domingo, dezembro 22, 2024

Criando o Yoda

Este artigo é uma continuação do artigo no qual eu mostro passo-a-passo a criação de uma escultura conceitual a partir de um esboço ou desenho.

O artigo é introdutório e não um tratado definitivo. Assim, muitas dúvidas surgirão e eu recomendo a prática para aperfeiçoar a técnica. Não sou doutor nesses assuntos, sou um curioso como você, assim não me proponho aqui a fazer “o artigo” definitivo sobre algum assunto, o que significa que nem todas as respostas que você quer estarão aqui no artigo.

Ele cobre desde a concepção, execução, fabricação de um protótipo, de um molde e cópia da peça em resina e é útil tanto para pequenos animadores de stop motion ( já que saber fazer um molde é pré-requisito para poder fazer determinadas animações profissionais de stop motion. -Aguarde! Em breve num próximo artigo) tanto quando modelistas e designers industriais.

Suponha que você é incumbido da tarefa de fazer um carro supermoderno. Não há muita complicação no processo de modelar a carroceria, mas como fica quando você precisa fazer as calotas, pneus específicos, rodas e peças padronizadas e exclusivas do teu modelo que devem ser rigorosamente iguais e não se encontram à venda? Pois é. Esculpa e depois duplique.

Já imaginou o problema que seria se você fosse contratado para uma série de peças comissionadas para a Estrela, onde ela precisaria de um esquadrão inteiro de soldados? Olha que tremenda utilidade seria fazer uma estrutura básica e duplicar, para perder tempo apenas com os detalhes que realmente importam!

O presente artigo cobrirá efeitos adicionais, como iluminação em partes da peça. Muito útil para maquetistas e designers conceituais que gostam de surpreender o cliente.

Neste artigo trataremos de conceitos que são úteis para designers de efeitos especiais e props, como armas, objetos de cena (sobretudo os que estouram, explodem e se espatifam) e fabricação de peças para coleção. Uma vez que você compreenda e domine o processo simples da duplicação, você estará apto a fabricar e vender os seus modelos, bem como copiar modelos comerciais para uso próprio. Mas evite virar um clonador de peças comerciais caras, pois pode dar problemas de copyright, já que isso é pirataria.

Apesar de ser uma continuação, eu optei por dar um caráter totalmente novo a este artigo, desvinculando-o da última peça, que foi produzida inteiramente a partir da imagem de um robô desenhado pelo renomado designer conceitual Feng Zhu. Fiz isso porque nem sempre as pessoas lêem as coisas na ordem. Assim, abordarei aqui a construção de uma escultura usando o mesmo material do artigo anterior, a massa Super Sculpey.

Se você ficou interessado na massa e quiser saber mais sobre massas, há mais um artigo em que eu falo um pouco sobre elas. Para comprar, entre em contato comigo.

Mas já que muita gente manifestou interesse, vou dar uma falada rápida aqui sobre esta massa que usarei.

Bem, a massa que trabalho geralmente é conhecida como massa de polímero. A massa de polímero ou polyclay é essencialmente um composto de microscópicas partículas de policloreto de vinila, ou como é vulgarmente conhecido este plástico, o PVC, que são emulsionadas com uma substância derivada de petróleo, ceras especiais e destilados químicos secretos.

O polyclay é uma massa parecida com massinha (plastilina) que pode ser assado no forno caseiro, e assim os destilados de petróleo se evaporam fazendo as pequenas partículas de PVC se agruparem, formando um maravilhoso material que se assemelha ao plástico e a madeira, altamente resistente, que pode ser serrado, cortado, furado, lixado e pintado.

Há muitos tipos e fabricantes diferentes de polyclays. Eles variam de acordo com a necessidade especial do artista (há os que viram borracha, há os que ficam rígidos, há os que viram borracha escolar, os que brilham no escuro, etc.) e a sua capacidade de compra, pois os valores também oscilam muito, em geral acompanhando os valores do petróleo e do dólar. Não há polyclay nacional ainda. Tudo é importado.

Mas como eu ia dizendo, eu resolvi fazer algo novo para este artigo, afinal não haveria novidade rever como foi feito o robô, pois isso já havia sido mostrado no artigo anterior. Neste especialmente, eu optei por algo mais na moda. Enquanto escrevo este artigo, o segundo filme da saga STAR WARS está pra estrear no Brasil. Assim, não vou contar o filme, mas todo mundo sabe que o mestre YODA, um jedi alienígena poderoso de aproximadamente 900 anos finalmente mostra seu estilo, e luta usando um inédito sabre de luz.

Não tive dúvidas de que uma peça com o grau de dificuldade que eu necessitava seria justamente a que mostrasse Yoda, empunhando seu sabre de luz em uma pose que refletisse seu caráter solene e ao mesmo tempo desafiador.

Bem, resolvo fazer isso após ler um email (na verdade tenho a ideia justamente enquanto leio) de um designer que gostou o artigo anterior.

Marco a hora, pois é sempre bom estimar o tempo de trabalho. Faço isso por duas razões. A primeira é aferir se minha velocidade de escultura reduziu ou aumentou (em geral, logo que um iniciante começa ele leva muito tempo, até dias para completar uma peça. Com a prática este tempo cai dramaticamente). E a segunda razão é que se eu for contratado para uma escultura comissionada, preciso ter uma noção de tempo/trabalho para definir valores. Isso é muito útil. Se você nunca fez, faça. Até mesmo no processo de modelagem em 3d. É sempre fundamental que você se conheça. Como diziam os mestres da guerra do Japão feudal, “se o general não conhece seu exército ele perderá todas as batalhas”.

