DENGUE MATA
Um curta experimental de Philipe Kling David
CENA 1- INTERIOR – Escritório
A câmera mostra um escritório. Nele, um sujeito está trabalhando.
Cena 2- Ponto de vista de um mosquito
A câmera se aproxima velozmente da orelha do cara. (Som de mosquito)
O sujeito se estapeia desesperado. Fica procurando o mosquito.
ZÉ – Porra essa casa tá cheia de mosquito!
O sujeito começa a tentar matar o mosquito.
ZÉ – Vem cá maldito! Malditooooo!
Sujeito abre o armário afoito. Pega uma raquetinha elétrica e tenta matar o mosquito com a raquete.
ZÉ- Droga! Não está funcionando!
Cena 3- INTERNA – NOITE – Quarto do casal
Zé está dormindo.
Ponto focal do mosquito. Visão do teto em macro. Mosquito decola.
Ponto de vista do mosquito.
A câmera se aproxima lentamente do sujeito.(barulho do mosquito)
Sujeito mete um tapa na própria cara.
ZÉ – AAAAAAAAH! PORRAAAAA!
MULHER – Que foi, Zé? Que foi homi? Pesadelo?
A Mulher acende a luz do criado mudo.
ZÉ- Não. Mosquito de novo!
MULHER – Pô Zé! Esse escândalo todo só por causa dum mosquitinho de nada?
ZÉ- Mosquitinho de nada o caramba! É mosquito da Dengue, pô.
MULHER – Ah, Zé. Não enche. Vai, dorme, dorme que eu tenho que acordar cedo amanhã.
Mulher desliga o abajur.
Zé vira de lado e tenta dormir.
Close no olho do cara fechando.
Mosquito pousando na pele.
O olho do cara abre arregalado.
CENA 4- EXTERNA – NOITE – vista do bairro.
Um grito ecoa ao fundo:
ZÉ – POOOOORRAAAAAAA!
CENA 5- INTERNA – CORREDOR DA CASA
Sujeito sai de pijama pela casa. A mulher vem atrás bocejando.
MULHER- Você ficou maluco, Zé! Olha a hora! Três e meia da manhã!
SUJEITO – Não enche, pô. Volta pra cama, vai dormir lá com o mosquito.
MULHER – Pô, Zé!
SUJEITO- Não adianta, (imitando a mulher) vir com “Pô Zé!”. Olha lá na varanda aquela sua merda de planta!
MULHER- Mas Zé…
ZÉ- È aquela porra lá que tá fazendo parecer mosquito, Carmem!
MULHER- Zé, vamos dormir, vamos? Amanhã a gente conversa…
ZÉ – Não! Eu vou matar esse maldito. Esse bicho desgraçado! Eu vi na televisão, Carmem. Dengue mata. Dengue mata, pô!
MULHER- Zé! Calma Zé. Olha o coração, meu bem! Onde você vai?
ZÉ – Vou ver se tem inseticida aqui.
MULHER- Zé, não tem.
ZÉ –(Ficando nervoso) QUÊÊÊÊ? E o que você fez com o dinheiro que eu te dei pra com…
MULHER- Comprei uma raspadinha.
Sujeito olha fixamente para a mulher.
MULHER- Calma, Zé. Calma, meu amor. Olha, amanhã de manhã eu compro o inseticida, amor. Eu jogo a água do vaso fora. Eu tampo a caixa d´água, eu faço qualquer coisa, meu amor. Mas deixa eu dormir, amanhã eu tenho que acordar cedo!
ZÉ – Não… Pode ir você. Eu… Eu vou…
MULHER- Vai o quê, Zé?
ZÉ – Eu vou fazer o meu próprio inseticida!
MULHER- Ah, não, Zé. Olha a cozinha, tá arrumadinha.
ZÉ – Não enche, Carmem. Esse mosquito tá me atazanando desde cedo, pô. Eu vou matar esse desgraçado.
MULHER – Ah, Zé. Você não tem jeito mesmo… – (Diz indo pro quarto)
CENA 6 – INTERNA- Quartinho dos fundos-
Sujeito mexe nos armários em busca de produtos.
ZÉ- (fala sozinho) …Álcool, Detergente, removedor, gasolina… Que isso? Hummm (funga) cera, cera é bom… ( câmera desfoca)
CENA 7- EXTERNA – Passagem de tempo, cena do amanhecer.
CENA 8- INTERNA – Quarto do casal – Dia
Despertador toca.
A mulher acorda. Ela olha pro lado e não há ninguém mais na cama.
MULHER – Ué. Cadê o Zé?
CENA 9- INTERNA – Escada- DIA
Mulher desce as escadas. Zé está no sofá emborcado.
