quinta-feira, dezembro 26, 2024

Meu avô morreu

Não me lembro de ter escrito um título de post do qual tivesse tanta vontade de que fosse uma brincadeira sem graça quanto este aqui.

Ontem, após uma luta de mais de dez anos contra o câncer, aos 88 anos, meu avô Hugo finalmente  venceu a batalha.  Digo isso porque a morte dele foi a vitória. Seu estado físico era combalido. Meu vô estava muito mais magro que qualquer faquir, já preso numa cadeira de rodas, sem controle de suas funções vitais, precisando de ajuda até para comer, tomava tantos remédios que faziam a casa parecer uma filial de farmácia. A maioria deles para a dor horrorosa de um câncer de próstata que se espalhou, ramificando-se para todo lado, se instalando nos ossos e no cérebro. Câncer que ele nunca imaginou que tinha e do qual nunca reclamou muito, além de dizer que estava com uma “dor chata nas juntas”. Ele sempre pensou que fosse artrite.

Quando recebi a notícia de que ele havia sido internado, eu estava preparado. Peguei meu carro e fui pra lá, sabendo que o filme da vida do meu avô chegava em fim aos créditos finais. A sensação era de tristeza, mas também de alívio.  A doença havia deixado consequências terríveis para ele.

Uma coisa curiosa sobre o meu avô é que ele havia sido diagnosticado com este câncer espalhado pra tudo que é lado há muito tempo atrás. Na época, o médico chamou minha mãe e meu tio e disse a eles que era para aproveitarem o máximo o tempo com ele, pois meu avô não teria nem seis meses de vida.

Receber uma notícia dessas de um médico, é um decreto para que você busque a felicidade de seu pai ao máximo. E foi o que nós todos fizemos. A começar por esconder dele a qualquer custo sobre o câncer. Até então, meu avô era um homem forte, que pegava sozinho saco de cimento, construía coisas, trepava em muro, pendurava-se em andaimes, consertava qualquer bagulho que aparecesse quebrado na frente dele.

O medico errou retumbantemente.

Meu avô viveu com a doença por mais de dez anos.  Nesse meio tempo, ele acabou tomando todo tipo de chá, de caldo, de gosma de ervas diversas. Tudo que alguém falava pra minha vó que curava câncer, ela tascava no meu vô. Sei lá se essas coisas ajudaram ou não. Sei que ele viveu muito além do que qualquer prognóstico médico, por mais otimista que fosse, seria capaz de prever.

E viveu forte. Andando, conversando, comendo bem. Só nos últimos anos, a doença começou a colocar suas garras nele. Os lapsos de memória começaram a ficar frequentes, a confusão mental, cada vez maior, e a magreza se instalou. Em maio de 2011 eu estive lá e ele já estava bem ruim. Havia jogado a dentadura fora e falava coisas meio desconexas, como citar obras. Toda pessoa que ia lá pra vê-lo ganhava uma certa função “na obra”. Ninguém nunca entendeu o que era ” a obra”. Mas eu era “o engenheiro”.

Havia o meu tio, que era o “encarregado”, e uma amiga da família, que era a “dona da obra”. Assim, todos os assuntos, pois mais loucos que fossem, acabavam girando em torno da tal “obra”.

Mas de vez em quando, dava uma lucidez nele. A lucidez alternava-se com os momentos em que ele pensava que estava “na obra”. E com o passar do tempo, aqueles momentos de lucidez foram ficando cada vez mais raros.  Meu avô parecia um windows com dlls danificadas. Em algumas situações a coisa era tão bizarra que chegava a ser engraçado, como na vez em que o meu primo ia trocar a fralda dele e ele cismou que era ele que ia trocar a fralda do meu primo.

Era impossível ir lá sem ficar horas escutando sobre as situações pouco convencionais causadas pela confusão mental da doença. Eu havia estado em Três Rios dois dias antes, onde tive a oportunidade de estar com ele.  Neste dia, eu o levei para passear na cadeira de rodas e passei uma manhã inteira tomando conta dele, conversando com ele sob a árvore. Embora ainda frágil e quase completamente senil, ele teimava em controlar a cadeira de rodas, dizendo o que eu devia fazer. Sua máxima era: “Devagar, devagar!”

