Outro dia me impressionei ao descobrir um sutiã em miniatura com enchimento. Na etiqueta, “para crianças de quatro a sete anos”.
Alguém poderia fazer o favor de clarificar na minha mente obnubilada pelo impacto do produto, qual a razão pelo qual uma criança de quatro a sete anos deveria ter peitos? E usar um sutiã?
Chegamos ao ponto do grotesco, em que criança não pode mais ser criança. Eu já havia falado sobre este lance aqui em outro post, e a cada dia, me escandalizo mais ao ver que há um interesse permeando a sociedade de consumo no qual não existem indivíduos. Existem apenas consumidores. O que me incomoda nem é tanto haver um sutiã com enchimento para crianças que deveriam estar brincando de pular corda ou andando de bicicleta, correndo no parquinho. Existe toda sorte de produtos imbecis pelo mundo. Até aí, morreu Neves. Mas a parte em que “o produto já estava esgotado em várias lojas” me leva a refletir que estamos numa sociedade esquizofrênica demais.
Mas quando as mães começam a comprar este tipo de coisa e produzir suas filhas, expondo-as desde cedo a idas ao salão de cabelereiro para fazer balaiage (seja lá que merda for balaiage) colocar unhas postiças, fazer luzes, permanente e usar maquiagens e cremes anti-rugas numa menina que nem sequer sonha em menstruar, é bizarro o suficiente para constar neste blog.
O que está acontecendo com o mundo? Com as pessoas?
Volta e meia eu vejo passeatas pelo resgate da paz, volta e meia eu vejo passeatas pela liberação da maconha, volta e meia temos passeatas e manifestações pela redução das armas. Mas cadê a porra da passeata e manifestação pela volta do bom senso?
Hoje, eu me deparo com matérias de jornal que me fazem desejar que seja primeiro de abril. Confira:
Parece que agora virou moda aplicar botox em crianças. Desta vez foi a mamãe Kerry Campbell, da Califórnia (EUA). Ela quis se livrar das ruguinhas que apareciam no rosto da pequena Britney, de apenas oito anos!
Kerry afirma que fez a aplicação de botox em sua filha porque Britney pediu, quando elas se preparavam para participar de um concurso de beleza. Kerry revelou ao programa Good Morning America, da ABC News, que também depila as pernas da filha com cera, para que nenhum “pelo fofo” apareça, tudo em nome do sucesso em concursos de beleza. Segundo a mãe, eles julgam muito, pegam pesado e são rudes nesses concursos.
Especialistas dizem que agora a criança corre sérios riscos de ter problemas psicológicos a longo prazo devido os tratamentos de beleza tão precoces. fonte
Estamos vivendo tempos, meus amigos, em que os pais precisam fazer curso para poder aprender a negar as vontades esdrúxulas de seus filhos. Vivemos no século da permissividade, que gera deformações de caráter que só vão realmente causar problemas sérios no futuro. O pai que dá o sutiã com enchimento porque a filha viu que as amiguinhas da escola tem e ela não tem deveria levar um murro no meio da cara. Que bosta de educação é esta que as pessoas vem dando para as crianças?
E não me venha com o argumento escroto de “ah, você diz isso porque não tem filho…” já que não é necessário ter filho para adquirir bom senso. Hoje temos uma dificuldade gigantesca nas relações de poder. As relações de poder no mundo se horizontalizaram de tal maneira, que filhos mandam nos pais, e os pais tem praticamente que pedir aos filhos para fazer isso ou aquilo. Outro dia, no shopping, vi uma menina dando ordens a mãe, como uma pequena ditadora, dizendo o que ela deveria levar ou não.
“Que porra é essa?” – Pensei, ao testemunhar a cena em pleno shopping center. A mãe, por sua vez, com uma expressão de mucama masoquista, ficava implorando a filha para não levar mais roupas, as quais a menina jogava sobre a mãe como se ali estivesse sua escrava particular. Enquanto eu esperava uma reação daquela mãe, só vi um pálido zumbi, recolhendo as roupas que caíam pelo chão ante a passagem da infanta déspota.
