Esta é nossa imagem gump do dia, uma usina solar:
Cada quadradinho deste ao redor da grade coluna é um espelho, controlado por computador, que direciona o fluxo de luz para o ponto central no alto da torre. Se passar um passarinho ali, ele é volatizado instantaneamente pelo calor da luz.
Há uma teoria que diz que eventualmente, cada uma única fonte de energia na Terra vai acabar. Todas elas. É o princípio da entropia, e pode muito bem acabar com o resto do universo, se você tiver tempo suficiente para esperar, mas pelo menos isso vai demorar um pouco. O fato é que a mais longa e contínua, além de confiável fonte de energia gratuita que dispomos é a nossa estrela, que permitiu existirmos: O sol.
Esta é a usina solar Ivanpah, já em fase operacional no deserto da Califórnia. Ela usa seus 170 mil espelhos para captar luz e aquecer água, fazer virar vapor e assim tocar uma turbina que faz gerar eletricidade. Isso permite que a usina produza 377 megawatts de verde, energia feliz, o que é suficiente para abastecer 140 mil casas.
O Brasil com tanto espaço não usado e com uma altíssima taxa de insolação, poderia tirar proveito desse tipo de energia, sobretudo agora que as termelétricas estão pesando ambientalmente e no nosso próprio bolso devido aos períodos – que serão cada vez piores – de estiagem.
Muito foda. Já conhecia mas mesmo assim é muito interessante porque não depende do efeito fotoelétrico. São apenas espelhos aquecendo o topo da torre.
O interessante é que na torre há sal fundido que chega a atingir 565ºC. Esse sal líquido é bombeado do receptor para um outro sistema a fim de efetuar trocas de calor e gerar vapor de água para movimentar as turbinas. Existem outros sistemas interessantes. Uns já existem como o sistema prato que é tipo uma antena parabólica feita de espelhos e outros ainda são sonhos como o satélite de energia solar. O satélite captaria a energia solar e a converteria em eletricidade enviando-a por meio de microondas para uma central receptora na Terra.
Só pra esclarecer, essa é uma usina solar térmica! Phillipe descreveu muito bem o seu funcionamento. Trabalho na Eletrobras (embora não na área de geração, mas na de eficiência energética) e concordo plenamente que esta é uma excelente solução, em especial para o sertão nordestino. Entretanto existe o problema da demanda constante de água para ser evaporada com o intuito de ativar as turbinas. Por mais que se projete um circuito fechado, sempre haverá um certa perda de água…
Há outro tipos de geradores semelhantes, como linhas de vapor por aquecimento solar térmico linear com espelhos fractais, muito utilizada na Alemanha na cobertura de grandes galpões industriais, seja para uso como vapor mesmo ou para girar turbinas e gerar energia.
Na prática, na minha opinião, o bom mesmo é “não guardar todos os ovos no mesmo cesto”. Ainda temos muito potencial hidrelétrico, principalmente em PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas), que causam muito baixo impacto ambiental, temos muito potencial para geração com tecnologia maré motriz, éolica, magnética e mesmo térmicas (em sistemas eficientes de cogeração ou trigeração, bem como com queima de biomassa, notadmente resíduos do setor sucroalcooleiro, que possibilitam coprodução de microssílica de bagaço de cana – um excelente aditivo para concretos de alto desempenho)… Além disso, uma questão importante é a escala! Geração centralizada em larga escala pode ser interessante para o sistema elétrico interligado, da maneira como funciona hoje. Entretanto, com o advento dos Smart grids, podemos começar a abusar mais de microgeração distribuída e microgeração distrital (que a meu ver é uma saída excelente, principalmente para as grandes cidades em que, dada a grande verticalização dos edifícios, tem pouco potencial de adoção de microgeração distribuída).
Fora isso (agora puxo um pouco a sardinha pra minha área) não existe energia mais limpa que a não utilizada! Eficiência energética é fundamental para qualquer pretensão de matriz energética limpa!
Enfim… dá pano pra manga… dá pra conversar bastante sobre isso…
Um abraço,
João Krause
Muito bom!