O fato é que com aquela notícia bombástica mais de dez anos atrás, nós nos preparamos para uma partida iminente. Mas meu vô morreu em suaves prestações. A parada do coração se deu ontem de manhã, mas a morte do meu avô, no meu ponto de vista, já estava em curso acelerado, há pelo menos um ano. A cada dia ele morria um pouquinho. A cada esquecimento, a cada quilo perdido. É como uma roseira que vai secando. A parada do coração foi apenas a última pétala que caiu.

Ontem, sentado ao lado do caixão, onde ele estava enfiado num terninho, comecei a pensar sobre o quão repetitvo ele era.

Meu avô era extremamente repetitivo. Durante muitos anos, eu me intrigava da mania que ele tinha de me contar sempre os mesmos casos. E eu, ingenuamente, acreditava que isso fosse um defeito.

Só ali, do lado do caixão, percebi o quanto eu tinha sido burro de não entender que as coisas não são como são por mero acaso. Conforme meu avô repetiu pra mim incontáveis vezes aquelas  duas dezenas de casos, (alguns que eu até já postei aqui, como o da pistola Luger dourada e da vez que ele deu carona para dois fantasmas), ele estava deixando uma marca profunda em mim. Ele estava se tornando imortal. Porque nós somos muito mais que carne.

Cada repetição me dava mais detalhes, me dava mais visão, e eu compreendia melhor certos nuances do que ele contava. Meu avô foi sem sombra de dúvidas uma fonte inesgotável de referências, na qual bebi sem medo. A cada repetição, meu avô gerava uma espécie de backup das memórias dele na  minha mente. E por uma sabedoria que nunca descobrirei de onde que saiu, eu nunca tive coragem de dizer a ele que já sabia o que ele ia me dizer. Nunca o desmotivei nem demonstrei enfado ante sua empolgação de me contar suas aventuras. Eu apenas perguntava coisas sobre as quais ele ainda não havia contado e sempre reagia como se aquela fosse a primeira vez que eu ouvia suas histórias.  E ele sempre contava com um entusiasmo enorme.

As cinco aventuras que o meu avô mais me contou são:

