Câmera profissional: Aquela velha discussão babaca

Tem certas discussões e frases que parecem nunca ter fim.

Outro dia tava vendo a zoeira la no facebook quando uma imagem de uma câmera DSLR apareceu. Alguém (desculpe, não lembro quem era) estava vendendo uma câmera modelo EOS T3 com cerca de 8000 fotos batidas. O preço tava bom, e ainda vinha com umas lentes. No anuncio o cara dizia, que “estava vendendo sua câmera profissional por razão de upgrade para outro modelo”. É normal este tipo de explicação para a venda de eletrônicos, pois tem muita gente que vende quando começa a dar defeito, assim, uma justificativa plausível como migrar para um hardware melhor costuma convencer.

Claro, não demorou apareceu um “cagador de regra” oficial, daqueles que se proliferam no youtube e adjacências, com seu amplo conhecimento sobre todas as coisas do universo e sua certeza inabalável de que o que não é fake é gay.

Essa figura apareceu e meteu uma pérola: “Essa câmera é de entrada! Ela não é profissional!”

Estou vendo frases parecidas desde que comecei, lá atrás, a trabalhar com design. Quantas vezes ouvi que certo programa não era profissional, que certa configuração de computador não era profissional…

Profissional: Ser ou não ser, eis a questão.
T3 – a câmera da discórdia. Profissional: Ser ou não ser, eis a questão.

De fato, é um amplo conjunto de percepções de mundo que me parecem equivocadas (ou talvez eu seja o estranho no ninho).

Primeiro que o anunciante de sua T3 acredita que sua câmera por ser um DSLR seja profissional. Isso é um erro. De fato ela não é uma câmera profissional. Por outro lado, ele pode ser apenas inteligente ao ponto de perceber que uma câmera de entrada vai interessar com certeza muito mais a quem pretende começar a fotografar, e para essas pessoas, ignorantes no bom sentido do termo, toda câmera que troca de lente é uma câmera profissional e pronto – Ainda mais se for grande!

Quem deu a mais vergonhosa das escorregadas foi o cagador de regra, sabichão. Que acertou, errando. Ele diz que a T3 não é uma câmera profissional. Está certo. Mas então, ao informar que ela é uma câmera “de entrada”, (chamam-se “de entrada” todos os equipamentos mais simples de linha Dslr, que por sua vez é a câmera que troca de lentes”) e portanto, “não-profissional” em sua compreensão, o cara erra feio.

Fica claro que ele considera que possa existir uma “Câmera profissional”. Talvez até você pense isso.

Canon 7D, a suposta "profissional"
Canon 7D, a suposta “profissional”
Segundo a Canon a profissional chefe mesmo é essa aqui, a 1D x
Segundo a Canon a profissional chefe mesmo é essa aqui, a 1D x

Certamente todas as revistas e sites que vivem de fotografia, (senão todos, uma significativa quantidade) existindo à reboque da necessidade de vendas, irão fortalecer essa percepção. Tem lógica, pois para uma empresa que vende câmeras, é interessante forçar a migração dos modelos de entrada para seus modelos mais caros, afinal, a empresa existe para dar lucro.

A questão é: Uma câmera fotográfica pode ser profissional?

Talvez você pense que sim, mas se me perguntar o que eu acho, eu diria que isso faz pouco sentido.

Esqueça a câmera. Vamos pensar num tapete. O que um tapete faz?

Nada. O tapete fica lá no chão, esperando o momento de ser pisado e finalmente ser útil existencialmente. O mesmo acontece com um copinho de café. O copinho de café é uma das coisas mais inúteis do universo até o momento em que você coloca o café quente nele e ele se transforma numa das mais importantes, para em poucos minutos, terminado o seu conteúdo, ele se revelar novamente no maior estorvo possível, que deve ser descartado o mais rápido que puder antes de começar a sujar e atrair formiguinhas.

