domingo, dezembro 22, 2024

Merdas da minha vida

Vocês que já comemoravam achando que acabou, lamento. Ainda tem muita história bizarra pra sair aqui. O problema com algumas dessas aventuras é que tenho que esperar certas pessoas morrerem para contar, hehe.

Mas eu tava aqui lembrando momentos em que aprontei verdadeiras cagadas daquelas que só se vê em filmes de comédia-catástrofe.

Saca só:

Há um garoto vindo na esquina.
Sou eu. Eu tenho agora exatamente sete pra oito anos. Estou usando um shortinho e uns clássicos kichutes.
Volto do bar do Délcio. Fui comprrar Banda. Banda é o nome de uma bala que vem num papel enceradinho. O gosto é de algo mais artificial que o Q-suco, se é que isso é possível.
É uma banda de uva. Estou com quatro delas na boca, tentando mastigá-las lentamante, aproveitando acda segundo daquela maravilhosa sensação. Tentando criar cuspe suficiente para simular suco de uva…
O tempo está bom. Faz sol. Hoje é domingo. Domingo de sol e eu sem nada pra fazer. Estou de férias na minha avó em Três Rios. Isso significa que minhas preocupações agora se resumem a apenas seis:
1- Andar de bicicleta
2- Bater o récorde em voltas no quarteirão
3- Brincar de pique-esconde com a Claudinha e o pessoal da rua
4- Passear com meu vô
5- Ver o programa do Bozo. ( principalmente o Johnny Quest e MyThor)
6- O triste final das férias que se aproxima a galope

Estou voltando contente porque daqui a pouco vai ter um churrasco. Adoro churrasco.
No caminho, começo a observar uma árvore que tem na frente da casa do vizinho que fica ao lado da casa da minha avó.
Na rua é uma árvore clássica já. Enorme, antigaça. Eu acho ela legal porque é uma árvore velha e morta. Altíssima. No meio dela há um enorme oco.

Eu fico olhando aquele oco… TEnto me inclinar para ver até onde vai, mas é escuro lá dentro. Uma ideia me ocorre.

Depois do churrasco, meus pais vão dormir. Meus avós também e sobra aquele tempo para andar de bicicleta.
Então eu ponho em ação meu plano.
Pego o jornal de domingo. O jornal inteiro. Embolo ele e vou colocando lentamente no interior da árvore. Folha por folha. O oco vai enchendo, enchendo. Até que não há mais nenhum espaço vazio.
Volto na casa da minha avó e pego a garrafa de álcool.
Então eu volto na árvore e jogo metade da garrafa de álcool no jornal. Molhado, mais folhas podem enntrar na árvore. Assim, enfio todo o jornal lá e ainda enfio a garrafa vazia lá pra dentro. Passa um garoto na rua e fica olhando o que eu estou fazendo. Ao entender, ele sai correndo. tento entender o porquê. Acho que o garoto é maluco.

Eu volto em casa e pego a caixa de fósforo. Então eu vou até a árvore e resolvo riscar o fósforo e jogar dentro do oco.
Quando eu faço isso acontece um:

FLOWP!

E eu caio para trás. Uma língua de fogo de uns dois metros sai para todos os lados.
Eu fico ali feliz, vendo a árvore queimar.
Então há uma explosão. ( o fogo atinge a garrafa de ácool)
Não dá pra ficar nem a uns seis metros da árvore, tamanho o calor.
O carro que tá parado perto começa a ter umas reaçoes estranhas, a pintura vai manchando…
Em segundos, uma labareda gigantesca surge no topo da árvore. Ela é como uma chaminé de gás. Parece um poço de petróleo em chamas. Um fogaréu como nunca se viu.
Eu me sinto feliz como um pequeno bruxo que desperta uma criatura diabólica de seu sono nas trevas mais profundas.
Vizinhos saem correndo. Gritaria. A árvore em chamas ameaça desabar. Me sinto importante por criar tamanha repercussão. Todos querem saber quem foi o autor da façanha.
A arvore começa a querer desabar em cima da casa do vizinho. Os bombeiros são chamados.
As férias pacatas tem um gran-finale.

Minha memória começa a falhar aí. Lembro de ouvir que o vizinho quer me bater. Meu pai me joga no carro e me leva para nossa casa em Juiz de Fora.

