quinta-feira, dezembro 26, 2024

O escalopinho do dinossauro

Estava pensando aqui num conto sobre dois bilionários fúteis que fazem uma aposta completamente maluca: O primeiro que conseguir comer um escalopinho de dinossauro, vence.
Então enquanto um se cerca de cientistas e tenta fabricar uma maquina do tempo, outro se mete numa corrida tresloucada para fazer um dinossauro via engenharia genética.
Finalmente, os dois falham miseravelmente em suas tentativas. O laboratório da maquina do tempo explode. O outro acaba despertando um vírus ancestral mortal, que mata toda a equipe de geneticistas. Felizmente a ameaça é controlada com um bombardeamento de raios gama no laboratório.
Aí então os dois ricaços estão na fossa, haviam torrado muito dinheiro, eram uma piada nos tablóides, e com insultos mútuos, começam a trocar socos num estacionamento de um cassino. É quando entra em cena um mendigo. Esse mendigo é um antigo professor de física que descobriu um câncer e ligou o foda-se para o mundo.
Ao saber da briga, o mendigo diz aos dois que ele poderia conseguir o bife de dinossauro, mas seria caro. Os ricaços resolvem ouvi-lo. Ele explica que o meteoro que matou os dinossauros teria força para jogar muitos dinossauros ao espaço.
Dependendo do peso do dinossauro, esse cadáver poderia ter ficado congelado em órbita, até ser capturado pela gravidade da lua. Como a Lua não tem atmosfera é possível que esse enorme bloco de dinossauro tenha se fragmentado em pedaços, espalhando grandes pedaços de carne por toda a lua. Se um deles cair numa cratera, ficará preservado, congelado, desde o período jurássico da Terra até hoje. Bastaria descongelar e comer.
Então os dois bilionários se juntam para uma expedição espacial em busca do bife de dinossauro na lua.
No final após bilhões de dólares investidos, uma empresa de foguetes, sondas robôs e satélites de varredura biofinder, eles acham um pedação enorme de dinossauro congelado na escuridão eterna de uma cratera profunda. Com uma operação faraônica um robô traz o bloco para a Terra.
Começa uma celeuma. Cientistas exigem que a carne seja usada em pesquisa, mas os bilionários são claros. Eles pagaram, eles fazem o que quiserem. E resolvem comer. Após protestos da sociedade, eles aceitam doar suas fezes para estudos posteriores, mas são irredutíveis: a carne será servida única e exclusivamente para eles.
“Após tanto investimento, é justo que quem pagou seja o primeiro a comer” – Diz o apresentador do canal de um dos bilionários.
No grande dia, o melhor chef do mundo é chamado para preparar o repasto.
O jantar se torna um grande espetáculo. O grande espetáculo da Terra, e todo o mundo larga tudo que está fazendo pra assistir. Guerras entram em armistício, as escolas liberam as crianças mais cedo, políticos tiram a semana de folga…
Tem hino nacional cantado pela numero um da Billboard, tem um desfile de moda inspirado em astronautas e dinossauros, tem o lançamento do novo parque temático de dinossauros espaciais, tem discurso do presidente, e finalmente, após comerciais caros como os do Superbowl, chega o clímax do grande jantar que celebrará a máxima determinação humana.
A orquestra inicia uma fanfarra especialmente composta por John Willams e todos aplaudem quando um garçom vestido de astronauta traz o prato de escalopinho.
Ele serve com cuidado cada um dos bilionários ávidos pela iguaria com seus talheres de ouro nas mãos. O mundo inteiro assistindo ao grande banquete. Narradores e comentarias analisam como cada garfada daquele escalopinho poderia alimentar milhões de pessoas famintas nos rincões da Terra.
Então os dois bilionários se cumprimentam e comem o dinossauro, tomam uma taça do vinho mais caro que existe…. E morrem ao vivo.
O dinossauro era um bicho venenoso.

Fim

PS: Pretendo adaptar essa história num curta metragem em algum momento futuro.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Philipe Kling David, autor de mais de 30 livros, é editor do Mundo Gump, um blog que explora o extraordinário e o curioso. Formado em Psicologia, ele combina escrita criativa, pesquisa rigorosa e uma curiosidade insaciável para oferecer histórias fascinantes. Especialista na interseção entre ciência, cultura e o desconhecido, Philipe é palestrante em blogs, WordPress e tecnologia, além de colaborador de revistas como UFO, Ovni Pesquisa e Digital Designer. Seu compromisso com a qualidade torna o Mundo Gump uma referência em conteúdo autêntico e intrigante.

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Comentários

  1. “PS: Pretendo adaptar essa história num curta metragem em algum momento futuro.”
    Ficava bem em animação tipo PIXAR… tente vender para eles a ideia.

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