Meu amigo Alexandre CW deu a dica dessas imagens, que mostram cenas arrepiantes de rituais de Vodu, no Haiti e também em alguns cultos obscuros da Venezuela. As fotos são de Cristina García Rodero e pertencem à Agência Magnum.
As fotos dos rituais de Vodu no Haiti foram feitas nas Planícies do norte. Perto Cap Haitien. As fotos mostram cenas de uma peregrinação em homenagem ao apóstolo Saint Jacques (Santiago), que é também o PTN Ogou, o deus da guerra. Nesta região, houve a revolta de escravos que levou à independência do Haiti.
No Haiti o Vodu é chamado de Sèvis Gine (serviço africano). Trata-se de uma religião haitiana com fortes elementos de povos africanos como os igbos, bacongos e iorubás, além de elementos tainos. Formas de vodu haitiano também existem na República Dominicana, em partes de Cuba, nos Estados Unidos e em outros lugares para onde os imigrantes do Haiti tenham se deslocado ao longo da história. Em alguns elementos, principalmente em seus componentes originários, é similar a outras religiões da diáspora africana, tais como a Lukumí, Regla de Ocha ou santería de Cuba e o candomblé e a umbanda do Brasil. A palavra “vodu” vem do vocábulo africano “Dahomey vodun“, que significa “espírito ancestral”.
Segundo a Wikipedia, o vodu no Haiti e na diáspora haitiana, é o resultado das pressões de muitas culturas e etnicidades diferentes dos povos que foram desarraigados da África e importados à ilha de Hispaniola durante o comércio africano de escravos. Sob a escravidão, a cultura e a religião africanas foram suprimidas, as linhagens foram fragmentadas e as pessoas tiveram que ocultar seu conhecimento religioso. Paradoxalmente, foi justamente essa fragmentação que permitiu a posterior unificação cultural dos escravos.
Para combinar os espíritos de muitas e diferentes nações africanas e indígenas, as partes da liturgia católica romana foram incorporadas para substituir rezas ou elementos perdidos; além disso, as imagens de santos católicos são usadas para representar os vários espíritos ou “misteh” (“mistérios”), e muitos santos mesmos são honrados no vodu haitiano em seu próprio direito. Este sincretismo permite que o vodu haitiano abranja os elementos africano, indígena e europeu de uma maneira inteira e completa. É verdadeiramente “Religião de Kreyòl“.
Ainda que a tendência geral do vodu seja relacionada a suas raízes africanas, não há nenhuma forma fixa, ocorrendo variações em cada casa ou linhagem particular. Os pequenos detalhes do serviço e dos espíritos servidos variarão da casa a casa, e a informação nos livros ou na Internet pode, consequentemente, parecer contraditória.
Não há nenhuma autoridade central no vodu haitiano, já que “cada manbo e houngan é a cabeça de sua própria casa”, como diz um provérbio popular no Haiti. Existem muitas seitas além do Sevi Gine no Haiti, tal como o Makaya, Rara e outras sociedades secretas, cada uma com seu próprio panteão distinto de espíritos.
Ritual Vodu na Venezuela
Na Venezuela, o ritual ocorre no estado Yaracuy, onde se trata do Culto de María Lionza – uma espécie de oráculo.
María Lionza é um tipo de divindade para muitos venezuelanos. Ela é objeto de um culto original, o que se traduz na única religião nascida no país.
Na base do movimento religioso, está uma lenda. Existem várias versões, que embora tenha variações, diz que a filha de um conquistador (outras versões a colocam como princesa de uma tribo indígena), era uma menina bonita com olhos verdes que teria sido engolida em um lago por uma cobra sucuri. Mas no lago, o animal estourou, liberando a sua presa. María Lionza é então transformada em água e se torna uma princesa que é rainha da natureza, e passa a viver na floresta, cercada por uma multidão de animais e plantas.
Apesar da história bonitinha, as imagens dos rituais são impressionantes:
Imagens ©Cristina Garci?a Rodero
Apesar das fotografias todas parecerem sinistras e assustadoras, grande parte do que se acredita saber sobre o Vodu está errado e/ou contaminado pela cultura popular, sobretudo os antigos filmes de terror. Há quem pense que o Vodu é só Zumbi, embora o Zumbi seja realmente originário na cultura Vodu do Haiti, ele não é parte da religião em si, mas sim uma ação determinada por um feiticeiro, que tem seu espaço à margem da religião. A mesma coisa com as bonecas Vodus, que são 99,9% das vezes pura enganação. A atividade mágica de furar bonecas com agulhas foi usada como um método de amaldiçoar pessoas por seguidores do que veio a ser chamado “Voodoo de Nova Orleans“, o qual é uma variante estadunidense do vodu. E pra piorar, nem sequer as bonecas vodu do Voodoo Estadunidense vem do Vodu original, mas sim das praticas mágicas tradicionais, tais como a poppet, quanto no nkisi ou bocio da África ocidental e central.
Embora pareçam cultos a seres do mal, essas religiões não estão fazendo isso nessas fotos. Muitas vezes os rituais servem para limpezas espirituais, busca de inspirações, libertação de doenças, fechamento de corpo, iniciações e etc e tal.
Vodu é pra jacu (desculpe, não resisti).
Um classico!
Muito bem explicado!!
Philipe;
Onde estão os 0,1 % no caso das bonecas?
Você acha que existe a possibilidade de ser iniciada a prática de rituais do Sevi Gine no Brasil em função da imigração? Abraços!
Parece que tem sim umas bonecas, mas usadas para outras finalidades diferentes do lance de espetar que as celebrizou.
Religião é atraso, esse tal de vodu é pior ainda
Foto nº15 de cima para baixo, mostra claramente uma incorporação do celebre Charles Chaplin, “isto é incrível”
Essa aberração deveria ser exterminada juntamente com seus praticantes.
O trabalho dessa fotógrafa seria para desmistificar a imagem negativa que o vodu tem na mídia e cultura pop? Pq eu preferia aquela imagem que aprendi no filme Um morto muito louco 2… É impressão minha ou aquela dona tá matando uma galinha na base da dentada?