  • O CAVALO DO BEBUM – O tio dele, que era um alemão lá de Petrópolis, que bebia muito. Ele tinha um cavalo que era ensinado. O cara enchia a cara e o cavalo dele o levava pra casa sozinho no fim da noite. Só que certa vez, morreu um cara lá e ele foi seguindo o cortejo. Mas o cavalo, sem saber do que se tratava, parava de bar em bar e “estacionava”, esperando que o tio dele descesse para beber um goró. Todo mundo do enterro percebeu e foi uma piada só.
  •  OS FANTASMAS QUE PEDIRAM CARONA – Essa é um clássico. Meu avô e meu bisavô estavam descendo de Petrópolis num caminhãozinho, quando viram um casal vestido de branco, na beira da estrada pedindo carona. O meu bisavô deu carona para os dois. E chegando no destino deles, mandou meu avô avisar pros dois que estava chegando. Quando meu avô se virou, cadê? Não tinha ninguém da caçamba.
  •  SEGUIDO PELO LOBISOMEM – Meu avô certa vez vinha pela beira da linha do trem do bairro do Triângulo. Naquele tempo era um lugar ermo, em meio a fazendas e só tinha mato. Ele disse que notou que tinha uma coisa preta enorme seguindo ele. Meu vô olhou para trás e me disse que era um cachorro, mas do tamanho de um boi. O bicho andava cerca de uns três metros dele. Em completo silêncio. Meu avô apertou o passo, e a coisa apertou junto. Então ele andou devagar e o cachorrão também. Não latiu, não rosnou, não cheirou e nem mugiu. Era apenas uma forma escura, enorme, que o seguiu por um longo trecho. Vendo que o animal reagia conforme o que ele fazia, meu avô disparou numa corrida só sem olhar para trás e quando finalmente tomou coragem, a coisa já havia sumido. Esta história era sempre acompanhada de outra na qual ele ia chegando numa fazenda e na porteira, equilibrando-se no ar de forma macabra, havia um caixão. Ele nunca contou o caso do lobisomem sem contar do caixão na porteira, embora fossem casos distintos.
  • OS FANTASMAS DO QUARTEL – No quartel em que o meu avô serviu exército, no tempo da Segunda Guerra, era normal ocorrerem certas situações insólitas. Uma que assustava todo mundo da companhia dele era um barulho que repetia exatamente o som das pedras do pátio inferior sendo lavadas. Eles estavam no alojamento e no meio da madrugada, ouviam os baldes de água sendo jogados. As pedras sendo esfregadas. E não ficava nisso. Depois do som dos muitos baldes d´água sendo jogados nas pedras, o fantasma tacava o balde, que batia nas pedras, e ia rolando, fazendo o maior fuzuê. Meu vô contou que isso ocorreu várias vezes. Algumas dessas “lavagens” eram tão assustadoras que ele, o sargento responsável pela fiscalização da unidade, foi verificar. E chegando no patio inferior do quartel, as pedras estavam todas secas. Não tinha balde nenhum. Ele então levou o caso ao conhecimento do oficial superior, que disse pra ele que aquilo era “sempre assim”, porque o quartel havia sido erguido pelos escravos, que eram açoitados para lavar o pátio. E mesmo após tantos anos, as almas penadas dos escravos ainda continuavam a fazer aquilo.
  • O FESTIVAL – Meu avô sempre gostou muito de fazer poesia. Ganhou vários concursos de trovas e uma de suas maiores alegrias foi quando meus pais pegaram seu caderno lotado de poesias e trovas dele e editaram um livro. Inclusive ele foi enterrado com um dos livros. Mas de todos os prêmios que meu avô recebeu na vida, um dos mais marcantes foi graças a uma musica, cuja letra ele criou e um amigo fez a melodia depois. Chamava-se “Thereza da praia” (existe outra musica da MPB com o mesmo nome). Com esta música, ele venceu o festival da canção de Paraíba do Sul. No júri do festival estava o dono do Canecão, que disse a ele que iria levar a musica para que a Clara Nunes cantasse. No dia marcado, meu avô e convidados saíram diretamente de Três Rios e foram ao Canecão, no Rio de Janeiro.  Aqueles foram os 15 minutos de fama da vida do meu avô. Naquela noite, a Clara Nunes cantou a música dele. Ao fim do espetáculo ela disse a ele que achou a musica linda e que gostaria muito de colocá-la no disco dela. (coisa que nunca aconteceu)

 

Eu reconheço que tive um privilégio ímpar de ter um avô como ele. Além de escrever poesias, pescar e ser genial nas coisas de obras, reformas, construção e etc, ele tinha grande habilidade com marcenaria e me ensinava muita coisa. A primeira espada que eu fiz foi com ele do lado, me orientando, mostrando como usar plaina, como serrar… Mas como professor ele era bem severo. A gente chamava esta faceta dele de “Sargento Hugo”.

Era admirável a forma como meu avô era dedicado à minha avó, após mais de 60 anos de casados. Eu tenho a sensação que ele se agarrava à vida porque não queria deixar minha vó sozinha. Quando ela teve um problema grave de saúde e foi internada às pressas para operar, ele ficava perguntando “cadê ela?” pra todo mundo que ia lá. Dava pena.

Meu avô tinha dado uma súbita melhorada naquele dia eu eu fui lá. A pressão dele estava ótima e ele estava se alimentando bem. Passeamos na calçada, fomos ver as flores do jardim. Quando o Monsenhor foi até lá pela manhã, levar a comunhão dele (meu avô era muito religioso e quando ele não pôde mais ir na Igreja, a Igreja passou a ir até ele)  eu,  minha mãe e ele rezamos juntos. Me surpreendi que ele, por pior que estivesse de cabeça, lembrava do Pai-Nosso com perfeição.

Quando eu estava lá, meu avô desatou a perguntar onde estava o seu Joaquim. Ficamos perguntando a ele que Joaquim, mas ele só perguntava a mesma coisa. Eu concluí que ele estava perguntando do avô do meu primo, que era amigo dele. Eles viajavam juntos para Cabo Frio e ficavam naquele apartamento que eu citei no post sobre fliperamas. Seu Joaquim já havia morrido há muito tempo.

“Eu quero ver o seu Joaquim” – Meu avô disse, com o fio de voz fina que caracterizou seus últimos dias. Quando entendi quem era, comecei a rir:

-Você vai ver ele, vô. Não é agora, mas em breve você vai ver! – Eu disse.

