Já falei de mortes muito loucas aqui antes, até mesmo gente que literalmente morreu de tanto rir, mas confesso que um cara morrer afogado no Ketchup me pareceu gump o suficiente para merecer um post só dele.
A tragoica morte do cara que afogou no Ketchup ocorreu na fábrica da Akansha Food Products em Lucknow, Índia.
Um trabalhador que cuidava de um enorme tanque de vegetais fermentados de seis metros de profundidade acidentalmente caiu nele e se afogou. Sim, este era um barril de eventual ketchup, o mais saudável e um dos mais amados condimentos do mundo, tirando uma vida.
Esses elementos se combinaram para formar um coquetel mortal, literalmente, do qual não havia como escapar. Todos os seis trabalhadores morreram por conta do encontro com o ketchup ainda em formação, um fato que certamente o deixará olhando com tristeza para o molho do seu sanduba.
Certas partes da Índia não são conhecidas por seus rígidos regulamentos de segurança, mas o tamanho perigoso do tanque, a toxicidade de seu conteúdo e o aparente desconhecimento dos trabalhadores da fábrica levantaram preocupações sobre a fábrica em Lucknow. O proprietário da instalação foi detido pelas autoridades enquanto se aguarda a investigação sobre como e por que o incidente ocorreu.
Diga o que quiser sobre as regras de segurança e sua necessidade de aplicação, mas não há como explicar um acidente dessa magnitude. Esse nível de cagada mortal de circunstâncias simplesmente convergiu para uma tragédia pegajosa e tristemente saborosa. Uma tragédia com a qual podemos aprender na esperança de evitar outras semelhantes no futuro.
A história do Ketchup
Talvez você tenha ficado curioso para saber um pouco mais sobre a história desse condimento tão famoso que é o Ketchup.
Quem olha para um despretensioso frasco de ketchup nem sempre se dá conta de que está diante de um superastro da gastronomia mundial, com uma história drástica de transformação. Em 1896, o jornal New York Tribune elevou o ketchup a condimento nacional presente em “todas as mesas do território”. Foi o ponto alto do molho, que nunca perdeu o reinado. Sua participação no hambúrguer com fritas talvez explique um pouco tamanho sucesso: é daquelas combinações tão perfeitas que parecem sempre ter existido.
O ketchup como conhecemos é uma receita relativamente nova e data do século 19. Mas chegar à equação precisa de doce, salgado, ácido, aromático e umami (conhecido como quinto sabor, umami significa delicioso, em japonês), sabores típicos de um bom ketchup, levou séculos e envolveu uma intricada troca de receitas entre os povos antigos. O ancestral mais notório é o subproduto das entranhas de peixe fermentado ao sol. Parece um tanto exótico e nada atraente, mas esse molho de peixe conhecido como garum ou liquamen era uma iguaria entre os romanos abastados.
Na China, os molhos de peixe fermentado também datam da Antiguidade. Vem do chinês kêtsiap (molho de peixe fermentado) que é a inspiração para a palavra ketchup. Na Malásia, os ingleses encontraram o kechap (molho de peixe condimentado) e, na Inglaterra, começaram a preparar algo semelhante usando cogumelos, ostras, pepino e nozes. O ketchup de nozes, por sinal, era um dos favoritos da autora de Orgulho e Preconceito, segundo o livro A Jane Austen Household Book.
Segundo a Wikipedia, o molho oriental que fez sucesso nas colônias britânicas, usando cogumelos em fermentação, foi levado aos Estados Unidos pelos ingleses, sofrendo alterações e passando a ter, como seu ingrediente principal, o tomate. Deste modo, foi rebatizado de ketchup. Uma antiga versão de tomata catsup de 1817 ainda possui Engraulidae, denunciando sua origem nos molhos de peixe. Em meados da década de 1850, no entanto, os Engraulidae já haviam sido abandonados.
James Mease publicou outra receita em 1812. Em 1824, uma receita de ketchup usando tomate foi publicada no livro de receitas “A dona de casa da Virgínia”, escrito por Mary Randolph, prima de Thomas Jefferson. Cozinheiros estadunidenses começaram a adoçar o ketchup no século XIX.
Conforme o século XIX avançava, o ketchup de tomate começou sua trajetória ascendente nos Estados Unidos. O ketchup tornou-se popular muito antes do tomate. As pessoas hesitavam menos em comer tomate como parte de um produto altamente processado, que havia sido cozido e temperado.
O ketchup de tomate era vendido localmente por fazendeiros. Acredita-se que Jonas Yerkes foi o primeiro estadunidense que vendeu ketchup de tomate numa garrafa. Por volta de 1837, ele já produzia e vendia o produto nacionalmente.
Outras companhias surgiram em seguida. F. & J. Heinz lançou seu ketchup de tomate em 1876. A sua propaganda dizia: “santo alívio para a mãe e as outras mulheres da casa!”, numa alusão ao demorado processo de se fazer ketchup em casa. Com a produção industrial e a necessidade de uma melhor preservação, houve um aumento na quantidade de açúcar, levando à atual fórmula acridoce.
Mas a versão atual do ketchup só foi completada no início do século XX, a partir de um debate sobre o uso do benzoato de sódio como conservador de alimentos.
Harvey Washington Wiley, o criador da FDA dos Estados Unidos, questionou a segurança do benzoato, que havia sido banido através do Ato de Comida e Droga Pura de 1906. Em resposta, empreendedores como Henry J. Heinz pesquisaram uma alternativa para o benzoato.
Katherine Bitting, uma microbotânica que trabalhava para o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, desenvolveu uma pesquisa que provou, em 1909, que o aumento de vinagre e açúcar previne a deterioração do produto sem a necessidade do uso de conservantes artificiais.
Antes de Heinz, o ketchup de tomate era fino e aguado, em parte devido ao uso de tomate verde, que contém pouca pectina.
Ele tinha menos vinagre que o ketchup atual. Ao passar a se usar tomate maduro em conserva, a necessidade de benzoato foi eliminada.
O molho pode ser feito com outras frutas (não só tomate), como manga, banana e goiaba.