Novamente, a primeira coisa que eu fiz foi estudar a melhor pose para a peça. Isso evitou muito desperdício de tempo posicionando e reposicionando o esqueleto da mesma.

O resultado melhor eu obtive com uma pose pré-combate que retirou muito do movimento que eu pretendia para a peça, mas que acrescentava alguma dignidade extra a um coroa de 900 anos. Além do mais, estar de pé portando o lightsaber aceso e meio de lado sempre foi praticamente uma “pose compulsória” para se retratar um jedi…

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Usei papel e lápis para traçar esboços da melhor pose. É neste momento que detalhes podem ser acrescentados e subtraídos sem dor. Minha ideia inicial, como se pode ver pelos desenhos, era fazer uma versão do Yoda. Não necessariamente a mesma do filme. Mas me contive da empolgação de alterar o mesmo em demasia, pois poderia gerar problemas, como o de as pessoas não associarem a figura do Yoda ao boneco e até mesmo a alteração excessiva poderia acabar parecendo um subterfúgio para alguém que não conseguisse esculpir exatamente o Yoda que todos conhecem. Então, mudei os planos e parti para o clássico Yoda.

Não foi muito difícil obter referências. O problema maior foi obter boas referências, pois muito do que se vê na net sobre o Yoda são imagens ruins, em baixa resolução onde o rosto aparece com poucos detalhes. Por sorte eu já havia feito o Yoda antes, mas em tamanho real para um projeto animatrônico de efeitos especiais, e me lembrava de muita coisa da anatomia do rosto do pequeno ser. Assim, praticamente esculpi de memória.

Com a tradicional base de madeira, iniciei o trabalho de escultura. Da última vez eu mencionei, mas falei pouco sobre ela. Eu uso uma ma pequena placa de aglomerado ou compensado de dois centímetros de espessura. Nesta base, faço furos para enfiar o arame de aço. Muitos artistas usam uma base própria para a maioria de suas peças. Devido à necessidade de mudança de poses, eles costumam fazer numa placa dezenas de furos usando uma pequena broca para madeira. Isso facilita bastante, porque não é necessário furar a base para cada modelo. O furo já está lá. É só passar o arame. Facilita também na hora de reposicionar. Neste caso eu não usei, mas você pode usar sem problemas.

Qualquer tábua pode ser usada como base, desde que esteja bem plana, pois madeiras empenadas podem provocar alterações posturais nos bonecos, sobretudo nos mais altos, porque se o arame não for suficiente para sustentar a peça e ela estiver excessivamente pesada, o desnível pode provocar danos na peça. O compensado é bom porque é formado de várias camadas, o que dificulta empenar. Evite madeiras de modelismo, como cedrinho fino e madeira balsa. Madeira balsa é um material maravilhoso, sobretudo pela sua facilidade manusear, mas justamente devido a isso (ela é porosa) pode gerar problemas no forno super quente, virando carvão e também problemas de sustentação da sua peça, pois ela quebra com muita facilidade. Prefira madeiras firmes, pois elas ancorarão com vigor a energia e tensão do esqueleto.

Bem, com a base pronta eu passo o arame. Agora vou dar uma dica de velocidade. Antes eu trançava o arame na mão. Entre furos no dedo e perda de tempo rodando aquele treco, o tempo era um inimigo implacável. Mas se você pegar três ou mais (depende de cada peça) fios de arame, prender uma das pontas num torno e as outras numa furadeira, após ligá-la, em dois segundos você obtém um arame altamente trançado, rígido e forte.

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Uma vez que eu tenho o arame, começo a modelar o esqueleto do boneco, como eu mostrei no artigo anterior.

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O começo é aquele tradicional enchimento do esqueleto com massa. Nesta etapa eu não me preocupo com detalhes. A preocupação nesta parte é com as proporções.

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Uma vez que o esqueleto foi devidamente recoberto, eu inicio a parte gostosa que é a subtração de informação da peça. Isso nada mais é do que aparar os excessos. Nos pés costuma ficar muita massa, mas eu não tiro muito aí, pois esta massa dá reforço a estrutura, de modo que eu posso tirar mais tarde.

Assim, seguindo a forma básica do Yoda, eu modelo seu corpo franzino e sobre ele começo a colocar sua túnica. É uma espécie de camisola de lã que ele usa. Assim, vou até o armário e pego uma blusa de lã. Visto-a no meu sobrinho e observo como uma blusa deste tamanho se comporta em alguém com menos de 1,50m. Há um caimento natural do tecido, que eu rapidamente esboço no papel. Isso dará uma credibilidade adicional ao realismo da peça.

Agora o que eu tenho é um boneco sem cabeça, com algo que se parece uma camisola recobrindo todo o corpo. Aliás, ainda não se parece uma camisola, mas uma pele estranha. Chego a conclusão que o que falta é justamente a textura do material. Então entra aquele momento em que nós temos que sair por aí à cata de um material com a textura certa para imprimir na massa a aparência de uma trama… Com um pedacinho de massa vou testando diferentes materiais que acho em casa. Perfex, pano, fitas de nylon, a parte interna de um moleton, tela de mosquiteiro, etc. Bem o melhor material para simular tecido foi justamente uma tela de nylon que lembra a tela de um mosquiteiro, mas eu queria lã e por isso a trama melhor foi uma irregular que encontrei num pano de chão bem surrado aqui na minha área de serviço. Com uma tesoura eu tiro uma amostra do “sudário” e com a massa aperto sobre ele, imprimindo um negativo do tecido.