Quando as fronteiras da autoridade são excluídas, abrimos a porteira para que as crianças se tornem pequenas ditadoras. Agora pegue isso e junte com a sociedade onde o individualismo e hedonismo já atinge proporções alarmantes e teremos um panorama perigoso para o futuro.
Evidentemente que não podemos generalizar. O comportamento de vestir crianças como adultos não é uma prerrogativa dos tempos modernos. No passado se fazia isso. Até o século XVI nem sequer existia o conceito separador de criança e adulto e as crianças foram mão-de-obra valiosa para a economia de muitos países, sobretudo na revolução industrial. Em termos de vestuário, a criança só começa a ganhar roupas diferentes das usadas pelos adultos no século XVIII.
Como não havia a percepção de que a criança era um ser em desenvolvimento, com características psicossociais próprias para sua idade, elas acabavam sendo percebidas como adultos pequenos onde a vida cotidiana se dava ao meio da vida dos adultos sem separação.
Com isso, as crianças eram comuns nos prostíbulos de Roma e vendidas como escravos por toda a Europa antiga e medieval.
Quando uma pessoa não tinha filhos, simplesmente tomava uma criança para ela, e caso a criança se recusasse, neste processo unilateral de adoção, seu destino era apenas um: a morte.
O fato era que crianças não gozaram de afeto especial durante a maior parte da existência humana neste planeta, e por isso, foram consideradas “descartáveis” em muitas sociedades.
Não era um bom negócio ser criança até meados do século dezoito, quando surgiu uma concepção romântica de infância. Essa concepção atingiu seu auge no início do século XIX, com uma mudança sutil na noção de inocência que era até então defendida por pensadores anteriores, que viam a criança como uma caixa vazia ao qual caberia ao adulto encher com o que melhor lhe aprouvesse. Os românticos, por sua vez, sugeriam uma noção infantil das crianças como “ criaturas de profunda sabedoria, sensibilidade estética mais apurada e uma consciência mais profunda das verdades morais duradouras”. Sabe aquela frase que sua vó costuma dizer “a criança não mente” ? Vem desse tempo aí.
O século XX foi marcado por grandes transformações em várias áreas do conhecimento humano. Deixamos finalmente de nos estruturar em sociedades agrárias para formar clusteres urbanos, onde seu poder familiar não era mais marcado pela produtividade agrícola. Agora a acumulação de capital era a tônica que marcava as sociedades modernas, e pela primeira vez na história do Homem, ter muitos filhos passou de grande vantagem estratégica a uma furada financeira sem precedentes.
Com relação a infância, e a forma como vemos as crianças, passamos de um período de sentimentos inexistentes no século 17, para uma época de extrema exaltação da infância nos séculos XIX e XX. Já o fim do século XX e inicio do XXI são marcados com a progressiva redução da infância. É o apogeu da adolescência. É o apogeu do período em que seus hábitos de consumo, e suas escolhas sociais comunicam ao mundo quem é você. Qual seu lugar na sociedade de classes. É o século do “diga-me o que compras e te direi quem és”.
E com base nisso, eu evoco a antiga teoria história de que nos elementos constituidores de nossa vida humana, “a vida vem em ondas como o mar. Num indo e vindo, infinito”.
Talvez a infância como todos nós pensamos que exista seja apenas uma percepção passageira, que do jeito que surgiu, desaparecerá para sempre. Talvez estejamos prestes a voltar a uma percepção de mundo que privilegia a carga que uma criança é capaz de carregar, traduzida na sua capacidade de convencer os pais a consumirem do que ao seu individualismo e particularidades próprias de um ser em construção.
A infância pode ter acabado e nem nos demos conta. O ingresso dessas crianças do século XXI cada vez mais cedo em espaços fora do lar, depósitos de pueris, como as creches e berçários, se torna uma realidade cada dia mais frequente. Da mesma forma que as mucamas e mães pretas do início do século XIX aleitavam e cuidavam, das filhas das sinhás, basta um passeio a uma praça qualquer das grandes capitais para nos depararmos com moças vestidas impecavelmente de branco empurrando carrinhos de bebês. Bebês que não são os filhos delas. Os filhos dessas mulheres certamente estão depositados em alguma creche, ou sendo cuidados pelos filhos maiores, que não raro são pouca coisa mais velhos que as crianças as quais tomam conta para a mãe poder trabalhar. Seja uma creche, seja numa casa, seja dentro de um barraco, estão confinadas.
