Zé Walter entrou em casa já suando frio. Sentou na frente da tevê desligada, com o papel nas mãos. Ele percebeu que tremia.
Tentou ligar para o celular da Gisela, mas estava desligado.
-Puta que pariu, porra-caralho. -Rosnou. Zé tinha esta mania de misturar palavrões quando estava nervoso.
Tentou esfriar a cabeça. Foi até cozinha e tomou um copo de água gelada.
-Porra Zé. Olha só pra você. Tu acha mesmo que isso é sério? Só pode ser alguma brincadeira. -Falou pra si mesmo olhando o papel.
Mas algo no âmago dele dizia que não era brincadeira nenhuma. Aquilo era sério. E ele desconfiava que tinha alguma relação com o voto que condenou Lion.
Nisso tocou o celular. Era a Gisela.
-Oi amor. O que você queria?
-Eu… Acabei de descobrir que estou jurado de morte. -Disse Zé Walter de uma só vez.
-Hã? Do que você tá falando?
-É que… Eu fui pegar a correspondência. Tinha uma carta lá. Uma carta dizendo que vão me matar.
-Zé, que piada maluca é essa?
-Tô falando sério, porra.
-Liga pra polícia. Quem mandou a carta? Não tinha remetente?
-Nada. Só dizia isso.
-Zé, lê aí pra mim. -Falou Gisela. Zé Walter Pegou a carta anônima e agora, menos trêmulo, leu detalhadamente para a mulher.
-… – Ela ficou em silêncio.
-Gi, que foi?
-Nada, nada. Estou aqui bolada, sabe? Ai, tá me dando um medo…
-Pois é. Mas sei lá. Deve ser uma brincadeira de mau gosto. -Disse ele tentando acalmar Gisela.
-Mas vamos pensar que não é. Vamos dizer que seja mesmo alguém querendo se vingar de você, Zé. O que vamos fazer? Temos que ir na polícia. Você não tem ideia de quem possa ser o autor da carta?
-Hummm… Não.
-Zéééé… -Gisela sabia claramente quando o marido tentava mentir.
-Tá bom, tá bom. Eu acho que pode ser o Lion.
-Mas ele está preso, amor.
-E daí? Desde quando prisão impede bandido de praticar crime? Aquilo lá é um playground. Nego entra e sai pela porta da frente. Tem celular e até playstation 3 pra quem tiver as manhas com os carcereiros.Eles fazem até churrasco!
-Churrasco?
-Porra, Você não vê jornal não, Gisela? Misericórdia, essa televisão aqui só serve mesmo pra passar novela, hein?
-Mas amor… Ele tá preso. Como que ele vai fazer?
-Ele manda alguém me matar, criatura. É fácil.
-Mas por que ele iria te avisar?
-Sei lá, porra. Maluco. Bandido maluco.
-Pior que sendo o Lion…
-…
-… – Por um pequeno instante os dois ficaram mudos ao telefone. Ambos estavam pensando na mesma coisa.
-Degolado. -Disse Zé Walter. Gisela só emitiu um gemido.
-Procura a polícia Zé. Conta tudo. -Disse ela, aflita.
-Tá, mas será que adianta? -Perguntou Zé.
-Zé. Liga pra polícia, disque denúncia, sei lá. Faz alguma coisa, homem. Eu preciso desligar que o bicho está pegando aqui no meu trabalho. Daqui a pouco eu te ligo. Fica calmo.
-Vou tentar.
-Promete?
-Prometo.
-Então tá. Um beijo. Eu ligo assim que puder.
Logo que desligou o telefone Zé Walter contemplou a paisagem da janela da cozinha. Olhou o céu e alguns pássaros que voavam ao longe. Examinou seus sentimentos. Se sentia acuado. Era como se um cronômetro invisível martelasse em sua mente a cada segundo. Cada segundo era uma minuscula parcela de tempo a menos na sua vida. Zé pensou que agora sabia o que sentem as pessoas desenganadas. Olhou o relógio da parede da cozinha e o magro ponteiro que teimava e saltar de segundo em segundo. Cada movimento era um passo rumo a um destino cruel.
