Chove lá fora e aqui estou eu escrevendo este post sobre… Mosquitos.
Mosquitos são uma desgraça permanente no Brasil desde que o mundo é mundo. Naturalmente que quando os primeiros exploradores (fenícios?) chegaram aqui, eles já estavam aqui, picando e sugando, atacando os visitantes com sua inesgotável sede de sangue.
O problema vem só aumentando. À medida em que a população cresce, as condições sanitárias pioram em diferentes níveis, os mosquitos mostram-se como os reais donos dessa terra que habitamos. E o mais estranho é que nós humanos ainda nos achamos superiores.
Superiores são eles, que já estavam chupando o sangue dos dinossauros muito antes dos primatas sonharem em existir.
Mas como lidar de fato com o problema dos mosquitos? Sabemos que eles são vetores de uma série de doenças, muitas delas mortais, como a febre amarela, a dengue, malária, etc. Basta ligar em qualquer canal e você verá propagandas pagas pelo governo falando da importância de não deixar latas, pneus e lixo em locais descobertos, pois estes tornam-se criadouros dos ovos dos mosquitos. Geralmente a propaganda termina colocando a culpa das epidemias esporádicas dengue na população. E talvez a publicidade esteja certa mesmo, afinal a população vota tão bem quanto o serviço que ela recebe do governante que coloca “lá”.
Porém, eu tenho uma certa divergência desta ideia de que fazendo campanha de conscientização vão conseguir eliminar a dengue (o nosso maior problema com mosquitos aqui na minha região).
Para entender o ponto é preciso que nós tenhamos clareza de dois fatos simples:
1- O mosquito está mais adaptado que o ser humano. Logo ele é evolutivamente privilegiado nesta luta.
2- O mosquito não tem culpa de ser vetor. Ele não sabe que a pessoa está com dengue. Se soubesse picava só humanos sadios.
Sabendo destes dois fatos fica claro como diamante que a culpa da epidemia não é do mosquito. É do cara que tem dengue. O mosquito só passa a dengue dele pra frente. Mas… Como assim? Eu estou culpando um doente? Isso não é justo.
Não é mesmo, uma vez que o doente deveria estar ISOLADO num lugar SEM MOSQUITOS.
Pense comigo, se houvesse um esforço hercúleo para detectar rapidamente os sintomas básicos de dengue e essas pessoas fossem removidas para um lugar tipo um hangar gigante, um maracanã fechado, e lá ficassem até que a doença fosse eliminada, como o mosquito faria para ser vetor se não haveria ninguém lá fora com dengue para ele transmitir? Em pouco tempo acaba a dengue.
Mas isso é utopia, lógico. Primeiro que o diagnóstico de dengue leva muito tempo para ser obtido. Ainda que se usasse um sistema de lógica aproximada para obter uma margem de erro pequena, do tipo: “Se o cara tem dois dos seis sintomas de dengue, considere que ele está com dengue”. Seria bem difícil conseguir mobilizar um esquema que retirasse as pessoas com a doença de circulação, já que isso envolveria uma questão econômica e prática bem difícil. Mas o problema principal disso – e o mais triste – é que Não convém a nenhuma prefeitura acabar com a dengue.
Ocorre que o governo libera recursos para cidades com maior quantidade de casos. Logo, não é um sistema de premiação positiva, do bom serviço, e sim o contrário. O premio ($$$) vem para quem deixou sucatear a saúde, pra quem está pouco se lixando se vão morrer 1000, 10.000, 100.000 vítimas da dengue.
Então temos um problema de solução difícil, já que o mosquito quer sangue, o doente não tem como ser hospitalizado -seja porque o hospital é uma merda, seja porque ele precisa trabalhar, seja porque não existe atendimento de saúde na região dele – e o prefeito quer dinheiro do governo que só vem quando tem epidemia. Com tanta gente focada em seus próprios interesses, quem é que não quer a dengue? Coveiro é que não é.
Curiosamente, existe uma parcela de 100% da população que se perguntada:
-Você quer ter dengue?
Responderá negativamente. Daí concluímos que a máxima de que “pimenta no fiofó alheio é refresco” é a pura realidade do que ocorre no Brasil. Ninguém quer ter, mas se mexer para resolver, ninguém quer também.
