Hilda é uma pin-up diferente. Em vez de uma gostosa em trajes sumários, Hilda se machuca esquiando, tenta pescar sem sucesso, usa uma calcinha feita de saco de farinha, dorme na beira do aquecedor e sente dor de coluna ao cuidar do jardim.
Hilda gerou uma legião de adoradores, não somente por seus atributos sexuais voluptuosos e cabelo ruivo, mas porque ela não tenta parecer um mero objeto sexual. Hilda é gente como a gente.
Mas para entender seu sucesso, precisamos votar nas origens das Pin-ups.
Pin-ups
As pin-ups, originárias do início do século XX, são uma forma de ilustração que se destaca por retratar mulheres (e, em menor escala, homens) de maneira sensual, atraente e muitas vezes provocativa. Essas imagens, projetadas para serem “presas” ou “fixadas” (daí o nome “pin-up”) em superfícies, evoluíram significativamente ao longo do tempo, refletindo mudanças culturais, sociais e artísticas.
Início: As primeiras pin-ups surgiram no início do século XX, mas foi durante as décadas de 1920 a 1940 que elas alcançaram seu auge, graças em parte ao trabalho de artistas como Charles Dana Gibson (conhecido por suas “Garotas Gibson”) e Rolf Armstrong. Essas imagens eram frequentemente publicadas em revistas e calendários.
Era de Ouro: A Segunda Guerra Mundial catapultou as pin-ups para um novo patamar de popularidade. Ilustradores como Alberto Vargas e Gil Elvgren criaram obras que não apenas celebravam a beleza feminina, mas também serviam como um símbolo de moral para os soldados. As pin-ups de Vargas para a revista Esquire, conhecidas como “Garotas Vargas,” e as obras de Elvgren, caracterizadas por mulheres em poses dinâmicas e situações cotidianas com toques de humor, se tornaram icônicas.
Mudanças Culturais e Evolução Artística (1950s-1980s)
Pós-Guerra: Após a guerra, as pin-ups continuaram a evoluir, refletindo as mudanças nos padrões de beleza e liberdade sexual. A ascensão da cultura pop nos anos 60 e 70 viu a emergência de novos estilos, com artistas como Patrick Nagel, conhecido por seu trabalho minimalista e estilizado para a revista Playboy, que trouxe uma nova onda de modernidade para o gênero.
Feminismo e Reação: Com o movimento feminista ganhando força, as pin-ups enfrentaram críticas por objetificar o corpo feminino. Como resposta, alguns artistas começaram a explorar temas de empoderamento e autoexpressão em seu trabalho, tentando redefinir o lugar das pin-ups na sociedade. Ao mesmo tempo mulheres artistas seguiram criando pin-ups mais provocantes e realistas, como Olivia de Berardinis, abusando do aerógrafo, e Hajime Sorayama com suas beldades cromadas.
Era Contemporânea (1990s-Atualidade)
Diversificação e Revival: A era digital permitiu uma explosão de diversidade no mundo das pin-ups. Artistas de todo o mundo compartilham suas obras, celebrando uma gama mais ampla de tipos de beleza, gêneros e estilos. O revivalismo também trouxe de volta apreciação pelas técnicas clássicas, com muitos artistas contemporâneos homenageando os mestres do passado enquanto introduzem suas próprias visões inovadoras.
Hoje, as pin-ups não são apenas uma forma de arte, mas também um meio de expressão pessoal, a serviço do “empowerment” e até uma ferramenta para análises sociais.
A influência delas pode ser vista em várias áreas, desde a moda e o design gráfico até o cinema e a publicidade.
Hilda: A Pin-Up Que Quebrou Padrões e Encantou Gerações
Quando pensamos em pin-ups, geralmente imaginamos figuras esbeltas, com cinturas finas e poses sensuais. No entanto, a arte de Duane Bryers trouxe ao mundo uma pin-up diferente, mas igualmente encantadora: Hilda, uma mulher curvilínea, alegre e cheia de personalidade, que conquistou corações e desafiou padrões de beleza ao longo do tempo.
Quem foi Duane Bryers?
Duane Bryers (1911–2012) foi um talentoso ilustrador norte-americano.
Em 1937, Bryers ganhou um prêmio em dinheiro com um mural retratando a história da mineração em Minnesota, mais tarde usando o dinheiro para se mudar para Nova York.
Em 1942, ele entrou no Concurso Nacional de Cartazes de Guerra do Museu de Arte Moderna com seu design de pôster Este é o Inimigo na categoria C “A Natureza do Inimigo”. O pôster foi destaque em um artigo na revista Life .
Durante seu tempo na escola de mecânica de voo da Força Aérea do Exército dos EUA de 1943 a 1946, ele ganhou algum dinheiro com a chamada “arte feminina” em fuselagens de aeronaves ( arte do nariz ). Para o jornal da base militar, ele desenhou pôsteres e histórias em quadrinhos apresentando seu personagem original Cokey.
