui e prometo não fazê-lo mais: qdo vc diz que o governo federal é culpado pelo turismo sexual, deixe claro qual governo. O atual, até onde sei, está tentando combatê-lo. Quanto às políticas de assistência social do governo, sugiro a vc que pesquisa e escreve tão bem que se informe sobre como isso funciona em outros lugares do mundo. Acho que daria um belo “post”. Políticas assistencialistas (bolsas isso e aquilo) não são exclusividade de países subdesenvolvidos, “idiotizados” e “idiotizadores”, muito pelo contrário! Existem várias teses acadêmicas (sem rabo-preso, diga-se de passagem) que analisam o impacto positivo desse tipo de assistência na vida dos pobres. Pena que a nossa grande mídia não dá espaço a elas (e os minimamente esclarecidos sabem o por quê). Bem, paro por aqui, porque muita gente confunde as minhas opiniões com militância partidária… :( Mas, antes, queria parabenizar meu xará Fernando (rs) que comentou sobre o desmonte da educação pública nos anos de chumbo; demais! Abraços a todos!
Realmente, essas campanhas que traziam o turista aqui pra ver mulata e puta de praia eram coisas do fim dos 70 e todo os 80 e uma parte dos anos 90. Com o tempo, nego “caiu na real” e esses equívocos ficaram para trás, mas mudar essa imagem é um trabalho de décadas e décadas de ralação. A forma como os brasileiros se comportam no exterior também dá vontade de vomitar. Presenciei situações tão vergonhosas na Argentina e em outros países, como nos EUA, que a pessoa nem acredita quando eu conto.
Com relação aos estudos que mostram que os vales e bolsas impactam positivamente para o pobre, eu não posso discordar disso. É uma verdade absoluta. Afinal, se o cara é pobre, o que vier é lucro. O que eu questiono é o uso eleitoral desses “benefícios”, afinal é como se diz: A mão que dá o alimento é a mão que será beijada.
Já temos posts só sobre isso aqui, com comentários partidários e apartidários, mostrando os dois lados da moeda.
Citando: “…que analisam o impacto positivo desse tipo de assistência na vida dos pobres..”. Quer dizer que no seu modo de pensar – e avaliar – as coisas, “assistencicialismo” não tem impacto negativo??? E a legião de eternos dependentes que se cria com essas políticas equívocadas? Trabalhar prá quê, se é só esperar que a ajuda vem…
Assistência em caso de calamidade pública ou desastre natural é perfeitamente compreensível. Mas dar “ajuda” a quem não quer trabalhar é favorecer ao malandro. Existe um caso não muito recente (fico devendo detalhes) em que uma determinada empresa têxtil tentou implantar uma filial em uma região do nordeste, que tinha grandes problemas de estrutura e falta de emprego. Abriram cerca de mil vagas para mulheres operárias, que poderiam assim ganhar seu sustento. consta que não surgiu nenhuma candidata, e sabe porquê? Teriam que abrir mão do “bolsa-família” e das outras “bolsas-esmolas” recebidas do governo. Ou seja, teriam que trabalhar para ganhar o que já recebiam de graça, sem fazernada e às custas de quem realmente trabalha!!!
Mas vamos dar o peixe em vez de ensinar a pescar… desde que nos deixem cuidar da produção pesqueira e enriquecer… quem defende este modelo só pode estar lucrando com ele… ou tentando conseguir fazer parte e chegar lá!!!
Concordo com tudo que você falou Philipe,e vejo as coisas desta forma também,mesmo sendo uma visão não muito clara e distorcida do que vem acontecendo com o mundo de uma forma geral.
Mas assim,você já pensou que o público do teu blog certamente é um público mais consciente e que busca conhecimentos através de muita leitura.Não creio que o funkeiro,o sertanejo universitário e esse tipo de pessoa estereotipada pela tv irá ler o teu blog,ou outros veículos de comunicação para adquirir conhecimento,seja ele qual for.
As pessoas gastam horas e horas no skype,no facebook e em um monte de notícias fúteis e vídeos inúteis.
Muito interessante o teu post,mas eu tenho certeza absoluta que a grande massa caminha daí para a pior,e isto é um fato.
