Chegamos a mais um ano. Dessa vez, 2019 promete ser um ano de grandes mudanças. Será? Vamos torcer para que sim, e com mudanças positivas, de preferência.
2018 foi um ano bastante trabalhoso pra mim. Montei meu estúdio de design, perdi o estudio, remontei o estudio, praticamente tudo quebrou na minha casa, resultando na entrada de ano mais dura da minha vida, hahaha (pq estou rindo, gente?) . O fato é que eu acho (espero) que 2018 tenha sido um ano de plantar para começar a colher em meados de 2019 e 2020. Aconteceu muita coisa legal, fiz amigos, postei bastante por aqui (mas bem menos do que minha meta de 3 posts ao dia) teve semanas que esse blog passou às moscas, pq agora eu não trabalho no computador somente e meu tempo ficou bem mais escasso. Fiz curso de roteiro de cinema, comprei impressoras 3d… Mil aventuras. Tive pedra no rim, um medico maluco disse que eu podia estar com câncer no baço, mas eu não estava… Ou seja, um ano do caramba. (teve coisa boa e coisa épica que nem posso falar porque ninguém vai acreditar)
Na virada a tradicional questão de fim de ano para a classe média: Viajar ou ficar em casa? Meu carro resolveu a parada quebrando (de novo) a embreagem e direção e me dando um prejuízo de quase 4 mil reais, o que sacramentou: Não, eu não poderia viajar.
Efetivamente, ficar em casa significaria escolher entre uma virada de ano de frente pra tv vendo o deprimente show da virada ou ir para a festa do condomínio, ver as vizinhas requebrar o esqueleto, mas como o Davi está crescidinho, eu queria que ele visse como é uma queima de fogos “profissa”. Assim, fomos para a praia de Icaraí ver a virada do ano.
Ah, MAS QUE IDEIA BOSTA!
Comecei a ver que ia dar aventura gump cedo. Ainda era nove e pouca da noite e não tinha onde enfiar meu carro – que estava vazando óleo com risco de agarrar a direção a qualquer momento. (não deixei na oficina pq ela estava lotada e com equipe desfalcada em final de ano). Com essa merda que está pior que a brasília do Lineu da Grande família, a solução foi dirigir sem fazer muita presepada no trânsito, mas aí está a dificuldade. Não tinha vaga. E quando tinha era com flanelinhas. Desde aquele problema com o flanelinha, tendo evitado essas pessoas, afinal, não pretendo tirar o meu “neurônio do perrengue” do recesso de fim de ano dele.
Acabei tendo que parar em outro bairro. Longe pra caramba e andar com Nivea e Davi mais mochila cheia de bagulho (água cangas e biscoitos) para a praia.
À medida em que nos aproximávamos da praia, fui notando que o crowd era muito pior do que eu imaginava. Davi reclamando que estava cansado de andar, um porrilhão de gente e vendedores ambulantes vendendo toda sorte de porcarias.
Acabamos entrando por uma brecha no paredão humano e avançando para a areia em busca de algum espaço para botar a canga. Eis que Davi começa a reclamar que estava com sono.
A multidão foi aumentando, aumentando. Chegou uma hora, que sem zoeira, me senti naquela confusão do salve-se quem puder do filme “A guerra dos Mundos”.
O mais impressionante era ver nego cheirando cocaína do lado da família fazendo ceia, enquanto umbandistas tocam tambor, e meia duzia fuma maconha, e centenas, talvez milhares de pessoas tomam doses cavalares de álcool. Vi meninas que certamente não tinham nem 15 anos, mamando em garrafas de vodka de modos que nem um mendigão profissional consegue fazer com seu corote. Apesar do abuso em bebida alcoólica, segundo O fluminense, não houve nada sério.
Entrar no meio da “geral” assim é uma experiência assustadora e ao mesmo tempo antropológica, pq ali está o que a gente generaliza e chama de “povo”. Do nada o Davi se estica no chão em cima da canga e desliga.Sim, o meu filho não dorme. Dormir é um verbo que se aplica a pessoas comuns. Meu filho desliga. É tipo coma. Ele fiou durinho ao ponto dum bêbado ficar uns dez segundos ali prostrado diante dele, tentando entende o que estava vendo.
