A liberação dos jogos de azar e dos cassinos está chegando e é inevitável. Uma enquete recente do Paraná Pesquisas mostrou que as opiniões dos brasileiros estão muito divididas nessa matéria, com 45% para o sim e para o não (e os restantes 10% sem opinião). Isso mostra que o antigo consenso favorável à proibição já terminou, e a tendência vai no sentido da liberação.
Liberação adiada
No momento atual, quem quiser jogar na roleta ou na máquina caça-níquel tem de fazer uma busca por “cassino brasil” e jogar através da internet. Há três anos que o tema da liberação vem sendo falado com força, mas em março a Comissão de Constituição e Justiça do Senado bloqueou o projeto de lei; em ano eleitoral, o tema perdeu força aí. Mas você duvida que vai voltar?
Veja duas histórias bem claras que provam que vai sair o jackpot aos empresários de cassinos.
Marcelo Crivella
Crivella é o prefeito da Universal, que chegou em representação dos setores mais religiosos da sociedade carioca para trazer paz aos espíritos e fé em Deus. Sob sua orientação, a politiquice foi combatida no Carnaval e o orgulho gay se mostrando nas ruas deixou de contar com o apoio público. Tudo certo para seus apoiantes, tudo errado para quem é contra, mas política é assim mesmo, certo? Então, seria de esperar que o prefeito Crivella nem quisesse ouvir falar de cassinos em sua cidade.
Como é que ele explica que já tenha recebido no Rio o magnata dos cassinos de Las Vegas, Sheldon Adelson, por duas vezes? O homem que está na lista dos 25 mais ricos do mundo veio em maio de 2017 e de novo em maio de 2018. À mídia, Crivella não fala em cassinos, fala em imobiliário e turismo, e em trazer investimento. Se nem o prefeito Crivella se mostra como uma barreira ao lobby dos cassinos, quem poderia?
Jair Bolsonaro
O candidato da ordem, da moral, da família e da força deveria ser, de caras, (pelo menos é o que se impregnou no imaginário popular) o primeiro opositor da liberação dos jogos de azar. No YouTube é possível encontrar um vídeo, produzido faz alguns anos, no qual seu filho Eduardo Bolsonaro se mostra naturalmente contrário a essa possível liberação.
Entretanto, surpresa: Jair, “em princípio”, é contra a possibilidade de liberação da atividade dos cassinos e dos jogos de azar em geral, mas declarou que há possibilidade de aprovar legislação nesse sentido durante seu governo. “Vamos ver qual a melhor saída”, disse Jair. Não acredita? Saiu na Valor.
“Sou contra mas aprovo”: será isso evidência que Bolsonaro está virando um politiqueiro sem princípios, igual a qualquer outro? Ou será simples prova de um amadurecimento no que tange ao setor e que os jogos de cassino estão se tornando algo que é aceito tranquilamente pela maioria da população do Brasil, como é no resto do mundo ocidental?
Você é contra os jogos de azar? Então o melhor é Jair se acostumando…
Acredito mais na liberação da maconha para cachorros raivosos em altares evangélicos do que no tratamento humano dado a um lgbt. Acredito mais na liberação de metralhadoras sexuais para freiras catolicas do que no respeito à cidadania lgbt. E acredito até em cassinos para crianças cristãs com apologia às metralhadoras e a Adão e Eva do que o simples direito de não ser agredido por ser lgbt.