Inteligência Artificial (IA) é uma tecnologia que vem sendo cada vez mais utilizada em várias áreas da sociedade, e a criação de ilustrações é uma das que tem se beneficiado muito com essa tecnologia. O uso da IA, especialmente o midjourney, tem se tornado uma opção cada vez mais popular entre os artistas e ilustradores, pois permite que eles criem imagens com uma qualidade e precisão incríveis em um tempo bem menor do que seria possível de forma manual. A versão quatro do sistema de geração de imagens baseadas em prompts (prompt é o que você pede que ele desenhe) já derrotou a principal afirmação de que a arte da IA nunca será tão boa quanto a arte real .
Muitas vezes o resultado final é muito melhor do que você poderia ter contratando um ilustrador para fazer por você. Isso é um fato da vida. Mas não é uma regra, mas é também o que motiva tanto medo e rejeição.
No entanto, como qualquer tecnologia emergente, a IA também tem sido alvo de controvérsias e preocupações éticas. Muitas pessoas têm medo de que a IA possa eventualmente substituir o trabalho humano ou tomar decisões que possam afetar negativamente a sociedade. Além disso, há questões éticas envolvendo as bases de imagens de treinamento que a IA usa para aprender, como a possível falta de diversidade ou a utilização de imagens que podem ser consideradas inapropriadas ou ofensivas.
Recentemente uma campanha se alastrou pelo Artstation e de lá para fora dele, onde artistas que se consideravam os “artistas de verdade”, estavam protestando e tentando impedir que a plataforma listasse trabalhos feitos com IA. Entre as alegações principais estava a -compreensível- alegação que se o sistema foi treinado com imagens sem autorização previa dos artistas, isso violava os direitos de uso de suas imagens, pois elas foram usadas pelo sistema sem pedir autorização a eles. Outra alegação igualmente compreensível seria a de não permitir misturar tudo numa escola de samba só, porque se você tem uma máquina que gera milhares de imagens em segundos, logo ele ocuparia todo o volume e espaço, de uma forma predatória em relação ao carinha que fica lá, modelando e desenhando um projeto por semanas (tipo eu).
Eu não sou nem a favor nem contra IA, como também não sou com política, time de futebol e qualquer outra bobeira que jogue pessoas em timinhos pró-isso ou contra-aquilo.
Eu lido com o fato e o fato é que essa tecnologia está aí e enfiar a cabeça na areia ou ficar chorando em posição fetal em casa não resolve nada. Mas a galera lá estava num chororô impressionante. Obviamente isso se resolveria criando uma nova política e uma aba só para arte IA, mas ali dentro estava cheio de gente com vontade de criar uma nova “agenda” anti-AI. Alguns alegavam que a “Ai vai matar a ilustração”. Eu penso que se tem alguém que pode ser acusado disso, “quem matou a ilustração” são esses bancos de stock photos, mas ainda assim, “matou” entre aspas mesmo, porque ela continua aí. Mas o povo estava loucão no ódio, e agora é cool ser “a favor dos artistas” e ficar dizendo que a AI deve ser banida, e quem discordar deve ser boicotado pelo ódio do bem.
Entre a disputa e briga pelo espaço, eu li toda sorte de argumento pela internet, (muita desinformação, e muito argumento de pura má fé) inclusive que a AI aplicada a ilustração apenas recortava o trabalho de grandes artistas, criando “colagens”, o que não é verdade, porque simplesmente não é assim que a tecnologia funciona. Uma prova disso é que você pode criar palavras que não existem e usar isso nos prompts e ver o que sai. É uma diversão legal.
Como que essa joça funciona
Embora muitos artistas descontentes estejam falando que a IA está recortando as imagens e sampleando o trabalho deles em novas artes, e copiando estilos, a verdade é que, juridicamente, estilo não é algo registrável como propriedade. E o robô não vai la recortar seu trabalho. Isso é enganoso. Esse meme abaixo explica como funciona essa joça:
Esta imagem acima resume como as AI fazem para gerar as imagens. No exemplo, ao pedir um retrato épico de um gato, ele divide seu pedido em “gato” e “retrato épico”, então ele busca na database que é uma coleção monstruosa de centenas de bilhões que imagens – que os produtores dos sistemas compraram acesso e que foram mineradas pela internet por outros robôs chamados spiderbots, – e ao comparar uma com a outra e mais milhares de outras, o sistema entende o que é um gato.