Se eu disser que um tapete ou um copinho de café é profissional, certamente você rirá de mim. E com razão. Um tapete e um copo de café são bagulhos inúteis até o momento que são utilizados para sua finalidade. O tapete impede que você coloque o pé no chão frio, e o copinho e café evita que você queime sua mão. O tapete pode ser persa, pode ser de lã das lhamas do alto da Cordilheira dos Andes, pode ser lã de iaque do Himalaia, pode ter qualquer padrão o desenho. O efeito que ele fará na sua vida que é impedir que você coloque o pé no chão frio será rigorosamente o mesmo que o mais chinfrim dos tapetes comprado na loja de 1,99. Ele terá problemas de durabilidade, com certeza. Mas o EFEITO existencial dele é imutável. Logo, um tapete não tem como ser profissional. Até porque – dã! O tapete não ganha salário. Só quem ganha DINDIM pode ser profissional em qualquer merda que seja.

O copinho segue as mesmas regras.

Agora vamos voltar para um corpo de câmera fotográfica:

Fotógrafos profissionais – sim, aqui está quem efetivamente ganha o dinheiro, quem efetivamente manuseia a ferramenta e quem verdadeiramente  pode ser ou não profissional – sabem que de todo o equipamento do arsenal de um fotógrafo, é o corpo da câmera o mais efêmero.

Os leigos podem pensar – turbinados pelo marketing – que a coisa mais importante para um fotógrafo é sua câmera, quando na verdade são suas LENTES.  Os corpos de câmera são equipamentos que vão e vem ao longo dos anos. Novas tecnologias vão se somando, vão surgindo e sumindo, sendo melhoradas ou descartadas. Graças à perversa obsolência programada, após um certo numero de disparos, sua máquina começa a dar defeito e pifa. A Câmera, por conter peças móveis e controles diversos, vai se desgastando conforme o uso, como ocorre com nosso corpo também. Um dia vem a inexorável aposentadoria do equipamento.

Ah, mas o cara queria dizer que a T3 não tem a mesma tecnologia de uma 7D! Por isso ele falou que a T3 não é profissional. 

Eu não preciso descer ao nível tati-bitati de dizer que uma câmera, por mais presepada tecnologicamente que ela seja, jamais conseguirá tirar uma boa foto sozinha. Ainda não inventaram isso. A fotografia é uma atividade que envolve um conjunto de coisas que começa com neurônios e termina com a luz. Essas coisas que envolvem fundamentalmente a captura da luz por um instrumento, que é a câmera. Assim, eu desafio qualquer Zé Ruela a me provar que uma elementar lata de nescau pintada de preto com um furo e papel fotográfico dentro não possa ser um equipamento de uso profissional.

Além do mais, graças a Deus que a câmera não sai por aí sozinha fazendo todo o trabalho, pois um monte de gente perderia seu ganha-pão, e sem duvida nenhuma a fotografia perderia instantaneamente seu caráter de arte. Do mesmo modo que nem toda fotografia é arte, nem toda fotografia é uma foto profissional. Coloque uma leika nas mãos de alguém sem habilidade ou conhecimento e só vai sair porcaria. Coloque a Tecpix na mão do Sebastião Salgado e veja o que sai.

Assim, toda câmera será profissional na mão de um profissional. E toda câmera, por mais cara e sofisticada que seja, nas mãos de quem n~]ao sabe usar, será somente uma maquininha onde você aperta o botãozinho e torce para dar certo.

As pessoas vão sendo condicionadas a certos pensamentos. Muitos acreditam que arte boa só pode ser feita com os equipamentos mais caros. O mundo hoje é regido pelas regras onde você só será feliz quando tiver o melhor – e por acaso mais caro – celular, o melhor computador com mais processamento, mais memória, mais HD, mais placa de video e som 40 canais multifônico epectrográfico e monitor de resolução 4K. Se sua televisão não for daquele tipo que só falta gerar holograma, você não está com nada. Se seu carro não for aquele que anda na parede, vira robô e dança, você é um merda. Se sua bolsa não for a Luiz sei lá das quantas que custa mais caro que um ano de comida para uma tribo africana, você é decadente. Seu sapato tem que ser Loubotin e sua sola vermelha, e sua casa precisa de vista para o mar, precisa ser assinada por grandes nomes da arquitetura, senão… Senão você é um nada, um verme, lixo, alguém que deve morrer logo para eliminar o espaço na face da Terra. Afinal, a propaganda diz o tempo todo que você merece o melhor, você precisa do melhor. E ter algo melhor quer dizer ao mundo que “você chegou lá!”