Tenho 27 anos e percebo que a cada 10 anos a nova geração vem se degradando mais e mais.Antigamente tínhamos uma unidade com os mais velhos,entendíamos e respeitáva-mos.Hoje se tu tem 10 anos a mais que outro ser humano é como se a gente se tornasse alien.Por exemplo eu tenho 27 e não consigo me relacionar com pessoas de 17 anos,não pertenço ao mesmo grupo na forma de agir e pensar.Tudo que para mim é abominável para esses carinhas é super normal.Falo isto porque vejo isto.Quando tinha 17 anos aprontava as minhas com as gurias,quem não aprontou,mas eu também preservava a guria de certas coisas.Tem uma escada aqui perto de casa (onde passam pessoas direto)e tem gurias lindas que mal tem 13 anos que fazem certas coisas na cara durice com a gurizada aqui como see fosse a coisa mais normal do mundo,e nao estão nem aí.Penso na próxima geração,no caso os filhos deles que valores eles vão aprender com os pais e por aí vai.É lamentável tudo isto,esta é a palavra.É lamentável como a tv e a grande mídia ocupa a cabeça dos seres humanos com tanta porcaria inútil que não leva a nada e transforma drasticamente a sociedade.É a famosa regra de tres usada pelos senhores do mundo e a elite global.Muito bom o post,e vejo que não sou louco por pensar desta forma também,ainda bem que existem pessoas que estão fora da matrix.Muito bom como sempre Philipe,parabéns.
Dasabafoooouuu legal!
Agradeça a idiotização ao esquerdismo:
http://desmascarandoaesquerda.blogspot.com.br/2013/04/como-idiotizar-um-povo-brasil-idiotizacao.html
Com relação ao carro ser mais caro no Brasil porque os “empresário metem a mão”, afirmar isso é o mesmo que afirmar que quando os mesmos empresários dessas multinacionais estão vendendo um carro nos países de primeiro mundo eles colocam a mão na consciência e falam para si mesmos:
“Ah, agora estou no primeiro mundo, vou vender mais barato aqui…”.
É óbvio que não é isso que acontece.
O carros são mais caros no Brasil simplesmente porque não tem concorrência, e não tem concorrência porque o governo (esquerdista) proíbe que os brasileiros importem carros usados e/ou novos dos países de primeiro mundo pagando pouco imposto.
Baixem os impostos de importação e os preços vão direto pro chão, fácil e simples, só requer uma canetada.
Ah, claro que não vai acontecer, porque o esquerdismo prega que devemos desenvolver a industria nacional…
E enquanto isso os países de primeiro mundo vão muito bem importando carros e TUDO MAIS com impostos bem baixos, e mesmo
com impostos baixos as industrias deles não são dizimadas pelo importações, que coisa.
Eu acho que não dá pra culpar o esquerdismo pelo preço dos carros. O brasil sempre foi de direita e os carros sempre foram caros aqui. Acho que no fundo, se buscarmos vilões, encontraremos nos lobbistas das montadoras. O pessoal da ANFAVEA é foda. Um poder horrível dentro de qualquer governo, de direita ou de esquerda. Os dados mostram que o que realmente encarece os carros não é o imposto. O imposto contribui, mas não é o único e nem o principal culpado neste caso.