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Rapidamente, gero pequenas ferramentas que são diferentes tipos de carimbos de massa, que levo ao forno por cinco minutos. Assim que esfriam, aperto contra um pedaço de massa mole e vejo que eles copiam perfeitamente a aparência da lã. Como eu previ.

Então, faço isso em toda a túnica do Yoda. Ela ganha vida. Modelo todas as partes que faltam, como os pés. Os pés são bem fáceis de fazer, resumindo-se em dois cortes em forma curva que produz no tal excesso de massa que eu havia falado uns três dedos. Modelo também as unhas e aplico-as no modelo.

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Para detalhamento eu uso as ferramentas que citei no outro artigo, mas se você não leu ainda, a maioria é composta de ferramentas de dentista, que eu consegui simplesmente pedindo a eles. Esse material se chama ferramental e pode ser facilmente encontrado em lojas especializadas em produtos para dentistas, as dentais. Mas pedir é bem mais em conta, porque você só se arrisca a não ganhar. Em geral este material se desgasta rápido para o trabalho deles e eles jogam no lixo ferramentas que são ideais para modeladores… Assim, não perca tempo e saia à cata de seu equipamento. Outras ferramentas são os boleadores e espátulas que você compra em diferentes tamanhos em boas papelarias. O resto é improvisado mesmo. Você pode usar tudo, caneta, escova de dente, agulhas, etc.

Pronta a primeira parte, levo para o forno. Isso é necessário porque a texturização é muito frágil na peça e um pequeno esbarrão com o dedo pode apagá-las. Assando um pouco eu mantenho a dureza necessária para que continue modelando o Yoda sem perder as informações de textura que imprimi na peça.

Depois que esfria eu começo a fazer fitas com a massa. Faço isso com um rolo metálico que esfrego sobre uma cobrinha de massa. Unindo as fitas eu obtenho uma espécie de tecido de massa que uso para cobrir o boneco, fazendo o manto jedi que ele veste sobre a túnica. Não há mistério nessa tarefa, apenas o cuidado para fazer as dobras do tecido convincentes.

Observando o filme eu percebi que o manto é vagamente mais pesado que a túnica e isso tem que refletir na peça. Assim ele tem menos dobras e amassados. Um detalhe que acrescentei pra aumentar o realismo foi adicionar um pouco de vento lateral à peça. Isso foi feito dobrando-se levemente a túnica para o lado esquerdo (o que nos dá a sensação de uma brisa soprando da direita) e levantei a ponta esquerda como se fosse atiçada pela força do vento.

Com as mangas fiz a mesma coisa. Dobrei-as de modo que não estão caídas para baixo como seria se não houvesse vento. Puxei-a para a direção do corpo com inclinação para a esquerda. Isso deu um aspecto de fato bem interessante. Dá pra praticamente “sentir” o ventinho.

Depois determinado o manto, fiquei sentindo como se ainda faltasse algo. Ele estava muito liso… Faltava informação na peça. Mas quando fui pensar nisso eu já havia assado e a capa tinha endurecido. Levei um dia inteiro pensando no que eu poderia fazer para melhorar a capa do Yoda. Não parecia haver outra maneira de adicionar informação sem ser pelo processo de recobrir de massa e detalhar na mão. Mas isso aumentaria muito o volume do casaco, que estava no limite máximo que eu poderia usar… Então resolvi experimentar uma nova técnica. Fui até a caixa de remédios aqui em casa e voltei de lá com uma pequena gaze cirúrgica de linha. Observei com cuidado como se comportaria a gaze sobre a peça. Era o efeito que eu queria. Assim cortei pedaços de gaze e com um pincel embebido em verniz fui colando-a sobre a peça, em capas sobrepostas porque a gaze tinha uma trama muito espaçada.

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Preferi o uso de verniz acrílico VA15 porque ele não é uma cola. Colas em geral grudam rápido. O verniz por suas características é bem líquido quando fresco e quando seca perde volume, de maneira que depois de grudar na peça, apenas a gaze apareceria. A característica líquida do verniz possibilitou o uso com um pincel macio sem que a aplicação alterasse a trama frágil dos pedaços de gaze cortados.

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A etapa seguinte foi modelar a cabeça. É nesse pedaço que grande parte dos modeladores engasgam, mas por sorte eu consegui de primeira. Talvez porque já tivesse feito aquilo antes, sei lá.

Coloquei os marcadores dos olhos (um detalhe legal quando você pinta, pois isso mantém as pupilas do mesmo tamanho) apontados para a direita, assim pude obter uma pose em que Yoda olha meio de lado, como se visse o observador. Modelei as rugas com ferramentas de dentista, detalhes menores com agulha e finalizei a cabeça fazendo os poros. Sim, eu modelei os poros.

Pra isso usei uma escova de dente com certas bem espaçadas e com leveza fui pressionando sobre áreas específicas do rosto… Isso é potencialmente útil quando seu boneco é grande. (não é meu caso) ou é um busto e você quer dar detalhamento adicional. Fica legal porque com uma boa técnica de pintura é possível obter cravos linhas de expressão e outras imperfeições que monstros e vampiros tem…

Modelei as orelhas usando um paquímetro para determinar o tamanho correto. Isso foi feito com uma simples regra três com as dimensões da fotografia que eu tinha de referência. Depois que terminei a peça, levei ao forno por 15 minutos.