Diga-me o que compras e eu te direi quem és!

O povo é estúpido.

Muitos acham que comprando uma DSLR viraram “Photographers”. Foram levados a acreditar que o equipamento os transforma. A propaganda vive disso, de dar ilusão ao tiozinho da cidade que comprando a caminhonete cabine dupla ele vai enfrentar o furacão no meio da floresta e sair ileso para aproveitar o por do sol com aquela gostosa de cabelo liso, brindando o uisquinho na beira do penhasco.

Pensar que somente uma 7D fará uma foto sensacional por ser um modelo sofisticado, é de uma jumentice que merece até moldura e plaquinha.

É lógico que entre o modelo mais sofisticado de equipamento – seja ele qual for, tablet, carro, câmera, relógio, celular… haverá diferenças técnicas entre o equipamento mais simples. Mas é fato que muitas vezes (senão todas elas) a ampla maioria das pessoas que compra o produto “top” de cara, nunca chegará a um grau de habilidade que esses features farão diferença.  Essas pessoas, não raro se frustrarão, pois apostam todas as fichas na ferramenta. Do mesmo jeito que um martelo caro não levanta uma casa sozinho, a câmera não faz nada por si.  Acreditando que ela fará, o sujeito coloca todo aquele complexo cluster de tecnologias e engenharia de precisão em modo “auto”, e passa a vida sem compreender que magia é aquela que faz as fotos de algumas pessoas serem melhores. Aí ele começa a se convencer que talvez seja um plugin de Photoshop, ou um programa, como o Lightroom…

Se qualidade de câmera fosse medida por tecnologia, e se isso fizesse o profissional,um gênio como Bill Eppridge não seria considerado profissional, nem Peter Emerson, ou Eddie Adams,
um cara que faz fotos assim:

Esta foto foi ganhadora dos prêmio  Prêmio Pulitzer de Fotografia em 1969 e World Press Photo no mesmo ano.
Esta foto foi ganhadora do Prêmio Pulitzer de Fotografia em 1969 e World Press Photo no mesmo ano.
Me parece modelos Nikon da época
Me parece modelos Nikon da época

Eu não sei precisamente qual era o equipamento em Adams em 1968, mas tenho certeza que a melhor das câmeras disponíveis naquele ano seria considerada muito inferior tecnologicamente ao modelo “de entrada” que temos hoje, porque para um fanboy do último arroto da tecnologia, onde só o modelo mais caro de um fabricante é “profissional”, fotos icônicas que afetaram o mundo como esta, não podem ser consideradas “profissionais”.

Os melhores fotógrafos do mundo em 1999 tinham uma câmera com tecnologia melhor que a T3? E aí? Como que fica?

Não fica. A melhor câmera que existe é aquela que você sabe usar. As revistas e sites que vivem de vender equipamentos tentam dizer o contrário, mas a verdade é essa. As pessoas deviam se preocupar muito mais com o jogo de lentes do que com corpo de câmera. As melhores fotos que já vi na vida, nem sequer eram digitais, eram feitas em película e emulsão de prata.

É a velha discussão babaca se repetindo sempre, e que termina invariavelmente no mesmo lugar: O equipamento jamais fará o artista.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Isso mesmo! os "photographer" adoram cagar regra, repetir citação como papagaio de pirata e ficar medindo equipamento como forma de se achar mais pintoso "ui minha cam é maior e melhor que a sua".

    Existem 3 tipos desses seres infelizes:

    – o que é "o sabichão do hardware" que fala algo como o carinha que você citou e jura de pé junto que tal marca é superior a outra e esquece que quem tem olho, cérebro, alma e dedo é quem comprou a porcaria da câmera.