Onde estão as mães das crianças nos carrinhos importados?
Nos shoppings, consumindo, nos cabelereiros, consumindo ou no trabalho, atendendo as demandas de consumo de outras mães e pais. As que não estão nos parques, talvez estejam em casa, encerradas em condomínios, convivendo com as mesmas pessoas, sob a mesma prisão travestida de uma égide de segurança. Ou ao sabor da Tv, do videogame e da internet.
A convivência, antes restrita a casa e família nos primeiros anos de vida, conta agora com um universo bem mais amplo. Embora cada vez mais limitadas fisicamente por muros, grades e portas, as crianças ganham o mundo como nunca antes foi possível. Estão expostas à informações e contatos com adultos que – como os noticiários volta e meia nos alertam – nem sempre tem boas intenções. Com tamanha entrada de informação no contexto infantil, vocabulário, alimentação, vestuário, lazer e etc, passam a sofrer uma forte influencia dos fatores externos, como a mídia.
São novos tempos. E são novas crianças. Numa perspectiva histórica da construção da infância, podemos perceber que os bacuris tiveram somente um período muito curto da história utilizando roupas adequadas para essa fase da vida. Com a adolescentização galopante, concluo que a criança do século XXI , no que diz respeito ao vestuário, está fadada a ser o adulto em miniatura da idade média.
Lamentavelmente.
Eu sou totalmente contra isso. Eu defendo a infância! Crianças tem de ser crianças e tem de aproveitar isso! Nada mais! Brincar, correr, gritar, tudo isso que uma criança pode fazer deve ser mantido…
Mas os ricos, viciados em beleza e dinheiro, apenas vêem as crianças como objetos. Assim como tudo ao seu redor. Lamentável.
Photoshop nervoso na 3a foto hein…
Excelente texto. Também havia visto esse artigo numa loja, o sutian infantil, e não pude acreditar no que estava vendo ali. Que bom não ser a única! Tenho uma filha de 4 anos, uma criança de verdade, que usa roupas de criança, que se suja de terra e sorvete e que quando for adulta, lembrará com saudades do seu tempo de infância.Parabéns mais uma vez, Philipe, sou sua fã!
Fico feliz que tenha gostado, Alessandra. Valeu.
Eu sou professor de educação infantil e concordo plenamente com a afimativa. As crianças deixam de ser criança cada vez mais cedo. Já fui abordado por uma aluna ,criança de 11 anos, querendo “ficar” comigo e ante ao meu susto ela falou: “que que tem? se você não quisesse não me dava idéia!” Quando chamei a mãe pra conversar sobre a sexualidade precoce da filha a louca me falou: “criança tem de namorar, aproveitar antes de casar, prefiro que ela procure um adulto “responsável” (????) do que um menino qualquer por aí”. Fiquei sem palavras. Como educar uma família com tal nível de desrespeito pela criança? Só pude pedir orientação para o conselho tutelar.
Cacildis! Não imaginava que ia chegar neste ponto. Outro dia me espantei ao ver na Tv o caso de uma moça de 35 anos que é AVÓ!
Putz. E eu que achei que o Bolsonaro tava pesando a mão ao dizer que daqui a pouco vão ter a idéia de legalizar a pedofilia. O problema é que na ótica dele, seriam os pedófilos a darem a idéia, e não os pais. A realidade mais uma vez prova que pode superar o absurdo mais chocante que possamos imaginar. E que a inteligência tem limites, mas a estupidez não.
Philipe, o ex-jogador Raí foi avô aos 35!
Philipe, achei um dos melhores posts até hoje!
Realmente é triste essa realidade que vivemos. Fico me perguntando onde esses pais estão com a cabeça. Tive uma criação totalmente diferente.