A natureza trabalha contra. No Brasil chove muito e grande parte das construções dos grandes centros urbanos se baseia em sistemas de lajes de concreto. Cedo ou tarde, com a primeira chuva, estas bilhões de lajes aí fora formam piscinas, que são máquinas de gerar mosquitos. Note que nem estou mencionando os peneus, as latas, garrafas, bromélias e piscinas abandonadas aos borbotões que são usinas mosquiteiras. Como se sabe, o ovo do mosquito pode sobreviver até 4 anos em um lugar seco. Choveu, esquentou, lá vai ele! Daí que não tem nada mais ineficaz do que o que é feito. Campanha na televisão. Com a campanha na Tv o ano todo, ela começa a gerar dessenssibilização ao problema. Com a população dessenssibilizada, começamos a chegar na parte mais complicada do problema, que é pensar que isso “é assim mesmo”. Que não adianta lutar contra algo que é uma luta já vencida.
Enquanto focarmos no mosquito, esta luta realmente estará perdida de antemão. O problema não é, nem nunca foi o mosquito. O problema é o doente. O doente que precisa ser removido e mantido num lugar com baixa quantidade de mosquitos.
Mover o doente nem é tão complicado quanto criar uma área com baixa quantidade de mosquitos. Mas como fazer isso?
Existem equipamentos que são exterminadores de mosquitos. Esqueça a espiral fedorenta. Esqueça a velinha de citronela, esqueça o spray mata-tudo, esqueça o trocinho de refil que liga na tomada ou aquele sisteminha que emite freqüências inaudíveis para humanos e sim para mosquitos.
Todas estas traquitanas cumprem em graus relativos seus papéis de afastar os mosquitos. Porém, uma solução de grande potencial seria atrair os mosquitos.
Sim, meu amigo. Atrair. Se você atrair os mosquitos, e prendê-los, você está realmente tirando mosquitos de circulação e não mandando os seus para a casa do vizinho, ou para outro cômodo da sua casa.
Para atrair os mosquitos, é preciso entender como eles funcionam. O mosquito é quase como uma máquina. Os longos anos de evolução tornaram ele uma criatura bastante mecanizada em seus processos. Só as fêmeas buscam sangue, que é necessário para sua reprodução. Daí como que ele faz para procurar o sangue? Já pensou nisso? O mosquito detecta emissões de calor e freqüências vibratórias, além de emissões de gás carbônico da nossa respiração. Isso explica como que aquele FDP descobre a sua orelha no meio da escuridão da noite. O mosquito nem sabe que você é um ser vivo, meu amigo. Ele só quer saber: Vibra? Emite calor? Emite gás carbônico? Se cumprir esses requisitos, ele vai lá e morde.
Uma solução eficiente usa essas características contra ele. Daí que alguém bem esperto inventou uma maquininha que emite calor na temperatura compatível com um ser humano, emite gás carbônico simulando uma respiração e uma freqüência vibratória compatível com um ser humano.
O mosquito olha para aquela geringonça e pensa que é gente. Daí ele vai pra lá como uma bala, crente que vai se dar bem. Então a maquina prende ele.
O troço nem é uma novidade. Isso vem sendo usado desde o fim dos anos 80 nos EUA para tirar mosquitos de campos de golfe e deixar a diversão dos bacanas mais animada.
O que me intriga é como uma solução factível assim não é amplamente utilizada, em larga escala. Se pegarmos como exemplo algo que interessa aos políticos, como urnas eletrônicas, veremos que o Brasil tem plena capacidade de construir maquinas em larga escala cobrindo um amplo espectro de área. Se podemos fazer tantas urnas eletrônicas (cerca de 480.000 aparelhos) O que impede o Brasil de construir 480.000 mata-mosquitos eletrônicos? Interesse e nada mais. Dinheiro tem, capacidade de produção tem, tecnologia tem.
Mas como eu estava dizendo, o foco no mosquito é o maior problema da luta contra a dengue. E é por isso que os mata-mosquitos deveriam ser usados justamente para criar um cordão de isolamento ao redor de uma área limpa, para onde as pessoas com a doença deveria ser levadas para tratamento. E como obter o interesse das pessoas para este tratamento?
Simples, tornando esta uma experiência agradável. E isso começa com comida grátis, sorteio de prêmios (casas, carros e viagens) para quem fizer o tratamento, além de uma forte e maciça campanha de conscientização sobre a importância de sair do ambiente do mosquito. Veja, o mosquito não tem inteligência e portanto, ele não sai do ambiente, só quem pode fazer isso, são os humanos.