    – o "cagador de técnica que adora perguntar que "tecnique" você usou, que as fotos eles vieram inspiradas por um estudo da obra de (insira um fotógrafo obscuro europeu aqui) e que adora desmerecer o trabalho alheio dizendo "não acrescentou em nada técnica e artisticamente" é apenas um mero (ou belo) registro.

    – e o infeliz auto intitulado Mestre que compartilha com seu clubinho da pagação de pau mútua. formados por outros auto intitulados Mestres, que fazem um combo dos dois tipos anteriores e conseguem ser a maior influência nefasta na fotografia atual.

  2. Muito bom o post! Sempre considerei fútil esse tipo de comentário (capitalista claro) que alimenta essa indústria do "compre agora e troque amanhã". Já fiz poucas e boas fotos com uma caixa de sapato de papelão coisa que não se vê mais hoje em dia (e olha que nem sou tão velho assim, 30ão rs)! O que temos a fazer? Vamos continuar com nossos valores e crenças. O que vemos pelas redes à fora é fruto dessa orgia desenfreada de informação que todo mundo captura, interpreta e julga se mostrando como mais sábio e correto do que o outro. O que temos hoje de filósofos de redes sociais não é brincadeira.

    Parabéns pelo site! Tô sempre acompanhando e, como agora mexeu um pouco mais na minha área, tive que comentar rsrs.
    Abraços!

  3. Tem uma história boa que diz assim:
    O patrão da revista manda o fotógrafo tirar fotos de animais. O fotógrafo vai, tira as fotos e mostra para o patrão. O patrão não gosta muito e mostra uma revista National Geographic dizendo, é assim que eu quero! O fotógrafo indignado responde, mas o pessoal dessa revista tem os melhores equipamentos! Eis que o patrão retruca, você quer equipamentos melhores? Então ele tira uma caneta de ouro do bolso e diz, então pegue esta caneta e escreva um romance…
    Adoro essa história heheh

  4. Me permitam discordar, com respeito, de algumas opiniões. Discute-se o que é uma câmera fotográfica profissional e se, com outra que não o seja, fotos com a mesma qualidade podem ser obtidas. A resposta é simples: sim. É óbvio que quem faz a câmera não faz o fotógrafo, assim, a câmera "mais profissional do mundo" na mão de alguém sem qualquer talento fotográfico não vai adiantar de nada. Então, por que a confusão? Simples:
    Uma câmera fotográfica profissional é aquela cujas especificações excedem as das mid-range (como a Canon T3 e também a 7d, que não pode ser considerada como profissional, e sim também mid-range, apesar de bem robusta). Partindo como exemplo da 7d, que tem vários elementos considerados profissionais, podemos citar o material do qual o corpo é feito (no caso dela e da maioria das profissionais), uma liga de magnésio, que aia pouco peso e resistência. Uma câmera de corpo plástico certamente não aguentará as agruras da vida de um repórter fotográfico (como batidas, tombos, calor em demasia, chuva, etc…). As câmeras profissionais apresentam o corpo lacrado, que impede a entrada de água espargida e pó.
    Outro detalhe a ser levado em conta é o tamanho do CMOS (sensor que substitui o filme), que, na maioria absoluta das câmeras profissionais é full-frame, ou seja, apresenta o mesmo tamanho da área de exposição de um filme de 35mm (24X36mm), facilitando assim a recepção da luz que vem a formar a foto. As câmeras mid-range (inclusive a T3 e a 7D, são "cropadas" ou seja, seus sensores são reduzidos na proporção de 60% para as Canon e 50% para as Nikon. Não existem, pois, dúvidas quanto a qualidade de imagem obtidas pelos sensores maiores, ainda mais que normalmente aliam enorme número de Mega pixels, e processadores (alguns duplos) de alto rendimento.
    Dessa forma, acredito, não existe lugar para discussões. Cada coisa em seu lugar. As câmeras profissionais primam por aquilo que elas devem fazer: atender da melhor maneira possível o fotógrafo profissional, seja em um estúdio ou no meio da guerra. Algumas podem alcançar R$ 60.000,00. Qual de nós precisa de uma dessas? Lentes também existem em vários segmentos e podem chegar a custar R$ 20.000,00.
    Nós, mortais, podemos nos contentar com o que de melhor existe em matéria de fotografia, excetuando o "segmento astronômico": as mid-range, hoje absurdamente perfeitas.
    Eu particularmente tenho uma Canon 7D maravilhosa, e, por paixão comprei uma Canon 5D Mark II. Ambas são incríveis, sendo a 5D considerada profissional e utilizada pela maioria dos profissionais que usam a linha Canon. Amo as duas e uso a7D para fotos sociais (o "crop" de 1.6 aumenta o a distância focal das lentes em 60%) e a 5D para fotos externas, paisagens. Para isso, pelo maior campo de visão e profundidade de cores, é perfeita.
    Portanto, vamos acertar o seguinte: existe um sem número de câmeras, e um número maior ainda de fotógrafos. Existem câmeras profissionais? é claro que sim e são fabricadas visando um uso e um público específico, que não somos nós. Cada macaco com a sua cumbuca.

