1988. Enquanto José Sarney aparece na televisão com seu bordão inesquecível: “Brasileiras e Brasileiros…” a inflação brasileira atinge picos inacreditáveis de 415%.
O Brasil inaugura uma nova constituição federal. Ayrton vence seu primeiro campeonato mundial de Fórmula 1. O laboratório LNCC do Brasil consegue pela primeira vez um acesso a uma rede telefônica remota através de uma conexão de 9600 bps com a universidade americana de Maryland. Nesta data ninguém sequer imagina, mas nos anos que se seguirão, uma série de conexões de rede serão criadas e em seguida, a rede mundial de computadores, chamada INTERNET começará a existir. Isso mudará de forma dramática o mundo em que vivemos.
É em 1988, na Polônia, que o operário Jan Grzebski, um funcionário de uma companhia ferroviária enfrentará seu destino.
O dia amanheceu frio como sempre. Jan sai de casa quando ainda está escuro. Ele beija sua esposa Gertruda e pega o ônibus para o trabalho.
No caminho, ele lê as notícias do jornal. Algo sobre a União Soviética, o presidente Ronald Reagan e as armas nucelares. Os jornais da polônia são marcados pelo comunismo. O líder comunista da polônia, Wojciech Jaruzelski dominava a maioria do noticiário político.
O dia transcorre sem grandes problemas.
Jan está inspecionando uma linha desativada, ao lado de outra em operação. Num momento de distração, um acidente com um trem o acerta, jogando-o no chão. Ao cair, Jan mete a cabeça no trilho. Ele tenta se mover. Meio confuso, nota que seus colegas correm para socorrê-lo. As coisas se embaralham e… tudo se apaga.
Gertruda está lavando pratos quando o telefone toca. Ao atender ela sente o chão abrir-se sob seus pés. O marido estava internado em estado grave.
Gertruda corre para o hospital e as notícias que recebe não são as melhores. No hospital o médico que acompanha o caso conta a Gertruda que Jan Grzebski havia sido atingido por um trem e que estava em coma. Nas condições dele, os médicos estimavam em apenas três meses a expectativa de vida de Jan.
Gertruda desesperou-se. Sem saber o que fazer, ela solicita ao hospital que possa levar Jan para sua casa. Os médicos concordam e Gertruda leva o marido.
Nos primeiros meses, Gertruda apenas sofre. Ela chora todos os dias. reza para Deus em busca de um milagre para seu marido. Mas nada acontece.
O tempo começa a passar e lentamente o sofrimento de Gertruda dá lugar ao trabalho. Ela começa a se conformar. Após um ano de coma, Gertruda acredita ser uma vontade de Deus que seu marido não tenha morrido conforme os médicos predisseram.
Outro ano passa. E mais outro. E outro. Os filhos de Gertruda e Jan crescem.
Nas festas de natal, eles ajudam a mãe a vestir uma roupa chique no pai e o colocam deitado no sofá da sala.
A presença de Jan é sempre constante. Quieto. Imóvel como se estivesse dormindo.
Muitos anos mais se passam.
É o início de uma tarde de verão na Polônia. Gertruda está sentada ao lado de Jan. Ela havia passado a manhã toda fazendo seu torturante trabalho de mover as pernas de e exercitá-lo, mudando-o de posição a cada hora para prevenir que o tempo na mesma posição provoque problemas em Jan quando percebe algo estranho.
Jan segura a mão dela. Num susto, Gertruda quase dá um grito e sente que vai desmaiar quando vê que Jan está falando com ela. 19 anos de coma e ele finalmente acordou.
Jan não tem noção do que aconteceu. Ele não sentiu o tempo passar. Para ele, a Polônia ainda é um país socialista. Assustado, Jan descobre ter uma penca de netos. E impressiona-se com a internet, os telefones celulares, os carros. É um mundo completamente novo. A Polônia agora faz parte da União Européia. Há uma nova moeda, capitalismo e prosperidade. Seus filhos viaram adultos e estão casados.
Jan olha ao seu redor e agradece mais uma vez a sua esposa, que cuidou dele por 19 anos para que ele pudesse finalmente acordar.
FIM
– Isto não é um conto. É uma história real, que eu li na BBC e romantizei. Leia mais aqui.
Pessoal, eu acreditei no texto da BBC, mas parece que eles foram enganados por um jornalista sensacionalista polonês. O Coma não passou de 4 anos. Nos comentários há um link para o desmentido.
Putz, parece-me que foi só 4 anos de coma.
http://www.bluebus.com.br/show.php?p=1&id=77186
a história real não é bem essa, mas sua versão romanceada ficou bem mais interessante.
imagine como seria entrar em como hoje, e acordar daqui à 20 anos?
Pô que pena. Ia ser bem mais legal se fosse mesmo 19 anos de coma.
Acreditei na BBC que foi no vácuo do jornalista sensacionalista polonês.
Valeu pela dica aí, amigos. Vou fazer um adendo ao texto, consertando-o
Philipe, houve alguém que disse: Se a lenda for mais interessante que a história, publique-se a lenda. Não lembro quem foi, mas dou-lhe razão.