TEM 416-978 – Status: Vendido
Descrição do Item:
O item foi descoberto durante a reforma do Hotel Nanau, que foi operado nos anos 1970 nas ruínas da Nanau Manor. Encontrado sob um fundo falso do piso de um dos quartos, o pequeno caderno é um sobrevivente do tempo, em boas condições.
Caderno de capa preta com encadernação em fita cinza, medindo 6,75 x 8,25” com “Chèrie” escrito a lápis em uma das capas. O caderno pautado está cheio de entradas de diário, poemas e cartas escritas por um jovem, provavelmente Floyd Treible Nanau de 1901 a 1902.
O assunto favorito de Floyd, um jovem abastado de Londres, era seu amor, Caroline M. Bell , com quem ele se relaciona após um interessante encontro que se deu em uma situação inusitada: Floyd conta no diário que conheceu Caroline durante uma rápida excursão em campo, na companhia de seu irmão. Ele diz que Caroline subitamente apareceu para eles, e Floyd não sabe explicar bem como isso aconteceu, se referindo a um milagre de luz, que teria causado um choque nervoso em seu irmão mais novo. Por cerca de um ano Caroline foi hóspede da casa da família Nanau, onde compartilhou da religião e da música. Ao longo do caderno, há alguns pequenos recortes de jornais que mencionam Carrie ou Floyd de alguma forma. Há também alguns cartões e cartas, além de fotografias feitas por Elliot & Fry em Londres, que retratam Caroline e seu inseparável “dispositivo”. Uma busca em Floyd Treible revela que ele faleceu após o misterioso desaparecimento de “Chèrie” como ele a chamava no final de 1902. As duas primeiras páginas do diário estão arrancadas e há algumas páginas soltas e rasgos, como uma que parece indicar uma série de acontecimentos futuros previstos por “Chèrie”. Há também algumas lágrimas de Floyd, enquanto ele se preocupa com a própria saúde, que aparentemente vai se deteriorando. A parte mais intrigante do diário se concentra no estranho “dispositivo” que a mulher carregava e nunca abandonava, não permitindo, inclusive que qualquer pessoa o tocasse. Floyd promete em diversas partes do diário destruir as anotações, mas ele nunca concretizou a promessa. A versão oficial é que Floyd morreu no acidente ferroviário de Salisbury em 1º de julho de 1906, na Inglaterra, quando um trem expresso colidiu com outro que estava parado na estação de Salisbury. Detalhamentos do desaparecimento de F.T.N estão no final deste artigo.
Questões da viagem no tempo
Não se sabe até o momento se F.T.N. era apenas um prolifico escritor de ficção científica. A julgar pela evidência fotográfica, há discordâncias. Sabemos que a CIA está envolvida em experiências com viagens no tempo como podemos ver em seu documento secreto parcialmente liberado pela lei da informação FOIA. Este artigo detalha as investigações da CIA na compreensão das questões de tempo e espaço e da viagem no tempo, respectivamente. O conhecimento desse fato ajuda a “ancorar” o advento do misterioso livro num contexto de viabilidade.
Exemplos de entrada no diário:
Escrito em 21 de março de 1901, qui.
