Meditação Gump: Monge medita dentro de panela de óleo fervente

Tem certas situações de bizarrice mundial que seria um crime eu ignorar. Certamente esse monge tailandês desse post levaria cinco estrelinhas piscantes no seu nível de gumpice. Afinal, não é para qualquer um entrar numa enorme panela de óleo fervente sem morrer queimado feito o Freddy Kruegger, e ainda por cima dar uma meditada ali dentro, para espanto da platéia que está com cara de quem esperava algo mais trágico para ver.  Veja as fotos que falam por si:
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Esse monge que apareceu nesse panelão de aço montada sobre uma fogueira ardente, está também registrado em video. Muitas das pessoas que viram o video no youtube ficaram estupefatas com o fato do monge estar calmo como se estivesse um ofurô com água a quarenta graus. Tão logo o video se espalhou pela internet, muitas pessoas questionaram se de fato o óleo estava quente, na medida em que a ampla maioria das pessoas não compreende como seria possível que a mente do monge em estado alterado de consciência supostamente consiga fazer com que ele não se queime.

A questão aqui é: Pode ser um embuste?

Certamente que sim! Há muitas maneiras de criar fraudes faquirísticas desse tipo. Para começar a desconfiança na capacidade do monge, temos que ter em mente que essa demonstração tem uma finalidade, e ao que tundo indica, essa finalidade é financeira, o que por si só, se não compromete completamente o efeito do poder do monge, nos coloca com a pulga atrás da orelha. Estamos vendo um “show” de mágica?

 


 

No video, esse monge é visto compartilhando seus poderes mágicos com os outros, tocando objetos que passam a ele. Seus seguidores acreditam que o seu toque pode fazer seus amuletos ou pedaços de tecido “energizados”. Posteriormente, esses objetos são aparentemente vendidos para os moradores. E é essa renda que justifica e aparentemente sustenta todo o aparato do “Show”.

De acordo com o instrutor de ciência Jessada Denduangboripant, da Universidade Chulalongkorn, não há nenhuma prova de que o óleo no video esteja realmente fervendo. “A única maneira de provar isso é medir a temperatura do óleo onde ele está sentado”, disse. “O óleo não parece estar fervendo, e a panela parece estranha. A panela pode ter duas camadas afim de isolar o calor. ”

Esta é, definitivamente, uma boa hipótese para explicar o truque. Mas existem outras maneiras de gerar essas ilusões. Uma delas é colocar água na panela, e depois completar com o óleo. Assim, como o óleo é mais leve que a água, ele tenderá a subir, e a água leva muito mais tempo para ferver que o óleo, e ela impedirá o óleo de ferver.

É fato que os monges budistas usam essas demonstrações afim de mostrar ao povo sua força e determinação, além de estabelecer seu estado alterado de consciência como um modo de influir na natureza de maneira clara, eu diria até didática.

Eu não tenho uma opinião formada sobre o fato do efeito do monge na panela de óleo quente ser um truque ou não. Digo isso porque já vi, em outras oportunidades, pessoas que realizam feitos intrigantes com relação à exposição do corpo em altas temperaturas.

Um exemplo? O caminhar sobre o fogo:

Firewalk
O ato de caminhar sobre brasas já existe há vários milhares de anos, com registros que datam de 1200 aC , e aparece em culturas em todo o globo, da Grécia à China, o caminhar sobre brasas é usado em rituais de cura, iniciação e demonstração da fé.

