A alga assassina está se espalhando – Mais uma cagada ecológica no planeta

 

Eu vi no site Damn Intresting uma notícia que me deixou bolado:

Em 1980, funcionários do zoológico de Wilhelmina em Stuttgart estavam trabalhando no embelezamento de seus aquários. O problema deles é que os peixes estavam comendo todas as algas e plantas aquáticas.
Foi quando descobriram que havia um tipo de planta chamada Caulerpa Taxifolia, que além do verde brilhante e bonito, apresentava uma rápida taxa de crescimento, aliada ao fato de que ela segregava uma toxina nas folhas em forma de samambaia que tornavam o gosto da planta abaixo de vomitável para os peixinhos. Empolgados, os caras da manutenção dos aquários importaram a plantinha e começaram a colocá-las nos aquários.

Assim, ao longo do tempo, submetendo as espécimes para aquário a duras condições e selecionando apenas as que sobreviveram, os pesquisadores desenvolveram uma nova versão da alga, chamada Caulerpa taxifolia (Vahl) C. Agandh.
Esta era uma nova planta, melhorada geneticamente e de crescimento ULTRA rápido. O objetivo desta seleção de genes para gerar uma planta turbinada era vendê-la para outros hobbistas e museus.

Por um tempo, foi tudo bem no mundo da botânica marinha. Só que – Lei de Murphy: “Quando algo puder dar errado, dará!” – em 1984, um metro quadrado desta nova variedade de Caulerpa foi encontrada brotando livremente no Mediterrâneo ao largo da costa de Mônaco, bem do lado de fora do Museu Oceanográfico. Acredita-se que um pequeno pedaço da planta tenha ido pelo ralo, levado pela bomba e jogado na estação de tratamento, onde graças aos seus “super-poderes genéticos de sobrevivência a qualquer custo”, ela aguentou firme e foi parar no paraíso – o mar Mediterrâneo.

Não precisa ser muito esperto para imaginar que uma planta geneticamente modificada para crescer rápido como um tumor e de gosto miseravelmente ruim, virou uma praga terrível. Enquanto as organizações envolvidas em sua criação e liberação acidental no meio ambiente discutem os culpados, num eterno jogo de empurra que não vai dar em nada, a planta assassina se espalha, destruindo tudo ao seu redor. Os seres humanos geraram o problema e fizeram algo ainda pior em seguida: NADA.

Com o descaso, a Caulerpa se espalhou e atingiu vários hectares submarinos se espalhando e convertendo o leito do oceano em um enorme campo de golfe estéril. A planta continuou se espalhando até que em 2001 ela já ocupava acres e acres do oceano e começou a aparecer nas praias. A coisa saiu do controle completamente.

A infestação da Caulerpa parece um grande pasto de folhagens verdes, nada além disso.

Ela cresce 7,5 cm POR DIA!

Isso é uma rapidez suficiente para cobrir e destruir uma multidão de outras algas, e uma vez que tem gosto horrível, todos os animais herbívoros aquáticos dão no pé rapidinho. Porque cria imensas áreas de deserto-verde submarino, os seres humanos estão saindo fora também. Isso porque a branda paisagem torna-se desinteressante para os mergulhadores, diminuindo a indústria do turismo; e os pescadores litorâneos perdem o interesse também, já que o seu peixe preferido “rapou fora”.

 

Graças a pesca de arrasto, as mudas da planta estão sendo semeadas pelo homem em águas distantes. Hoje elas já estão apresentando áreas cobertas de Caulerpa na Espanha, na costa da Tunísia e na Croácia. Uma vez que sua constituição é firme e rígida, e ela não sente nem cosquinha no mar mais poluído que você puder imaginar, a planta está crescendo rápido na beira dos portos, o que em breve a espalhará para outros oceanos, graças a pesca oceânica indiscriminada.