Aqui tem os numeros em detalhes: http://omundoemmovimento.blog.uol.com.br/arch2011-06-01_2011-06-30.html#2011_06-27_18_42_25-142809534-0
Phillipe, como assim de que adiantou a queima de sutiãs? Se tem um monte de mina em pé de igualdade com os homens em termos civis é pq mulheres guerreiras mostraram os peitos pra essa sociedade opressora, mas a luta continua e as vadias estão aí para isso (não foram elas que promoveram o ato do crucifixo). Se algumas mulheres ou a maioria continua se submetendo a sociedade machista, é uma escolha delas, mas espero que um dia essas mulheres submissas despertem sua liberdade individual. Você parece não sacar a evolução da mulher em nossa sociedade, pois está apenas julgando o todo pela parte, esquece-se das conquistas do mais novo código civil, por exemplo. E não, não se trata de maniqueísmo, vc não precisa ser malvadão para ser opressor, basta estar com “defeito” no seu juízo de valor. Esse mesmo juízo que diz que enfiar uma cruz no rabo em público é chocante, enquanto convive normalmente em uma sociedade em que se negam direitos básicos aos LGBTs, como casamento, adoção, dignidade. Sim, dignidade, o direito sagrado de poder beijar seu companheiro num parque ou supermercado sem ser convidado a se retirar ou sem ser espancado. No mais, ngm espera bom senso de fundamentalistas cristão, os LGBTs não querem converter ngm, ou conquistar a simpatia de ngm, engano seu. Eles querem apenas o direto de existir sem alguém dizendo pra eles o que eles podem ou não fazer. Enfiar cruzes no rabo não deve virar um hábito, não se preocupe. Mas, infelizmente, a opressão as minorias continuará sendo sistemática por muito tempo e isso sim é repugnante. No mais, nada pessoal cara, estamos apenas debatendo aqui em termos democráticos a questão colocada no seu blog, Já virou clichê eu elogiar seu trabalho, mesmo assim, não posso deixar passar em branco, parabéns de novo e continue arregaçando : ) Como sugestão de pauta, poderia falar um pouco sobre como surgiu a Marcha das Vadias e o seu propósito, tenho certeza que muitos de seus leitores ignoram sua origem e seus propósitos, abs
O que eu quero dizer é que não foi queimar o sutiã que fez a mudança, meu amigo. Queimar o sutiã foi um ato de exemplo, de demonstração, mas o que realmente mudou as coisas foi uma mudança de postura imposta pelas próprias mulheres. Como eu sou plenamente a favor dos direitos dos LGBTs (tenho amigas casadas e até homossexuais casados na família, que eu adoro) acho todo mundo que é contra os plenos direitos dos LGBT pessoas que estão querendo se meter na vida alheia. Mas não consigo ver vantagem em ir a um culto religioso para querer exercer o direito pleiteado em uma solenidade. É mais uma questão de educação básica e noção do ridículo do que de ativismo. Não vejo ninguém que é contra a religião indu indo em um templo da Índia pra fazer churrasco. Irem se beijar no meio do culto alheio é uma provocação igual. Ninguém normal, seja hetero ou homo, vai querer fazer sexo numa mesquita. è uma questão de respeito ao próximo e isso nem passa pela religião. Eu sou hétero e jamais iria beijar minha mulher assim em qualquer templo religioso que fosse. Engraçado que eu já cansei de ver homossexuais se beijando em publico em festas, baladas, shoppings, cinemas… Nunca vi ninguém sendo expulso ou espancado por isso. Mas pode ser que aconteça, realmente. Talvez o fato de eu não ver isso significa que estamos num período de mudanças graduais para uma maior aceitação do outro e de seu livre arbítrio.
Pois é, idiotificação geral. Só acho que tão idiota quanto o pastor que mandou prender as duas que foram se beijar no culto, são as próprias, que se deram ao trabalho de sair de casa, ir a um lugar onde jamais estariam em condições normais ou imagináveis, só pra se beijar e chocar alguém.
Tão idiota quanto o PM que exibe tonfa quebrada pra pagar de Charles Bronson é quem generaliza e acha que todos são assim, e fica postando montagens com frases “fuck all the cops”, “porcos de farda” e etc. Ou os chamados Black Blocs que pensam que destruindo todo o caminho por onde passam vão conseguir mudar alguma coisa (e ainda vem com papinhos de “na revolução francesa não-sei-o-que, manifesto pacífico não muda nada (como se tivessem tentado ou visto algum antes – manifestações de Diretas Já mandam um abraço), “discorda porque é reaça”, etc).
Resumindo, não sei de onde vem essa boçalidade total. Talvez na mudança das pessoas, dos pais que não são pais e jogam filhos de um ano na creche pra serem criadas pelas “tias” sem nenhum afeto, ou se é culpa do governo que suga nosso dinheiro e não devolve na educação, ou da mídia que piora cada vez mais. Ou de todos. Só sei que o Brasil está indo por um caminho muito estranho e preocupante.
Mais um texto que não decepciona, e mais uma vez vale a pena ler os comentários (coisa que costuma ser quase que suicídio em 90% da internet).
Quero parabenizá-lo, e repetir o que já foi dito antes…. você já assistiu Idiocracia?! O filme se encaixa perfeitamente no tema, e foi o tema distópico mais próximo da realidade que já encontrei na ficção!