O ritual é também praticado por Índios no Sul da Ásia, do Sri Lanka, das Ilhas Maurício, por religiosos da África do Sul, Malásia e Singapura que celebram o festival Thimithi. O caminhar sobre as brasas também surge nos registros do clã Sawau nas ilhas de Fiji, além de ser prática dos cristãos ortodoxos orientais em partes da Grécia e Bulgária, durante algumas festas religiosas populares.
Faquires também andavam sobre brasas inflamadas durante todo o século XVIII e XIX, além da pratica aparecer nos registros etnográficos dos Kung ( bosquímanos do deserto do Kalahari) onde eles usavam essa pratica em rituais de cura. As meninas possuídas de Bali andam sobre brasas para comprovar sua possessão no ritual chamado Sanghyang Dedari. Também andam em brasas os japoneses taoístas e budistas.
Se não fosse gente suficiente se expondo ao calor, temos também algumas tribos no Paquistão como um “sistema de justiça”, em que o acusado é convidado a dar um passeio num leito de brasas e se ele anda no fogo e sai ileso, é considerado inocente; caso contrário, culpado.
Há também casos bem documentados sobre a pratica nas Tribos todo Polinésia entre 1893 e 1953. Andar sobre brasas é algo comum entre os povos de San Pedro Manrique na comunidade autônoma de Castela e Leão, na Espanha. O ritual surge como parte das festas de São João. Os andadores do fogo geralmente carregam alguém sobre os seus ombros, uma vez que o peso extra ajuda a evitar a combustão. Essa pratica também aparece no sul da Índia, especialmente Mangalore, Bhootaradhane, quando na adoração a Ottekola.

Sem dúvida que há muitas possíveis explicações sobre como é possível que as pessoas andem sobre as brasas sem se queimarem. Querendo ler mais sobre isso, aqui está um paper.

Há também, casos em que pessoas parecem ter um limiar de dor extremamente alto, o que explicaria casos como o do senhor da foto abaixo, que frita diariamente salgadinhos usando AS MÃOS no óleo fervente.
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Pra piorar, ele não é o único. O senhor Khan frita diariamente frango empanado em óleo fervente usando as mãos:

Outra questão que se coloca é se um monge aguentaria o óleo fervente sem demonstrar nenhuma dor. Seria possível?
Eu diria que sim. Há muitos casos registrados em que monges meditaram até a parada de seus órgãos vitais. Anular a sensação de dor seria uma das habilidades dos monges.
Seja como for, podemos até suspeitar de idoneidade do monge da panela de óleo quente, mas fica difícil refutar casos como o monge Thich Quang Duc, da foto abaixo que colocou fogo no corpo como protesto contra o governo do Vietnã do Sul, em 11 de junho de 1963. E ele queimou em posição de lótus até ficar completamente carbonizado, o que aliás, produziu uma das mais impactantes fotografias de conflitos da história. A foto, icônica, é um tapa na cara:

 

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E este não é o único caso de monges que entram em estado alterado de cinsciência enquanto seus corpos queimam até serem consumidos inteiros.

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Curiosamente, Thich Quang Duc não moveu um único músculo quando estava em chamas. Ele sentou-se calmamente de sua postura de meditação. E nem mesmo fez qualquer som. Os policiais tentam impedir, mas outros monges conseguiram impedir a polícia de interferir.  Depois de algum tempo queimando, as pessoas começam a adorar a queima de Thich Quang Duc. 10 minutos mais tarde, após o fogo baixar, os monges enviaram o corpo de Thich Quang Duc para o templo, afim de dar a ele uma cremação adequada.

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8 dias mais tarde, o corpo de Thich Quang Duc foi incinerado mais uma vez e um estranho milagre aconteceu. Seu coração não foi queimado. Mesmo quando diversas partes de seu corpo foram completamente transformadas em cinzas, o coração não queimava.  Os monges acreditam que Thich Quang Duc é um homem santo e seu coração que teimou em não queimar seria uma prova disso.

Bizarro, né?

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. O mythbusters testou a teoria de andar sobre a brasa. No capitulo em questão eles demonstraram a capacidade da cinza de ser um isolante térmico e o que vale é mais a técnica de como caminhar do que a capacidade mental.

  2. Houve um caso parecido com o desse do senhor da panela de fritura aqui no Brasil, mas descobriram que a suposta resistência dele era causada por hanseníase.
    Já sobre a dor, o que ensinam sobre ela no Kung Fu é que ela não existe, ela é apenas um alerta que algo que está acontecendo com o corpo pode ocasionar uma dano, com devido treinamento é possível ignorar a dor da mesma forma que é possível ignorar frio ou calor, mas o que não da pra ignorar são os danos, o mistério ai é a ausência das queimaduras.

