domingo, dezembro 22, 2024

Azar ou sorte? O dia que perdi dinheiro na porta do banco

Só quem ja achou dinheiro no chão sabe como é gostoso. Você olha em volta pra ver se alguém deixou cair, e então, não tem ninguém. “Será Deus me presenteando? ” você talvez pense, já contabilizando a bufunfa em seu bolso.
Pois hoje eu estive do outro lado dessa história. Maldita bermuda de tênis. Eu tinha ido a uma reunião debaixo do lazarento calor saariano de Niterói quando na volta resolvi passar no banco para levar o pagamento da minha empregada. Saquei o dinheiro, fiz um bolinho com os 1200 reais e enfiei no bolso. Saí rápido do banco, pq aqui no RJ,  (Terra de Marlboro) tu deu mole, vira peneira. Ainda mais em porta de banco.

Fui pra casa calmamente, desci do carro, caminhei pelo condomínio, encontrei um vizinho amigo, trocamos umas duas frases sobre o calor miserável, segui para o meu bloco. Ao longe, vejo uma velhinha se aproximando. Educado, esperei os vários minutos segurando a porta para aquela senhora, de modo que ela não precisasse recorrer a uma corridinha deselegante.
Verifiquei a correspondência pra ver se saiu mais um boleto pra minha coleção. Subi. Quando cheguei em casa, fui tomar uma água, fazer xixi e etão meti a mão no bolso pra botar a grana da Eliane em cima do armário quando…

16203395 | Aventuras | Aventuras, bizarro, dinheiro

FUDEEEEEEEEEEEEU!

Tudo que havia no meu bolo eram dois papelzinhos de maquina de cartão.

Nessa hora todo mundo reage igual. A gente enfia seiscentas e trinta e duas vezes a mão no bolso, como se magicamente essa atitude pudesse materializar a bufunfa que uma vez esteve ali, e que já não jaz desgostosamente, para nosso descalabro.

Ainda não crendo na situação calamitosa, você refaz mentalmente todo o caminho, olha pelo chão da casa, na esperança vã de descobrir o dinheiro caído no chão da sala ou cozinha, quiçá banheiro. Por 1200 eu botaria até a mão na merda!

Saí como uma bala. Eu não podia assumir a culpa por uma merda estupida como essa. Alguém precisava levar essa carga e Deus me perdoe, nunca xinguei tanto uma porra duma velha lerda na vida. Só podia ter sido culpa dela. Todo o tempo que fiquei ali, esperando, segurando a porta, sim. Certamente foi isso. O donheiro só pode ter caído ali. E de modo que se eu for rápido, talvez consiga chegar nele antes que um aventureiro lance mão.

Assim corri para o elevador ao ponto de dar de cara com a Eliane trazendo o Davi do play. Não consegui sequer proferir a frase, quiçá a frase mais maldita de todos os tempos: “perdi dinheiro”.

Eliane saiu com Davi e pulei dentro, mas ali estava o vizinho da cobertura. Justo o que eu tinha encontrado lá em baixo.

-Opa. Tudo bom?

Ele disse. E o elevador que eu queria que descesse, subiu. Lentamente. Tudo parecia bisonhamente lerdo. Eu só pensava no meu dinheiro no chão, a mercê de qualquer mão que quisesse agarrá-lo. Mas o vizinho retomou o assunto: E esse calor que não passa, hein?

E ali fiquei eu, apenas sorrindo e olhando pra ele enquanto pensava: Esse filho da puta está disfarçando? E se ele pegou o dinheiro? Será?
Não é possível, não é possível…. Eu mentalizava.

O vizinho desceu, caralho, como esse cara anda devagar. Sai logo seu puto. Minha vontade era dar uma bica nas costas dele logo. O elevador demorou a fechar a porta. E meu dinheiro lá, em algum lugar, talvez no mesmo lugar da outra dimensão para onde vão os guarda-chuvas esquecidos no ônibus.

Quando o maldito elevador chegou no térreo corri como The Flash para chegar na porta, e nada. Não tinha dinheiro. “O aventureiro chegou antes”, pensei.

Tornei compulsivamente a enfiar a mão no bolso da bermuda, na esperança da rematerialização, mas nada, nem furado estava. Maldição. Praguejei contra tudo, principalmente contra a camisa larga. Então notei que com o bolso largo, é provável que o dinheiro tivesse caído quando saí do veículo.

