Noutro dia eu estava caminhando pelo calçadão da praia quando notei o volume colossal de redes de “beach tennis“. Realmente, parece uma nova moda que chegou com muita força por aqui (aqui, eu digo, toda a orla do Brasil e até em São Paulo).
Daí me liguei de quantas modinhas já tivemos. Veja se você lembra de mais alguma. Segue minha lista:
1- Palleterias –
As palleterias surgiram como uma mágica, do dia para a noite. A cada vinte minutos uma nova palleteria inaugurava. E sempre com essa conversa fiada fajutíssima de que eram picolés estilo mexicano. Ao que parecem lá no Mexico tb teve dessa novidade e lá a palleteria era “brasileña”.
2- Sorvete de yogurte –
O sorvete de Yogurte surgiu um pouco antes das Palleterias, mas foi a mesma coisa. Tudo ia bem até que veio essa verdadeira Tsunami de sorveterias de yogurte nos shoppings. Era sorvete de yogurte pra tudo que era lado e o pior é que eu adorava aquele negócio, o que foi um belo preju pro meu bolso. Tudo era basicamnete a mesma formula, uma maquina italiana de sorvete que gerava um soverte branco azedinho e vc escolhia uma serie de complementos para misturar. Essa ideia de complementos de misturar nos leva a uma terceira modinha que veio e essa sim, ficou:
3- A febre do açaí –
Então um dia você tinha uma pequena portinha onde uma espécie de sorveteria insalubre vendia um açaízinho raiz. Entre abelhas voando na sua cara e a dona pegando seu dinheiro com a mesma mão que encostava no seu açaí, tudo parecia como sempre foi por aqui, até que do nada surgiram as açaíterias gourmet. O preço acompanhou o redesign das lojas, geladeiras bonitonas, moças sorridentes uniformizadas e todo um ambiente cool. Depois de um tempo, como ocorre com toda modinha que se preze, algumas lojas começaram a enfrentar problemas de caixa e faliram. Mas ainda existem boas açaíterias por aí. Acredito fortemente que açaí dá muito certo no Brasil porque é um treco gostoso e extremamente calórico, que em muitos lugares, substitui uma refeição. Num país quente e onde a comida é cada vez mais cara devido a inflação, o açaí se firmou como uma opção real de complemento alimentar.
4- Food Trucks –
Pra ficar ainda no campo da alimentação, vamos falar deles, os Food trucks. Quando eles chegaram por aqui importando a ideia de Nova York e aclamados pelo povo da Faria Lima, ocuparam um espaço que antes era dominado pelas tias do “Podrão”. O podrão era o nome carinhoso – e em alguns casos literal – dado a comidas de rua, em geral sanduíches de baixo custo e cachorros quentes onde se iniciou uma verdadeira obsessão pela mistureba completa de ingredientes de todos os tipos. Já os food trucks chegaram com uma sofisticação nunca antes vista: Cebolinha caramelizada, marquinha da logo torrada no pão, veículos muito bem desenhados, com toda uma proposta estética, e um preço, é claro, condizente com toda e qalquer coisa que seja vista como legal e tenha nome gringo para o cara da Faria Lima gastar dinheiro e se sentir importante.
5- A bicicleta amarela
A bicicleta amarela surgiu em São Paulo, do mesmo jeito que outras modas pregressas, vindas não se sabe bem de onde. Embora seja chamada de “bicicleta amarela” a moda da bicicleta de aluguel tinha outras cores, obviamente. No Rio é o laranja-Itaú. Tá aí uma moda que eu curti e apoio MUITO. Tem gente que não tem dinheiro para comprar uma bicicleta, e aluga uma para dar um rolê é uma opção sensacional. Essa moda parece estar se segurando bem, pelo menos, aqui no Rio, onde há uma orla bem convidativa para um passeio de bicicleta, (claro que se sua bike for da boa você pode ser eventualmente esfaqueado) até por isso, eu recomendo alugar. Mas seja como for, é um puta negócio legal, e como eu disse, está se segurando bem, o que não podemos dizer de outra moda relâmpago que era uma DELÍCIA e deixou MUITA saudade…
6- O patinete elétrico
Surgida igualmente da noite para o dia como uma febre reumática coletiva com a virulência de um Vírus Ebola, o patinete elétrico se apresentou como o último grande arroto da tecnologia, que permitiria pessoas a alugarem um – até então ridículo – patinete, e sair andando com ele. Eu vou confessar que achava aquilo absolutamente ridículo, ver um senhor de terno e gravata andando pela rua num patinete… Aí um dia eu resolvi experimentar e andei (eu sei que não pode) com meu filho naquilo e PUTA QUE PARIU que treco maneiro. Imediatamente percebi que sempre desejei ter aquilo mas não sabia. Os patinetes – pelo menos os do Rio – conseguiam atingir uma velocidade estonteante, o que era muito maneiro -desde que você tenha uma habilidade e uma memória muscular pregressa dos seus anos de skate. Suas grandes qualidades, que eram: te levar rápido de um ponto a outro e você simplesmente largava aquele troço em qualquer lugar depois de usar, foram justamente os algozes daquela ideia.