Mas calma que não é só isso! Desgraça pouca é bobagem, meu chapa…

A planta é tão violenta que um pedacinho, por mais minúsculo que seja, do tamanho da unha aí do seu polegar é capaz de sozinha, provocar o crescimento de um belo gramado de algas assassinas, o que significa que qualquer método mecânico de retirada da alga vai provocar uma maior infestação, ao invés de conter a desgraça atual.

Aventou-se o eventual controle da planta através de predadores específicos (lembra da cagada dos coelhos lá na Austrália? Pois é. Nós os seres humanos não aprendemos mesmo!) mas isso não vai funcionar, já que os moluscos que conseguem comer a planta não suportariam a temperatura do Mediterrâneo, além disso, nenhum animal consegue comer a planta na mesma velocidade em que ela cresce.

Como se não bastasse isso, a alga assassina estava viajando pelo mundo de um jeito mais eficiente: De avião. É que graças ao comércio de produtos e animais para aquário, ela se espalhou. Em 2000, duas pequenas áreas de crescimento de Caulerpas foram encontrados ao largo da costa de San Diego, na Califórnia. Outras áreas foram posteriormente detectadas ao sudeste da Austrália. Acredita-se que estas áreas contaminadas sejam o resultado de pessoas limpando o conteúdo dos seus aquários de água salgada e mandando a sujeira para o esgoto. E tome alga assassina!

Cientes do perigo, as agências na Califórnia entraram em ação aprovando uma lei que proíbe a venda e a posse de nove espécies de Caulerpa. As infestações foram tratadas através de medidas drásticas. Biólogos marinhos lideraram uma caçada à planta. Armados com as mais recentes armas na guerra botânica, eles cobriram completamente áreas contaminadas com uma lona de plástico preto que impediu a fotossíntese. Depois eles bombearam cloro para dentro das áreas cobertas, matando a alga assassina e qualquer outra coisa que teve a infelicidade de ser aprisionado junto com ela.
Seis anos mais tarde e US $ 7 milhões gastos na luta, a Califórnia pode ostentar a primeira vitória bem sucedida ao longo de uma invasão da alga assassina. Países mediterrâneos estão fazendo o que podem com a remoção mecânica, e a Austrália está tentando sulfato de cobre, um potente herbicida. Em ambos os lugares, as infestações são grandes demais para a ser aplicado o método usado na Califórnia.

O que diferencia Caulerpa de outras espécies invasoras (como os coelhos na Austrália, os caracóis africanos no Brasil e as Abelhas Africanas nos EUA, entre muitos outros) é que esta alga não ocorre na natureza. Ela é o produto de reprodução seletiva e da manipulação genética, de um modo completamente planejado pelo ser humano para que ela saia vencedora em combate com qualquer outra espécie natural. Só que o feitiço virou contra o feiticeiro.

A vida de uma mosca dura 24 horas. Assim, ela vê o mundo onde tudo é extremamente lento. Se a mosca pensasse, ela pensaria que as casas, os bosques e as montanhas são eternas.

Da mesma maneira, nós humanos, vemos o mundo pela ótica humana. Nós vemos as montanhas elas parecem que sempre estiveram lá. Não vemos que elas estão se movendo. Mas estão. Para nós, tudo estará acabado em 80, 90 ou no mais tardar, 120 anos. Nós deixamos o problema para a próxima geração resolver, afinal, o problema mesmo só vai acontecer daqui a muitos e muitos anos…

Só que numa escala de vida de um planeta, a nossa passagem por aqui equivale a menos de um segundo em um ano inteiro. Imagina a desgraça que significamos para a Terra! Uma planta que cresce 7,5cm por dia irá recobrir o planeta todo em muito pouco tempo numa escala planetária. Será uma questão de poucos milênios para esta coisa conseguir sair do mar, invadir os rios, invadir a terra. Ela tomará o planeta.