O governo efetuaria uma parceria revolucionária com o Chile, e lá no emio do deserto do Atacama, onde NUNCA chove, construiria uma área grande. Esta área seria um misto de hotel resort e hospital. Telas de proteção cobririam todo o complexo, criando assim o maior mosquiteiro do mundo. Do lato de fora milhares dessas maquinas prenderiam os eventuais e improváveis mosquitos. Lá dentro, os doentes teriam todo o conforto para uma recuperação rápida e um tratamento eficaz. Assim, pegar dengue seria algo diferente da degradação humana que é hoje e soaria como ganhar férias grátis.
O governo fretaria aviões especiais da FAB para levar as pessoas doentes para as férias no resort do deserto. Depois de recuperadas, as pessoas teriam sua volta garantida. Algumas delas premiadas com carros, dinheiro e passagens aéreas.
Em poucos anos, o numero de doentes seria reduzido a níveis inócuos e os mosquitos continuariam a conviver conosco como sempre fizeram, numa boa.
Eu sei que isso é uma ideia meio maluca. Mas talvez desse certo.
(Este texto é um oferecimento da agência de viagens CVC e da Maionese Hellman´s)
Acredito que não iría atrair só o mosquito da dengue, mas outras espécimes. E um certo número de máquinas dessas espalhadas pelo país, poderia interferir na cadeia alimentar em que toda essa qualidade de mosquito estivesse inserida. E também seria complicado identificar os doentes antes dos mosquitos. Seria tão trabalhoso quanto os investir em prevenção e hospitais. Além de que, não demoraria para alguma indústria se tornar fornecedora oficial dos aparelhos e ganhar um tanto a mais de $$$ pela venda – se eu bem conheço esse país corrupto. A corrupção é o que precisaria ser combatida, acho que o fim dela é que é o matador oficial de mosquitos no Brasil. :P
Só tem um problema. Nós moramos no Brasil. Essa idéia aqui não daria certo pelo fato de que a população também é corrupta, não só os governantes. Já tentaram remunerar a população pra fazer serviços de limpeza pública e não deu certo. O governo pagava pra população capturar ratos e oq vcs acham que aconteceu? É lógico que o brasileiro começou a criar ratos pra vender!!!
A galera iria criar mosquito pra ficar doente e tirar férias grátis.
vc é um Gênio! =D
Vc é uma pessoa muito má..!!
O que seria então das largatixas???
HAUhuahUAhUHUAhUAhUAHUAhUAHuHAuHA
Ta de sacanagem né?
[quote comment=”58366″]Ta de sacanagem né?[/quote]
Lógico. :lol2:
“Simples, tornando esta uma experiência agradável. E isso começa com comida grátis, sorteio de prêmios (casas, carros e viagens) para quem fizer o tratamento, além de uma forte e maciça campanha de conscientização sobre a importância de sair do ambiente do mosquito. Veja, o mosquito não tem inteligência e portanto, ele não sai do ambiente, só quem pode fazer isso, são os humanos.”
Sabe o que eu acho que aconteceria Philipe? Muita gente ia criar mosquitos infectados para se infectarem ou venderem a infecção para outras pessoas….. Conheço um mendigo que mantem uma ferida na perna para ganhar comida gratis e acho que havera muito mais gente com essa nobre ideia…. :B
1. Segundo a revista superinteressante do ano passado, quem primeiro explorou o Brasil (antes dos próprios ameríndios, naturalmente) foram os chineses;
2. O interessante da propaganda da máquina é que não mostra nenhum mosquito morto. NENHUM. Como saber então se realmente funciona?
3. Realmente não daria certo. O povo realmente iria se infectar para ganhar dinheiro. E não venham dizer que só no Brasil iria acontecer isso não. EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO, EXISTE GENTE DESONESTA! PAREM DE ACHAR QUE É SÓ NO BRASIL, OK? Grato.
Abração e parabéns pelo trabalho, mais uma vez.
Ah tah
Ah tah =P
[quote comment=”58463″]1. Segundo a revista superinteressante do ano passado, quem primeiro explorou o Brasil (antes dos próprios ameríndios, naturalmente) foram os chineses;
2. O interessante da propaganda da máquina é que não mostra nenhum mosquito morto. NENHUM. Como saber então se realmente funciona?
3. Realmente não daria certo. O povo realmente iria se infectar para ganhar dinheiro. E não venham dizer que só no Brasil iria acontecer isso não. EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO, EXISTE GENTE DESONESTA! PAREM DE ACHAR QUE É SÓ NO BRASIL, OK? Grato.