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Tirei-a ainda quente e iniciei a fabricação do essencial, que era o lightsaber. Na Internet eu achei referências do lightsaber do Yoda. Para fazer o sabre, usei um arame grosso que me deu um trabalhão para fazer ficar reto. Assei separado e inseri na peça.

Ao terminar a escultura da peça confirmo no relógio o tempo que levei. Oito horas… Nada mal. O robô levou umas doze horas…

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Agora vem a parte mais complexa. Como fazer o arame acender? Pintá-lo de verde não daria o efeito que eu gostaria. Só há uma saída. Copiar o boneco em um material transparente e inserir uma lâmpada colorida dentro dele, de maneira que por indução, a luz acenda o sabre.

Bem, concluído o processo de fabricação do master, da matriz ou do protótipo, começo a planejar a duplicação do mesmo. Antes de iniciar, eu verifico cuidadosamente se tenho tudo que necessitarei.

Com tudo à mão, pego uma caixa que pode ser de madeira, plástico ou papelão mesmo. Ela vai servir de estrutura do molde. A caixa não pode ser muito maior que o boneco, pois do contrário você gastará material inutilmente, mas deve ser alta de maneira que seja mais ou menos duas vezes mais profunda que o boneco deitado é. Desmonto a caixa. Isso é importante porque precisarei fazer uma “cama” de massa pra peça. Então começo da base da caixa.

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Inicio forrando a tábua que compõe a base da caixinha com papel celofane transparente. Isso evita que o silicone grude no material. Depois, com duas pequenas bolotas de massinha (plastilina) eu posiciono o Yoda de maneira que ele fique suspenso a uns dois centímetros do fundo da caixa. Vou colocando com cuidado várias bolas de massinha até fazer com que haja uma “cama” de massa recobrindo inteiramente a área da caixa.

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A quantidade de massa deve ser cuidadosamente planejada para marcar exatamente a metade do corpo do Yoda. Alise bem em volta para obter uma camada reta.

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Feito isso, com a cama feita de maneira a enterrar o boneco pela metade do corpo, você modela uma espécie de funil ( em massa azul por razões didáticas) de massa e coloca sobre o local onde deverá encher o molde. No meu caso uso dois funis. Um pra resina e outro para saída do ar.

É fundamental sempre ter uma saída de ar. Do contrário o resultado não será outro que não vazamentos na fôrma, bolhas e ar e peças que nunca se completam, pois é impossível o ar e a resina ocuparem o mesmo espaço.

A saída de ar deve sempre obedecer à mesma direção do funil de enchimento. Nunca as grude. Deixe sempre uns dois centímetros de distância entre ambas.

Agora, com os pedaços restantes da caixa e fita adesiva ou durex comece a montar a caixa em volta da cama de massa. Uma dica é espetar a parede da caixa diretamente na massa e após fazer isso finalizar colocando uma camada adicional de massa para fechar qualquer fresta que venha a ter entre a cama de massa e a parede da caixa, se houver, claro.

Agora que você tem seu boneco num caixão, deitado numa camada de massinha que o recobre pela metade e com um funil de massa ligado a um pé e outro menor ligado a outro, comece a espetar na área de massa a parte traseira de uma caneta ou pincel atômico.

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Faça várias dessas marcas, pois elas serão elementos chaves para o bom fechamento da sua fôrma.

Uma vez que você terminou esta etapa, você deve pegar seu silicone. Antes vou falar um pouco sobre ele:

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O silicone de impressão é um material que não é barato mas é altamente profissional, por isso, recomendo o máximo de cuidado ao manuseá-lo. Não fume. Não prove. Não inale os vapores. Não exponha o material a animais de estimação ou crianças. Evite contato com a pele. (Calma, ele não queima, nem mata em contato, mas evite, pois você pode ser alérgico). Faça sempre operações que envolva químicos em local ventilado.

Em geral ele é um material branco gosmento que lembra bastante aquelas babas brancas que saíam do interior dos andróides do filme Alien o 8 o passageiro. Dependendo do fabricante, o silicone de impressão pode ter cores que vão do vermelho escarlate ao branco neve. Em geral é meio creme. O silicone é vendido em potes de 1kg, e vem com um vidrinho de remédio com uma espécie de álcool dentro. Obviamente não é álcool. É catalisador para silicone. O silicone de impressão só endurece por reação química e isso se deve ao contato com o catalisador. O cheiro não é bom, mas vale a pena. A proporção correta de mistura dos dois componentes (sempre misture em outro vasilhame. Não cometa a burrice de misturar catalisador direto na embalagem do silicone, pois vai endurecer tudo, a não ser é claro, que você vá usar 1kg inteiro de silicone logo de cara…) potes vazios de sorvete se prestam bem a este tipo de trabalho.

A proporção de mistura é ¼ de catalisador para cada parte de silicone. Eu faço a mistura mais ou menos no olho, mas é bom medir bem, pois do contrário, se for catalisador demais, a peça de borracha ficará mais rígida e quebradiça a longo prazo, mas ainda sim é melhor que catalisador de menos, que provoca a perda completa do modelo, pois a gosma branca nunca mais secará. Já pensou? (Acredite em mim, aprendi da pior maneira.)

