Penitenciárias, hospitais e manicômios são bons lugares para se procurar fantasmas. Dizem que é porque as pessoas sofrem muito nesses lugares e a energia emanada ali produz todo tipo de fenômeno macabro. Pessoalmente eu não tenho uma opinião formada sobre este assunto. Em algumas vezes, eu duvido, em outras eu acredito no restante que sobra eu consigo deixar um lado da minha mente pronto para aceitar e outro preparado para refutar essas situações sobrenaturais.
Volta e meia elas surgem. E em poucas situações há alguém preparado para registrar o fenômeno inusitado. Este caso de um fantasma aqui, por exemplo, é super recente. Não é sempre que um suposto fantasma é registrado em fotos, muito menos ainda, em video.
No caso do video em questão, uma imagem captada por uma câmera de vigilância da Penitenciária Regional de Caxias do Sul, no Apanhador, está causando alvoroço entre agentes e os quase 400 detentos da cadeia. A cena, captada à 0h43min de 12 de outubro, mostra um vulto passando pela câmera.
Para algumas pessoas que tiveram acesso à filmagem, este video retrataria o “fantasma” de um dos dois presos que foram mortos por colegas da cadeia neste ano. Também há quem diga que seja uma “alma penada”. Os mais céticos afirmam se tratar de uma ilusão de ótica.
A vantagem de registrar algo em video ou mesmo em fotos, é que saímos de uma discussão limitada apenas em argumentos. Quando uma pessoa diz que viu um espírito, uma aparição, um fantasma, isso coloca seu interlocutor em apenas duas situações. A de acreditar no relato ou desacreditar.
É mais que óbvio que dados os processos cerebrais que envolvem a percepção e a cognição, somados ao nosso ilimitado repertório cultural, enganos e erros de interpretação podem ganhar contornos sombrios. Muitas vezes quem viu um fantasma, acha que viu. Na realidade ele viu algo que não consegue explicar, e busca em seu arcabouço cultural uma justificativa para aquilo. Não encontrando, ele conclui que o que presenciou é um fenômeno sobrenatural e buscando explicá-lo estabelece o enredo. É daí que podemos definir aparições assombrosas como o caso do Et de Varginha.
Tão logo foi visto pela primeira vez pelas 3 testemunhas, ele foi catalogado em outra categoria de aparição que não era alienígena: As meninas que viram o ser disseram se tratar de um demônio.
A ideia de que o demônio era na verdade um Et surge quando se interliga a estranha aparição de uma coisa que não parecia humana com o relato de um casal de fazendeiros de que haviam testemunhado um troço igual a um submarino soltando fumaça, voando pelo pasto deles na noite anterior. Já que submarinos não voam, logo, estamos diante de um objeto voador não identificado, no sentido literal do termo, ou UFO.
Quem gosta de catalogar e coleciona relatos de Ufos, é o ufólogo, que possivelmente foi quem atribuiu a possibilidade do Demônio ser um Et. E então, aproveitando que o termo “Et de Varginha” soava mais cômico do que o “satã de Varginha”, o “Lúcifer de Varginha” ou o “Capeta de Varginha”, o conceito de Et “pegou midiaticamente”, antes mesmo desta hipótese ser efetivamente verificada em mais detalhes, com relatos de outras testemunhas, entrevistas (e contradições) dos militares e etc.
Estou apenas usando o caso do Et de Varginha como um exemplo de como o ser humano, na tentativa de explicar e interpretar um estímulo externo desconhecido, estabelece uma justificativa que opera como um enredo da experiência vivida. Na medida em que o enredo faz sentido e acalma o desconforto psíquico de uma experiência não justificada, este enredo passa a ser defendido fortemente, sobretudo quando ele esbarra em questões metafísicas que provocam angustias clássicas, como a eterna pergunta que nos faz humanos: “o que há após a morte?”
Obviamente que isso não explica na totalidade como um possível erro de interpretação se transforma numa complexa história capaz de criar até novas religiões, com milhões de seguidores, mas eu considero um argumento inegável que na medida em que o ser humano filtra seus inputs externos e os organiza estruturalmente, este dado acaba contaminado, o que pode colocar em risco toda a experiência. E é justamente a partir desse ponto de vista que os inputs externos obtidos por instrumentos eletrônicos são de grande valia, já que instrumentos eletrônicos registram, mas não tecem juízos de valor acerca do que captam.
Mas em muitas situações, no final das contas, os instrumentos eletrônicos não acrescentam muito ao problema além de permitir a mais pessoas ter contato com o input registrado e tecer seus próprios enredos mentais.
O que é a coisa que aparece no video da câmera de segurança é um mistério. Se não havia ninguém lá como dizem, é um caso a se questionar. Seria um defeito no equipamento? Seria um registro de uma aparição desconhecida?
O mistério permanece.
fonte
Dica do William Oliveira