“Sim, amigo, era sobre Chèrie que eu queria lhe contar. Nos últimos meses, estivemos muito juntos – e quase sempre sozinhos. Não seria natural para duas pessoas que amam e adoram o mesmo grande Pai – que amam a música, ambos emocionados e tocados pelos mesmos sentimentos indefiníveis por sua beleza, cujas simpatias coincidem, havendo respeito mútuo e gosto por cada um; não seria natural que eles se sentissem atraídos um pelo outro? Desde 26 de janeiro, sei que me importo com ela. Mamãe e papai também sabem e a consideram uma verdadeira dama em todos os sentidos. [ilegível] muito embora sua dicção seja estranha e seu inglês apresente problemas gramaticais misteriosos para nós. Sei que isso não fará diferença alguma em minha vida – continuarei com meus planos como se nunca a tivesse conhecido. Mas em meu coração e alma existe um amor, como nada que eu já tenha conhecido – a inspiração para toda a minha vida futura. Claro, meu querido amigo, não estamos noivos – apenas este pequeno entendimento de que, se em sete anos, ela ainda desejar estar comigo, e provarmos que somos dignos um do outro, ora – então espero poder desposá-la. No pouco tempo que temos juntos antes de nós [ilegíveis], somos muito cuidadosos em nossos modos, mas sempre pensamos nos dois como pertencentes um ao outro. Eu tenho medo que ela pense que tenho intenções, e por isso me mantenho numa condição de permanente distância, sobretudo se estamos em locais públicos ou na companhia de amigos de meus pais… ”
“[…]e enquanto eu e meu irmão mais novo, Douglas, caminhávamos pela floresta Brenin até a cachoeira Pistyll y Cain, algo extraordinário aconteceu. Nossos olhares foram capturados por uma luz intensa que surgiu no ar, deixando-nos temporariamente cegos. Uma onda de ar nos impactou e sentimos o chão tremer. Quando conseguimos enxergar novamente, ficamos intrigados com a presença de uma mulher vestindo roupas peculiares, que pareciam uma mistura entre as vestimentas de um camponês e de um militar. Doug teve medo que se tratasse de um subterfúgio maligno ou mesmo uma ação de ladrões, que dizem infestar as estradas ao leste do rio Severn e que vêm se tornando um problema em Gloucestershire. Precisei acalmar Doug. A mulher me disse que seu nome era Caroline Bell e imediatamente fiquei hipnotizado por seu sorriso. Ela estava ofegante e parecia um tanto confusa também, e falava coisas que eu não entendia. Embora falasse inglês, sua fala era difícil de entender. Ficamos curiosos e ansiosos para descobrir quem ela era e de onde vinha, assim, convidamos Caroline a nos acompanhar, o que ela prontamente aceitou…”
08 de fevereiro de 1901, sexta-feira
Papai me fez mais pergunta sobre Chèrie hoje. Quer saber sobre a família dela. Ele também está perguntando ao Douglas. Combinamos de falar que eles são exportadores de café do Brasil e vivem do outro lado do Atlântico. O elemento estrangeiro fez papai e mamãe aceitar facilmente o jeito estranho com o qual ela fala. Eu não gosto de mentir para papai. Muito menos forçar Doug a nos ajudar, mas eu não tenho outra saída. Se contarmos a verdade, papai pode acionar a polícia. Ele está intrigado com o estojo e para dizer a verdade, caro amigo, todos estamos. Ela anda com aquela coisa nas mãos o tempo inteiro. Eu justifiquei ao papai que era algum tipo de promessa que ela fez à mãe de Jesus.
Já a minha mamãe, acha Caroline linda. Cuida dela com carinho. Foi Mamãe que a apelidou de Chèrie. Mamãe só fica preocupada com o interesse de Chèrie pelos jornais. Ela lê mais os jornais que a Bíblia, mamãe já reclamou.
“Sinto que Deus nos uniu para algum propósito – tentarei fazer Sua vontade de todas as maneiras. Não diga que sente muito por nós em [ilegível] e para papai: julgamento, apenas envie-me seu querido amor e me faça feliz em [ilegível] e para Caroline. Ainda não sei como nem por que Chèrie se mantém tão ligada ao estojo mágico. Eu e Doug pensamos ser um estojo de algum tipo, como os estojos de prata para tabaco de papai.”
26 de janeiro, quinta-feira, manhã
“[…] e então quando entrei sorrateiramente na biblioteca a ouvi conversando com alguém como ela fazia durante a noite. Ela estava mexendo no estojo magico e eu pude ver uma coisa que me assombrou. Haviam pessoas falando naquilo! Uma voz saia do estojo e eu a princípio, pensei que havia ali uma fotografia, mas em horror, percebi que se mexia. E era colorida. Eu me assustei e ela escondeu o estojo apressadamente. Chèrie estava em choque e com muito medo quando percebeu que eu havia visto o estojo mágico funcionar. Eu estava em um estado similar, em choque e ao mesmo tempo, não podia disfarçar meu estado de maravilhamento diante daquela pequena coisa, que à vista de um leigo pareceria um pequeno livro de orações. Era de cristal escuro e prata. Chèrie implorou em nome de Deus que eu nunca revelasse a ninguém o que havia visto ali, e me comprometi por minha honra, a guardar aquele segredo que passou a ser nosso. O amor se constrói também com segredos.”