Inesperadamente, eu estava certo. Meu avô venceu a doença.  E agora suas pétalas dançam livres, ao sabor do vento.

 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Philipe Kling David, autor de mais de 30 livros, é editor do Mundo Gump, um blog que explora o extraordinário e o curioso. Formado em Psicologia, ele combina escrita criativa, pesquisa rigorosa e uma curiosidade insaciável para oferecer histórias fascinantes. Especialista na interseção entre ciência, cultura e o desconhecido, Philipe é palestrante em blogs, WordPress e tecnologia, além de colaborador de revistas como UFO, Ovni Pesquisa e Digital Designer. Seu compromisso com a qualidade torna o Mundo Gump uma referência em conteúdo autêntico e intrigante.

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Comentários

  1. Meus pêsames. Meu avô quando morreu pedia a chave da casa, quando dávamos a chave ele falava que era outra. Uma semana depois ele faleceu, aí então percebi da onde era a chave.

  2. Meus sentimentos pelo seu avô, há algumas semanas meu avô faleceu da mesma forma, estava debilitado e a morte dele foi um alívio por ele ter parado de sofrer. Interessante seu pensamento que a morte dele foi a vitória, pois penso da mesma forma. Agora eles vão olhar por nós de algum lugar melhor. (:

  3. Por mais que se diga, que se falem boas palavras, não adianta. Perda é perda.  Que se cumpra na sua vida as máximas do sábio chinês: avô morre, pai morre e filho morre. Se invertermos a ordem, é uma tristeza sem limites que se instala na familia. Um dia iremos todos, então, toca a vida até lá. Abraço, jovem. E bola pra frente.

  4. Meua pêsames, eu sei como é perder um avô pro câncer e não é mole não. Muita paz pra vc e sua família, pq ele enfim teve seu descanso, assim como eu penso que meu avô teve o dele. 

  5. Meus pêsames pelo seu avô. Também meu vô no fim da vida contava causos engraçados e repetitivos. Às vezes misturava dois ou tres juntos mas eu escutava cada um deles atentamente. Agora eles estão descançando e nós continuamos.
    Um abraço.

  6. Philipe, leio seu blog a um bom tempo mas nunca tinha comentado, porém achei que nesse post eu tinha que comentar, como voce fez uma coisa ruim soar tao bem, o modo que voce se utilizou das palavras suavizou e deu um tom magico a essa historia, voce aprendeu direitinho a contá-las com seu avô, ele deve ter sido um grande homem. Meus pêsames por ele, que voce continue imortalizando seu avô ao contar nao so as historias dele, mas tambem as suas historias com esse jeito magico que voce as coloca. Tenho uma grande admiraçao pelo seu trabalho !

  7. Meus pêsames. Acredito que escrever esse post lhe trouxe algum conforto. Meu avô já faleceu e também tinhas seus “causos”. No final das contas são essas memórias que o mantém vivo para sempre.

    • É isso aí, Edu. Meu avô era do tipo ativo, que não ficava chorando as perdas. Ele seguia em frente, encarando desafios. Vou tentar seguir o exemplo dele.

  8. Meus pêsames…tiveste muita sorte de conhecer e conviver com teu avô..viveste uma dádiva! Sinta-se feliz por essa linda passagem e lembre-se sempre das coisas boas e dos ensinamentos que com certeza lhe deixou! 

  9. Meus sentimentos Philipe. Me lembrei tb do meu avô, que faleceu por causa da mesma doença,  mas que infelizmente levou-o muito rápido (coisa de 1 mês após o diagnóstico) e interrompeu muito cedo a nossa convivência (ele se foi bem na época “boa” entre neto/avô).  Enfim, como vc disse a vida continua e bola pra frente, lembrando com carinho dos bons momentos vividos juntos.

  10. Meus sentimentos, Philipe. Acredito que no fim todo mundo vai parar num lugar melhor do que aqui, ou no mínimo, parecido. A despedida e a ausência são tristes, mas acho que a gente se reencontra uma hora. Desejo que você e tua família superem bem. A vida continua…

  11. Poxa, meus pesames…
    com esse post, fiquei novamente com medo, meu avô tb tá com cancer de prostata.
    Eu to morrendo de medo q ele sofra, sou mto chegada a ele, ele cuidou de mim por 5 anos,
    quando meus pais foram pros EUA trabalhar.
    Ele é um homem super forte, sempre achei que ele nunca ia ficar doente ou sofrer coisas assim.