Eu ainda não vi este filme. Pretendo fazê-lo em breve.
me irrita como as pessoas não refletem, como são simplistas com os argumentos (a ponto de condenarem Marx e Smith por tudo), como o mundo se resumiu a sexo e a quanto disso você faz e como faz e o quanto expoe (quanto mais melhor,sempre!), me irrita como as pessoas jogam tudo na cara da política e também que acham que bandido bom é bandido morto, que reclamam dos carros e não andam de ônibus porque a culpa é do transporte, que foram na rua acordar o gigante e gritar contra a PEC sem saber o que o MP faz, e reclamam do MST, do MLM, da CUT, a vida inteira, que são experts de tudo e o que sabem menos é controlar as suas vidas, que a culpa é sempre e só dos políticos, que o Brasil é o pior do mundo mas a caipirinha é ótima, que não se pode mais ter amigos porque todo mundo leva uma conversinha hipócrita com você, e quem se esforça nunca é valorizado.
eu, na medida do possível, me isolo das rodas de conversa, não tenho redes sociais. interajo com um número cada vez menor de pessoas. e se tiver que ser assim, que seja, não vou me forçar a aguentar gente chata para satisfazer seus anseios.
saudade de quando se saia so para dançar, quando a programação adulta tinha Jeannie é um Genio e Guerra nas Estrelas era filme para adulto, também, quando os amigos eram verdadeiros e com 30 anos ainda queriam conhecer o mundo, quando se lia, fazia música boa, se gostava das pessoas pelo que eram e não se rejeitava alguém porque tem espinha no rosto, peito pequeno ou barriguinha, quando as festas em família eram para comemorar, e não ficar de risadas falsas, quando as pessoas mandavam cartas para saber como você está, e não para mostrar como elas estão bem (sempre e claro).
ah, as pessoas pegavam ônibus para trabalhar e andavam de trem, sem a desculpa de o transporte ser ruim… aliás, também lutaram contra político biônico, porque não era tudo igual, e levantar a bunda da cadeira para votar no domingo não doía.
não sei se tenho depressão ou se nasci no mundo errado :/
Cara Maria, quem vive do passado é museu; quem só pensa na saudade, é boêmio: quem ganha a vida com a desgraça alheia, é o coveiro. Se você não consegue aceitar idéias diferentes das suas; pessoas que agem e pensam diferentemente de você e seu mundinho idealizado, você está no caminho certo: se isole do mundo, vire uma eremita, mude-se para um local bem distante – o Tibete, quem sabe – e seja feliz!!!
John Doe, a sua incapacidade de compreender um texto reflexivo me faz não ter uma resposta suficiente. Enfim, cada um com as suas ideias. Mas viver de satisfação e achar que toda mudança é benéfica não trará bem algum. Aliás, nem sei porque leu esse texto.
Desculpe se entendi errado, mas; para mim, de “reflexivo” seu texto não tem nada. É apenas critica pura, citando dois pensadores conhecidos, para dar um ar “intelectual”.
Seu saudosismo é notório e bem acentuado. Você se isola; você faz isso ou aquilo; você, você você…
Se não lhe surgiu nenhuma resposta “suficiente”, o motivo é bem simples: ela não existe!
E porquê leio os textos? Porque gosto de saber o que as pessoas pensam sobre determinados assuntos, e este post é um bom lugar para isso. Agora, se você (sempre você) é do tipo de pessoa que só aceita elogios, bem… o Tibete não fica tão longe, afinal de contas…
não podia deixar de citar uma coisa que me assusta na sociedade em que estamos vivendo hoje……
Sou do tipo de desocupado que fica olhando besteiras no Facebook, e uma coisa que chegou a me irritar foi sobra piadas feitas com um rato na coca-cola……
Quer dizer, o cara perde toda a qualidade de vida, consegue alcançar a Midia, pra no fim ser satirizado……?????
Estou com medo de tanta idiotice………….
O que acontece (lá vou eu chutar novamente) é que de uns tempos pra cá, ser “Humorista” se tornou profissão de verdade. Antes era artesanato. Tinha o costinha, o Jô, o Chico Anysio e mais uma meia duzia, e era um show por ano, tudo era mais engessado no humor (até pela conjuntura política). Daí surge a imitação da comedia em pé americana que (graças a umas forçadas de barra) dizem que emplacou. Isso produziu um borbotão de “humoristas da internet”. Gente que fica tentando fazer piada e sátira com qualquer bosta que puder antes que o outro humorista em pé ou de internet o faça. Sites como o não salvo e o kibeloco se tornaram sucesso e um borbotão gigante de gente que acha que “se deu certo pra ele vai dar pra mim” apareceu. Então hoje, não tem escapatória, chamou a atenção da midia, vai virar piadinha.