08 de junho de 1901, sábado
“[…] com papai e mamãe para Londres. Chèrie foi nossa convidada especial. Nos hospedamos no Savoy, na Strand. Mamãe levou Douglas ao museu. Papai estava em reuniões de negócios com Lord Balfour. Isso tornou nossa manhã perfeita para que Chèrie realizasse sua “missão”. Infelizmente eu não pude tomar parte em seu projeto. Me limitei a ficar no hotel, e aguardei que ela chegasse. Chèrie se atrasou para o almoço, o que deixou mamãe preocupada. Eu disse a mamãe que Chèrie havia ido procurar por uma prima dela. Fui obrigado a mentir para proteger a “missão”. Deus entenderá meus motivos, eu sei. Após o jantar na Strand, ela se aborreceu com minha insistência e prometi não perguntar mais sobre sua missão. Eu contribuí para que ela comprasse algumas roupas novas, o que deixou Chèrie feliz. Fizemos fotografias na Backer Street no dia seguinte. Guardarei para sempre sua imagem.”
09 de agosto de 1902, sábado
“As mais importantes palavras de Chèrie para mim foram: “Viva no presente, não no passado nem mesmo no futuro – mas sempre no presente. Tu sabes que não pertenço ao seu presente, mas sim a outro tempo.
Chèrie me falou do tempo hoje, num passeio que fizemos com os cães. Ela diz que o conceito do tempo que conhecemos, dividido em passado, presente e futuro, está estruturalmente errado. Mas isso só será descoberto após o ano dois mil e trinta. O conceito de tempo também está equivocadamente atrelado ao conceito do espaço. Ela desenhou no chão de areia usando um graveto e me explicou como o que chamamos de realidade se mistura. A realidade são como folhas de um livro onde existem diferentes realidades. [ver desenho] Eles conseguem mudar as folhas do livro usando um processo complexo que não entendi. Chèrie é muito inteligente, e esse traço de sua personalidade me fascina. Chèrie havia me dito que o futuro nem o passado existem de verdade, apenas o presente, mas pelo que entendi das explicações dela, tudo existe simultaneamente num tipo de [ilegível]. Tive medo de parecer bobo ou caipira perto da vastidão de seus conhecimentos, mas me pego pensando nisso todas as noites. ”
Mais tarde no dia-
O sol saiu e o dia está lindo afinal. Que seja um forte prenúncio de como será nossa vida futura. Deitei na cama pensando em você esta manhã. Meu coração estava cheio de tristeza, mas estou ganhando coragem e vontade de vencer a luta. Eu não queria descer para o trem e, no entanto, apenas mais um vislumbre de seu rosto, busco em minhas memórias. Sinto que não estive muito forte hoje. Sinto ainda os efeitos de ontem.
Ontem à tarde, às 15 horas, fui até a casa do Dr. Durme. Ele furou meu dente até as 4 horas – então Lillie e eu fomos para o Bayside Club. Doug venceu o torneio – Jay em seguida. Nós quatro nos separamos em Dimmicks Creek novamente no escritório do Dr. D. Enquanto estava lá, F.- telefonou.
A dor era [ilegível]. Ouvi dizer que Bob [ilegível] veio e pediu a conta de Treible – em seguida, o Dr. disse “Olá Floyd” – “Floyd Treible está aí?” [ilegível].
A coroação foi muito dolorosa – intensamente. Quando o Dr. me perguntava alguma coisa – eu não conseguia responder – meu queixo tremia. Eu me senti estranho – minha respiração veio com dificuldade. Então minha cabeça estava em seu braço – uma lágrima escorreu. Eu não conseguia levantar, tive que apoiar [ilegível] minha mão para esconder as lágrimas. Não fica bem um cavalheiro chorando de dor, mesmo que essa agonia levarei comigo para sempre. Ele deu um tapinha na minha bochecha e bagunçou meu bigode. Eu não me lembro de tudo. Levantei-me da cadeira e chegando à porta vi Bob que veio em meu socorro. Quando cheguei à cadeira, estava todo trêmulo e tão fraco que não consegui levar o conhaque aos lábios e, quando o fiz, só tomei dois goles. Eles me acolheram no sofá – cheirando sais – etc. e por fim eu fiquei melhor. Chèrie seguiu para casa comigo pegando meu braço e andando muito devagar. Descansamos nos degraus da igreja e na casa ao lado do prédio da escola. Ela estava com frio e eu tirei o casaco e coloquei em volta dela. Naquele momento Chèrie me sussurrou nos ouvidos o que eu já pressentia. Nosso tempo juntos estava se esgotando. Ela se dizia apaixonada por mim, e eu por ela, mas eu já havia aceitado a verdade de que ela era de outro tempo e precisaria partir em alguns dias. Minhas febres iam e vinham, talvez como produto da intensa tristeza que senti quando descobri a verdade.”