Abração e parabéns pelo trabalho, mais uma vez.[/quote]
O problema é que com dengue infectou duas vezes é risco de morte, né? Então em ultimo caso é uma solução de redução da superpopulação urbana. Hahaha.
Tipo, o video que eu vi mostra um porrilhão de mosquito morto. Você viu até o fim?
Eu vi uma maquina dessas nos EUA em 1996. Ela tava COALHADA de mosquito morto. Funcionar, funciona. Mas o texto é uma viagem só. Não deveria ser levado a sério.
O texto é interessante, apesar de doido. rs
Na boa, na parte que você fala de colocar os doentes todos num Hangar me lembrou muito do Ensaio sobre a Cegueira. Tenso isso… 0_0
[quote comment=”58513″]O texto é interessante, apesar de doido. rs
Na boa, na parte que você fala de colocar os doentes todos num Hangar me lembrou muito do Ensaio sobre a Cegueira. Tenso isso… 0_0[/quote]
Esta é uma solução usada mesmo, mas só em casos graves de contaminação, tipo ebola.
É por posts interessantes e intrigantes como esse que não deixo de ler esse blog
Caramba, genial!
São textos como esse que me fazem amar esse blog :)
Coisas que eu gosto de pensar no dia-a-dia (maluquices), mas que nunca encontrei em algum outro blog.
Um dia eu estava pensando nessa sua solução de isolamento, mas para a AIDS. Se o isolamento de pessoas soro positivo fosse feito à 30 anos atrás, quantas vidas/dinheiro/tempo teria sido poupado da humanidade?
Pode parecer meio cruel com os familiares e tal, mas é uma troca que beneficiaria muito mais pessoas a longo-prazo. É uma pena que o ser humano só pensa no “eu” e no “agora”. Se o coletivo (sociedade) fosse prioridade e deixássemos as nossas dores e tristezas de lado em prol do bem geral, seria bem interessante :)
Mas aí já entra uma série de outras medidas que seriam comparadas ao nazismo, etc. Por exemplo, o controle de natalidade (seja por inteligência do bebê, força do bebê, renda dos pais, etc). Seria cruel para os pais, mas o resultado no futuro seria imensurável. Vide caso Sparta, que eliminava os bebês fracos, e graças a isso (baseando-se no filme), conseguiu com um exército de 300 pessoas eliminar umas 10 vezes mais pessoas do exército inimigo.
Eu pessoalmente prefiro a inteligência sobre a força. Tem inclusive um sujeito chamado Robert Klark Graham que criou um banco de esperma para vencedores do prêmio Nobel e membros de sociedades de alto QI, com a finalidade de criar bebês que tivessem uma maior probabilidade de ser superdotado/gênio/provido de inteligência acima da média. Claro que a família que iria receber o material genético também passava por uma série de testes e filtros. Infelizmente ele teve que fechar o projeto (acho que nos ano 80 ou 90), devido a repercussão que causou e as comparações com o nazismo.
Nossa, eu poderia passar o dia todo aqui escrevendo sobre essas minhas maluquices :P
Parabéns pelo seu texto. Me fez parar o que eu estava fazendo e refletir loucuras, coisas que deixamos passar no dia-a-dia ;)
Ah, ia me esquecendo de citar duas frases que encontrei nos comentários acima e que resumem minha opinião sobre o texto:
“A galera iria criar mosquito pra ficar doente e tirar férias grátis.”
“A corrupção é o que precisaria ser combatida, acho que o fim dela é que é o matador oficial de mosquitos no Brasil.”
Parabéns aos autores ;)
ainda bem que eu moro em niterói, e desde a última epidemia não registrou-se nenhum óbito de dengue aqui :cool: o que faz a gente concluir que o problema não é a epidemia em si, o problema é o atendimento precário nos postos de saúde e as mas c ondições de saneamento…
Depois que acaba o vídeo da maquina, aparece nos vídeos relacionados um outro vídeo chamado “mosquito problems?”, que é simplesmente HILÁRIO!!!
Vejam! hauahuaha
Interessante o teu ponto de vista.
Eu entrei no site do produto “megacatch”. Gostei do produto e resolvi comprar um, só que o produto mais barato custa U$99,00, que não é nada caro, mas o frete fica em U$150,00! kkk
Claro que ainda caberia “a parte da Receita Federal”. Enfim, não dá pra comprar…
Abraços,