Mas a gente tem que saber tb que o trabalho do humorista é zoar, e ele não tem meso limites. As pessoas tem que entender que sátira é uma coisa e realidade é outra. O fato de zoarem o rato na Coca e o video da coca não torna a discussão do mundo real menos importante.
Muito bom o texto, só fiquei um pouco engasgada na parte do “Por exemplo, essa disputinha idiota entre ativismo evangélico e ativismo gay”.
Partindo dessa comparação, é como se ser evangélico e ser gay fossem coisas a serem escolhidas, como torcer para o Flamengo ou para o Palmeiras. Vamos substituir por outro grupo de minorias:
“Por exemplo, essa disputinha idiota entre ativismo evangélico e ativismo negro”.
Já fica mais pesado, acho que dá para visualizar melhor que são coisas diferentes.
Ninguém nasce evangélico, e eu espero (mesmo!) que você não seja o tipo de cara que fala “opção sexual” e que acredita que ser gay é uma opção.
Por mais que você queira se focar na idiotice do ativismo em si, das manifestações, da escolha das manifestações… eu prefiro acreditar que você não acha que tudo isso é uma competiçãozinha idiota para ver quem vai sair melhor na fita.
É verdade, tem um monte de ativismo no mundo. O gay é só um deles. No caso, só citei o gay versos o evangélico porque está rolando varias disputas aí entre o pastor Marco Feliciano e as minorias, com exageros e imbecilidades dos dois lados. Mas você pode discordar, afinal não sou o dono da verdade, e falando francamente, eu mesmo não estou certo se o que digo neste post é coerente.
Não penso que só exista a via da opção sexual, mas eu imagino que ela exista, ao lado da condição sexual. Por que uma pessoa não pode escolher ser isso ou aquilo? Com a variabilidade monumental de indivíduos no mundo, acho que deve existir uma parcela que exerce sua sexualidade por pura opção, e eu penso que se for assim, é um direito dessas pessoas, que eu defendo. Se por outro lado, existir somente a condição, onde o ser nasce (não é a melhor palavra, mas vá lá) “predestinado” a ser gay, também defendo que ele seja o que lhe faz feliz. Como pra mim não faz a minima diferença se o cara nasceu gay ou optou por ser porque acha que é mais feliz assim, não dou muita atenção a esta questão, mas respeito ela porque sei que ela faz diferença na discussão de direitos e outras coisas que por um pensamento arcaico, ainda negam aos homossexuais.
Agora, eu conheço gente que nasceu evangélica! O cara nasce naquele núcleo ali, e não tem como sair, e nem pode por força social. Há muitos clusters religiosos pelo mundo. Um bom exemplo de gente que nasce na religião e não pode nem pensar em sair são os menonitas.
Os Mórmons americanos, os seguidores do Islã radical e algumas outras “seitas” menores também não estão muito longe da condição de não se poder “sair” da ideologia “religiosa”… vivo, pelo menos, não!
A cientologia vai pelo mesmo caminho, só que ela é ainda mais tenebrosa.
Bem lembrado! Tom Cruise e o Travolta que o digam….
A merda é que a tv, não tem mais o que inventar.Então pega tudo que é porcaria e empurra na nossa cara e diz que é moda e que é legal e e que nesse ou naquele pais os caras lá tão adorando e por ai afora!
Em nome da modernidade e para sair na frente nós temos que engulir toda essa tranqueirada de imundices ideocráticacas!
…é a vitoria do mal gosto
Excelente texto, Philipe, parabéns.
Valeu Alberto
É que o penso. É o que vejo. É o que sinto. Grande texto!
Concordo em muitos pontos com você, porém não quanto a máxima “a sociedade está se tornando mais idiota do que sempre foi”.
Como você mesmo escreve ao final: “Eu confesso que não posso dizer com certeza cientifica que nossa sociedade está se idiotificando mais e mais, ou se isso é somente uma impressão.”