O fabricante sempre envia um folheto ou instruções de proporção para o silicone. Assim não me alongarei nesse aspecto. O mais complicado é achar um revendedor de silicone de impressão perto de você. Em geral você tem que procurar na lista telefônica por lojas que vendem resinas, fibra de vidro, talco industrial e material correlato. Evite lojas de ferragens. Eles sempre acham que o silicone que você procura é aquele transparente de colar vidro de aquário. Não é. Nem tente usar silicone de vidro pra isso porque não dá.

Bem, uma vez misturado em outro vasilhame na proporção correta, o silicone deve ser vigorosamente espatulado para evitar risco de algumas partes do silicone não sofrerem catalização. ( isso é uma catástrofe!)

Com uma concha ou colher (Ah! Não use material da cozinha. Tenha seus próprios materiais sempre! Sua mãe ou esposa agradecerá…) vá aplicando lentamente o silicone, despejando-o em um canto do molde de modo que não caia diretamente sobre a peça, como se faz com leite condensado, pois a aplicação desse jeito elimina as temíveis e malditas bolhinhas de ar.

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Mas que vá cobrindo-a gradualmente. Isso facilita o processo, pois o silicone vai lentamente empurrando o ar para longe da peça e assim você consegue evitar bolhas na peça. Não faça economia nessa etapa. Cubra de silicone a caixa até a boca. Uma dica para economizar silicone é (se você já tem outros moldes velhos e sem uso) cortar fôrmas antigas e colocar os flocos nos cantos. Isso reduzirá bem o volume de borracha que você gastará ao encher a forma. Mas cuidado para a borracha já catalisada não encostar no boneco. Ela é apenas para encher lingüiça e poupar o silicone novo que é caro.

Deixe descansar por seis horas. O processo de endurecimento se inicia em dois minutos dependendo da proporção de catalisador, mas é bom dar seis horas porque é o tempo em que levará a catalização para que a forma fique bem feita. Algumas marcas necessitam de 18 horas para cura total.

Passado este tempo, Abra a caixa e você vai ver que o silicone preencheu toda a parte superior da fôrma. Em baixo, é massinha pura. Vire o molde e retire a massinha com cuidado para não danificar seu modelo.

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Bem, não retire o modelo. Apenas a massinha. O modelo deve ficar como está, enterrado no silicone. Agora refaça os funis de enchimento e saída de ar do modelo com massinha.

Limpe cautelosamente seu boneco dos restos de massinha que por ventura grudaram nele. Use uma agulha para os detalhes.

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Feito isso, pegue vaselina líquida, desmoldante ou cera “Polifoor” e aplique sobre o molde e sobre o boneco. O mais indicado é a vaselina líquida que você compra em lojas que vendem material para artesanato.

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Nesta peça e não tinha vaselina aqui e acabei usando cera desmoldante mesmo, mas acho que deu alguma alteração na cera, pois tive problemas com o molde… Aplique a vaselina com um pincel macio, preenchendo TODAS as áreas da fôrma. Dê atenção especial aos cantos, pois você vai começar a abrir a fôrma por eles… Se eles grudarem você terá um trabalhão. E se você não preencher com cuidado a fôrma toda, uma borracha grudará na outra e seu boneco ficará permanentemente congelado em um bloco de silicone tal qual o Han Solo ficou em carbonite, he,he,he…

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Feche a caixa, misture mais silicone e entorne na fôrma da mesma maneira de antes. Usando uma concha vá aplicando filetes nos cantos, para evitar bolhas.

Encha a forma e deixe curar. Aproveite para descansar. Vá ao cinema.

Depois do tempo de cura terminado, corra para a fôrma e com cuidado abra-a. Você verá que conseguiu fazer o molde facilmente. Retire a matriz de dentro da mesma puxando-o com cuidado.

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Agora usando a vaselina líquida, besunte o interior da forma, onde o boneco estava, em cada uma das camadas da fôrma. Isso é fundamental.

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Feche a fôrma. Perceba como as marcações que você fez com a tampa da caneta criaram pequenas travas que ancoram um lado da forma no outro.

Agora, lubrifique com óleo de cozinha ou vaselina líquida, isso ajudará ao desmoldar as cópias futuras. Para iniciar a fabricação em escala dos bonecos, feche a forma como se fosse um sanduíche.

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Em algumas fôrmas eu uso grampos especiais de marcenaria chamados sargentos, que você encontra a venda em lojas de 1,99 para segurar firme. Na falta deste maravilhoso material, recomendo o uso de elásticos bem esticados ou mesmo fita adesiva bem tencionada à volta da sua fôrma. Vede bem as extremidades… Amarre-a bem.

O próximo passo é copiar o boneco. Na mesma loja em que você comprou o silicone, você encontra um material chamado resina de poliéster. Em geral ele é vendido em galões e garrafas de 1kg. A resina funciona com o mesmo princípio do silicone, com a diferença que fica mais dura que pedra depois de curada e endurece infinitamente mais rápido também.

Existem resinas de diferentes cores e tonalidades. Para a maioria das minhas peças eu uso uma resina barata chamada resina de laminação. Mas para esta peça e para o efeito que planejo para a mesma, vou usar uma resina pouca coisa mais cara chamada de resina cristal. A resina cristal vira uma superfície transparente similar ao gelo e ao vidro depois de seca. É indicada toda vez que você necessitar de alta transparência e resistência, como janelas e vidros para protótipos automotivos, etc.