“Não vai ter perdão.” Era como terminava a carta. Zé pensou que não havia forma mais assustadora de se terminar uma ameaça de morte.
Zé Walter voltou para a sala. Ficou pensando como alguém como Lion poderia ter descoberto o endereço dele. Certamente que deve ter colocado um capanga para seguí-lo. Naquela altura do campeonato, o assassino já estaria na cola, aguardando o momento certo para agir. O Homicida provavelmente já sabia da rotina dele, da mulher, sabia qual era o carro dele, e talvez até tivesse…
– Grampearam a porra do telefone! -Disse ele para si mesmo. Levantou do sofá num pulo e correu até o aparelho. Pegou sem falar nada e ouviu uns estalos na linha. Tornou a colocar com cuidado no gancho.
Certamente ele estava sendo monitorado. Vigiado de alguma forma.
Aliás, ele devia estar tão vigiado que o assassino sentiu-se seguro ao ponto de anunciar, com requinte de crueldade e com dois dias de antecedência o assassinato. E se o fez, ele sabia que Zé iria contar a polícia. E se sabia é porque certamente a polícia devia estar envolvida.
Zé sentiu uma vontade sobrenatural de fumar um cigarro. Era assim quando ele ficava nervoso.
Correu até a varanda e acendeu o cigarro. Estava trêmulo novamente.
Olhou para a rua sem se fixar em nada, até que deu com um opala preto estacionado do outro lado da rua, perto da banca de jornal.
Opala preto é carro de assassino, todo mundo sabe. Zé ficou olhando fixamente para o carro. Estava a uns dez metros da entrada do prédio. Zé levantou da cadeira da varanda e olhou firme na direção do carro, com vidro fumê. Então, o carro saiu e lentamente passou na frente do prédio. O vidro escuro desceu e ele viu um homem de bigode e óculos escuros. O homem olhou pra ele. Não se moveu, nem sorriu. Apenas olhou pra ele, olhou para a frente e foi embora com o Opala.
Zé Walter sentiu um calafrio que lhe depois se tornou uma dor, que doeu dentro da espinha.
Seria aquele o assassino? O assassino contratado para dar cabo dele?
Só podia ser. Por que o homem de bigodão e óculos escuros iria olhar para cima? E por que o carro saiu bem na hora em que Zé Walter o encarou? Certamente o bigodudo estava de binóculo, olhando para Zé. Ao notar que foi visto, o marginal disfarçou e saiu, mas sem antes resistir a baixar o vidro escuro e mostrar a cara de mau.
Zé Walter correu para dentro de casa. Passou a tranca na porta e fechou todas as cortinas. Trancou a porta do quarto e ficou lá dentro. Acuado. Ligou o ar condicionado e antes que pudesse perceber, dormiu.
Zé acordou sobressaltado, com um barulho estranho na casa. Alguém esmurrou a porta. Ele olhou pela janela e já estava escuro. Olhou lá pra baixo e viu, parado bem em baixo do prédio, o opala preto.
Outro soco na porta ecoou.
CONTINUA…
ow continua ai por favor
ta foda le a estoria
e ficar imaginando ela
vc e um homen com coraçao de pedra.
rsrsrs
amanhã tem mais. (eu ainda preciso pensar no que vai acontecer)
po ta muito show, nao entendo como so tem 4 comentarios ate agora nas duas partes. Essa e com certeza uma das melhores do mundo gump, eu gostei que vc passou a chamar ele por ze, da mais dinamica eu acho.
Muito bacana cara, o que vc pode mais tarde e disponibilizar o seu livro pelo kindle, eu comprei um e estou amarradao, recomendo.
Vou la tomar cafe q minha mae ta chamando.
Abracao
Andre
pois é. to pensando mesmo nessa parada do kindle, pois tem pouco livro em pt pra ele. seria uma sacada de mrkt…
Nossa Philipe, li as duas partes hj e não paro de imaginar o que vai acontecer… rsrsrs
kd a próxima parte???
Um Opala preto….
Sempre ele. O tradicional carro de assassino e policial disfarçado!