O Broad Group da China recentemente apresentou seu inovador Living Building, um novo tipo de sistema de construção modular, erguendo um prédio de apartamentos de 10 andares na cidade de Changsha em apenas 28 horas e 45 minutos.
O conceito do Living Building desenvolvido pelo Broad Group parece que pode realmente revolucionar a indústria da construção, e a recente façanha da empresa chinesa de erguer um prédio de 10 andares em apenas um dia tinha como objetivo enfatizar o quão disruptivo seu novo sistema pode ser. Tecnicamente, o prédio foi montado no local em Changsha, por três guindastes e uma grande força de trabalho, já que todos os componentes foram construídos em uma fábrica local do Broad Group e transportados por caminhão. É essa uma das características do sistema Living Building. Ele consiste em módulos pré-fabricados do tamanho de contêineres que só precisam ser aparafusados no local de “construção” e ter a eletricidade e o encanamento conectados. Ligou, tá feito.
O conceito modular é a chave do sucesso
A verdadeira inovação por trás do mais novo produto do Broad Group é o conceito de construir casas como são feitos os carros. Parece óbvio, e é.
Tudo é produzido e montado em uma fábrica de última geração em Changsha e, em seguida, transportado para o local desejado para apenas a montagem. Construídos com placas de aço Bcore de propriedade da empresa chinesa, os componentes modulares podem ser dobrados em um contêiner padrão de 40 pés de altura que pode ser facilmente transportado por terra e mar, assim como os contêineres regulares.
Meu pai vai adorar essa característica, pois tudo que ele projeta começa justamente com essa regra: “Tem que caber no contêiner”.
Bem, uma vez que os contêineres chegam ao local desejado, tudo o que é necessário é um processo de instalação “extremamente simples” que envolve o aperto dos módulos juntos para formar o edifício e a conexão da eletricidade e do encanamento. Parece simples demais para ser verdade, e é exatamente por isso que o Broad Group fez a demonstração recente.
Assistir ao vídeo do Living Building de 10 andares ganhando vida e se tornando habitável em pouco mais de um dia é impressionante, mas a velocidade com que pode ser montado é apenas uma das muitas qualidades de que o Broad Group se orgulha em sua apresentação.
Será confiável?
Segundo a empresa chinesa, a estrutura de aço inoxidável é 10 vezes mais leve e 100 vezes mais resistente do que as construções convencionais, além de ser resistente a “mega terremotos e tufões”. Também é consideravelmente mais barato de fazer do que estruturas tradicionais e edifícios de aço carbono, em grande parte graças ao processo de produção simplificado e também, é obvio, pela padronização.
Se observarmos, a ampla maioria dos edifícios residenciais são um mesmo andar replicado “N” vezes e empilhados. É bobagem fazer isso tijolo por tijolo no lugar definitivo, se tudo é a mesma coisa e pode ser industrializado de alguma maneira mais engenhosa numa gigantesca fabrica.
Na fabrica, não é preciso deslocar pessoal, não é preciso entregar material, descarregar isso, ou aquilo. Ganha-se muito na produtividade.
Graças ao isolamento de 22 cm de espessura, bem como às janelas de vidro triplo ou quádruplo, e ao sistema inteligente de recuperação de calor, o custo de energia do Living Building é de 1/5 a 1/10 dos edifícios tradicionais.
Não serve só para prédios de moradia
O Broad Group afirma que seu novo sistema é chamado de Living Building devido à sua versatilidade. Pode ser usado para estruturas residenciais de luxo e públicas, bem como arranha-céus de até 200 andares. Graças ao design modular, o edifício pode ser desmontado e movido para novos locais facilmente, e a posição e o número de paredes, portas, janelas e varandas podem ser até alterados após a conclusão.
Finalmente, o Broad Group afirma que a estrutura 100% em aço inoxidável de seu Living Building é 30 vezes mais resistente à corrosão do que o aço carbono e tem mais de 1.000 anos de vida útil.
Teremos que esperar para ver se o conceito do Living Building decola, mas não há como negar que a ideia de construir um prédio de 10 andares em pouco mais de um dia é muito intrigante.
Potencial impacto no mundo
Hoje há uma demanda global por moradias de qualidade em todo o planeta. No Brasil essa demanda é gigantesca.
O crescimento da população brasileira e a formação de novas famílias deve gerar uma demanda para mais 30,7 milhões de novos domicílios até 2030.
Isso é o que mostra estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) a pedido da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). O levantamento faz projeções a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desses 30,7 milhões de moradias necessárias para atender a demanda que vai surgir a partir do crescimento demográfico na próxima década, 14,4 milhões (46,9%) estarão concentrados na população com renda média, entre três e dez salários mínimos. A segunda maior demanda – 13,0 milhões (42,3%) – virá da população de baixa renda, que recebe até três salários mínimos. Já a menor demanda – 3,3 milhões (10,7%) – terá origem no extrato social mais rico, com famílias que ganham mais de 10 salários mínimos.
A região que mais sofre com o déficit habitacional no País é o Sudeste, onde há uma falta de 3,144 milhões de moradias, ou 40% do total. Na sequência vêm Nordeste (29%), Sul (12%), Norte (11%) e Centro-Oeste (8%).
Com uma tecnologia capaz de erguer moradias em velocidade supersônica é gerado um impacto positivo na produção de domicílios, há um impacto direto nos custos que são diretamente atenuados por questões inflacionárias no período da obra, há um impacto brutalmente menor nas cidades em termos de poluição, ruído, transtornos com fechamentos de transito e descargas de materiais e etc.
Prédios que evoluem com a sua família
Por fim, há um ultimo aspecto muito positivo que é a facilidade para desmontar e reposicionar a construção. Isso faz com que as construtoras que adotarem esse sistema possam oferecer nos prédios algum tipo de “plano de evolução”. Imagine o seguinte:
Um edifício de dois quartos. Os moradores compram o imóvel por um valor baixo por ser uma planta de dois quartos e ficam pagando uma mensalidade ao fabricante do prédio. Ao atingir a meta, digamos em dez anos, o prédio “evlui”. Ele é desmontado e um novo é montado no lugar e agora seu apartamento virou 3 quartos. Ele crsce com a sua família!
Mais dez anos, e ele pode evoluir de novo para um 4 quartos com churrasqueira na varanda! Tudo no mesmo lugar, na mesma vizinhança. A possibilidade que esse conceito modular agrega é incrível.