Por outro lado, creio que você esteja tendo uma visão até mesmo radical sobre o caso. Morei no RJ por 5 anos e ainda visito frequentemente a cidade maravilhosa, onde tenho muitos parentes.
Posso te afirmar que o local onde criamos um filho influencia muito nisso!
Aqui onde eu moro ainda se preserva certos valores e há sim essas peculiaridades bizarras, mas é muito pouco. Aqui ainda está conseguindo preservar um pouco dessa inocência da criança.
Talvez seja por que é interior de Minas Gerais, cidades pequenas, etc.
Vejo isso na diferença de primas mais novas minhas que moram no RJ e as que moram aqui. Têm educação totalmente diferente, costumes totalmente diferentes e isso é iminente.
Acredito que a reforma tem de ser feita nos pais, para refletir em uma melhor criação das crianças hoje para que sejam melhores adultos amanhã.
Abraço!
Muca, fico feliz em saber que gostou tanto do texto. Pena ele ser sobre algo tão desagradável quanto a extinção progressiva da infância. Tenho esperança que isso se mantenha ao máximo restrito aos grandes centros urbanos, mas tal qual as drogas, as modas e etc, não acredito que isso consiga se manter por muito tempo sem se espalhar como uma doença horrorosa.
Infelizmente você tá certo, meu chapa!Digamos que esteja com dias contados, né?! :
Ótimo texto, quicá um dos melhores que li nos 5 anos que acompanho o blog. Resumiu toda a boa escrita em apenas um termo: “adolescentização”.
Tenho 21 anos, me considero uma pessoa extremamente liberal, mas não consigo ver nada de bom vindo desta nova onda (o qual cronológicamente possa fazer parte, mas não vivi assim). Qual o nexo ou utilidade? Será que as propagandas durante a Tv Globnho e Bom dia & Cia deixarão de ser de brinquedos e passará para roupas, ou pior ainda, roupas intímas?
Lendo o texto me lembrei daquela propaganda do Washington Olivetto em que a menina ganha seu primeiro sutiã (não é da minha época, mas alguns significados são atemporais), onde tinha todo um simbologismo aquela peça do vestuário intímo feminino, mostrando as tranformações das fases da vida. Tinha um valor emocional forte. Mas e o tal sutiã infantil? qual o significado? de querer porque todas estão usando, logo é uma necessidade? Não sei se triste é o pai que se submete a isto ou a criança que não aprende na melhor escola valores morais e sociais que a norterão pela vida que sem eles, com toda a frieza da palavra, tonam-se seres fúteis e que não se reconhecem aos seus pares. Ah, espero que todos saibam de qual escola estou falando.
Engraçado disso é ver quão paradoxal é a sociedade em que vivemos, onde se justifica todo o mal pela mídia e disso desenrola decisões como censurar um episódio de Tom & Jerry onde um gato esta fumando, comercial de cerveja porque o mascote instigaria o consumo por menores e outros exemplos que visam a proteção da criança e da familía contra a babá mais barata do mundo: a TV. E a familía, onde está? parece que também foi censurada…
É triste né? Fico feliz que tenha gostado do post. Valeu.
as meninas querem parecer como as princesas da disney ueh.
é a Disney fazendo lavagem cerebral na meninada, e pelo jeito nos pais também.
Concordo com você Philipe. Crianças devem viver como crianças e não com preocupações de adultos. Essa idéia de tornar uma criança um adulto pequeno é totalmente errada. Quando essas crianças crescerem, vão sentir falta do tempo que perderam porque seus pais a amadureceram rápido de mais.
Desculpem-me a comparação, mas, se comparar-mos uma criança com uma fruta, aquelas frutas que são “forçadas” a amadurecer mais rápido para ser consumida é a que mais rápido apodrecerá.
Como é que estará a cabeça dessa criança no futuro? Será mais um adulto alienado pelo consumo impulsivo?
Sempre leio o Mundo Gump e concordo com o Muca, quando diz que este é um dos melhores post.
Abraços e desculpas se ofendi alguém.