E também entende o que é um retrato épico. Então ele cria uma imagem completamente nova fundindo essas duas coisas que ele entendeu lá da database.
Ele vai sintetizar essa nova imagem através de uma difusão de pontos aleatórios, como uma espécie de nebulosa, que ele vai realizando sucessivos passes de varredura e aglutinação dos pontos. Ele vai fazer esses passes e difusões muito rápido, aperfeiçoando mais e mais a imagem a cada nova “geração”.
Eventualmente ele erra horrorosamente. Mas em geral, no final desse processo, o que a AI lhe fornecerá é uma imagem que é um “resumo” do que ele acha que você pediu, mas não só uma, e sim quatro possibilidades, ou imagens primárias, e você escolhe uma delas para ser aperfeiçoada, (mas pode escolher nenhuma e mandar ele fazer todo o trabalho de novo) e ela será recriada agora com muito maior banda de dados para que se torne melhor e mais detalhada, um processo chamado upscale.
É possível também pedir que essa imagem primária seja como uma matriz, do qual novas quatro variações sejam sugeridas, e você controla inclusive o grau de liberdade “criativa” que o robô vai usar.
No final, você vai acabar achando entre as opções algo que te agrade (ou não).
Hoje o Midjourney está em sua quarta versão. Mas não há limitação para usar a V.4. Cada versão receberá um fluxo de melhoria e usa um certo processo de criação de imagem, por isso nem sempre a versão 4 será a melhor. Há coisas que saem mais naturais e “artísticas” na versão dois ou três. Mas em resumo, a “magia” está na velocidade estonteante com o qual o computador consegue trafegar entre as bilhões de imagens da base de dados, olhar uma a uma e usar essas referências para através da dispersão de pontos, produzir um conjunto consistente que a mente humana entenda como agradável. No início, ele fazia verdadeiras abominações, mas com o tempo, ele está sabendo fazer cada vez melhor, com uma evolução que é literalmente assustadora. Há limitações que estamos vendo a Ia enfrentar, e uma bem comum é entender como as mãos humanas funcionam. Por termos muitos dedos nas mãos, (geralmente 5 em cada mão) sendo que em cada ângulo pode-se ver mais ou menos que três dedos numa foto, isso confunde o robô. Não raro ele soca um monte dedos, como se fossem um cacho de bananas.
Até semanas atrás ele simplesmente não acertava uma mão mas agora eu tenho notado um avanço nisso, muitas vezes ele usa um expediente malandro de esconder as mãos fora do enquadramento ou enfia em bolsos, ou desfoca. O fato é que ele avança muito rápido. Em parte porque ele está entendendo o que as pessoas querem, mas está fundamentalmente entendendo também o que elas não querem ou não acham atrativo.
Os artistas estão putos porque muitas de suas imagens podem estar nessa database servindo ao robô para ele entender o estilo ou mesmo a estrutura e a luz de cada uma. O lance é que embora muitos possam ficar putos com isso, não há ilegalidade no ato do spiderbot coletar essas imagens.
Eu pessoalmente acredito que o uso da IA para a criação de ilustrações pode ser uma tecnologia muito válida e benéfica se utilizada de forma consciente e responsável. Em primeiro lugar, é importante lembrar que a IA é uma ferramenta, e não uma substituição completa para o trabalho humano. Acho que muitas pessoas são influenciadas por ideias e conceitos provenientes de mundos distópicos da ficção cientifica.
Ela pode ser usada para acelerar o processo de criação de ilustrações e permitir que os artistas façam coisas que seriam impossíveis de forma manual, mas ainda assim é o artista que está no comando e decide o que criar. Além disso, a IA também pode ser usada para ajudar os artistas a superar obstáculos técnicos e criativos, permitindo que eles explorem novas ideias e estilos que eles talvez não tivessem considerado antes.
Quanto às questões éticas, é importante que os artistas e ilustradores usem bases de imagens de treinamento diversas e inclusivas, e evitem utilizar imagens que possam ser ofensivas ou inapropriadas. Além disso, é importante que eles estejam cientes das limitações da IA e entendam que ela ainda precisa de orientação humana para criar imagens de qualidade.
Finalmente, é importante destacar que o trabalho criado pelo Midjourney AI pode ser considerado arte.
Arte? Sério mesmo?
Outro dia eu li um cara dizendo na internet que ilustrações criadas com a Inteligência artificial “não tem alma”.