Se você necessitar de uma produção em larga escala (como foi quando fizeram os blasters dos stormtroopers para star wars) o uso da resina pura pode se tornar excessivamente caro. Nesse caso o indicado é formular uma composição de resina de laminação com monômero de estireno e talco industrial. Isso aumenta muito os recursos materiais sem influir no preço. (Em geral, estas dicas são dadas pelos revendedores)

Misturo a proporção de catalisador indicada pelo vendedor em um recipiente plástico. Note que a proporção de catalisador para resina é sempre menor que a de catalisador pra silicone. Excesso de catalisador na resina provoca reações adversas. Uma vez eu errei a mistura para ver o que acontecia e descobri espantado que a resina “emborrachou”… Se você coloca muito catalisador, mas não tanto ao ponto de emborrachar, sua peça terá microfraturas internas causadas pela reação térmica gerada na catalisação. Isso atrapalhará a transparência da peça, assim sempre preste atenção ao usar a resina.

O novato pode se espantar ao ver que comprou resina cristal e quando preparou a mistura a resina ficou esverdeada. Calma! É assim mesmo. Depois que ela começa a catalisar fica transparente feito vidro. Talvez, até mais.

É sempre bom lembrar que na resina ao contrário do silicone, a catalisação gera uma certa quantidade de calor. Assim, dependendo do tamanho da peça, você pode se queimar!

A mistura pode ser feita num recipiente plástico. Aí é necessário cuidado, pois nem todos os plásticos podem receber a resina, uma vez usei num recipiente de poliestireno e ele reagiu e derreteu na minha frente, espalhando resina na mesa. Então o que eu recomendo veementemente é que você não arrisque e use uma garrafa velha de coca-cola. (…se agüenta coca-cola agüenta tudo, he,he) Corte-a ao meio e use a parte de baixo como um copo para misturar a resina. Misturada, você tem que agir rápido. Do contrário, ela secará no próprio recipiente.

Parece bem líquido no início, mas rapidamente começa a ter consistência de mel e depois nem pinga mais… A resina cristal leva mais tempo para secar que a de laminação.

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Talvez você esteja curioso sobre o que é este fio saindo da fôrma… Mais na frente eu explicarei e você saberá o que é.

Vá virando com cuidado a resina no funil da sua fôrma, com cuidado de não obstruir a saída de ar. Faça tudo de maneira suave. Não encha de resina de uma vez. Vá colocando aos poucos, de gole em gole. Assim, você evita problemas. Não seja afobado. Ela leva uns vinte minutos para parecer mel…

Se você sujar alguma coisa e precisar limpar, vai ser barra pesada se você não tiver o diluente próprio para resina. Ele é um produto químico que se assemelha a aguarraz. Chama-se monômero de estireno. Serve para limpar e diluir resina. Agora, de volta à nossa fôrma:

Depois que a resina aparecer na saída de ar, significa que você encheu a fôrma. Cuidado para não entornar. Faça isso sempre em local aberto e bem forrado com plástico.

Depois de duas horas de cura, você pode abrir e ver se funcionou bem. Muitas vezes o designer descobre ao abrir a fôrma que determinadas regiões são problemáticas, (como as orelhas do Yoda) pois impedem a saída completa do ar. A solução pra este tipo de problema é pegar a forma, misturar um pouco de resina e com a fôrma aberta, jogar com uma colher nestas áreas. Espere secar.

Secou? Agora feche a forma e repita a operação, enchendo-a com mais resina. Assim a resina nova colará na velha, que já ocupou a área problemática e a peça estará coesamente pronta, e ninguém perceberá a emenda a não ser que você use cores de resina diferentes.

É sempre bom dar uma lavada na peça depois de tirar da fôrma. Isso evita que restos de cera ou desmoldante permaneçam no boneco, o que atrapalharia a pintura. Para lavar eu uso uma escova de dentes com cerdas macias e um pouco de detergente de cozinha. Seco com um pano macio e com secador de cabelos para áreas muito detalhadas.

Observe que a resina leva poucos minutos para espessar e endurecer, porém ela só está completamente seca ao toque em cerca de uma ou duas horas, dependendo da quantidade de catalisador usado e a densidade da peça.

Bem, seguindo o meu projeto original, vou começar a pensar uma boa forma de iluminar o lightsaber. Eu gosto sempre de usar o material coreto para cada aplicação, mas nem sempre isso é possível. Para acender o lightsaber o ideal seria usar um material pouco conhecido até mesmo na indústria dos efeitos especiais de Holywood. Inventado há menos de cinco anos, o LightLine. Do mesmo fabricante há também o lightsheet. Lightline e lightsheet são materiais especiais desenvolvidos com alta tecnologia que permite a criação de lâmpadas em forma de fio que se assemelha a um néon flexível, com várias cores e calibres (lightline) e em forma de folha de papel com vários tamanhos e cores (lightsheet). O legal desse material é que são altamente luminosos. Eles podem ser de todos os tamanhos imagináveis, dobrados, cortados, pintados e etc. O lightsheet é o material usado para dar aquela luminiscência azulada nos reatores de antimatéria da Enterprise. Foi usado também nos motores laterais do carro do Batman… É superbarato, (algumas vezes pedaços pequenos custam menos que U$2!) e duram eternamente ( segundo informa o fabricante, mais de 50.000 horas) sem queimar. E nem preciso falar que eles não geram nenhum calor. O lightsheet e lightline são usados hoje quase que totalmente para iluminar miniaturas.