Concordo em cada vírgula. Me lembro de ter ouvido outro dia uma menina que devia er uns oito anos num restaurante junto (acho) com mãe e uns outros adultos. O absurdo foi tanto, que les pediram uma porção de batata frita , e a louca da mãe não deixava a menina pegar porque ela gritava histérica: “voce quer engordar?” Eu e todo mundo que estava lá olhou para a louca e percebemos que a minina estava usando uma roupa de gin´stica e parece que tinha acabado de sair da academia. Cara me deu vontade de sair lá e socar a cara dela! Se ela não quer que a menia engorde porque levou ela consigo? Criança não tem que ter este tipo de preocupação, pelo contrário, comer batata frita (junto com legumes e verduras é claro), brincar, ter a única preocupação os estudos. Isso me lembrou a besta da mãe americana que eu acho que ve a filha apenas como um troféu para esfregar na cara dos outros.
Putz véi…
Nem eu que sou praticamente uma criança concordo com o tratamento desses muleques de hoje em dia. Sei lá, apesar de achar que vídeo game não influencia no comportamento das pessoas, o que mais tem é menino de 5 anos de idade tocando o puteiro em GTA San Andreas de PS2 por exemplo… O esquisito é que apesar de reclamar bastante, os pais não proíbem que elas joguem esse tipo de jogo. Qualé, comecei a jogar jogo de tiro com 8 anos de idade, mas o filho de uma amiga da minha mãe que vem aqui em casa de vez enquanto sempre pede pra colocar o GTA IV pra “matá policia”. A mãe vê, fala alguma coisa mas deixa. Até eu já cheguei a falar com os pais, mas não adianta.
Cara, eu fico imaginando o que essas crianças vão lembrar da infância quando estiverem adultas. Felizmente, a maioria do pessoal de 13 anos como eu conseguiu conciliar as brincadeiras de rua com o uso da internet. Mas até eu me assusto. Acho que por ser bolsista em escola particular, me assusto mais ainda. Claro que os outros podem pensar diferente de mim, mas pra mim o pessoal da minha sala não teve infância. Velho, só por ter ganhado um super nintendo quando era pequeno (ok,não que jogar mario kart seja grande coisa, mas você aprende a colocar diversão na frente dos gráficos), por pescar com o meu avô quase todo mês, ajudar minha avó com os jardins, acho que me diferencio totalmente do resto. Me desenvolveu meio que um espírito naturalista, sei lá.
O grande problema – e posso afirmar com segurança, é que as crianças não dão o mínimo valor pras coisas antigas. Jogo tem que ter gráfico bom, livro tem que ser curto, filme tem que ser cheio de explosões e salto fodásticos, carro tem que ser rebaixado, colorido feito um arco-íris e com telinha de DVD dentro. Música, ah, música eu nem comento. As vezes eu me sinto estranhamente sozinho, como se tivesse nascido na época errada.
—-off—-
Hey, philipe, não tem como comentar pela conta do wordpress aqui não?
PQP!! Onde vamos parar desse jeito… Além do comportamento precoce, também ocorre a erotização da infância; sutiãs com enchimento servem pra deixar as mulheres mais sensuais, não é?Me admira também é a Disney, que diz ser uma empresa voltada para o entretenimento sadio das famílias, comercializar um produto desses.
Nunca que aquilo é um produto oficial.O que mais tem é roupa, sem marca mesmo, vendendo peças com esse tipo de personagem.
Concorso plenamente com sua opinião. Me lembro de uma notícia que vi uma vsoez sobre seios postiços para as meninas aprenderem a “amamentar” bonecas, na Espanha.
Absurdo.
Fala brother,
A idéia que o mundo ta louco e que essa porra ta indo pro kct não é nova. Desde o tempo dos nossos tatatatatataravós que os antigos falam ¨olha como se comporta esse mininu¨.
Será que dessa vez o mundo enlouqueceu MESMO ? Talvez. Eu vejo que hoje existem mais diferenças de quando eramos moleques. Tem até uma certa padronizaçao de comportamentos e vestuários, mas tem moleque de tudo quanto é tipo e gosto do freguês.