“Chèrie me conta coisas e pede segredo. Eu jurei segredo e não contarei a ninguém jamais. Por isso vou destruir esse diário em breve. A pior de todas as previsões de Chèrie ela me disse na Igreja, e eu escrevi toscamente na primeira pagina, por isso ela não está aqui. Mas compartilho com vocês uma lista de eventos que estão por vir (os que pude me lembrar):
1914-1918: Uma terrível e sangrenta guerra tomará de assalto o mundo, mudando tudo que conhecemos. Ela fala de rios de sangue. Será devastador, mas muitos sobreviverão. Eu perguntei se irei perecer nesse conflito mas ela se negou a dizer, mas desconfio que ela sabe como eu perecerei.
1929: Essa guerra já terá acabado, mas a fogueira deixará brasas. Acontecerá um problema na economia do mundo e pessoas morrerão de fome. Ela disse para que oriente papai a guardar dinheiro para comprar propriedades. O dinheiro perderá valor.
1939-1945: Uma nova guerra de muitos países do mundo acontecerá novamente. Essa guerra virá trazendo consigo horrores inimagináveis e uma nova era de destruição.
1945: Aqui ela disse que uma coisa impressionante mudará a linha do tempo. Ela diz que é uma bomba como nunca se viu e essa bomba será tão poderosa que acabará com a guerra. Mas ela trará um outro problema.
1969: Essa previsão dela eu confesso que é a que menos acredito. Temo que Chèrie possa estar brincando comigo ou talvez criando fatos improváveis para testar minha fidelidade e credulidade. Ela diz que seres humanos andarão na Lua. Estou a imaginar que talvez Chèrie anda lendo livros de histórias e mistura coisas afim de me confundir. Daqui em diante, é tudo tão impossível que temi rir dela e despertar sua fúria, como quando tentei pegar o [ilegível] — mas o dispositivo só funciona na mão dela, por algum tipo de mágica.
1980s: O mundo se dividirá em dois times inimigos. Irão surgir maquinas de todos os tipos. Muitas melhores do que as maravilhas que já temos hoje. Nessa guerra, novas bombas mais poderosas que a que acabou com a guerra são criadas. Essas bombas afetam a linha do tempo cósmico desestabilizando a realidade.
1980s-1990s: Ela fala de uma grande biblioteca que todas as pessoas podem ir por meio de maquinas. Essa biblioteca terá tudo que se pode ler. Todas as pessoas, até os pobres poderão ver essa biblioteca e as pessoas se falarão à distância como se distância alguma houvesse. Surgirão maquinas também para tratar doentes. Nesse ano, as pessoas viverão muito e haverá muitos velhos. E quando morrerem os últimos sobreviventes daquela guerra mundial, as pessoas se esquecerão dos horrores. E será lançada a semente de uma nova guerra, essa ainda pior. Essa guerra terá mais bombas ainda piores que as mais brutais já concebidas e elas selarão o destino de todo o mundo. Abrirão uma fenda na realidade. E por essa fenda todo o [ilegível] por isso ela veio. São eles que trazem para o mundo o processo de mistura no tempo pelo qual ela veio, mas foi o [ilegível].
2000: Ela conta que as pessoas voam em maquinas de todo o tipo. E novos planetas são descobertos. O ser humano não vai mais na Lua nem em qualquer outro planeta. (algo aconteceu na lua? Preciso perguntar a ela se [ilegível]) Ela fala dos estojos. Eles aparecem aqui.
Esses eventos têm o potencial de moldar nosso mundo de maneiras profundas e duradouras. É fascinante imaginar como a humanidade enfrentará esses desafios e avançará para o futuro.
Com curiosidade sobre o que está por vir, [ilegível] com a ajuda de Bob para que ela me conte mais.”