Esse tipo de afirmação pra mim soa como movida por um certo ressentimento e medo. Um “trabalho sem alma” é uma acusação deveras intrigante, afinal, seria preciso definir a alma de um trabalho. E quem é que fiscaliza o que pode ser que tenha alma ou pode ser que não tenha?
Existem várias razões pelas quais podemos considerar os trabalhos criados pelo Midjourney AI como arte. Mas eu tenho uma ressalva. é sempre arte? Não.
Uma caneta Bic pode ser usada para gerar uma obra de arte. Mas todo rabisco feito de Bic é arte? Logico que não.
Em primeiro lugar, é importante lembrar que a arte é uma expressão criativa humana, e o uso da IA para a criação de ilustrações ainda requer a orientação e a decisão humana. O artista ainda escolhe o que criar e como criar, e a IA é apenas uma ferramenta para ajudá-los a alcançar esses objetivos de maneira mais eficiente.
Ah mas dá para criar prompt usando outra IA para ditar o prompt. Beleza, mas isso nos leva a uma questão mais fundamental: A arte é só feita 100% pelo ser humano? Só podendo decidir entre sim e não, se você optar por ver o mundo com uma das respostas, isso afetará tudo que virá depois, mas obviamente isso será SUA opinião, e a sua e a aminha opiniões mão mudam grandes coisas. Eu, pessoalmente, gosto da ideia de que a arte não dependa somente de neurônios biológicos trocando bombas de sódio em sinapses para existir.
Há um ditado que “a arte está nos olhos de quem vê” e eu percebo que para mim isso faz muito sentido, quando contemplo, com certa perplexidad,e a beleza intrínseca e natural de uma simples formação geológica ou um reles mineral.
Além disso, os trabalhos criados pelo Midjourney AI podem ser considerados arte porque eles refletem a criatividade e a habilidade do artista em utilizar a tecnologia de maneira eficaz. O uso da IA para a criação de ilustrações exige um alto nível de habilidade técnica e criativa, e muitas vezes é um SACO. Um SACO desgraçado para conseguir fazer algo que você quer. Então, pra mim, quem consegue criar trabalhos de qualidade usando essa tecnologia, deve ser reconhecido, pelo menos por isso.
Há uma discussão eterna sobre a natureza da arte e são milhões e milhões de linhas escritas e montanhas de horas de filosofias questionando exatamente isso. Das correntes de que “tudo é arte” a delírios de que “só é arte aquilo que me agrada”, poucos temas possuem tantos palpiteiros se debruçando quanto este. Há quem argumente que a arte está “numa emoção” passada através de um elemento qualquer. Eu sei lá. Eu não vou muito nessa da emoção. Acho um argumento fácil dizer que “arte é discurso”. É isso que sustenta as “esculturas invisíveis”, latas com cocô e outras picaretagens recobertas de lero-lero pedante.
Mas se os trabalhos criados pelo Midjourney AI podem ser considerados arte porque eles podem transmitir mensagens e emoções de maneira eficaz, essa é a discussão fácil que planifica tudo. Se ela serve para a banana na parede ela tem que servir para o robô gerador de pontos aleatórios, assim como qualquer outra forma de arte.
As imagens criadas pelo Midjourney AI podem ser bonitas, impactantes e capazes de tocar os espectadores de maneira profunda, assim como qualquer outra forma de arte pode – ou não.
Em resumo, acredito que podemos considerar os trabalhos criados pelo Midjourney AI como arte porque eles refletem a criatividade e a habilidade humana em utilizar a tecnologia de maneira eficaz, e porque são capazes de transmitir mensagens e emoções de maneira eficaz. Enquanto é importante levar em conta as preocupações éticas e de diversidade na utilização da IA para a criação de ilustrações, acredito que o uso responsável e consciente dessa tecnologia pode levar a criações artísticas incríveis e inovadoras, mas não só isso, o bom uso da tecnologia que ainda é um recém-nascido, pode ser aperfeiçoado e apontar novos caminhos e possibilidades para a criação de novos produtos, interfaces e etc.
Os inimigos da IA vão pipocar pelo mundo
As pessoas que atacam a inteligência artificial (IA) como uma ameaça aos empregos podem estar baseando suas afirmações em uma compreensão equivocada da maneira como a IA funciona e da forma como ela pode ser utilizada. É verdade que a IA pode ser usada para automatizar tarefas e processos, e isso pode levar à redução de empregos em alguns setores. No entanto, é importante lembrar que as tecnologias disruptivas, também podem ser usadas para aumentar a eficiência e a produtividade em muitas outras áreas, o que pode criar novos empregos e oportunidades.