Vou triste por não ver mais cogumelo de chamas. Mas ele estará para sempre nas minhas memórias. Naquele dia eu não fiz xixi na cama.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Philipe Kling David, autor de mais de 30 livros, é editor do Mundo Gump, um blog que explora o extraordinário e o curioso. Formado em Psicologia, ele combina escrita criativa, pesquisa rigorosa e uma curiosidade insaciável para oferecer histórias fascinantes. Especialista na interseção entre ciência, cultura e o desconhecido, Philipe é palestrante em blogs, WordPress e tecnologia, além de colaborador de revistas como UFO, Ovni Pesquisa e Digital Designer. Seu compromisso com a qualidade torna o Mundo Gump uma referência em conteúdo autêntico e intrigante.
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Comentários

  1. Botar fogo em coisas é muito bom… lembro que uma vez consegui fazer uma garrafa de álcool queimar sem explodir, não me pergunte como…

    Ass: Pendragon

    PS: Já morei em Juiz de Fora…
    ótima cidade, péssimo clima, especialmente pra minhas alergias.

  2. Quem tem pirumania é boiola, hehehe.

    Sacanagem, eu não tenho piromania, mas goosto de ver fogueira, colocar fogo em uma coisa ou outra. O fogo tem uma beleza incomum. Essa minha atração pelas chamas deve ser uma reminescência no núcleo celular dos meus ancestrais mais primitivos.

    Guilherme: Hoje colocaram uma outra árvore no lugar. ( está bem pequena ainda)

  3. Cara, lembrar dessas merdas de infância são show, o legal é aquela de não sacar porque todos estão putos com a GRANDE FAÇANHA QUE FIZEMOS… hauhauahuau
    Cara, um dia começo a desenterrar as minhas tb!

  4. Agora maior e mais experiente, é só usar alguma receita do Anarchist Cookbook de explosivo e demolir a árvore em cima da casa do vizinho. E desta vez vê se consegue o bônus de incendiar o carro.

  5. Eu já tive umas dessas brincadeiras com garrafas de alcool, mas a minha foi tão estúpida quanto essa. Eu fui tentar fazer pipoca na churrasqueira, resultado: toquei fogo na minha perna. ahsiauhsuiahsa

  6. O Kot (é, é esse nome mesmo do maluco) tinha seus 7 / 8 anos. Todos os dias, antes de ir pra escola, ele ligava pro Bozo. TODO SANTO DIA!

    Um dia, ele tomou o lanchinho, tomou o banhinho, e foi lá, ligar pro Bozo. Só que nesse dia…

    – Tu… (na orelha dele)
    – Tu… (na televisão)
    – Tu… (na orelha dele)
    – Tu… (na televisão)
    – Alô? (o Bozo na ORELHA dele)
    – Alô? (na televisão)

    – Alô? Amiguinho? (e ele congelado, ouvindo no telefone e depois na televisão)

    – Amiguinho? Fala comigo! (E ele continua estático! Congelado. O grande sonho. Assim, sem aviso prévio)

    – Amiguinho? Você tá aí?

    Ele começa a chorar e desliga.

    Ele escuta o Bozo falando: Ah… o amiguinho desligou…

    Ele nunca mais assistiu Bozo…

  7. Hehe, o que não faz um moleque desocupado. Acho que a maioria das crianças tem alguma historinha envolvedo fogo e confusão (inclusive eu), mas a sua, hein?

    Coitada da árvore rsrsrs

  8. tu e maluco ja pensou se taca fogo na casa do ome eletemata te esquarteja e te em palha com a cinza da arvore ou pior manda seu pai pagar tudo que te surra e te mete numa banheira de sal grosso arnika e limao

  9. Esse tipo de atitude é bem coisa de meninos retardados, mas a culpa não é deles foi a natureza que os fez assim eu diria que é uma falha de montagem…..rsrsrsrs…isso não acontece com meninas.

  10. Essa foi muito boa e me fez lembrar quando achei uma caixa de fosforos de motem e risquei todos e joguei num monte de sacos de lixo na esquina da minha casa, a fumação tomou conta de tudo e um fedor assolou os moradores e eu e meu primo dentro de casa escondidos e rindo pra caramba, ah! que saudade dessa época, muito engraçado essa história, parabens.

  11. “uma árvore que tem na frente da casa do vizinho que fica ao lado da casa da minha avó.”

    cara se a arvore é no vizinho com certeza é do lado da casa da sua vó né –‘

  12. Isso me fez lembrar algumas artes feitas pelos meus irmãos mais velhos e pelos meus primos… Foi a clássica “bombinha em cocô de cachorro”, no caso uma cadela boxer, que fazia umas “flores” de tamanho jurássico! O resultado: A parede dos fundos de casa toda manchada de cocô canino, com o conseqüente fedor dos infernos!! E meu padrasto saindo fulo da vida pelo quintal afora, berrando tudo o que é palavrão possível… Sobrou cascudo para todo mundo!