13 de agosto de 1902, quarta-feira
“Chèrie me contou que há mais de uma “delas”, também na mesma “missão”. Ela não conta sobre a missão, mas eu temo que seja algo violento. Ela faz muitas perguntas a papai sobre os nomes de pessoas influentes. Papai está ficando intrigado e eu já avisei Chèrie disso. Ela me disse que tem uma amiga que também viajou no tempo. Ela se chama Alexis. É tudo que sei por enquanto. Considerando que Chèrie veio do futuro, não tenho duvidas que sua missão envolve afetar o presente para organizar alguma coisa no tempo dela. Sempre que pergunto ela dá respostas evasivas. Mas meu amor por ela supera tudo isso. No momento que somos apenas namorados, meu coração não tem espaço para duvidas e desfruto de sua inteligência e bom humor. Ela sabe muitas coisas e quase sempre me ensina, como maquinas voadoras mais pesadas que o ar, que ela diz que vão acontecer mesmo, em breve. E não estou falando de balões. “o segredo esta no formato das asas”, ela disse.”
21 de agosto de 1902, quinta-feira
“Eu vi o dispositivo! Foi depois do jantar, na biblioteca. Papai estava se sentindo doente e deitou-se cedo. Mamãe ficou com Douglas que também estava com febre. Chèrie me disse que ela está deixando todos em nossa casa dentes. Pelo menos ela acredita nisso. É algo com a linha do tempo, era como uma luz invisível que ela estava emitindo, ela me disse. Essa luz faz mal às pessoas sem elas nem sentirem. Mas de alguma maneira, a moléstia invisível não a afeta.
Chèrie e eu estávamos sozinhos. Ela então me fez um sinal e apontou o estojo magico em minha direção. Uma luz sobrenatural estourou daquela coisa. Ela então virou o estojo com a parte escura para mim e petrificado, eu vi minha própria imagem ali. Era como um espelho. Muito melhor do que qualquer fotografia que eu já vi em toda minha vida! Nada, nenhum lugar possui tamanha qualidade fotográfica, nem Londres, nem Paris, nem nos Estados Unidos, com certeza. Está acima de tudo que eu já vi e tenho certeza, acima de tudo que verei. Acredito que foi o momento mais extremo da minha vida. Eu gostaria de poder contar as pessoas da maravilha. Mas não posso, e ela sabe. Vendo meu espanto, ela se divertiu. Ela moveu os dedos na superfície de cristal e ante seus dedos, sem botões nem alavancas, como numa mágica, maravilhas aconteciam, maravilhas indescritíveis. Ela me mostrou coisas ali que eu não consegui entender, mas ainda estão nos meus olhos quando me deito antes de dormir. Eu vi cenas do futuro de onde ela veio. Tudo brilha. Tudo é intensamente colorido. As pessoas ainda são iguais, mas todos andam como se fossem palhaços com roupas engraçadas.
Então eu já estava prestes a desmaiar de emoção quando ela me mostrou que o dispositivo, como ela chama, tocava música. Soou como o piano de mamãe, mas melhor, muito melhor! Havia uma orquestra ali dentro. Não me pergunte como. Eu entendi por que ela não se separa do dispositivo. Ele é muito poderoso, e é parte da missão. Eu a agradeci por ela me permitir ver o dispositivo de perto e fomos dormir. Eu não dormi, obviamente.”
“[…] Bob e Doug devem ter se perguntado. Dolfus e eu jantamos sozinhos. Depois tocamos o piano para mamãe que está doente. Vamos esquecê-la? Nunca pode ser esquecida. Passamos o resto da noite juntos na sala. “Agora é hora de dizer ‘adeus’, mamãe disse.” Eu serei forte. Não choro na frente deles.
Ajoelhamo-nos ao lado do sofá e oramos um pelo outro. O que posso dizer de nossa despedida? Foi estranha. No final, eu a apertei tão ferozmente em meus braços “eu te amo, eu te amo” E a deixei ir tão de repente. Enquanto você se afastava você ficava olhando para trás – Ah, meu amor – Adeus. Eu te amo” E me deixou ir tão de repente.
Ah, meu amor – Adeus.”
data desconhecida
“Nove dias sem Chèrie. A partida foi como ela quis. Sem aviso, inesperada. Ela apenas me pediu para levá-la ao parque e na cesta ela levou as roupas estranhas. Eu percebi que era a hora do adeus nos olhos dela. Estava fraco. Eu já estava com muita dificuldade de comer. Meus olhos ardiam e as noites de sono eram mal dormidas.