Minha opinião é a de que a idiotice sempre esteve aí, quem sabe em níveis até maiores do que hoje. A diferença é que hoje cada vez mais gente consegue enxergar a imensidão disso.
Por outro lado, talvez você também esteja considerando que hoje é cada vez mais fácil muitos idiotas conseguirem “unir forças” (dadas as facilidades de comunicação atuais, assim como a universalização do acesso proporcionado pela industrialização moderna, com seu poder de transformação de bens sem precedentes). Ou seja, a tecnologia tornou os idiotas mais eficientes e as ‘ondas de idiotice’ hoje atingem a todos com crescente intensidade e frequência. Talvez deste ponto de vista, aí sim, a tecnologia esteja tornando o mundo mais idiota.
Um tanto paradoxal.
Parabéns pelo texto, Philipe. Traduziu com exatidão o que tenho sentido ultimamente. Não sei se isso é algo que acontece somente em países onde a Educação não é eficiente e priorizada. Mas hoje vi outra cena que a cada ano se repete, me revolta e me fez lembrar do seu texto: adolescentes recém aprovados no vestibular, sujos dos pés à cabeça de lama, farinha e ovo, vestindo trapos e com placas penduradas no pescoço com palavras os ridicularizando, encarregados de mendigar dinheiro nos semáforos para os seus veteranos, enquanto os mesmo ficavam parados na esquina com ar de superioridade e rindo da desgraça alheia. Não me entra na cabeça o fato do “trote” ainda ser tolerado. Mas isto não me preocupa; o que realmente me deixa chateado é saber que as mesmas pessoas hoje ridicularizadas, provavelmente irão repetir o mesmo ato com os seus calouros no próximo ano.
Ótimo texto, também penso de forma semelhante. Tanto no que foi escrito no texto em si, quanto em vários comentários de outros colegas. Muito enriquecedor o tema para um dia a dia cada vez menos humano “racional”.
Realmente algumas atitudes que presenciamos pelos noticiários nos deixam com a impressão de que estamos rumando para cada vez menos tolerância com o próximo, seja ele como for, ou o que for, ou qual a opção de vida escolha.
Também acredito que essas redes sociais, (telefones que nem parecem mais telefones), etc… acabam por colaborar mais ainda para isso, pois com informações mais rápidas, frequentes e fúteis o povo acaba deixando o que realmente é importante para depois, que é a vida e o amor, seja ele como for. Até rimou…eheheh
Valeu galera!
Parabéns Philipe e continue publicando artigos interessantes como este, mesmo que mude de idéia quanto ao que foi escrito… rsrsrsrsrs
Valeu! tentarei!
Ótimo texto Philipe, melhor ainda que o texto é o debate que se segue nos comentários, cada dia fico mais feliz pelo conhecimento que esse blog me traz e também pela qualidade dos seus textos ! Muito Obrigado !
Eu que agradeço! Valeu!
Concordo com praticamente 90% do texto. Muito bom.
Só discordo com a parte:
“Na indignação fake e politiqueira com a espionagem americana que qualquer pessoa minimamente esclarecida sabe que sempre existiu e foi inclusive apoiado pelos próprios políticos brasileiros por anos e anos.”
Não é verdade que qualquer pessoa “minimamente esclarecida” sabe que sempre existiu. É claro que não se descarta HIPÓTESE, é de se imaginar que os EUA são capazes disso. Mas certeza, não. Concordância, muito menos. A partir do momento em que isso vem a tona como verdade, é corretíssimo que se indigne. Ficar à inércia e passivo diante desta situação seria uma demonstração de submissão vergonhosa. Achei corretíssima a atitude tomada pela representante do nosso país, falando na cara daquele que se acha o Todo Poderoso o que muitos outros não tiveram coragem.
Ela só pagou mico eleitoral, cara. Todo mundo sabe que um país espiona outro. os EUA espionam praticamente todos. Ok, talvez a população não soubesse disso, mas TODOS OS PRESIDENTES SABEM, porque todos os países tem a inteligência, para tratar disso, que elabora relatórios detalhando a quantas anda a espionagem internacional em seu território. A espionagem multipla é algo corriqueiro. Aliás, a espionagem dos chineses tá foda. Amigos meus acham que ela ta bem pior que a da NSA.