De vez em quando meu filho aparece aqui com uns deveres de casa que me fazem confrontar a absoluta boçalidade Matemática com o qual nasci dotado e do qual inexoravelmente, não escaparei.
Mas esses deveres de matemática me lembraram um caso pitoresco que talvez seja interessante para você contar, sei lá, numa mesa de bar; muito embora eu tema que não seja qualquer mesa de bar e sua respectiva audiência que desfrutarão dessa história da melhor maneira.
O dever de casa difícil
Essa é uma história verídica: O famoso cientista matemático americano, George Bernard Dantzig, contou sua história em uma entrevista de 1986 para o College Mathematics Journal:
“Aconteceu porque durante meu primeiro ano em Berkeley cheguei tarde (dormi demais) um dia em uma das aulas do Prof. Neyman. No quadro-negro havia dois problemas que presumi terem sido atribuídos como lição de casa. Eu os copiei.
Poucos dias depois, pedi desculpas a Neyman por ter demorado tanto para fazer aquela lição de casa — os problemas pareciam um pouco mais difíceis do que o normal. Perguntei se ele ainda queria. Ele me disse para jogá-lo em sua mesa. Fiz isso com relutância porque a mesa dele estava coberta com uma pilha tão grande de papéis que temi que meu dever de casa se perdesse ali para sempre.
Cerca de seis semanas depois, numa manhã de domingo, por volta das oito horas, [minha esposa] Anne e eu fomos acordados por alguém batendo na nossa porta. Era o Prof. Neyman.
Ele entrou correndo com os papéis nas mãos, todo animado: “Acabei de escrever a introdução de um de seus artigos. Leia para que eu possa enviá-lo imediatamente para publicação.”
Por um minuto não tive ideia do que ele estava falando. Para resumir uma longa história, os problemas no quadro-negro que eu resolvi pensando que eram trabalhos de casa eram na verdade dois famosos problemas não resolvidos em estatística.”
O professor mostrou-os à turma como exemplo de problemas não resolvidos ainda. Então, Dantzig os resolveu!”