    • A diferença na qualidade do corpo e a blindagem é realmente um ponto a favor do material Top.
      Até hoje não me convenci que um sensor fullframe valha a diferença no preço que justifique um upgrade de corpo e lentes. Até agora (considerando que apesar de ja vender meu trabalho eu não vivo dele) dar alguns passos para trás tem sido uma solução mais ao meu alcance.
      Megapixel não me afeta, porque a própria 1Dx tem 18Mp a mesma quantidade que minha T3i. Aquela vantagem do sistema que faz o Hdr é legal, mas isso desbloqueei com o magic lantern…
      Sobre “aguentar o rojão” acho que depende bastante do estilo do cara. Vi a necessidade de um corpo mais vigoroso pra minha quando despenquei com ela, tripé e o caralho a 4 do alto de uma pedra de uns 8 metros de altura, num platô lá do Parque de Itatiaia (nem sei como ainda to vivo). mas ela segurou a onda, felizmente, pq só tenho grana pra essa e olhe lá. Fiquei todo molhado e quase deu hipotermia.

      • Também entrei num papo brabo desses uma vez com meu irmão, que é fotógrafo profissional desde uns 2 anos atrás.
        O fato é que comecei a fotografar com uma Kodak Instamatic de cartucho, depois fui para uma Yashica de 35mm, depois para uma Pentax K1000 com uma lente maravilhosa de abertura 1.2 e 50mm, sem zoom, purinha. Com todas essas fiz fotos excelentes sem nenhum recurso.
        Hj tenho uma Nikon 3200 com lente básica 18-55mm, meu irmão quase me matou quando comprei, pq canon é melhor, é mais acessível, émais isso ou aquilo, no fim, falei que o que faz a foto é o olhar e a impressão do fotógrafo.
        Ele tem uma canon 6d cheia de pra quê isso e que ele nunca usa nada a amais do que tem na t3i dele, no fim das contas ele usa a 6d para mostrar aos outros um equipamento mais profissa e as pessoas pensarem que ele é melhor por conta do equipamento.
        Na verdade tudo isso é uma grande bobagem a não ser que realmente se precise de um sensor full frame e de uma velocidade de isparo absurda, mesmo profissionalmente as canon e nikon t3 e 3100 já são suficientes para a maioria dos trabalhos feitos, ficando mais especificamente a lente para cada tipo de trabalho.
        Para o cotidiano das pessoas normais, tá cheio de câmeras super zoom e point and shoot que, certamente, fazem acontecer menos erros do que uma profissional.

  5. As pessoas estão cada vez mais chatas!!
    Até 2 meses atrás meu celular (perfeitamente funcional) não suportava a instalação do whatsapp.
    Me sentia completamente deslocada no meu círculo de amigos porque não fazia parte do “grupo do whats” e não recebia os vídeos, logo não sabia das piadas.
    Tem alguma coisa errada com a humanidade cara.