Após seu serviço militar, Bryers ilustrou principalmente calendários sobre o tema da fronteira americana , que foram publicados pela Brown & Bigelow em Saint Paul, Minnesota . Em 1974, ele também ilustrou o livro The Bunkhouse Boys from the Lazy Daisy Ranch, cujo texto foi escrito por sua segunda esposa Dee.
No entanto, ele se tornou famoso por sua criação Hilda, uma garota pin-up gordinha e divertida, de quem ele fez cerca de 250 desenhos a partir de 1956. Hilda também apareceu nos calendários da Brown & Bigelow. Além do verdadeiro ícone pin-up Bettie Page , Hilda foi a garota pin-up mais frequentemente retratada na década de 1950, estabelecendo um contraponto divertido ao excesso de idealização e sexualização da spin ups clássicas.
Bryers pertencia ao grupo de artistas de sete membros Tucson 7. Em 1987, ele foi homenageado como artista do ano no Festival de Arte de Tucson. Ele também expôs no Prix de West no National Cowboy Hall of Fame em Oklahoma City , onde algumas de suas pinturas estão na coleção. Lá, ele foi premiado com a Medalha de Ouro dos Curadores por Contribuição Excepcional à Arte Ocidental em 1980 por ocasião de uma exposição individual. Ele também participou de exposições anuais em Houston , o chamado Western Heritage Show. O Duane Bryers Studio (DBS) está no Museu de Arte de Tucson desde novembro de 2013.
Embora seus trabalhos com o tema cowboys tenha conferido grande fama, hoje ele é mais conhecido por sua habilidade em capturar a essência humana em pinturas e ilustrações de Hilda. Seu trabalho era caracterizado por um senso de humor e um toque de realismo que destacava suas obras no cenário artístico da época.
Bryers criou Hilda em meados da década de 1950, durante o auge da cultura das pin-ups, quando artistas como Gil Elvgren dominavam o mercado. Mas, enquanto outras pin-ups seguiam uma estética mais padronizada, Hilda trouxe algo novo e refrescante.
Hilda: A Pin-Up Fora do Comum
Hilda era diferente de tudo que o público estava acostumado. Ao contrário das pin-ups tradicionais, ela era uma mulher de curvas generosas e um espírito contagiante. Com sua aparência confiante e comportamento divertido, Hilda retratava situações cômicas e, muitas vezes, até autodepreciativas – mas sempre humanizadoras.
Bryers a representava em uma ampla gama de atividades, desde relaxar em uma praia até lidar com pequenos desastres, como cair de uma rede ou escorregar na lama. O diferencial de Hilda era sua autenticidade: ela não era idealizada como um objeto de desejo, mas como uma figura com a qual muitos podiam se identificar. Foi um sucesso estrondoso, com a personagem angariando milhões de fãs no mundo.
O Impacto Cultural de Hilda
Hilda foi publicada em calendários da Bigelow & Brown, uma empresa especializada em ilustradores pin-up, e ganhou popularidade nas décadas seguintes. Sua imagem era um lembrete de que beleza e carisma vêm em todas as formas e tamanhos, uma mensagem poderosa em uma época marcada por padrões de beleza restritivos.
Apesar de sua popularidade inicial, Hilda desapareceu gradualmente dos holofotes até ser redescoberta nos últimos anos por entusiastas da arte vintage e movimentos que celebram a diversidade corporal.
Por que Hilda é Importante Hoje?
Hilda não era apenas uma personagem somente engraçada e charmosa; ela também foi pioneira em mostrar que mulheres fora do padrão magro podem ser confiantes, sensuais e incrivelmente adoráveis. Em uma época em que o discurso sobre aceitação corporal ganha cada vez mais força, Hilda se torna um ícone à frente de seu tempo.
Ela nos lembra que a verdadeira beleza está na alegria de viver, no humor e na capacidade de abraçar quem somos, independentemente de nossa aparência.
O Legado de Duane Bryers e Hilda
Duane Bryers viveu até os 100 anos, deixando um legado de arte que ainda inspira artistas e admiradores ao redor do mundo. Sua criação mais memorável, Hilda, continua a encantar gerações, trazendo sorrisos e desafiando conceitos de beleza que ainda persistem.
Se você nunca viu as ilustrações de Hilda, vale a pena procurar. Sua energia vibrante e suas situações hilárias são um lembrete de que a arte, assim como a vida, deve ser celebrada em todas as suas formas.
As pin-ups na ilustração representam uma fascinante jornada através do tempo, arte e cultura. Desde suas origens até a era digital, essas imagens não apenas refletem as mudanças nos padrões de beleza e na sociedade, mas também desempenham um papel ativo na moldagem de nossa percepção de identidade, gênero e expressão. Enquanto a arte das pin-ups continua a evoluir, sua capacidade de inspirar, provocar e celebrar a beleza humana permanece uma constante atraente e poderosa. Hilda segue como um farol que joga luz e diversão sobre a natureza das formas femininas na ilustração, mostrando que todos os corpos são dignos de encantar.
E você, já conhecia a charmosa Hilda? Compartilhe nos comentários suas impressões sobre essa pin-up tão especial!