Você não me entendeu quando te deixei tão abruptamente – nem eu entendi exatamente o porquê. Talvez afinal fosse apenas o culminar de todas as emoções dentro do meu coração.
Querida, esta (nunca acabará [a lápis – ilegível] interminável, incessante) luta deve cessar. Eu não posso suportar sua ausência por mais tempo. Estou morrendo, eu sei.
O amor que tenho por você me deixou quase impotente. Minha vontade, mente e coração se misturaram tanto com os seus que não sei qual é qual.
Você sabe que é mais do que a própria vida para mim – que você me deu a maior felicidade [ilegível] que jamais conhecerei. Realmente parece, meu Coração, como se nossas almas estivessem sintonizadas uma com a outra – pois você, com um amor verdadeiro e compreensivo, olhou para as profundezas de minha Alma. Sua mão tocou as cordas do meu coração, desenhando assim um acorde da mais pura música.
Deus é amor e tudo é possível ao Pai. Portanto, minha fraqueza será transformada em força, existe nossa relação neste mundo que você e eu daqui em diante confiamos que nunca revelarei a ninguém a verdade que você me confiou. Eu rogo ao Pai que um dia, em qualquer hora, a gente se encontre. Seja onde for, em que tempo for. Qualquer dia, qualquer hora. No meu presente ou no distante futuro de 2035 para onde você voltou. Portanto, deve ser como se tal coisa não existisse – não posso escrever, mas vou lhe dizer:
Uma vez que a alma humana está em harmonia com o Infinito – você e eu estamos unidos em uma alma espiritual – uma alma de Deus – unidos por um amor que ultrapassa todo o entendimento, e o tempo. Você é a parte mais sagrada da minha existência. Querida Chèrie, espero que no futuro, em meio a maquinas que andam e falam, maquinas que fazem o impossível você o mantenha meu nome sempre sagrado em seu coração.
Tu tens apenas que esperar e o que é verdadeiramente teu será teu em verdade, muito mais doce pela espera. Meu Coração – seja minha Força! Você é forte, corajosa e boa – Através da sua nobreza eu posso viver e só assim.
Este conflito da sua partida para o ano 2035 me preocupou tanto- Chèrie- mas agora terei -Paz.
Floyd.”
13 de novembro-1902 quinta-feira
“E mais uma despedida. Ela se foi. A minha doce Chèrie. Só me restou sua fotografia. Não fosse essa fotografia eu imaginaria estar sofrendo de moléstias do pensamento. Os céus estão derramando lágrimas por mim – não posso. Estou tão triste e desolado. Por que choveu hoje o dia todo? O sol não poderia ter mostrado apenas um pouco? Deus te abençoe, querida, é tudo o que posso dizer.
Sua vontade será feita. Eu pretendo destruir o diário e já queimei as primeiras paginas com as previsões sobre os seres do outro mundo e a [ilegível] para um final tão terrível.
Nossa felicidade e nossas vidas dependem dessa separação, mas lamento que assim seja. Após sua partida voltei a me recuperar gradualmente. Estou tomando elixires e tenho dormido cedo por recomendação do papai. Assim que estiver melhor viajarei com Douglas para Paris. Soube pelos jornais que há um cinematógrafo sobre pessoas que viajam para a Lua como você me disse que iremos daqui a seis ou sete décadas.
Seu amor é manter meu coração cheio de luz do sol. Minha fé e confiança em você impedirão que minha vida seja ofuscada – devo ser feliz por sua causa. Por sua causa, devo trabalhar e [ilegível] tudo o que sou capaz de fazer.
Estou cheio de esperanças e planos, minha querida. Eu te amo tanto.
Não há ninguém, nada no mundo que possa abalar minha fé em você.
Então, ajude-me Deus a ser tão fiel e verdadeiro com você quanto você foi comigo.
O céu está clareando, querida – talvez antes que o dia acabe, o sol volte a brilhar. Mas querendo ou não, o sol de Deus é o amor estará em nossas vidas para sempre e sempre. Como será quente e claro as memórias daquele dia em que você e eu nos tornarmos marido e mulher.”