MULHER – Zé? Zé? Fala comigo, Zé!
Ela começa a sacudir o marido.
Ponto de vista de Zé. A cena vai entrando em foco, o som estranho, abafado.
CENA 10-INTERNA – Sala – Dia
Zé acorda.
ZÉ – Hã? O que foi? Que foi? Que aconteceu?
MULHER- Zé, o que aconteceu. Te encontrei caído aí no sofá.
ZÉ – (confuso) Eu… Eu não sei! Eu tava usando o meu inseticida e aí… Tudo rodou, e então, eu, eu… Eu não sei.
MULHER –Que isso?
A mulher pega o borrifador no chão com um líquido fluorescente dentro.
ZÉ- Ah, então aí está.
MULHER – Que merda é essa?
ZÉ – É o meu inseticida caseiro, ué.
MULHER – E essa bosta mata mosquito?
ZÉ – Acho que mata… Eu borrifei nele e ele rapou fora. (Diz com satisfação)
CENA 11- Cozinha INTERNA – DIA
Os dois estão tomando café. Zé conta a Carmem sobre seus planos de fabricar inseticida.
ZÉ – … E então, bota mais um pouquinho de café aqui pra mim? Brigado. Então, eu coloco um pouco de detergente e misturo com álcool e vinagre e…
MULHER- Zé. Para com essas coisas de maluco, homem. Você tem que arrumar um emprego. Um emprego Zé!
ZÉ- Mas amor, veja só… Eu acho que inventei um negócio muito bom. Eu posso registrar e vender, e do jeito que a vizinhança ta cheia de mosquito, eu posso, quem sabe, ficar… Sei lá, rico.
MULHER – Ah, Zé. Não tem jeito mesmo. Você me mata de rir. Bom, tenho que ir andando que hoje o bicho vai pegar lá na repartição. Vou mudar de roupa… (boceja)
ZÉ- Tchau mô.
A mulher sai. Zé fica comendo bolo e lendo jornal.
Zé escuta um grito de pavor.
ZÉ – Amor? Que foi?
Um novo grito.
Zé Sai correndo.
CENA 12- Quarto do casal – INTERNA- DIA
Ele abre a porta.
Close na cara de espanto de Zé.
Ele dá de cara com a mulher na cama. Sobre ela tem um mosquitão do tamanho de um cachorro. O mosquito tenta furar a mulher com a prosbócide.
Zé corre para o criado- mudo. Ele pega um revólver.
A mulher continua a se debater com o mosquito.
Zé aponta a arma. Não consegue fazer mira.
Zé atira na criatura. Erra o tiro, mas no susto o bicho decola e sai voando pela janela.
A mulher olha pra cara de Zé. Ele está tremendo, com a arma na mão.
MULHER- Puta que pariu, Zé!
ZÉ – Caraca, Carmem… Você viu? Você viu? Dengue mata, pô. Dengue mata!
FIM
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk e eu pensando que seria um conto de alguém que morreu de dengue de maneira bizarra, tipo a mulher do cara, ou o inseticida tranformaria o cara na “Metamorfose” e voce vem com essa.
Nem precisa avisar que deveria ter saido do papel a muito tempo…
LOL
Épico! hahahahaha Fiquei aqui imaginando a cena do mosquitão, seria animal!
Bora fazê?
Ahhhh Philipe… onde é q vc ta comprando dessa, rapá?!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Zuei
Massa como sempre, cara! rsrs
Tive a ideia pensando em fazer uns efeitos de luta e tiros contra um mosquito gigante.
Mas originalmente ele seria do tamanho de um caminhão.
Legal, achei o final bem inesperado,rs. Tava esperando que o cara morresse intoxicado pelo proprio inseticida… Se vc fizer o curta vou querer ver!
OI final não era assim originalmente. O mosquito matava a mulher dele, e vinha atrás dele. Daí ele fugia desesperado, o mosquito atrás, e então ele entrava no carro o bicho metendo o ferrão e furando a lataria. Daí o cara foge com o carro e o mosquito vai crescendo sem parar e ficando cada vez mais destruidor, até chegar numa escala do tipo Cloverfield. Termina com os jatos voando e disparando os mísseis contra o mosquito, que destrói a cidade. Mas ficaria escalafobético demais caso eu quisesse fazer. Eu tenho esta versão aqui. Nesta primeira versão, tinha mais sentido o lance do titulo “dengue mata”.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, VC É ÓTIMO.
Muito bom, boas risadas.
Seria legal o cara dar um direto de direita, no melhor estilo Hellboy ou algo assim…
sem graça d+ . Nao gostei.
KKKKKKKKKKKKKKK
a pior coisa que ja li aqui, parece teatro de pre primerio