    Pena que avós não são eternos.

    • É uma pena mesmo. Mas pense que saber da situação do seu avô vai permitir desfrutar com ele bons momentos. Aproveite a companhia dele ao máximo como eu fiz. Você não se arrependerá disso.

  12. Meus mais sinceros sentimento Phill. Seu a vô morreu exatamente um mes depois do meu, e eu sei como é isso! E última vez que convesrei com ele, ele não me reconheceu e ainda ficava toda hora me chamando de “senhora”! Agora, curiosamante o lance da pistola dourada me lembrou de outro fato, mas desta vez do tb finado meu avô materno que foi pracinha. Ele tb havia servido na região do Vale do Paraíba, e sempre contava que eles todos foram roubados ao desmbarcar, ele ele nunca entendeu o motivo. Mas pelo que sei meu avô falava mais acho que da filha do Mussoline que chegou a conhecer, pois ele serviu na Itália. Enfim, histórias que ficam!

  13. 88 anos, 10 deles com cancêr. Seu avô teve uma vida forte e longa cara. (Y)
    Tenho mesmo pensamento que você… É triste a perda de alguem assim, mas pelo jeito que o vô tava, foi bom ele ter descansado.

    As historias do seu avô são muito boas cara, e eu acredito (acredito msm z)

    Não fica muito desapontado com isso, porque… hm.. é clichê demais isso que eu vou falar, mas…
    Agora ele ta num lugar melhor, e sentindo coisas melhores.

    Curta suas ferias ai cara, to esperando proximos posts.

    E, pelo seu historico, ja vou dizendo: Espere por assombrações. ;)

    =Joe D. Lambërt

  14. Meus pêsames Philipe…
    Sei como é perder entes tão queridos assim…. infelizmente, já perdi os meus avôs e minhas avós… mas carrego na memória apenas bons momentos…
    Força ae brother…

  15. O meu morreu uns 3 meses atrás, mas foi coisa rápida: um dia estava andando (do jeito dele), no outro passou um pouco mal, no outro foi para o hospital e faleceu. Nem sei do quê. Mas acho que ele teve mais sorte do que o seu (se é que pode se chamar isso de sorte). Mas a questão das repetições são inerentes da idade, acho, porque o meu também fazia uns 10 anos que repetia as mesmas histórias. Nunca fui de conviver muito com ele, mas no pouco tempo que ficamos juntos durante esses anos todos eu ouvia quase sempre as mesmas coisas, imagino quem convivia diariamente. Mas também, o coitado tinha 95 anos :)

  16. Bem, fiquei com os olhos marejados aqui, também perdi meu avô para o câncer. Mas não sou de dar “pêsames”, pois geralmente considero a morte uma espécie de bênção nestes casos. Um belo texto, parabéns! Abraços, Willer.

  17. Que post lindo, Philipe
    Quando eu soube da noticia, chorei mto, mas ja esperava tambem =/
    Nao pude ir no enterro, mas tambem nao sei se aguentaria
    A vida é assim
    bjoos

  18. Meus pêsames, Philipe.  Leio seu blog ocasionalmente e nunca saí dele com a impressão de ter perdido tempo. Deus vai acolher seu avô. Tudo de bom para você e sua família.

  19. Olá Philipe,
    Parei aqui por meio de pesquisas sobre cinema e não pude parar de ler. Entre causos engraçados (que me obrigavam a contar risadas altas no trabalho) me deparei com esse triste relato. Por outro lado, fico feliz por você conseguir enxergar deste modo a vida e também a morte. Nossas experiências são eternas e eternos são aqueles que de alguma forma se tornam parte de nós. Sinta-se feliz, pois as experiências partilhadas nesse site, apenas reafirmam a infância, juventude e dia-a-dia bacana que levou. São momentos que valem um texto que mostram o quão cheio de significância foi a sua vida e daqueles que estiveram participando dela.
    Um abraço! E boas férias! :*

