Há maneiras e maneiras de morrer. E se há uma certeza nessa vida, meu amigo, é que um dia todos vamos trafegar “nessa linda passarela de uma aquarela que um dia enfim, descolorirá”.
Uma das mortes mais incríveis que já viu foi a de Betsy Davis, que faleceu em 30 de junho de 2016. Ela convidou 30 de seus amigos mais próximos e familiares para uma festa de fim de semana em sua casa no sul da Califórnia. No final do evento estava marcado seu suicídio.
O convite dizia: Estas circunstâncias são diferentes de qualquer evento que você tenha participado antes, exigindo estabilidade emocional, centramento, e abertura.
Ela também definiu uma regra para o evento: Não chorar na frente dela.
Como você pode ver, o lance foi animado. Quando ela foi diagnosticada com ALS (esclerose lateral amiotrófica), em 2013, a artista de 41 anos de idade, era uma mulher bonita e produtiva. Mas a doença de Lou Gehrig é terrível e cobra um preço alto na qualidade de vida do paciente.
ALS é incurável e afeta as células nervosas do cérebro e da medula espinhal. Betsy foi perdendo todo o controle de seu corpo, que em um determinado momento iria mesmo desligar de vez. Assim, ela decidiu realizar este encontro de despedida como uma forma alegre de dizer adeus aos amigos queridos antes de se tornar uma das primeiras californianas de tomar uma dose letal de drogas, finalizando sua vida por vontade própria.
A festa de dois dias foi cheia de diversão e risos, mas todos sabiam que ela iria culminar no suicídio de Betsy.
Mais de 30 pessoas vieram de todo o país para passar dois dias em uma bela casa de montanha no sul da Califórnia. Os hóspedes tocaram instrumentos, tomaram umas biritas, comeram pizza do restaurante favorito de Betsy, e assistiram a exibição de seus filmes favoritos. Os amigos mais tarde disseram que a artista transformou sua morte em um “desempenho final.”
Depois de perder gradualmente o controle de seu corpo, Davis sentiu a deprê causada pela gradual incapacitação. Assim, ela passou meses planejando sua saída final.
Ela se tornaria um dos primeiros residentes da Califórnia a tomar uma dose letal de drogas sob a nova lei do suicídio assistido por médicos do estado para os doentes terminais.
Durante a festa, cuidadores de Betsy traduziram seu discurso para os convidados, explicando como ela foi afetada por sua condição. Mas Betsy foi capaz de rolar sua cadeira de rodas elétrica em toda a casa, certificando-se de passar tempo de qualidade com cada um de seus amigos. Os hóspedes também foram convidados a levar para casa uma “lembrança de Betsy”, como uma peça de arte, acessórios ou produto de beleza. Sua irmã colocou notas explicativas em cada item, dando a cada objeto um significado.
Niels Alpert, um cineasta de Nova York, também estava na festa. Ele fez as fotos para capturar os momentos preciosos da despedida. “Para mim e para todos que foram convidados, era muito difícil de considerar, mas não havia dúvida de que estaríamos lá para ela”, disse ele.
“No fundo do belo divertido, sorrisos e risadas que tínhamos, naquele fim de semana havia o conhecimento do que estava por vir.” No final de semana, todos se reuniram para uma foto final e se despediram. Betsy foi levada para uma cama de dossel na encosta, vestindo um quimono ela comprou em 2013, logo depois de ser diagnosticada com a doença fatal.
Às 6:45 horas, Betsy assistiu seu último pôr do sol e tomou uma combinação letal de medicamentos prescritos pelo seu médico. Ela estava cercada por seu cuidador, seu médico, massagista, e sua irmã.
Quatro horas depois, Betsy morreu.
“O que Betsy fez deu-lhe a morte mais bonita que qualquer pessoa poderia desejar”, disse um de seus amigos. “Ao assumir o comando, ela virou o sofrimento em uma obra de arte”.
Não é de admirar que as pessoas em todo o país tenham sido tocados pela vida de Betsy e principalmente por sua morte.
Algumas pessoas discordam que Betsy tenha agido corretamente. Você concorda? Eu não tenho uma opinião formada sobre o assunto. Mas penso que quem critica essa eutanásia é o tipo do cara ao qual é facil falar quando não é o dele que está na reta…
Respeito e defendo o direito das pessoas que escolhem este caminho. É necessária muita coragem e maturidade para tanto…
Que massa!
Não vejo melhor forma de eutanásia.
E so ela mesma sabe suas dores pra manter minimamente alguma qualidade de vida.
Que siga em paz!
Eu defendo o direito ao suicídio, entre outras situações, para casos como o dela: Uma doença sem cura ou sequer perspectivas de melhora que levará a um fim com muito sofrimento! É um direito da pessoa não querer passar por tudo isso. Pena que ainda são poucos os lugares no mundo que têm uma legislação a este respeito. O filme Mar Adentro expõe outra situação onde o direto ao suicídio é requerido. Vale assistir, dá o que pensar!
“Mas penso que quem critica essa eutanásia é o tipo do cara ao qual é facil falar quando não é o dele que está na reta…”
Matou a pau e resumiu tudo nesse problema. Quando é com os outros, é muito fácil dar palpite e defender pontos de vista. Vide a fosfoetalonamina, quando não é você ou um ente querido que está desenganado pela medicina, é fácil dizer para não liberar.
E se daqui a um ano encontrarem a cura?
ela continuaria sendo um vegetal. o processo é irreversível. ajudaria outros pacientes recém diagnósticos, mas a ela restaria a lembrança de quando era independente.
Releia o que eu disse. Falei em acharem a CURA. E ser dependente não é motivo pra se matar.
Ninguém deveria ser obrigado a depender de outrém pelo resto de seus dias.
Experimente pensar que precisa de ajuda pra abaixar as calças e ter o ânus limpo por outra pessoa pelo resto da sua vida…