– Morreu? – Certamente ele quis perguntar. Até porque eu estava ali do lado, com aquela expressão que não era das maiores felicidades por estar num ambiente que me transmite a pior sensação do mundo que é o pânico de multidão, e aos olhos do mendigo, eu devia estar de luto no velório.
Afinal, tem doido pra tudo. Nego leva fragão com farofa, leva tender, leva bolinho de bacalhau, faz batismo, pq diabos alguém não ia acabar fazendo velório à beira mar na hora da virada né gentem?
Quando a quantidade de gente se tornou absolutamente insuportável, e eu estava intoxicado com a nuvem de THC dos meus vizinhos do lado, o Davi por pouco não é pisoteado por gente que anda no meio da multidão olhando pra trás. Empurrei o maluco, que não gostou, mas evitou a briga quando viu que eu apenas o tirei de pisar bem m cheio no meu filho desmaiado no chão.
Daí eu dei meu mini-faniquito de “vou-me embora desta porra!” – E nós saímos dali, e buscamos um ponto longe da praia onde conseguimos sentar no chão do lado duma familia que estava toda jogada no chão, quase que numa reconstituição da Chacina de Realengo. Do lado, um cara super legal* botou numa caixa de som enorme um funk proibidão, pra “aclimatar”. Outro belo exemplo de ser vivo abstrato que até parece gente, lançou rojões e foguetes que estouravam a poucos metros da nossa cabeça. E o Davi desmaiado.
Ali vimos que faltava pouco para o ano virar mas o Davi não acordava. Isso dava aquele gostinho mágico de que toda aquela fodeção teria sido em vão.
FFFFFUUUUU. Deu a hora, fogos estouraram e pessoas felizes super educadas, uns com dinheiro e outros sem, provenientes das melhores Escolas da República Socialista do Estado do Rio de Janeiro, jogaram toda sorte de merda liquida para o ar, e eu só torcia para o meu banho não ser de mijo.
O Davi apagadão. Durinho, igual um boneco.
Mas o espetáculo dos fogos é lindo. De Niterói, a vista é sublime porquê se vê também os fogos do Rio.
Acabou os fogos… O que acontece? Sim… O Davi acordou. kkkkk
Finalizado o espetáculo, saímos em meio ao novo êxodo de gente de branco. Aí vi mais e mais gente bebendo volumes copiosos de álcool e usando drogas como se não houvesse amanhã. Ia ter o show do Lulu Santos. Mas eu queria era meter o pé do meio daquela geral infinita. ME senti um refugiado do Vlora. No caminho, fui empurrado na direção de caras que estavam combinando de roubar o celular dum sujeito que efetivamente, estava dando MOLE PRA DEDÉU com um iphone. Devido ao barulho, o vagabundo gritou o plano e mostrou com o indefectível BEIÇO o cara. Eu estava bem atras do meliante, e por sorte ou ironia do destino fui empurrado novamente na direção da vítima. Assim, eu cheguei no carinha que fotografava a namorada antes do bandido. Eu sussurrei no ouvido dele… (Sussurrei = DEI UM BERRO) “OU! Guarda essa merda aí que o vagabundo vai te roubar, caralhoooo!”
Primeiro, o cara deu um pulo e assustou achando que eu estava mandando ele me dar o aparelho, mas então, a ficha logo caiu e eu mostrei a ele com um movimento ocular estratégico que o dono do beiço mais espetacular da orla de Icaraí estava vindo na direção dele afim de abiscoitar aquele lindo monolito da burguesia.
Fui empurrado novamente no bololô humano, antes que o cara pudesse acabar de me agradecer. Tudo isso arrastando o Davi parcialmente acordado, que cambaleava sendo puxado pela mão em meio a um mar escuro de pernas. (Que era o que ele certamente estava vendo)
Acabei tendo que atravessar o bairro todo, até Santa Rosa, carregando o Davi no meu pescoço, o que talvez explique minha condição moribunda de quem parece que acabou de começar a malhar hoje.
Seja como for, conseguimos voltar para casa e desfrutar do prazer supremo: Um banho e cama com lençóis limpos!
Nesse post, experimentaremos um giro de fotos que mostra a virada do ano pelo mundo.
FELIZ ANO NOVO!