É fácil perceber nessa situação um risco evidente da ação humana sobre algo complexo e delicado como a natureza. Não podemos apenas condenar tudo que seja transgênico ou geneticamente modificado como uma coisa vil e potencialmente desastrosa para os humanos e os demais seres vivos da Terra. É claro que do mesmo jeito que essas cagadas ambientais acontecem, as culturas geneticamente modificadas são inestimáveis para a alimentação de milhões de pessoas, produzindo mais nutrientes, crescendo em ambientes mais severos, produzindo maiores frutos, e / ou resistindo a doenças e predadores. Mas a Caulerpa é uma bela lição para todos aqueles que pensam que podem fazer o que querem com os genes de um animal ou planta.

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Assustadoramente bizarro.

    Um dia em casa tive um problema “verde”. Durante o banho o chuveiro parou de sair água, começou a se comportar como uma chaleira e pseudo-explodiu, jogando algo verde por todos os lados. Provavelmente era algum tipo de limo que estava nas paredes da caixa d’agua e desceu pelo cano do chuveiro. Passei meses até tomar um banho sossegado novamente…

  2. [quote comment=””]Assustadoramente bizarro.

    Um dia em casa tive um problema “verde”. Durante o banho o chuveiro parou de sair água, começou a se comportar como uma chaleira e pseudo-explodiu, jogando algo verde por todos os lados. Provavelmente era algum tipo de limo que estava nas paredes da caixa d’agua e desceu pelo cano do chuveiro. Passei meses até tomar um banho sossegado novamente…[/quote]

    as gerações futuras vão achar q as algas sempre estiveram lá..

    ae vão se pergutar pq raios o planeta se chama terra se é feito de alga..

    afinal.. pq ele se chama terra se é qse todo de agua?

    hmm.. vai ver nossos ancestrais tiveram um problema com a agua..

    ahahea viajei ;p

    mas isso é assustador mesmo.

  3. Tá aí a prova viva que as teóricas loucaras de Hollywood mostra em seus filmes pode virar verdade… esses aí são os nossos “zumbis verdes”.

    Não sei se vocês viram na TV (acho que foi no Fantástico), mas passou uma história que um cientista gringo criou um mosquito da dengue geneticamente modificado, que morre antes de ter idade para se reproduzir. Usando um antibiótico, o bicho se reproduz e cria filhinhos como ele. Resultado: de geração em geração o bicho vai sumindo porque não há herdeiros para repor a comunidade – aí fica a pergunta: o que diabo vai acontecer quando esse bicho sumir? Quem (seus predadores) vai morrer junto? E essa bola de neve vai crescendo… e um dia volta para nós, como essa alga…

    Abraços,

    .faso

  4. Ah!Sim…levaram os coelhos para a Austrália e eles viraram praga, levaram as cabras para as ilhas Galápagos e elas viraram praga, tem o mexilhão chinês que está tampando as turbinas de Itaipú, tem o escargot que não era escargot coisa nenhuma, era só um caramujo, esqueceram alguns dentro de um quartinho de madeira, a madeira apodreceu, eles sairam e agora são praga no Brasil.
    Tem as abelhas africanas que também escaparam de um centro de pesquisa no Brasil, cruzaram com as nossas e agora estão em toda a América ( Até na do Norte…).
    Mas levar o coelho gigante alemão para se reproduzir na Coréia ou nos países onde existe falta de comida ninguém leva, né? Boa essa, hein?

  5. Se eles já tivessem tornado viável a produção de álcool a partir de algas, esse monstro crescendo a 7,5cm/dia seria um excelente substituto rápido para a gasolina.

  6. [quote comment=””]Tenho um amigão biólogo que está justamente pensando neste gene para aproveitar na fabricação de biodiesel.[/quote]
    Cara, usar isso como Biodiesel seria o CUMULO da loucura…
    Se essa alga realmente absorve QUALQUER toxina que se aproxima dela, eu não quero imaginar que efeito teria a fumaça do combustivel feito com a alga, nos seres humanos…
    Me corrijam se eu estiver errado…