Assim, corri novamente, mais rápido do que alguém diante da iminência da diarréia. Eu corri como jamais havia corrido antes. Cheguei junto ao carro e…

Nada. Nem uma moedinha.

Então, tomado de um ímpeto completamente  estapafúrdio, tomei a decisão de pegar o carro e voltar no banco, para – tente não rir- olhar se não estava caído na calçada, ou na rua.

Assim, peguei meu carro e voltei ao banco. E é aqui que a história fica realmente estranha.

Assim que dobrei à esquina, vi que um sujeito de bicicleta estava se aproximando do lugar onde eu havia estacionado meu carro. Acelerei feito o Ayrton Senna pela contra-mão, e praticamente dei um cavalo de pau na frente do maluco, fazendo uma porra duma barbeiragem tão épica que ela teria que evoluir uns mil anos para ser chamada de “merda”.

Desci do carro com uma expressão de quem fugiu do hospício. O conjunto da minha aparência suada, com bermudão de tênis, cara de doido fazendo uma colonoscopia com um abacaxi, somada à manobra que quase matou o ciclista pintou um panorama tão bizarro que o cara nem falou nada. Deu um “S” no meu carro e foi embora.

Olhei em baixo do carro. Vi um amontoado escuro debaixo do meu carro. Maldição, eu ainda tinha esquecido os óculos. Não dava pra saber o que era. Meu ímpeto foi esticar o braço pra pegar, porém, me contive. Logo senti pelo odor de merda que não ali não estava um bolinho de dinheiro, mas sim um bolinho fecal.
Puta que pariu!
Eu já ia recorrer a São Longuinho, mas sem zoeira. Você pode não acreditar, mas foi exatamente assim. Dei de cara com notas de cem reais voando no vento bem na minha frente. Em PLENA CALÇADA DE NITERÓI, um bolo de notas de cem reais estavam espalhadas como se ali tivesse tropeçado, sei lá, um político…

Maluco, eu achei o dinheiro. TODO o dinheiro, não faltava nenhuma nota. E era nota pra caramba, porque dos 1200, 200 eram em notas de dez e vinte!

Recolhi a grana com a avidez de quem vai tirar o pai da forca.

Achar dinheiro é bom. Perder dinheiro é uma merda, mas perder dinheiro e achar o dinheiro… é GUMP!

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Philipe Kling David, autor de mais de 30 livros, é editor do Mundo Gump, um blog que explora o extraordinário e o curioso. Formado em Psicologia, ele combina escrita criativa, pesquisa rigorosa e uma curiosidade insaciável para oferecer histórias fascinantes. Especialista na interseção entre ciência, cultura e o desconhecido, Philipe é palestrante em blogs, WordPress e tecnologia, além de colaborador de revistas como UFO, Ovni Pesquisa e Digital Designer. Seu compromisso com a qualidade torna o Mundo Gump uma referência em conteúdo autêntico e intrigante.

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Comentários

    • Cara, perigou, perigou mas não morreu, hahaha. O que aconteceu é que minha placa de video queimou no meio da minha mudança para um novo estudio, quando estava todo desmontado, uma loucura. Custei a conseguir tempo para comprar outra placa de video e poder atualizar o blog.

  1. Rapaz, acabei de passar por algo parecido, exceto pela parte de achar de volta…
    E refazer o caminho é inviável, por que teria que pegar uma bicicleta, dois ônibus, um trem e uma van (e ainda teria que pegar os mesmos veículos)… Ganhei de presente de natal, não sei nem quanto era… Minha avó me deu e eu meti naquele bolsinho menor da calça jeans (justamente aquele que era pra nunca acontecer isso)… Depois dessa jornada logística, parei na farmácia pra comprar um remédio e aproveitei pra olhar o dinheiro e guardar na carteira… Eis que “cadê o dinheiro?”
    E toca a meter a mão no bolso na esperança de que tenha sido apenas o tato que falhou por um instante…

  2. Hoje eu perdi um dinheiro que não era meu, 160 reais vou ter que arcar com essa merda, maldito bolso pequeno
    O pior é essa sensação horrível, parece que alguém morreu bate uma depressão,
    Quem dera eu tivesse achado

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