Desaparecimento ou morte
Investigações posteriores sobre Floyd Nanau foram localizados no jornal The Register, Adelaide, Monday, October 1, 1906:
“HOMEM DESAPARECIDO.
Desaparecido de sua casa na rua Lloyd desde as 9 horas da manhã de ontem, Floyd Treible Nanau (24) não foi encontrado até tarde da noite passada. A polícia e parentes do homem desaparecido estavam procurando durante a noite por qualquer vestígio dele. Uma testemunha relatou ter visto o homem próximo à plataforma da estação de Salisbury e por volta das 8h30 quando uma explosão de luz ocorreu. Cerca de 12 pessoas relataram a explosão luminosa que precedeu o desaparecimento de Floyd Treible Nanau.
Uma investigação oficial foi realizada pelo Major Pringle, inspetor ferroviário sob a Junta de Comércio, sobre o acidente ferroviário em Salisbury em 1º de julho, quando o expresso para Londres, que conectava com uma linha de navios a vapor americana, foi destruído e 28 pessoas morreram. Ele constatou que o desastre foi causado pela velocidade imprudente com que o trem estava seguindo.
O corpo de Floyd T. Nanau não foi localizado.
A polícia descartou os relatos da explosão de luz e acreditam que Floyd tenha perecido no acidente ferroviário. O homem é descrito como tendo cerca de 5 ft. 9 in. de constituição sólida, com olhos castanhos e pele morena. Quando visto pela última vez, ele estava usando uma camisa verde e um paletó preto, calças azul marinho, um chapéu cinza claro e sapatos pretos. Qualquer pessoa que saiba do paradeiro do homem desaparecido é solicitada a entrar em contato com a delegacia de polícia mais próxima. Lorde Nanau está oferecendo uma boa recompensa de 500 libras para quem localizar o paradeiro de seu filho”
O fim da família Nanau
Investigações posteriores mostraram que o corpo de Floyd nunca foi localizado, mesmo com a polpuda recompensa de 500 libras. Os 28 falecidos no acidente foram reconhecidos e Floyd não estava entre eles. Assim, o desaparecimento do filho mais velho de Lord Nanau se tornou um mistério. As autoridades consideraram a possibilidade do corpo de Floyd ter se desintegrado no acidente e o caso foi encerrado. Douglas T. Nanau, procurou e investigou por conta própria o incidente com o irmão até ele mesmo desaparecer durante a Guerra. A Mansão de Lord Nanau foi abandonada com a morte do patriarca e nos anos 70 se tornou um hotel que entrou em reformas. Devido a problemas financeiros que minaram o empreendimento, Nanau Manor resta ainda hoje em ruínas no mesmo local. Videos sobre a mansão Nanau e seus supostos fantasmas podem ser vistas na internet ainda hoje: https://www.youtube.com/watch?v=MGZqUbgf9SA
Eu quero acreditar que Chérie buscou Floyd e o levou pra 2035. Ou Floyd foi deslocado no tempo, mas não para 2035, mas para uma época bem pior
Por favor, qual a origem da foto da moça usada no texto?
eu fiz no photoshop e no midjourney;
Parabéns pelo texto, muito interessante. Da um filme. Já tem pessoas usando essa foto para outras estórias. Gostaria de saber a origem da foto e das fotos do diário.
O diário foi de um leilão real. E as fotos da Chèrie fiz no photoshop e no midjourney.
Nossa, você não tem noção no quanto eu procurei a origem dessa foto. Ela apareceu nas minhas redes sociais com uma lenda bem torta sobre uma cantora lírica francesa que virou uma. Vampira brasileira “Camille Marie Monfort”, não sei se vc está ciente que estão usando a foto do seu livro pra isso. E como eu sou a louca das lendas, é tava na cara que a moça não era da época que a lenda alegava, procurei igual uma doida. Eu achei seu livro rápido, mas não conseguia entender se era real ou não. Mas consegui entender a palavra escrita na parte de trás da foto “gump”, e depois sua explicação em ter criado a foto artificialmente fez todo sentido. Finalmente vou descansar em paz kkkkk
HAhahaha caramba, que investigação. Volta e meia Cherrie está rodando por aí como uma vampira brasileira. O autor do livro da vampira até me escreveu se desculpando. Ele não tinha ideia que ia viralizar.