Além disso, é importante lembrar que – por enquanto – a IA não é uma tecnologia que substitui completamente o trabalho humano. Em vez disso, ela é uma ferramenta que pode ser usada para acelerar e facilitar o processo de realização de tarefas, mas ainda requer a intervenção humana para tomar decisões e orientar o processo. Dessa forma, a IA pode ser vista como uma maneira de complementar o trabalho humano, e não como uma ameaça a ele.
Eu li outro dia um artigo bem interessante sobre como a IA da IBM chamada Watson foi capaz de aprender a encontrar marcas visuais de possíveis tumores em formação nas imagens de Scans MRI, com um grau impressionante de assertividade e velocidade, com tanta habilidade quanto um cirurgião experiente. Isso se resume na IA diretamente salvando vidas.
Em resumo, as pessoas que atacam a IA como uma ameaça aos empregos podem estar baseando suas afirmações em uma compreensão equivocada da tecnologia e da forma como ela pode ser utilizada. Enquanto é importante levar em conta os possíveis impactos da IA nos empregos, é importante lembrar que, como eu já disse, ela também pode criar novas oportunidades e trabalhos, e pode ser usada como uma ferramenta para complementar o trabalho humano.
O que não dá é querer mudanças só na área dos outros ou hipocritamente exigir inovações sem que isso afete o mundo como ele está.
Eu me lembro do dia que cheguei na livraria e dei com minha ingrata nisso aqui:
Eu confesso que me considerando um artista profissional, (já que eu vivo de fazer obras de artes para clientes de todo o tipo e é com isso que eu pago os boletos) eu me senti um pouco humilhado lendo esse título. Porra tem coisa que eu fico ANOS inventando, (tipo o livro do Carlson) pra ler um negocio desses e normalizar o gorpe.
No livro o cara defende aquela máxima do Velho Guerreiro, o Chacrinha, que dizia:
É claro, que, de um ponto de vista, se você criar uma pessoa trancada num cômodo desde que nasceu, ela vai ser praticamente um robô vazio e limitado. E falando nisso, parece que já aconteceu. Leia aqui no meu post sobre o enigma de Kaspar Hauser.
A capacidade criativa está intimamente ligada na capacidade cerebral de gerar novas conexões. Para se criar novas conexões, é preciso o que? Conexões de base. E como elas são formadas? Pela curiosidade, pela completa e extenuante combinação de referências, pela educação do olhar. Por isso que uma cidade sem museus e sem livrarias ou sebos é uma cidade fadada ao gradual declínio do potencial criativo de sua população. Pergunte como vivem para 100 em cada 100 publicitários criativos de sucesso e você terá as mesmas 100 – monótonas, quase egocêntricas – respostas:
-Eu leio tudo que eu puder, eu vejo tudo que eu puder, eu sou um eterno curioso.
Penso numa cabeça humana como uma grande cozinha. Cada coisa que a gente lê, cada musica que a gente ouve, cada viagem, cada conversa, uma bula de remédio, uma instrução de máquina de lavar, TUDO entra ali como ingrediente. Muitos ficarão entram ente nas gavetas dessa grande cozinha, mas de vez em quando, alguma coisa acontece e essas coisas se misturam e saem pratos novos, com sabores incríveis. E claro, para isso, sai MUITA gororoba junto. Mas a gororoba, é parte integrante do processo. Aliás, a receita para alguém se deprimir, é achar que precisa acertar sempre, a famosa síndrome do terceiro sucesso, que afeta muitos diretores de Hollywood, autores de livros e etc.
Eu não vou cometer a indelicadeza de apontar o dedo em riste, mas vi outro dia um cara que eu conheço faz tempo (mestre de chupar o trabalho alheio na caruda) atacando o Midjourney de fazer o que ele sempre fez.
É importante lembrar que a arte é uma forma de expressão criativa que deve ser valorizada e protegida, e que os artistas devem ser reconhecidos e recompensados pelo seu trabalho. No entanto, é importante lembrar que o Midjourney é uma ferramenta que pode ser usada pelos artistas para criar novas obras de arte, e não para roubar o trabalho de outros. Se os artistas estão utilizando o Midjourney de maneira responsável e consciente, eles deveriam usar para criar novas obras de arte que são deles, e não roubando o trabalho de outros. É fato que a ferramenta permitirá que pessoas antiéticas usem de forma antiética, mas daí culpar a tecnologia pelo uso que farão dela é a mesma coisa que querer proibir a internet porque tem tarado usando ela para trocar imagens criminosas.