  7. tudo o q o homem faz vira praga contra ele mesmo, essa do fantástico sobre o mosquito da dengue é o cúmulo, pois ele participa de uma cadeia alimentar, em que nós estamos no topo, e que se um elemento for extinto, os demais na seuqência da cadeia vão á extinção também.
    nao foi a primeira e nem vai ser a última vez que o homem pens em si mesmo antes da humanidade, foi isso no caso dos caramujos, das abelhas, dos coelhos e até dos jacarés no pantanal(onde foi probida sua caça e viraram uma praga natural, inavadindo cidades e casas)

    Abraços a todos

    Renato Román

  8. O ser humano, ao contrario do que ele mesmo acredita.. de nada tem de inteligente.. ele é o unico que alem defazer mal ao seu meio de sustento ( todo predador o faz de uma certa forma, mais controlada, o que ajuda a controlar super populações ) o ser humano, faz mal as suas presas, e a todo ecosistema nescessario para que sua presa se desenvolva, acabando sistematicamente os seus meios de sustento…

    Esse comportamento e pior do que de parazitas,, e ate mesmo dos viros, forma mais simples e menos evoluida de vida que existe!

  9. certa vez vi uma materia sobre desmatamento na amazonia e um dos madeireiros dizia que “nao precisamos nos preocupar com as arvores! a natureza sempre deu um geito de sobreviver na historia e mais uma vez ela dará um geito!”

    febre amarela, coelhos, cabras, abelhas, algas….
    eh a natureza dando o geito dela pra matar o homem e poder viver em paz novamente.

  10. Que medo! Isso me lembrou aquele filme bizarrinho que passou na série “Contos da Cripta”, o nome era “A Morte Solitária de Jordy Varrill”, onde uma planta alienígena se apodera de tudo, das estradas, da casa e… (SPOILER) do corpo do Jordy, começa a nascer dentro do estômago dele e ele acaba se suicidando.

    Achei um pequeno texto sobre:

    “A Morte Solitária de Jordy Varrill (The Lonesome Death of Jordy Varrill). Com Stephen King. O roteirista King atua neste segmento que conta o “drama” de Jordy Varril, um fazendeiro azarado que pensa ter tirado a sorte grande quando um estranho meteorito cai nas suas terras. O material solta uma estranha substancia que Jordy não demora muito a manter contato e como em um pesadelo, começa a nascer uma espécie de musgo verde em todo o seu corpo. Apesar de um único personagem, este segmento mantém o interesse, em especial pela ótima interpretação de King, além da rica imaginação do seu personagem. ”

    Fiquei imaginando se essa alguinha aí começa a fazer o mesmo que a planta alienígena. Mas agora estão tentando consertar a cagada rsrs

  11. Em algum lugar do mundo estas algas não são assassinas, já parou para pensar nisso? Portanto respeite a Caulerpa e não a chame de assassina. E acho que a culpa inicial foi do aquario de Mônaco (Fundação Cousteou)

  12. [quote comment=”32997″]Em algum lugar do mundo estas algas não são assassinas, já parou para pensar nisso? Portanto respeite a Caulerpa e não a chame de assassina. E acho que a culpa inicial foi do aquario de Mônaco (Fundação Cousteou)[/quote]

    Paulo, você deve ter pulado esta parte do texto:

    “Assim, ao longo do tempo, submetendo as espécimes para aquário a duras condições e selecionando apenas as que sobreviveram, os pesquisadores desenvolveram uma nova versão da alga, chamada Caulerpa taxifolia (Vahl) C. Agandh.
    Esta era uma nova planta, melhorada genéticamente e de crescimento ULTRA rápido. O objetivo desta seleção de genes para gerar uma planta turbinada era vendê-la para outros hobbistas e museus.”

    Esta versão com genes modificados da planta é a alga assassina. Não a alga original.

  13. É o mesmo caso dos nossos mexilhões. Não se encontram mexilhões em sambaquis (restos de moluscos e alimentos usados pelo homem pré-histórico brasileiro) portanto não existiam mexilhões no passado remoto brasileiro. No entanto, já existe até lei que garanta a proteção deste organismo e no entanto, trata-se de uma bioinvasão. Durma com este barulho todo.

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