  20. Fiquei uns dias sem entrar por aqui e justo pelo mesmo motivo.
    Dia 17/07 dois dias depois de fazer 97 anos, meu avô tbm faleceu.
    Compartilho a dor com vc.
    Abraço

    _editando aqui: antes de morrer, meu avô perguntava se as janelas e as portas estavam fechadas, coisa que ele sempre fez em casa, mas ele já estava no hospital…

  21. Poxa Philipe… vim aqui dizer pra você que escrevi um e-mail pra ti, perguntar se de repente não tinha caído na caixa de SPAM, e me deparo com essa notícia. Coincidentemente, meu avô faleceu na terça-feira, com a mesma doença que a do seu avô, em uma situação bem semelhante, inclusive. Era o avô cujo qual eu era extremamente apegado, enfim, vai fazer falta pra caralho, assim como eu tenho certeza que o seu vai fazer pra ti.

    Força aí nessa situação chata, infelizmente não tem muito o que ser feito a não ser lembrar com carinho dos nossos avôs queridos. Um abraço pra ti, e também p/ o Beto Naves, que também relatou estar passando pelo mesmo problema.

    • Valeu Thiagão! A vida continua, cara. No caso, como estou de ferias, não acho tempo para ver os emails. Tem dia que passa de 6000. É impossível ver pelo webmail. Assim, sua mensagem deve estar lá na boleira.

      • Imagina, man… entendo perfeitamente.

        By the way, estarei indo ao RJ em um evento de TI em Setembro, quais são as chances de a gente sentar tomar uma cerveja? Vou sem conhecer uma alma viva aí do RJ hahahah

        • As chances são altas, (eu acho). Espero estar aqui em Setembro. Quando estiver perto da sua vinda, me avisa pelo facebook que a gente arma um chopp.

  22. Meu amigo você é um “baita” escritor, quanta sensibilidade e clareza em seu texto. Quanta maturidade em suas palavras que cantam aos nossos ouvidos. Me lembrou Rubem Alves, parabéns pela pessoa que você é.Seu avô não morreu você sabe disso, ele apenas dobrou uma esquina que todos nós dobraremos um dia é lá que se encontra a misericórdia divina que seu avó acreditou existir durante sua vida. Vou ler tudo que você escreveu com muito prazer deve ser muito bom.

  23. Muito bonita a homenagen cara, acabei de chegar de viagen e estou vendo so agora… foi duro mas a vida continua, estou seguro que ele esta em um lugar melhor.
    Como estao as ferias? e quando tu vai voltar aki? ano que vem vamos de camping pela franca? eu adorei, as cidadezinhas pequenas sao um espetaculo.
    abracos cara.
    Andre

  24. Grande Phil..

    ” Os lapsos de memória começaram a ficar frequentes, a confusão mental,
    cada vez maior, e a magreza se instalou. Em maio de 2011 eu estive lá e
    ele já estava bem ruim. Havia jogado a dentadura fora e falava coisas
    meio desconexas, como citar obras.”

    Sinais classicos de Alzheimer… se nao fosse o CA, seria o Alzheimer que mataria seu avô.

    Geralmente nos damos 6 meses de vida, para que a familia se esforçe mto em atenção e carinho, mesmo sabendo que o paciente pode viver mais de 5-10 anos com a doença

    abraço

    Dr MD

  25. Foi um post muito lindo mesmo Philipe. Meu avo morreu em 2006 com uma doença com a urina do rato minhas primas,máe tia e eu eramos apegadas e iamos sempre visita lo sempre no aniversario dele e no dia dos finados vms ao cemiterio com minhairma ela fica uma maior tempao rezando para ele

  26. Cara, estou lendo o seu blog agora em 2020. Meu avô está com câncer aos 97 anos. Uma briga terrível. Chorei lendo sua postagem, mas ao mesmo tempo me deu um fôlego pra tocar o barco. Tem alguns anos que não vejo meu avô pois moramos em cidades diferentes, 2.000km de distância, essas coisas… Mas enfim, vou me organizar e ficar perto. Acho que isso é o mais importante, ficar perto. Quero aproveitar e tocar um pouco de música pra ele, dar um presente, se possível bebermos uma garrafa de vinho, brindarmos a vida. Espero que dê tempo. Enfim, é isso. Um abraço!

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