Se por um lado tem pais debiloides que alimentam essa industria e seus filhos neoconsumistas, de outro tem uma nova geração que nasceu colada no computador e que pode tirar coisa positivas dele. A parada é que esses não são vistos. A revoluçao da comunicaçao dessa nova geração passa batido pros pais mais desatentos, a forma como eles assimilam conteudo e interagem com seus iguais só chega na mídia quando é merda. Só quando homem morde cachorro que vira notícia.
Ontem tava lendo umas tiras do Quino e contrastando com do Charlie Brown. Porra o argentino continua atual pacas. Hoje vivemos esse contraste de modelos norte americano consumista e latino americano ferrado existencialista. Ta uma merda ? Tá com certeza, mas provavelmente isso sempre vai ser a nossa parcepção sobre o comportamento das próximas gerações.
E toca cavar que o poço parece não ter fim.
Abs
Rap
Otimo texto. Eu tambem não tenho filhos e desse jeito, foi a melhor coisa. Não dá tesão botar uma pessoa no mundo quando o mundo que seu filho vai viver é esse aí…
Muito bom, Philipe, concordo em genero, numero e grau!
Não sei se tu viu a Suri Cruise, que usa sapato de salto alto, e outro dia estava listada como uma das pessoas que mais influenciam a moda!
Depois não sabemos porque a pedofilia aumenta…
Não sei se tu conhece (pelo teu texto parece que sim), um otimo livro é o Historia Social da Criança e da familia, do Philippe Ariès.
Velho , vc foi cruel , isso que vc disse no post é uma coisa que fica enroscada na garganta da gente , trabalho como voluntario em uma equipe de volei masculino e feminino , e o negócio ta feio mesmo a minha cidade tem 15 mil hab. e as drogas e a sexualidade estão a flor da pele.
Vc chama a atenção de uma criança e ela te xinga e acha que é “Dona do Mundo” pois o maior contribuinte a isso é o grande “E.C.A” (todos devem ter lido!) , eles viram pra vc e dizem que vão no Conselho Tutelar.
Os Pais são coniventes com a situação , vejo aqui bares vendendo bebida para menores , as drogas facilimas , e na questão do sexo é a mesma coisa que falaram meninas de 11 e 12 anos ficando com todo mundo por que é “normal”.
Tenho duas filhas uma de 12 e uma de 1,8 meses, cara é dificil cuidar meeeeesssmo , mas na questão das meninas é muito pior , em cada esquina tem um tarado.
Resumindo tudo culpa do comercio que tem de vender , crianças de 4 anos com sutiã, é um absurdo , é a porra do capitalismo , do socialismo , do liberalismo etc , tá uma droga mesmo , tenho pena de quem mora em cidade grande como vcs , que estão no trabalho e seus filhos estão ai na rua vindo da escola a mercê de tudo que é errado .
Vcs já deram uma olhada no twitcast ou twitcam , as crianças expostas , se não bastasse o PC com web cam ,agora temos os celulares com milhares de recursos!!
Que saudade do jogo de bolinha de gude , do carrinho de rolimã , do pique esconde , das festinhas onde as meninas ficavam de um lado e os meninos de outros e o maximo era pegar na mão!
Parabens vc foi genial !!
depois reclamam que aparece guria gravida, casos de estupro e pedofilia, poha! os pais deixam as suas filhas andarem por ai com decotes que muita mulher adulta nao usaria e deixam essa mulecada solta na rua e na internet a serviço dos taradoes.
Pais e Maes, ensinem as suas filhas a respeitarem o proprio corpo.
wtf botox em pirralha…pais retardados deviam ser presos.
Philipe, tem um documentário nacional gratuito sobre esse assunto. Se chama “Criança, a alma do negócio”. É só procurar no Google que vai cair direto no site oficial (espero!).
Quando o vir, vai notar que é tudo ainda pior do que o que seu texto mostra, infelizmente!
Agora me deu até medo de ver, hahaha. Mas vou arriscar.
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/05/mulher-perde-guarda-da-filha-de-8-anos-apos-injetar-botox-nela-diz-tv.html
A mãe perdeu a guarda. Isso significa que ainda existe gente com bom senso nesse mundo.