  13. Uahuahuhauahuha Essa História é digna de Ria da minha vida.
    Chorei de rir dessa tua história. O legal é que criança não tem noçao da merda e do perigo que passou… Tudo é bonito e divertido não importa se foi quase carbonizado, ou se abre a cabeça de um moleque com um tilojo arremessado por cima do muro do colégio (meu caso). hehehhehe
    Olha que dá pra fazer um livro viu?!

  14. Já fiz algo parecido, mas queimei todo o gramado da casa dos meus avós, que no verão ficavam secos, e eu vendo aquilo “bobiando” coloquei meu “plano” em ação :B

  15. Cara, que doideira! Parece que “crianças ? fogo” é mais que um fato para todas. Eu, quando criança, botei fogo no colchão da minha cama brincando com fósforos. E o melhor foi assistir queimar tudo. HAHA.

    P.s.: Sou de Juiz de Fora, e já passei férias em Três Rios quando criança também! Acho que só não nos encontramos pela diferença de idade. Creio que devo ter metade da sua, haha. :B

  16. eu assustava o cachorro com bombinhas, o cachorro tava lá, quieto e dormindo, eu ia lá, riscava a bombinha na caixa de fósforo e botava perto do meu cachorro, quando a bombinha estourava ele saia correndo pra debaixo do tanque. Eu, na minha inocência de criança, adorava ver aquilo, mas agora q eu tenho 14 anos vejo a perversidade que eu fazia com o Ringo.

  17. Cara to chorando!!!!!! Eu tb já aprontei uma das minhas. Mas o fogo foi pequeno, mas o estrago foi grande. Imagina sexta-feira, dia que minha avó fazia as orações dela. Eu e a molecada brincado à tarde toda. Tá daqui a pouco eu acho um pacote de velas delas e acendo uma vela e deixo ela escondida num canto debaixo do tanque. A galera vai embora e lá vai minha avó e ve a vela acesa e acha que é despacho dentro da casa dela. Meu, ela gritou tanto…deu polícia, a molecada levou o deles sem culpa… e eu, acho que assustada com o rebu chorando num canto…A bruxa vem me pegar! A bruxa vem me pegar! Digna de um Oscar! Faz mais de 25 anos isto e ela morreu sem saber quem foi o macumbeiro…

  18. Nossa eu era mestre em mexer com fogo e causar alguns pequenos acidentes, dos que fazia a minha mãe enlouquecer e me dar um baita dum esporro… Se bem que a uns dias atrás quase botei fogo na minha cozinha, tudo porque esqueci o fogo ligado com uma panela e óleo dentro em cima, enfim… Legal já morou ou mora aqui em Juiz de Fora?? Eu sou daqui…
    Ótima história!!!

  19. Já taquei fogo em tantas coisas quando eu era pequena q perdi a conta de quantas vezes minha mae brigou comigo e como na maioria das vezes no final das contas eu e minha mãe estavamos uma comendo os braços e pernas da outra (como eu gosto de dizer:uma tipica conversa entre mãe e filha kkkkkk)

  20. Quando eu criança uma vez induzi uma amiga minha a brincarmos de fazer fogueira ,so que foi dentro do quarto dos fundos da casa dela que  tinha o chão todo em madeira, uma cama e um guarda roupa  velho onde a empregada passava e mantinha todas as roupas limpas e por lavar da casa,pra piorar a situação eu achei uma garrafa de alcool no armario, aí num me veio ideia mais brilhante à cabeça que não a de aumentar a proporção das chamas…..pense!!!!!que quando tudo começou a queimar pelo quarto nós saimos correndo sem avisar nada pra ninguém, até que a empregada percebeu e começou a gritar, logo chegou o carro de bombeiros e nós duas  do lado de fora da casa, como se nada tivessemos a ver com a situação……

  21. Me fez lembrar minha infância, quando eu taquei fogo em um monte de troço na rua com as outras crianças, tudo o que era combustível nós botávamos no fogo. Aí eu peguei uma alerta (era aquele negócio espiral que espantava mosquito), botei fogo e fiquei segurando. Quando o calor chegou onde eu tava segurando eu não sei por que raios eu fiquei segurando aquele treco quente. Corri pra minha casa e saí gritando minha mãe “MÃE, MÃE, TÁ QUEIMAAAAANDO!!!”

  22. Olhe só, estava lendo uns post(s) antigos lá pelas pgs 605 a 610 mais ou menos. Li um que contava historias instantâneas (desafio, baseado em fotos enviadas), lembra?
    do poema de bruxaria, do velho que paga pela propria morte, etc,SENSACIONAL!
    Mas o que mais “bombou”nos comentários foi o de quando v, tacou fogo numa árvore nas ferias na casa da sua avó, lembra? PARECE QUE EXISTE BASTANTE PIROMANÍACOS POR AI, NE? MAS O PESSOAL ADOROU, ISSO É O QUE IMPORTA!

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