Infelizmente, devido à lentidão do correio, não pude usar o lightline que eu pretendia para a lâmina… Mas nem tudo está perdido. É possível iluminar miniaturas sem a tecnologia do lightsheet ou do lightline. Pra isso existem duas maneiras básicas:

Você pode usar luz incandescente com uma lâmpada pequena que pode ser até lâmpada de pisca-pisca natalino, mas que tem a desvantagem de queimar rápido, necessita de mais energia e gera muito calor. Se sua peça for um carro, uma nave, ou coisa assim e comportar um refrigerador de CPU, aí você pode usar lâmpadas pequenas de até 100Watts… Quando procurei luzes para minha peça encontrei verdadeiros “faróis” baratos de até 150 watts funcionando com uma fonte comum de 12 volts por preços abaixo dos cinco reais. ( note que quanto mais luz, mais calor é gerado.) Mas tudo depende do que é sua escultura. No meu caso, o Yoda é bem pequeno, o que atrapalha MUITO a ideia de iluminar a peça. O ideal é que eu usasse uma fonte de luz poderosa, pois a indução deixaria o lightsaber bem realista, mas luzes incandescentes geram um calor enorme e apesar de que o meu boneco é feito de resina (um material que suporta relativamente bem o calor) fiquei receoso de usar luzes potentes, pois poderia ter algum problema inesperado, sobretudo com a pintura, que se sobreporia à resina numa etapa posterior.

Optei por testar gradativamente a melhor fonte de luz, em uma escala crescente para evitar futuros aborrecimentos. Mas como a ideia é fazer algo didático e não uma peça perfeita e maravilhosa, vamos em frente.

Na maioria dos modelos, você pode usar também uma coisa chamada LED. Led é aquela lâmpada eletrônica usada em aparelhos domésticos. Ela ilumina pouco. Muitas vezes nem ilumina. Só dá pra ver que está acesa. Provavelmente se você tem um modem externo deve ver alguns leds piscando nele agora. A luz de stand by da sua Tv e as luzes do caps lock aí do seu teclado também são leds. A vantagem do led é que é barato, (quase de graça) não queima, dura anos e anos sem problemas, não gera calor, vem em cores: vermelho, amarelo, verde, laranja e o mais caro, o led azul.

A desvantagem do led é que eles necessitam de um resistor para funcionar legal. Assim um mínimo de conhecimento de eletrônica é sugerido. Dessa maneira vou evitar usar led, pois se eu começasse a explicar tudo o que dá pra fazer com led o artigo não acabaria nunca…

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Neste modelo por uma questão didática e pela alta quantidade de luz que eu preciso, resolvi usar quatro minilâmpadas de R$0,80 que achei numa loja de eletrônica. Elas funcionam bem numa fonte de 12 volts que comprei no mesmo lugar.

Na dúvida, sempre peça ajuda ao vendedor. Em geral eles são bons nesse tipo de ajuda. Devido a pouca luminosidade das minilâmpadas, fui obrigado a usar mais de uma, mas se seu projeto necessitar de uma só, não há problema. Usei mais de uma também porque lâmpadas incandescentes queimam, e usando várias eu minimizarei as chances de ter problemas com isso em curto prazo.

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Faça uma perfuração na base e passe os fios. Eu uso fios finos, pois eles são mais fáceis de disfarçar.

Eu poderia usar pilhas como uma forma opcional de fonte de energia, mas as pilhas teriam o inconveniente de me obrigar a escavar um reservatório para elas na base, ou incluir alguma peça de cenário para esconde-las de maneira a eventualmente poder abrir para trocá-las sempre que se desgastarem.

Como é uma figura decorativa que ficará parada na estante, acho que o uso de corrente elétrica seria mais fácil.

Agora eu abro a fôrma.

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Vejo com cuidado onde prenderei as luzes. Os fios devem ser compridos o suficiente para sair pelo canto do funil de enchimento da fôrma. Então entorne a resina para eliminar as zonas inconvenientes da peça. Essa resina colará as lâmpadas em seu local. Note que eu coloco as lâmpadas o mais próximo possível do sabre de luz. Isso evita que eu tenha muita perda de energia luminosa. Depois que secou, fecho o molde e complete o restante com mais resina cristal.

Devido à dificuldade técnica que envolveria fazer uma fôrma para o Yoda com o sabre na mão, eu optei por criar uma fôrma exclusiva para o lightsaber. O processo é o mesmo já descrito aqui.

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Depois de seca, o resultado foi uma peça onde eu tenho um Yoda que parece de vidro ou de gelo, mas que não derrete e umas luzes cravadas lá dentro. Faço em seguida mais um teste pra ver se ainda acende.

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Acende direitinho. Quer dizer, ele acende inteiro…

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Com uma minifuradeira para modelismo, eu lixo as rebarbas da peça. A forma sempre deixa rebarbas. Eu tiro também o funil de enchimento e a saída de ar, cortando-os com um disco de corte que costuma vir no kit de minifuradeira.

Agora com cola quente, eu prendo o Yoda na base, me certificando de que os fios passam exatamente no local onde perfurei a base, agora já pintada e decorada. Por baixo, finalizo a instalação elétrica da peça.

