Eu fui ver o filme Padre em 3d. O filme é meio mais ou menos. A ideia é legal, o roteiro até que é bacana, mas sabe aquele negócio de que todo filme precisa de umas lutas cheias de escalafobetices a la Matrix pra ser legal?
O filme ficou cagado justamente nisso. É o “americanismo” de sempre, que enche de mentiradas completamente escrotas e desnecessárias o filme e isso estraga a obra, que sem elas até seria legal. A cena que marcou a falência múltipla do filme é a “cena das duas pedras” (quem viu vai entender).
Mas nem tudo é ruim no filme. Uma das coisas mais mais legais do filme “padre”, são aquelas motocicletas totalmente hardcore, com ar de Mad Max, que os padres usam para adentrar o deserto. Aqui está ela:
Imediatamente me ocorreu de ir atrás desse desenho para caso algum leitor resolva fazer um mod em sua moto e andar por aí com a moto do “Padre”. Esta é a receita oficial das motos usadas no filme. Mas talvez (c0m um pouco de engenhosidade e criatividade) dê pra fazer uma modificando um pouco os elementos descritos aqui.
Os caras começam, montando virtualmente num programa de modelagem 3d tipo cad o que eles pretendem construir. Para isso usam o banco de dados de peças reais com suas respectivas dimensões e os volumes globais gerados com base nos desenhos conceituais enviados pelo departamento de arte do estudio.
A parte da “mão na massa” começa com a moto base. Isso porque seria uma idiotice fazer tudo do zero. Os caras começam com duas motos, da Suzuki, modelo Gladius.
A primeira coisa a fazer é esticar a moto, de maneira que ela se encaixe no perfil do que será a moto do filme. Em termos de garfo e controle, é bastante similar à moto do Akira.
Para fazer a moto, foi necessário modificar a suspensão original da Suzuki, e adaptar no lugar uma suspensão similar às usadas nos sidecars. O Quadro da moto foi estendido usando perfis de alumínio soldados.
Outra coisa que eles fizeram foi reduzir ao máximo possível o assento e jogá-lo quase em cima do tanque de combustível. A Ideia é ficar com um volume de “miolo” bem compacto.
Após as extensões do quadro serem devidamente adaptadas, a moto foi então remontada e um piloto de provas da equipe testou para ver se havia “pilotabilidade” suficiente para que a mesma fosse usada nas cenas.
Nesta foto acima, podemos ver como a parte do “miolo” da moto foi reduzido ao máximo possível para dar lugar as carenagens e papagaiadas que a deixarão com a cara sci-fi do concept. Segundo Mark Mazure, chefe da equipe de transformação de veículos para Hollywood, eles tiveram todos os cuidados necessários para fazer uma moto tão factível que poderia ser usada nas estradas dos EUA.
“Everything on our bike was road-worthy from a mechanical stance,” said Cinema Vehicle Services fabricator Mark Mazure. “I bet even now you could register it and drive it on the street.”
Quando estava tudo funcionando só com o miolo e as extensões, eles levaram a moto para a oficina onde as partes cosméticas começaram a ser fabricadas.
Inicialmente as carenagens são esculpidas em espuma de poliuretano. Nesta etapa, os escultores cairam matando, colocando detalhes e testando apliques de materiais diversos, para obter um look similar ao do concept. Camadas de resina de laminação são aplicadas sobre a espuma de poliuretano, intercalando vários graus de lixamento e aplicação de primer automotivo.
Após gerar uma estrutura final, cada pedaço das carenagens foi usado para produzir uma fôrma, de maneira a gerar facilmente novos painéis para as demais motos do filme. Eles também fizeram isso porque no filme algumas motos explodem. As duplicatas das carenagens são obtidas com fibra de vidro, gel coat e muita lixa.
Uma vez que estão finalizadas na parte de oficina, as motos seguem para o departamento de arte dos estúdios. Nesta fase elas vão com uma fina camada de pintura metálica para dar uniformidade nas motos. São os artistas da equipe de arte que vão envelhecer e dar o look final ao equipamento. Na foto abaixo, a moto do personagem Hicks pronta para ser enviada ao estúdio. (Note como ela sai parecendo um brinquedo)
No total, foram necessárias seis semanas de trabalho para gerar seis motos, do concept ao equipamento finalizado.
Parte do trabalho de envelhecimento envolve pintar em camadas diferentes a moto, simulando o desgaste causado pelo tempo, a sujeira do deserto, vazamentos de óleo, oxidação, etc. Aplicações de verniz incolor garantem que a “sujeira” nunca vai sair. O processo de envelhecimento da moto é feito com pincel, esponjas e pistola.
É a pintura que define muitas vezes nossa sensação de realismo. Alguns materiais que parecem metal são plastico, mas a pintura engana nosso cérebro completamente.Aplicações em couro também envelhecido aumentam o realismo e ressaltam o aspecto “Western” do filme.
Como em Hollywood nunca se filma uma cena de primeira, as equipes de arte tiram fotos e replicam através de fôrmas as motos para gravar as cenas de destruição diversas vezes. Assim, podemos dizer que em Hollywood, até os elementos de cena tem seus dublês.
Clique na imagem abaixo para ver os detalhes em alta resolução:
As motos do filme Padre foram criadas na GhostLight de Los Angeles.
Cara, animal! Seria uma boa saber também sobre as motos de Tron: Legacy!
Que massa!
Eu ainda vou ter uma moto customizada. Não exatamente essa, mas algo parecido, ou como a do anime Akira.
+ só k ele é um sistema nada a ver como de um exemplo de uma turbina !!!
isso ainda n entendi …
+ é um belo progeto como a do akira bike
Cara, um grande abraço e parabéns pela matéria, não esperava encontrar algo tão bom ao acaso quando procurava por “processo de envelhecimento de motos.”
po valeumuito tri cara
Tem gente que tem paciencia, mas tem outros que tem mais ainda em disponibilizar um documento desses.
Belo post. Eu vou fazer uma asim. mas sera mais simples. penso no bubble tricke do mad max. o que chateia e a documentacao.
abracos
Embora de design avançado, dois detalhes na “supermoto”:
Primeiro, a parte dianteira parece ser a tomada de ar de uma turbina a jato. Se for verdade, a roda dianteira vai jogar areia do deserto para dentro dela, já que não tem para-lama, e a turbina vai travar antes de percorrer poucos quilômetros.
Segundo, pela mesma falta de para-lama, a roda traseira tem tudo para “engolir” ou prender a capa do piloto, que fica esvoaçando, e arrancar o sujeito do assento…
Bem, no final, tudo fica sendo “licença poética” de hollywood, onde tudo pode e as leis da física comum não dominam. Alguém também percebeu que em qualquer acidente com uma nave espacial, pode falhar tudo: suporte à vida, teletransporte, armamento, comunicação, propulsão… mas nunca; ou na esmagadora maioria das vezes, não falha a… gravidade artificial. Salvo se sua falta fizer parte da cena, a gravidade artificial é mais precisa do que relógio suíço!
Hehehe é pq se falhar a gravidade artificial o custo do filme vai pras cabeças.
Camarada compartilhei em uma pagina no facebook. CULTURA CUSTOM CLUBE.
espero que nao fique bravo.
Muito legal esse passo a passo.
Eu fico é agradecido. Abração!