  6. Meu antigo professor de fotografia (não um curso profissional, mas tive um ano de fotografia na faculdade de arquitetura) dizia que a qualidade dos fotógrafos piorava a medida que a tecnologia evoluía. Tipo, você pode tirar trocentas fotos com uma câmera digital até que saia uma imagem que preste. Já com um filme de trinta poses, você tem que caprichar pra tirar a foto perfeita num único ‘take’.

    • E o pior nem é isso. O pior mesmo é só saber se ta boa depois que revelou. Antigamente, para fotografar pra Playboy, o cara tinha que setar a câmera e uma polaroid. Ele usava a polaroid como uma espécie de “viewfinder” para calcular como estariam ficando as fotos na outra câmera. Era foda.

  7. tirei da net, acho pertinente!

    O fotógrafo J.R. Duran não quis opinar sobre a Lytro. Só contou essa historinha:

    “Toda vez que surge uma novidade tecnológica na área da fotografia, lembro-me de uma história que li, contada por Sam Haskins [fotógrafo sul-africano]. Um amigo dele, também fotógrafo, foi convidado a um jantar da alta sociedade em Nova York. Na entrada, a dona da casa disse: ‘Gosto muito das suas fotos, são incríveis. Você deve ter um equipamento fantástico’. O rapaz ficou quieto até que o jantar terminou. Na hora da despedida, falou para a dona da casa: ‘Este foi um jantar inesquecível. Seu fogão deve ser fantástico’.”

  8. Não entendo nada de fotografia ou de câmeras mas posso citar um exemplo que ilustra seu argumento. Qual a diferença entre uma esteira (de correr) residencial e uma profissional? Basicamente é que a esteira profissional pode ser usada ininterruptamente por, sei lá, 8 a 12 horas e a residencial não. Há uma diferença gritante no material do motor e também no tipo do motor escolhido entre uma e outra. Logicamente as especificações da profissional são bem mais robustas em todos os sentidos para aguentar o tranco. Não serão 3 ou 4 pessoas que irá usá-la. Não serão pessoas de 70 a 100 kg que irão usá-la. Será gente de todo tipo de tamanho e peso.

  9. Concordo, também já passei pela tentação de comprar uma DSLR. Hoje possuo duas GoPro, uma Hero 2 que é a primeira que comprei e uma Hero 3+ Black Edition, adquirida recentemente. As duas me servem muito bem, faço meus videos e arrisco umas fotos. Claro, elas não tem o zoom e nem a correção, foto com elas é loteria, é na sorte e na minha intuição de que saíra boa, kkkkkkkkk.

  10. Bah Philipe, muito bom teu texto, disse tudo. Já vi caras com câmeras boas tirando fotos terrivelmente feias, sem olhar fotográfico, sem estética e sem a menor preocupação com a grande matéria-prima da fotografia, que é a luz.

  11. fotografar é como atirar com arma de fogo… tem armas de todos os tipos e tamanhos… cada uma mais sofisticada que a outra… e apertar o gatilho é fácil… agora, SABER atirar é pra quem pratica, pra quem estuda… caso contrário, ou vc mata alguém sem querer ou atira no próprio pé…
    a composição é tudo, na fotografia…. se vc não sabe compor a cena, sua foto, por mais regrada que seja, vai ficar no máximo bacaninha… mas perfeita, só com bastante conhecimento em composição…

  12. Depois de ler esse texto, me veio a cabeça uma frase de Mario Cortella que eu acho interessante:

    “Antigamente, um sapato era importante porque eu o calçava, porque ele me servia, porque o essencial era eu não andar descalço; hoje, inverteram os valores, meu valor de importância é medido pelo valor do preço do sapato que eu calço.”

  13. Este texto foi muito bom, Philipe! É o mesmo caso dos guitarristas: que o cara não toca bem porque não tem uma guitarra boa… oras…

    Eu vi maluco com guitarra tosca tirar um sonzão e cara com guitarra top fazer m…

    Em boa parte das obras humanas, 80% é feeling humano, o resto é complemento.
    Equipamento profissional ajuda mas não é o que separa o profissional do amador em alguns casos.

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