Lamentável. Compartilho de suas preocupações, como mãe e educadora. Escrevi um post sobre o assunto, incluindo o impactante filme Maldita Beleza – já assistiu? Peço licença para deixar o link aqui: Beleza é saúde? Autoestima e padrões de beleza
Obrigada pelo belíssimo texto!
Ops, o link não apareceu…
Beleza é saúde? Autoestima e padrões de beleza
http://www.apenasmulheresdeverdade.com.br/2011/04/beleza-e-saude-autoestima-e-os-padroes.html
Tudo isso pode ser verdade, e em certa medida é, mas a resposta que você dá não é nehum pouco libertadora. Que tal perguntar onde estão os pais dessas crianças cuidadas por outras?
Ter uma mãe em casa 24 cuidando de você não resolve o problema apontado no texto, e sim reafirma o papel feminino de cuidado, beleza, estar disponível para outros, e isenta os homens da sua responsabilidade de educar e cuidar também. As creches não são um depositário de crianças, tem um papel fundamental no crescimento delas, são uma parte importante na educação formal das crianças…. inclusive é um direito garantido no ECA.
A sociedade de consumo é tão cruel com as meninas-mulheres, que vc apontou, exige de todas as mulheres uma beleza inalcancável, se não, não serão dignas de amor, imagina a esquizofrenia que isso traz!!!! aliado a isso, exige-se que não permitam que suas filhas sejam assim, e que não as deixem sozinhas com babás, e que trabalhem para não serem mais um fardo em casa, e se quiserem direitos e liberdade, que vão enfrentar o mundo e conquistar seu lugar ao sol… mas não se esqueçam de estar impecavelmente arrumadas e dispostas no final do dia….
A sociedade só vai parar de ser tão esquizofrenica quando todos se responsabilizadem pela educação e cuidado das crianças… O Estado, os homens e as mulheres.
As pessoas tendem a confundir a falta de educação com a falta de atenção. O que ocorre em função das necessidades profissionais dos pais é uma falta cada vez maior de atenção. Mas isso não significa necessariamente que esta falta de atenção produzirá um reflexo direto na falta de educação dessas crianças. Mas algo corriqueiro são os pais que se culpam por não estarem presentes e por isso tentam compensar esta falta com uma ausência quase total de seu papel como pais. Sabe aquela criança que pode tudo? Ao qual negar qualquer coisa que seja é um pecado? Isso é o problema sério.
A socidedade, como você acertadamente disse, é esquizofrênica. Ela exige um papel de perfeição inatingível para as mulheres. Bonitas, inteligentes, boas donas de casa, símbolo de perfeição, bem sucedidas, magras e mães exemplares… Ora, dá pra perceber que isso é inviável. Mas as pessoas continuam a se submeter, continuam a tentar se encaixar nessas forminhas e ter uma fé inabalável de que isso é possível. Talvez até seja, mas como tudo na vida, traz implicações, todas as decisões tem um preço.
Com relação ao papel da creche, eu concordo e simultaneamente discordo de você. Ao mesmo tempo em que podem ter um papel importante na educação formal (que a criança terá na escola também) vem operando cada vez mais como depósito de crianças para que os pais possam trabalhar. Isso é um fato. Tanto que cada vez mais, as creches admitem crianças mais e mais jovens. Algumas ficam lá nos berçários o dia todo. Mas qual a alternativa? Não existe alternativa para a classe média-média baixa além da creche, pois a necessidade de ganhar o sustento impede os pais e mães de ficarem com seus bebês. Os ricos podem pagar para que profissionais tomem conta de seus filhos. E convenhamos, é muito melhor deixar o filho na creche do que arriscar colocar uma criança tomando conta da outra como volta e meia ouvimos falar nos noticiários.
Há uma crise grave no processo educacional brasileiro. A família delegou a educação dos filhos para as instituições (escolas, cursos formais e informais, esporte, etc) e as instituições vêem a formação dos jovens por um prisma de aculturalização. Ensina-se os afluentes do Rio Amazonas, mas isso só não basta. O resultado, alunos ameaçando professores com facas por receberem notas baixas.