  3. Bom, o fato é que isso não é a mesma coisa pra todo mundo. Será que depende da fisiologia da pessoa? Eu, por exemplo tive um amigo que não levava choque elétrico mesmo segurando nas duas extremidade de um fio desencapado. Eu prórpio verifiquei e tomei um baita choque.

  4. A foto desse monge queimando é capa do primeiro disco do Rage Against the Machine. Imagino o nível de concentração do cara pra aguentar ser queimado vivo sem mexer um músculo!

  5. Resistir a dor é possível, pois enquanto tem gente que morre de medo de agulha, outras fazem aqueles rituais de ficar pendurados por ganchos enfiados nas costas.

    Agora uma pessoa enviar a mão em óleo fervente e a pele não pipocar é demais.

    Experimentem pegar uma coxa de galinha e jogar uma concha de óleo fervente em cima pra ver se o couro não pururuca.

    Resistir a dor é um processo mental, já enfiar a mão no óleo e tirá-la sem queimadura é alguma anomalia física.

  6. Quando eu era garoto descobri, casualmente, que eu era capaz de andar descalço sobre plantas rasteiras com espinhos e não me ferir. Isso se tornou um divertimento para mim já que passei a provocar outros garotos da minha idade e fazer com que eles, descalços, corressem atrás de mim; porém, logo, eles, ao contrário de mim, sentiam a dor das furadas dos espinhos e saiam de cima dos mesmos. E eu continuava provocando-os seguro que eles não vinham até mim. O tempo passou, e quando já adulto eu li uma reportagem sobre um dessas festas religiosas em que devotos caminham sobre brasas, me chamou atenção quando um dos devotos comentou que o poder de não se queimar estava na certeza de que eles iriam pisar em brasas e não se queimar, pensamento que era análogo ao que eu possuía quando pisava sobre os espinhos.

    • Uma pele naturalmente mais grossa pode te proteger de espinhos ou choques elétricos, assim como um certo controle mental pode te “isolar” de certas reações naturais. Eu, por exemplo, controlo muito bem a sensação de frio e as cócegas. Posso ficar horas e horas em temperaturas bem baixas (5-10 graus) sem tremer nem sentir qualquer desconforto. Também posso me concentrar o suficiente para não sentir cócegas, por mais que tentem me fazer reagir.
      Já o caso desse monge pra mim é pura farsa. O caldeirão deve ter mesmo duas camadas, com um isolante térmico no meio. Ou isso, ou inventaram um novo prato oriental “gourmet”: Saco Frito.

  7. A matéria está sujeitas às leis da física. Mesmo que sem sentimentos, morto, o corpo tem limitações em relação a temperatura, da mesma forma que as tem em relação a perfurações. Em determinado ponto, a estrutura corporal não é párea para tremenda energia e colapsa: frita em óleo verdadeiramente quente, se queima com o calor ou é perfurada. A questão parece ser em como lidam com a dor. Um menino que percebe que brincar com energia pode ser divertido acaba desenvolvendo um pouco mais de tolerância em relação a choques, porém sempre limitado as suas condições físicas corporais. Alguém que tolera dores de pequenas perfurações, ou queimaduras vindas dos pés, também se diverte ao ver que alguém “é muito sensível”…
    Outro exemplo legal é a cama de faquir! Vc conseguiria deitar em pregos?
    Que meçam a temperatura desse óleo ou óleo/água, até lá isso parece truque!

  8. Como alguém já disse nos comentários, uma coisa é o cara alcançar um nirvana tão profundo que consegue ignorar a dor. Outra, bem diferente, é o cara conseguir controlar e manipular as leis da matrix e simplesmente não virar pururuca. Seja saco a pururuca, mão a pururuca etc. Aí já é coisa paranormal.

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