Quando eu vi Star Wars pela primeira vez, algumas coisas me fascinaram de modo indelével. A primeira elas foi um Tauntaun, aquela montaria que o Luke usava no planeta congelado de Hoth. O bicho era sensacional e eu acreditei que aquele treco existia mesmo. Eu só tive idade para ir no cinema quando já estava em cartaz O Império Contra-Ataca.
Outra coisa que me fascinou quase ao nível do trauma foram os sabres de luz e claro, o Darth Vader. Eu acho que não entendi lhufas da história, porque eu era muito novinho, mas aquela luta do Luke com o Vader… Eu nunca mais esqueci . Outra coisa bem legal eram os tiros de laser para todos os lados.
Eu levei mais de uma década para descobrir que laser é luz e portanto não faz barulho. Mas dane-se, os lasers em Star Wars fazem barulho e digo mais, que barulho LEGAL!
Imagine-se como um designer de som de filmes tendo que pensar como seria algo que não existe: O som de uma luz. O cara foi ninja.
Segundo me contou certa vez o meu amigo Lúcio lá no Além da Imaginação, o som do laser de Star Wars não foi inventado, mas sim descoberto, e foi graças, acredite se puder, ao rádio!
Sim, o rádio. Eis que Ben Burtt, o sound designer do filme andava tranquilamente pela rua, quando do nada um som inacreditável e completamente incomum atingiu seus tímpanos. Ele parou e olhou ao redor, completamente bolado. Então, o som aconteceu novamente. O cara foi seguindo o som dos disparos até descobrir de onde eles estavam vindo. Vinham de uma grande torre de rádio. Um peão estava trabalhando na torre e no processo de trabalho, martelava um longo cabo de aço. Cada marretada no cabo de aço era exatamente o som do disparo de armas laser. Quando Ben precisou finalmente gravar o som para o filme, ele subiu naquela torre de radio e com um martelo começou a bater no cabo de aço retesado. Isso gerou a base dos sons que mais tarde seriam gravados e usado na trilogia. fonte
Isso é ao mesmo tempo, uma curiosidade interessante do cinema, mas não só isso. É a materialização de uma coisa que podemos encontrar em livros que vão do marketing à administração e vazam até para livros de auto-ajuda: O conceito é simples. Quando você está concentrado num trabalho, dedicado de corpo e alma mesmo, seu cérebro começa a buscar padrões sem que você nem perceba.
Muitas vezes a própria solução te e contra sem que você precise sair procurando por ela. Cabe a você ter a capacidade de percebê-la em meio ao ruído de fundo.
Sua mente quando está focada num trabalho, fica permeável para pequenas influências externas que passariam completamente incólume para quem não está preparado. É uma coisa quase Zen, e nos revela o quanto precisamos estar sempre abertos para que o universo possa dar aquela ajuda fundamental. Muitas vezes, uma simples frase de alguém pode significar uma ideia de bilhões de dólares surgindo numa cabeça que estava com o terreno preparado para que ela florescesse.
Essas pequenas guinadas do destino estão por aí, voando, esperando somente que uma antena as capte e converta sonhos em realidades. Assim sendo, nunca fique limitado a si mesmo. Busque no espaço externo, deixe que as ideias venham até você. Quantas vezes ouvimos casos espetaculares como o da invenção do microondas (um técnico de radar estava trabalhando num emissor de microondas quando um chocolate no bolso dele se liquefez do nada) ou a invenção do vidro de segurança de todos os carros modernos (um cientista desastrado esbarrou num becker que tinha sido usado para armazenar uma especie de cola de celulose dias antes, e ao cair, o recipiente de vidro quebrou todo, mas não se partiu, não soltou nenhum caco)…
Bom, falando em laser de Star Wars, hoje achei uma notícia no mínimo curiosa. Na época em que George Lucas escreveu Star Wars, o laser ainda era uma fantasia distante. Hoje estamos no futuro e o laser está bem aí ao seu lado (no gravador de dvd do seu computador) nas canetinhas de projeção em clinicas de estética, no consultório do seu dentista, na boate e em muitos outros lugares. O laser hoje, faz parte da nossa vida. Claro que não demoraria à vida imitar a arte e o laser ir parar nas armas militares também!
Eis que o Boeing High Energy Laser Mobile Demonstrator (HEL MD) usa potentíssimos raios laser para atingir alvos. Se ele usa disparos a laser, você realmente não sabe que a arma funcionou até que o alvo exploda. Assim, os cientistas se viram diante da questão: Como podemos ter certeza de que o laser está sendo emitido? Em busca de uma solução, a Boeing resolveu adicionar o som do raio das armas lasers que as pessoas já estivessem familiarizadas. Qual som melhor que os das armas de Star Wars?
Idealmente, a tecnologia será usada para explodir aviões ou mísseis inimigos (quem sabe até Ufos) com um cabulosamente potente raio laser de 10 kW que será extremamente preciso. Mas em testes, os engenheiros, por vezes, não tinham nem certeza se a arma estava ligada ou não. Portanto, a próxima versão do HEL MD vai ter um embutido de disparar um efeito sonoro para alertar o usuário de que a arma efetivamente disparou.
“Os pulsos acontecem rapidamente, e a menos que você esteja olhando para uma tela especial, você nunca vai vê-los,” disse o engenheiro da Boeing Electrophysics Stephanie Blount.
O mais interessante é que talvez isso se torne o padrão da indústria para emissões de armas laser, deixando o nosso mundo um pouco mais parecido com o do Luke Skywalker.
Este é um exemplo fascinante da vida imitando a arte, e ainda traz uma funcionalidade muito necessária para a tecnologia de armas. O que nos leva ao bizarro loop que é: Será que lá no mundo de Star Wars as armas na verdade não emitem também um som gravado de cabo de aço sendo martelado somente para que saibam que ela disparou?
Adorei o post. ;D
Isso me fez lembrar, que no universo de Star Wars, tem dois sons de laser, aliás:
* Um deles, é o clássico (não riam da onomatopeia): “Piun-piun!!”, que o é som do “laser geral”, digamos, da franquia, incluindo as pistolas dos rebeldes, dos rifles dos storm troopers, daquelas máquinas bípedes (esqueci o nome delas ‘-‘), das naves do Império…;
* O outro som, não sei porque, mas é tosco demais – são aqueles lasers disparados pelas naves dos Rebeldes e até pela M. Falcon!): “Pu-pu-pu!!”, porra, parecem cuspes!
Claro que prefiro o som clássico do “Piun-piun!!”, é mais massa. ;D
Ha, ha, ha . Adorei o “piun-piun”!
Philipe, uma sugestão de postagem: descobertas serendipity, feitas ao acaso, existe muita coisa por ai que foi descoberta assim, seria interessante abordar esse conceito.
Parece que isso já foi assunto de um outro post.
Lasers de pulso repentino, quando de grande intensidade, algumas vezes emitem um som que lembra um estalo, em função do aquecimento do ar no exato local de passagem do feixe. Mas é só.
A confusão está entre laser só de emissão de luz colorida e o laser invisível com potencial destrutivo?
Aquilo que você falou sobre estar aberto e antenado para o recebimento de percepções elucidativas (falei bonito, hein?) é bem verdade. Já aconteceu comigo de estar procurando uma solução por muito tempo e do nada… num estalo, sem mais nem menos, uma coisa tão simples que nem pude acreditar como não tinha tido aquela ideia antes!
Quando moleque eu fazia isso em um poste perto da casa de minha avó! o que eu já suspeitava, agora tenho certeza! hahuahuuhauuh