Decadência… Decadência. O cenário descrito pelo Philipe torna “A Decadência do Império Americano” de Denys Arcand uma visão ingênua. No filme de Arcand a decadência começava com os adultos se preocupando demais consigo mesmos. No artigo de Philipe, a decadência começa plantando na cabeça das crianças esquemas de podridão que se desenvolverão de uma forma bizarra quando essas crianças se tornarão adultas.
AAAAAA daqui a pouco vão colocar bojo nas fraldas das meninas pra aumentar a bunda . Sinceramente o mundo vai acabar antes de 2012 e não é pela natureza mais sim pelo ser humano que está destruindo a infancia das crianças e tirando a pureza delas cada vez mais cedo , tentando torna-las mini adultos materialistas cada vez mais cedo . Heeeeeeeeeeeeeeelp as crianças do mundo pedem socorro :(
Eu acho que estamos vendo a extinção da infância como já conhecemos um dia. Mas ela nem sempre foi assim. É um bom negócio transformar crianças logo em adolescentes, porque eles são os reis do consumo, e hoje e cada vez mais, o consumo regerá o status quo da humanidade.
Gostei muito do texto, e concordo totalmente com vc. Lembro que ganhei meu primeiro sutiã aos 10 anos de idade, mas teve uma razão: foi quando eu menstruei, e logicamente os seios começaram a dar vestígios, rsrs. Mas é bem diferente uma menina ganhar um sutiã nas “minhas circunstâncias” e outra, que nem sinal de menstruação tem e ganhar um de enchimento!!! Ah, pelo amor de Deus!!!!
Sabe o que é mais irritante? Ver pais fazendo as vontades escalafobéticas (pode ver que sempre são) durante a infância, e quando a criança torna-se um adolescente insuportável (é uma fase complicada, mas qdo se tem muita permissão torná-se mais que intolerável), revoltado e acaba se tornando um adulto mau caráter se pergunta: “eu te dei tudo, o que te faltou? Paguei os melhores colégios, os melhores cursos, os brinquedos e roupas da moda… O que mais você queria? O que mais vc quer?”
Seria difícil um pouco de carinho, atenção, e principalmente, amor? Isso é o que realmente educa uma criança, sem consumismo exagerado com “não” na hora certa. Hoje é uma roupa íntima, amanhã, o que será?
Poxa, adorei o texto. Na minha época era bem diferente: quando minha mãe falava não! Estava tudo acabado, não tinha nem o que retrucar. As crianças de hoje são imperativas (vi isso pelo meu irmão).
Quando eu tralhava na escola, havia um casal que simplesmente deixava seus bebês (gêmeos) no berçário. Aquilo impactou-me, indaguei sobre a falta que os pais faziam e o desenvolvimento delas. Este mundo de corrida pelo capital chegou ao ponto de separar mães, pais e filhos. Casais que não possuem tempo para cuidar de suas crianças: as escolas simplesmente viraram depósito, porque criança é considerada como “coisa” no olhar da sociedade em que o capitalismo é tardio. Há muitos professores que são incapacitados de construir o conhecimento em sala e até mesmo, lhe dar com situações que exigem habilidades psicopedagógicas.
A estrutura familiar tradicional foi para o ralo e com ela, tivemos que refletir sobre nossas próprias estruturas (a questão da identidade na literatura é de suma importância) em um mundo onde as pessoas vivem sem referências.
Hoje ninguém quer saber de refletir e sim encher o bolso de dinheiro e consumir, infelizmente…
Somente para fechar: Marx disse que situações semelhantes podem ocorrer em diferentes períodos da história: a primeira como algo verdadeiro e a segunda, como farsa… eita mundo farsante que vivemos!
A lógica do comprar, comprar, comprar, comprar, mesmo não precisando.
O marketing pesado com crianças, seja maquiagem, sapato, alimentação, brinquedo ou sutiã. O mesmo ocorre com idosos, retratando-os como crianças consumistas.