A chegada dos colonos britânicos à Austrália trouxe consigo muitos elementos da cultura e da vida europeias, entre eles, os coelhos. Antes de 1788, não havia um único coelho no continente australiano. No entanto, os ingleses, habituados a criar coelhos para consumo de carne, trouxeram esses animais para a Austrália. O que começou como uma prática agrícola comum rapidamente se transformou em um dos maiores problemas ambientais da história do país. Foi uma cagada sem precedentes!
A Introdução dos Coelhos
Em 1788, os primeiros coelhos chegaram à Austrália junto com os colonos britânicos. Inicialmente criados em fazendas, esses animais não representavam uma ameaça significativa. No entanto, em 1859, um colono chamado Thomas Austin decidiu soltar 24 coelhos na natureza. Austin, um ávido caçador, desejava criar uma população de coelhos selvagens para seu passatempo. O que ele não previa era a impressionante capacidade reprodutiva desses animais.
A Proliferação dos Coelhos
A área do continente australiano é de cerca de 7,6 milhões de quilômetros quadrados, proporcionando um vasto território para a proliferação dos coelhos. Cada fêmea de coelho pode dar à luz até 7 crias e repetir essa gestação até 8 vezes por ano, resultando em aproximadamente 56 coelhos por fêmea anualmente. Essas crias, por sua vez, começam a se reproduzir após cerca de 6 meses de vida.
A população desses animais começou a crescer de forma vertiginosa, geometricamente.
Com tais taxas de reprodução, os coelhos se multiplicaram rapidamente. Em apenas 10 anos, a população de coelhos na Austrália ultrapassou os 2 milhões. A ausência de predadores naturais e a disponibilidade de alimento facilitaram essa explosão populacional.
Impactos Ambientais e Agrícolas
Os coelhos tornaram-se uma verdadeira praga, devastando culturas agrícolas e competindo com a fauna nativa por recursos. Estima-se que, após alguns anos, esses animais destruíram 2 hectares de áreas verdes e cultiváveis no estado de Victoria. A partir daí, migraram para outros estados, incluindo Nova Gales do Sul, Austrália do Sul e Queensland, e no final do século XIX, chegaram ao estado da Austrália Ocidental.
Os coelhos consumiam vegetação como gafanhotos, causando enormes prejuízos à agricultura. As autoridades australianas, desesperadas, ofereceram uma recompensa financeira de 25.000 libras esterlinas a quem apresentasse um plano eficaz para exterminar a praga. Entre as medidas adotadas, destacou-se a construção da cerca elétrica mais longa do mundo.
A Cerca Elétrica: Uma Medida de Contenção
Em 1901, começou a construção de uma cerca elétrica destinada a conter a população de coelhos. Esta cerca se estendeu por todo o país e, segundo o Guinness, é considerada a mais longa cerca contínua do mundo. Sua construção foi concluída em 2007 e tem o objetivo de impedir que coelhos e outros animais destruam as culturas e as pastagens.
Apesar da cerca, os coelhos continuaram a proliferar. Em 1920, a população de coelhos na Austrália já havia alcançado 10 bilhões. A capacidade desses animais de se infiltrar por pequenas aberturas levou à construção de uma segunda cerca, com 1.166 km de comprimento, e uma terceira, com 257 km.
Tentativas de Controle Biológico
Além das cercas, várias tentativas de controle biológico foram implementadas ao longo dos anos. Entre as mais notáveis está a introdução do vírus da mixomatose na década de 1950. Este vírus, mortal para os coelhos, inicialmente reduziu drasticamente sua população. No entanto, com o tempo, os coelhos desenvolveram resistência ao vírus, e suas populações voltaram a crescer.
Posteriormente, outro vírus, o calicivírus, foi introduzido nos anos 1990, também com sucesso inicial, mas enfrentando o mesmo problema de resistência ao longo do tempo.
Impactos Ecológicos e Econômicos
A superpopulação de coelhos tem impactos profundos tanto no ecossistema quanto na economia australiana. Ecologicamente, a presença massiva de coelhos afeta a regeneração de plantas nativas, o que, por sua vez, impacta negativamente a fauna local que depende dessas plantas para alimentação e abrigo. Espécies nativas de marsupiais, por exemplo, encontram-se em declínio devido à competição com os coelhos.
Economicamente, os danos causados pelos coelhos à agricultura são imensos. Estima-se que as perdas anuais para os agricultores sejam de 200 milhões de dólares ao ano. Além disso, os custos associados às tentativas de controle, incluindo construção e manutenção de cercas e programas de erradicação biológica, são substanciais.
A Situação Atual
Hoje, a população de coelhos na Austrália ainda é significativa, mas está sob controle relativo graças a uma combinação de métodos de manejo. A pesquisa contínua em biocontrole, junto com práticas agrícolas adaptativas e a manutenção de barreiras físicas, contribui para manter a população de coelhos em níveis manejáveis.
No entanto, a luta contra a superpopulação de coelhos é um lembrete constante do impacto que espécies introduzidas podem ter em novos ecossistemas. A experiência australiana destaca a necessidade de um planejamento cuidadoso e de uma abordagem proativa na gestão de espécies exóticas.
Conclusão
A história da superpopulação de coelhos na Austrália é um exemplo clássico de como uma introdução aparentemente inofensiva pode levar a consequências ambientais catastróficas. Desde a introdução inicial dos coelhos pelos colonos britânicos até as inúmeras tentativas de controle, esta saga destaca a complexidade da gestão de espécies invasoras. O contínuo esforço para controlar a população de coelhos serve como uma lição valiosa sobre a importância da preservação ecológica e da vigilância constante na introdução de novas espécies em habitats delicados.
Tudo porque um europeu com mau odor estava com tempo ocioso de sobra. Europeus, no milênio passado, eram as verdadeiras pragas do planeta
A Australia é um lugar engraçado, cheio de animais que matam humanos e no entanto qnd aparece outro animal comum de outro lugar eles perdem feio. Coelho, rato, cavalo, sapo, tudo chega lá batendo no peito e mostrando quem manda. lol