Se tem um negócio que eu gosto de ficar vendo, são as estações de trabalho de alguns artistas. tem gente que trabalha num caos do caramba. Tudo jogado, tudo se acumulando em meio a poeira e lixo. Conheci uma boa quantidade de artistas que criam assim, e não conseguem sequer imaginar trabalhar num lugar limpo e organizado. O oposto é a mesma coisa. há pessoas que não conseguem se concentrar sem saber que tudo está em seu devido lugar e etc.
Recentemente, com o advento dos livros de pintura que popularizou, se não a arte em si, mas a práxis artística, levando gente que nunca havia segurado num lápis de cor desde a infância a voltar ao trabalho, criando gosto pelo “passatempo”, e – GRAÇAS A DEUS – gerou uma enorme demanda por novos produtos, materiais de qualidade melhor. Com isso, os produtos “não escolares” começaram a aparecer em mais qualidade nas “boas – e caras” casas do ramo. (se bem que eu prefiro que seja caro e tenha do que simplesmente não tenha)
Hoje há uma demanda enorme por produtos de arte diversos, turbinada pelo aumento das pessoas que fazem artesanato profissionalmente, ou de modo amador, além da galera do scrapbook, ilustrações e etc. Mas é no esquema do livro de colorir que surgem as maiores guerrinhas da ostentação.
É até engraçado que esse negócio dos livros de colorir viraram uma mania tão violenta, que meio que funcionam quase como uma radiografia social. Vi pessoas contando que em alguns foruns específicos, tem gente ostentando o “quarto de pintura”. Imagina só, essas donas endinheiradas, que não tem mais onde enfiar grana, em vez de ir lá em Paris comprar uma bolsa Chanel e uma meia duzia de Loboutain, resolvem reformar um cômodo da casa para fazer aquele PUTA ATELIER FODAÇO QUE QUALQUER UM ARTISTA SONHOU A VIDA TODA! Tudo isso para pintar livrinho, aliás, minto. Tudo isso para ostentar para as outras amigas ricas, que vão começar assim uma guerra fria pelo domínio das arts e crafts, onde vale de folha de ouro até pigmentos naturais obtidos de pedras preciosas, pó de diamante e o papel feito na prensa medieval fabricado por um velhinho da itália em quantidades microscópicas.
Mas esqueça essa mediocridade de medir o pau mostrando quem tem o atelier mais equipado que o outro. Basta uma busca sobre estações de trabalho para artistas que nos deparamos com alguns espaços que são de me fazer babar até o ponto de desidratação séria.
Fico com inveja declarada dessas donas que torram grana sem pena em belos estúdios de arte, completões, só pra mostrar que pinta livrinho.
Durante muito tempo, desejei um aerógrafo, e porra, como era difícil…
Eu ja contei isso aqui, né? Tô velho, tô me repetindo. Mas é foda. Eu passava meses economizando o dinheiro da merenda na escola para comprar material na Casa Mattos. O dia que eu completava a caríssima bufunfa necessária para comprar um bloco de Canson, ou uma aquarela importada, puta que pariu, meu. Eu até matava aula (um prazer adicional) para ir comprar o produto.
Hoje eu tenho material pra caramba e olho para isso tudo, para esse mundo de tintas, tubos, colas (eu acho que tenho TODAS as colas que existem no mercado brasileiro) aquarelas, resinas, pirógrafo, canetas de nanquim, lápis aquarelado, à prova dágua, papéis, aerógrafo, ecoline… E isso só pra ficar na papelaria. Mas eu sou escultor também, então, maluco, meu escritório parece uma filial da Caçula. Cada merdinha dessas que eu já nem tenho mais lugar pra guardar conta uma pequena história de perrengue para comprar, procurar, ou simplesmente dar de cara com o lance, como um jogo de estecas que achei quando estava perdido em Portugal. Pra obter material de arte eu já fiz loucuras que você não imagina: Teve um ano que marquei mais de vinte dentistas diferentes. Eu ia nos dentistas, levava o bolso cheio de miniaturas e marcava orçamentos. Eu fazia o orçamento com cada dentista e no final, ao pegar o cartão com o preço, eu mostrava os bonecos, e perguntava se eles não tinham instrumental velho. Porra isso deu tão certo que lotei CAIXAS de instrumentais. Óbvio que após ganhar os instrumentais eu nunca mais voltava nos caras, hahaha. Até revistinha pornô ( que eu mesmo fazia) eu vendi na escola pra comprar material de arte.
Hoje, ter material de arte de qualidade é o supra-sumo da ostentação, porque vou te falar, tudo tá CAROBRAGARAI! Tu vai na loja comprar um pincel de qualidade… CEM REAIS! Porra, sem noção total!
Mas é claro, nem o ambiente e muito menos os materiais fazem o artista. Se eu tiver desenhando e você colocar um batom em cima da mesa, eu taco ele no papel! Mas é inegável que um lugar bom de trabalhar é algo ultra-desejável. Quem ão gostaria de um espaço de trabalho todo equipado? A maioria dos artistas que eu conheço, (pelo menos os que não foram criados no leitinho com pêra) levaram a vida toda para construir suas “cidadelas de arte” e se orgulham delas com razão.
Uma coisa curiosa que descobri pesquisando imagens para este post, é que cada tipo de artista demanda certas características, que vão definir o espaço. Por exemplo, pessoas que lidam com costura tem estudios completamente diferentes dos que mexem com madeira, ou cerâmica. Dos estúdios mais incríveis eu destaco os caras que tem hobby de pintar miniaturas. É tinta que não acaba mais!
Bom, vamos deixar o conversê de lado para dar uma olhada em belas ideias de lugares para trabalhar que são uma inspiração por si. Já peço perdão antecipado pelo anglicismo gratuito, mas aí vai
Enquanto isso, minha oficina de bicicletas é uma prateleira do meu quarto com um horror de ferramenta espalhada.
Ótimos locais para trabalho.
“Samsung Digital Camera” e só kkk
Seria maneiro voce fazer um top 10 de ferramentas e materiais que voce gostaria de ter um estoque infinito.
Lembrei do meu agora… não se parece em nada com nenhum desses ai. Meus desenhos são organizados em pastas e meus lápis ficam numa caixinha organizado pela graduação, o aerógrafo fica bonitinho ao lado do compressor na caixa, porém o meu cafofo só eu mesmo pra entrar lá!
Ô Philipe… só faltou foto do teu local de trabalho!
è que ja tem um post só sobre isso. http://www.mundogump.com.br/o-qg-mundo-gump/
Pois é. Depois que mandei o comentário lembrei que você já havia postado algo.
Valeu!
Falou, falou mas não mostrou o seu! Cadê?
Aqui: http://www.mundogump.com.br/o-qg-mundo-gump/
Belas fotos. Não conhecia o termo esteca. Esse é o nome real mesmo? Não
aparece no Aurélio nem no Houaiss. Sugestão de matéria: objetos que
todos provavelmente já viram, mas não sabem o nome, ou seja, chamam
apenas de “aquela coisa assim e tal”.
Realmente, eu não faço nem ideia pq não tem o termo no dicionário, já que estecas é usado desde sempre para as ferramentas de modelagem em escultura.
Parabéns pela extensa pesquisa, com excelente resultado visual. Show!
Adorei ver tantas coisas bonitas e organizadas. Poderia me ajudar onde encontrar aqueles pinceis com o cabo de bambu, que eu preciso tanto e nao encontro aqui em portugal. Obrigada
Maria você consegue comprá-los diretamente da China através do site wish.com
hi~