O acabamento sob a base é feito usando a minifuradeira. Faço um caminho para o fio sair. Depois, com o fio já passando no local colo por cima uma folha de papel camurça preto. Assim, o fio fica bem dentro da base de madeira, dando um aspecto sofisticado à peça.

Agora, iniciarei o processo de pintura da mesma. Aí é que entra a parte mais complicada.

A primeira coisa é dar uma camada de primer automotivo em toda a peça, o que me permitirá ver os detalhes melhor. Antes, eu mascaro com fita adesiva a área da mão para evitar obstruir a luminosidade que iria para a espada.

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Depois, com tinta preta eu tenho que obstruir todo o Yoda.

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Pintá-lo completamente. Isso impedirá que a luz no interior da peça apareça. Um jeito de fazer isso é apagar as luzes e pintá-lo na penumbra com a luz do lightsaber acesa. Assim você saberá exatamente onde está vazando a luz.

Deixe secar. Finalize os olhos com uma gota de resina cristal com consistência pegajosa. Isso dará brilho molhado a eles. É melhor que verniz!

A finalização consiste em adicionar cabelo ao Yoda.

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Pra isso pego um pequeno chumaço de acrylon (aquele treco peludo que faz enchimento de travesseiro. Você encontra vendendo a metro em lojas de costura) e com a ponta dos dedos, desfie-o bem. Repuxe o acrylon até obter um emaranhado de fios brancos. Com uma gota de cola rápida ( Super Bonder ou cola branca, grude os cabelinhos na cabeça, concentrando mais perto das orelhas.

O Acrylon serve bem para fazer cabelos brancos emaranhados ou mesmo a barba de um mago. Caso seja necessário, ele pode ser pintado com aerógrafo. Claro que tudo é relativo e há sempre mais de uma maneira de se obter resultados. O acrylon não é indicado para peças pequenas demais. Em geral o pêlo é facilmente obtido usando-se uma camada de cola em spray ou cola branca e aplicando em camadas com um pincel macio um pouco de pó de veludo.

Pó de veludo ou como também é conhecido este material – camuça em pó – é um material que se encontra com relativa facilidade e em muitas cores em grandes papelarias e lojas de artigos para festas infantis. Serve para pelagem curta, como cavalos, cachorros e etc. Era com isso que era feita a barba do Falcon, lembra? É possível usar também uma combinação de pêlos tirada de um pincel velho para algumas peças, como lobisomens e macacos. A pelúcia também é um material que se presta bem para simular cabelo, não só pela sua maleabilidade ( a miniatura pode ser penteada) como pela espessura fina dos fios. Com pelúcia se obtém excelentes efeitos quando se trata de uma animação em stop motion, pois a pelúcia umedecida pode ser trabalhada com facilidade, simulando o vento, o balanço e aparência de cabelos muito bem… Tem gente que usa cabelo de boneca… Eu particularmente não gosto. Os fios são muito espessos para figuras pequenas, e o brilho não é realista… O problema maior é que todo mundo reconhece este material. A peça fica parecendo mais uma Barbie do que um garage kit. Prefiro usar camuça comprida com gel de cabelos… Engana muito bem.

Sobre o lightsaber, não pinte a lâmina. Note que a lâmina deve permanecer em resina cristal, totalmente transparente.

Pronto. Agora você já pode guardá-lo na estante e mostrar aos seus amigos. Estas dicas servem também para adicionar outros efeitos em bonecos de stop motion, como olhos feitos de leds, etc.

A fabricação de moldes é um conhecimento fundamental ao designer de produto e ao modelista. O treino da técnica conduz a perfeição. Erros certamente podem surgir no decorrer do processo, mas eles fazem parte do que entendo por aprendizagem.

Espero que este artigo ajude aos iniciantes bem como aos modelistas com alguma experiência a copiarem seus modelos e protótipos.

Quanto ao Yoda, talvez eu crie uma série limitada e numerada de uns dez modelos para vender aos amigos. Se quiser comprar um, me mande um email, hehe.

Aqui estão as imagens do resultado final. Espero que vocês gostem:

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Obrigado por ler tudo e até a próxima matéria.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Philipe Kling David, autor de mais de 30 livros, é editor do Mundo Gump, um blog que explora o extraordinário e o curioso. Formado em Psicologia, ele combina escrita criativa, pesquisa rigorosa e uma curiosidade insaciável para oferecer histórias fascinantes. Especialista na interseção entre ciência, cultura e o desconhecido, Philipe é palestrante em blogs, WordPress e tecnologia, além de colaborador de revistas como UFO, Ovni Pesquisa e Digital Designer. Seu compromisso com a qualidade torna o Mundo Gump uma referência em conteúdo autêntico e intrigante.

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Comentários

  1. adorei este programa,gostaria de saber qual tipo de lampada devo usar para iluminar minhas esculturas de no maximo 20cms,e a onde encontra-las,peço porfavor uma resposta pois tenho varios projetos mas não sei como ilumina-los e portanto vosso assunto foi de muito proveito,agradeço vossa atenção
    paulo roberto magalhaes robertomagalhaespaulo@yahoo.com.br conto com vossa atenção e ensinamento,
    muito obrigado

    • Olá Paulo. Comprei as minhas numa loja de eletrônicos, mas certamente isso não se usa mais. Essas lâmpadas aquecem e iluminam pouco pela energia que consomem. Hoje é muito mais jogo você comprar luz led de alta potência. Vc compra elas ate pelos correios direto no dx.com

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