Eu penso que a o Midjourney, o Dalle e o Stable Diffusion estão para o artista, como a maquininha de cortar cabelo está para os barbeiros. Ou deveria estar.
O que eu espero fortemente é que a IA se expanda mais e fique melhor, não na área da ilustração, mas em outra, como a análise e revisão de texto. O corretor ortográfico foi uma puta duma mão na roda para qualquer um que escreve, mas com a IA, isso pode ser MUITO, mas muito mesmo, melhorado. Eu espero que IA de revisão de textos em português surja logo. Os revisores humanos que me desculpem, mas nossa língua é uma verdadeira desgraça para trabalhar com ela. Tudo tem regra e tudo tem exceção. De tempos em tempos eles mexem nas grafias… É uma maluquice. Ter um professor Pasquale lendo o que eu escrevo e me dando dicas seria uma mão na roda. Mas é claro, pelo andar da carruagem, a IA que vai escrever tudo sozinha vem antes que o meu “Professor Pasquale” digital, hehe. Felizmente eu não faço nada só pelo dinheiro, senão nem estaria aqui nesse blog ou perdendo meu tempo modelando monstros. Além do mais, eu prefiro ser pobre fazendo o que eu gosto que me tornar uma maquina de só fazer a mesma coisa, tipo certos artistas da moda aí que se tornaram plagiadores de si mesmos.
O risco da dependência
Como todo brinquedo novo, há uma fase de lua-de-mel com a tecnologia. É normal.
Mas um dos principais erros que um artista pode cometer ao usar o Midjourney, ao meu ver, é depender completamente da tecnologia em vez de utilizá-la como só mais uma ferramenta para complementar o seu próprio trabalho criativo. É importante lembrar que o Midjourney é apenas uma entre diversas ferramentas possíveis e que ainda é necessário o trabalho humano para tomar decisões criativas e orientar o processo. Se um artista depender completamente do Midjourney como uma muleta, ele pode acabar perdendo a criatividade e a individualidade de suas obras, e pode acabar criando trabalhos pouco originais e sem personalidade.
Uso ético
Algumas boas ideias de uso ético do Midjourney podem incluir:
- Utilizar bases de imagens de treinamento diversas e inclusivas: é importante que os artistas usem bases de imagens de treinamento que reflitam a diversidade da sociedade e evitem utilizar imagens que possam ser ofensivas ou inapropriadas.
- Dar crédito aos criadores originais: se os artistas estão utilizando o Midjourney para criar novas obras de arte a partir de imagens ou artefatos existentes, é importante que eles deem crédito aos criadores originais e se assegurem de que estão respeitando os direitos autorais.
- Utilizar a IA de maneira responsável e consciente: é importante que os artistas estejam cientes das limitações da IA e entendam que ela ainda precisa de orientação humana para criar imagens de qualidade. Além disso, é importante que eles tenham em mente o impacto social e ambiental de suas criações e que usem a IA de maneira responsável e ética.
- Compartilhar o conhecimento e a tecnologia: é importante que os artistas compartilhem o conhecimento e a tecnologia do Midjourney com outras pessoas, especialmente aquelas que possam se beneficiar delas, mas que podem não ter acesso ou recursos para utilizá-las.
- Manter uma comunicação aberta e transparente: é importante que os artistas mantenham uma comunicação aberta e transparente com o público sobre o uso do Midjourney e sobre as decisões criativas e éticas que tomam ao utilizá-lo. Isso pode ajudar a construir confiança e entendimento entre os artistas e o público.
- Nunca, jamais, em hipótese alguma, e sob nenhuma circunstância, crie uma arte num estilo de um artista famoso e tente enganar as pessoas que o resultado é uma arte dessa pessoa.
Essa pode ser uma discussão sem fim, eventualmente impopular ou acalorada, sobretudo num tempo em que tudo vira motivo de cancelamentos e bate-bocas. Eu recomendo o aprofundamento deste artigo através do ótimo texto do Derek Murphy, um Phd em literatura e especialista em arte que estudou em Florença e também em ética, amante da tecnologia design. Se tem currículo mais apropriado para debater esse treco eu não conheço. O artigo é extenso, mas vale à pena entender por que Derek considera a luta contra AI uma batalha perdida.
Eu estou fortemente inclinado a concordar com ele.