quinta-feira, fevereiro 13, 2025

A curiosidade mata: Como o animal mais velho da Terra morreu vitima da curiosidade

Como a curiosidade para saber a idade de um animal ceifou a vida de um dos seres mais antigos na Terra

Diz o ditado que “a curiosidade matou o gato”.

Se o gato morreu mesmo ou só gastou uma das sete vidas, eu não sei, mas quanto ao dito popular “A curiosidade mata”? Será uma verdade? Há quem duvide, mas pelo menos no caso de Ming, foi uma condenação fatal.

Caso Ming: Morto pela curiosidade

Morto aos  507 anos de idade, a molusco chamada MING, teve sua vida ceifada por cientistas, curiosos em saber qual era a idade dele.

Ming, era um molusco, que foi descoberta pela primeira vez em 2006 e acabou morto por cientistas que desconheciam sua idade. Avanços recentes revisaram a idade de Ming para cima em 103 anos.

O Molusco Que Viveu Mais de Meio Milênio

Você já imaginou um ser vivo que presenciou o reinado de Henrique VIII, a ascensão da dinastia Ming e o início das Grandes Navegações? Pois bem, esse ser existiu e tinha um nome inusitado: Ming, era um molusco bivalve que habitava os mares gelados da Islândia e que impressiona até hoje por sua incrível longevidade de 507 anos.

Uma vida iniciada em 1499

Ming não era um molusco qualquer. Nascido em 1499, ele recebeu esse nome em homenagem à dinastia Ming, que estava no poder na China na mesma época em que ele começou sua jornada oceânica. É surreal pensar que ele começou sua vida marinha enquanto Leonardo da Vinci finalizava a “Última Ceia” e Cristóvão Colombo ainda desbravava o Novo Mundo.

O fim de uma lenda submersa

Ming, o molusco (Crédito: Bangor University)
Ming, o molusco (Crédito: Bangor University)

Infelizmente, o destino de Ming não foi tão glorioso quanto sua longevidade. Em 2006, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Bangor, no Reino Unido, coletou o molusco em uma expedição ao leito marinho islandês. Sem saber que tinham em mãos o animal mais velho já registrado, eles abriram sua concha para estudar sua idade… e, acidentalmente, encerraram sua incrível existência.

Na época, os cientistas acreditavam que Ming tinha “apenas” 405 anos. Foi só com avanços na metodologia de datação que sua verdadeira idade foi revisada para impressionantes 507 anos.

Como calcular a idade de um molusco?

Assim como nas árvores, a idade dos bivalves é determinada pelos anéis de crescimento. Anualmente, o ritmo de crescimento do molusco varia conforme as estações, deixando marcas visíveis na concha. Inicialmente, os cientistas contaram os anéis localizados na articulação da concha de Ming. No entanto, como ele era extremamente velho, os anéis estavam comprimidos em um pequeno espaço, dificultando a contagem precisa.

A revisão foi feita examinando os anéis externos da concha, onde o espaçamento era mais uniforme. Cruzando esses dados com padrões de crescimento já associados a períodos históricos específicos, eles chegaram à idade de 507 anos com maior precisão.

 

Por que Ming viveu tanto tempo?

O segredo da longevidade de Ming parece estar no metabolismo extremamente lento. Essa característica permitiu que ele sobrevivesse séculos sem sofrer os danos celulares que encurtam a vida da maioria dos seres vivos. Ainda assim, os cientistas ponderam que, dependendo da definição de “idade”, Ming pode não ser o organismo mais velho já registrado. Até porque, existe um animal na Terra que é imortal, ou seja, está aí nadando no mar desde que os dinossauros estavam aqui. Me refiro à àgua-viva imortal.

A Água-viva imortal: A espécie Turritopsis dohrnii tem a capacidade de reverter ao estágio inicial de seu ciclo de vida em vez de morrer. Embora sua idade não possa ser mensurada, teoricamente ela pode viver para sempre.

àgua viva imortal
A água-viva imortal

Outro recordista de tempo de vida é a Tartaruga Adwaita: Essa tartaruga gigante indiana viveu cerca de 255 anos, falecendo em 2006.

Lonesome George Pinta giant tortoise Santa Cruz | Curiosidades | animais, ciência, molusco, morte, oceano, triste
— Véia é a mãe!

Sem falar num que devia ser vizinho lá da Ming, pois habita o mesmo local, o tubarão do ártico. Estima-se que ele possa ser o ser vivo mais velho hoje, com uma vida que pode passar dos 300 anos.

tubarão-da-Groenlândia
tubarão-da-Groenlândia

E, claro, não podemos esquecer que milhares de moluscos da mesma espécie de Ming são capturados anualmente na pesca comercial. Quem sabe quantos outros “recordistas” já não foram descartados ou foram parar na pança de algum comensal sem que ninguém soubesse?

Reflexão final

A história de Ming é fascinante, mas também traz um lembrete: muitas vezes, estamos tão focados no avanço científico que podemos perder a chance de preservar algo único. Quem sabe quantos segredos os oceanos ainda guardam, esperando para nos contar sobre um tempo que jamais veremos novamente?

Ming, mesmo em sua partida, deixou uma lição valiosa: a vida é um testemunho do tempo, e cada ser vivo tem sua própria história para contar. 

Quer ler mais um post sobre cientistas fazendo cagadas? Não perca esse:

O cientista prejudicial

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Philipe Kling David, autor de mais de 30 livros, é editor do Mundo Gump, um blog que explora o extraordinário e o curioso. Formado em Psicologia, ele combina escrita criativa, pesquisa rigorosa e uma curiosidade insaciável para oferecer histórias fascinantes. Especialista na interseção entre ciência, cultura e o desconhecido, Philipe é palestrante em blogs, WordPress e tecnologia, além de colaborador de revistas como UFO, Ovni Pesquisa e Digital Designer. Seu compromisso com a qualidade torna o Mundo Gump uma referência em conteúdo autêntico e intrigante.

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