Algumas pessoas que certamente não engatinharam na infância acabavam fazendo um volume colossal de merdas com o patinete elétrico, as ruas esburacadas e mal cuidadas do centro do Rio tornavam-se uma pista de obstáculos de nível hard, até para quem sabia o que era um Switch varial flip.
Não tardou a surgirem políticos de conveniência, apoiados pela mídia querendo notícia, usando o ataque ao patinete como plataforma eleitoral, e claro, os parasitas que são nossa grande mazela os políticos, conseguiram colocar exigências como uso de equipamento de proteção obrigatório para o uso do patinete além de exigirem um seguro, o que complicou muito o negócio. Essa serie de normatizações e regulamentações tornou o projeto de aluguel inviável, e tal qual surgiram, logo desapareceram da cidade do Rio, não sei de outras.
No Rio, ainda teve um outro lance: Logo a molecada das comunidades descobriu um jeito de desmontar e hackear o sistema eletrônico dos patinetes, e com isso, muitos deles foram roubados e levados para os morros do Rio. É errado, eu sei, mas no dia que andei naquilo foi tão legal que até eu tive vontade de roubar um pra mim, na real.
7- Os parklets
Esses também se tornaram um impressionante item das grandes cidades, sempre lotadas de carros estacionados para todo lado e com cada vez menos vagas, o que fazia (e faz) a felicidade dos estacionamentos privados com seus valores gourmets. Lá fora, muitas vagas de carro se tornaram “parklets”. Eles chegaram como tudo chega, numa imitação do que se faz lá na gringa, com nominho inglês característico e forte poder viralizante.
Basicamente, parklets são mesas fixas que eram colocadas na beira das calçadas em frente a points da moda. Os lugares enchiam de gente (ainda enchem) e viraram um símbolo do happy hour faria limer. Apesar de reconhecer que são mais um treco para reduzir as vagas de estacionamento, eu acho isso legal e sentar num parklet com amigos para trocar ideia e tomar um chopp certamente é uma das coisas boas da vida – muito embora eu nunca tenha feito isso ainda. Aceito convites.
8- Oxxo
Essa é talvez uma das mais recentes modinhas por aqui. O Oxxo é um mercadinho aberto 24h eles estão se espalhando como uma verdadeira febre por São Paulo. Em resumo, Oxxo é um posto de conveniência que não tem o de gasolina anexo.
9- Bar com cadeira de praia e varal de luzinha
Ainda na seara das grandes alucinações coletivas da modernidade, entrou na moda um tipo de bar informal que era basicamente um monte de gente aglomerada em cadeiras de praia. O bar era basicamente fios (gato?) com luzinhas, tipo um varal. Estar ali trocando ideia e falando abobrinhas. Era isso. Um rolezinho farialimer. Acho que essa modinha flopou com o covid, não sei. Acho legal, meio hippie. O lance de depender de tempo bom, torna o negócio problemático, ainda mais em cidades que quando chove inunda tudo.
10- Beach Tennis
–
A modinha veio com força. Tem nominho gringo, tem amantes de ocasião, e é a nova obsessão da playboyzada. “Ah mas é esporte, é bom”… Claro que por trás de tudo que é bom, tem um comércio voraz e nego ganhando os tubo dos dinheiros. No Beach tennis é a mesma coisa, vc precisa comprar as raquetes, as bolinhas e sempre tem um esperto que simplesmente cercou um espaço publico e te cobra para você jogar na “quadra dele” sobre pretexto de te dar aulas.
11- Pochete
Quando surgiram, na década de 80, as pochetes foram uma febre BRUTAL. Depois, com quase a mesma velocidade que se tornaram um item de moda fundamental no vestuário de qualquer pessoa de bom gosto, as pochetes virara uma chave e se tornaram um ícone da deselegância, uma moda digna de Agostinho Carrara. Pois, agora, como o mundo é cíclico, as pochetes voltaram de novo como um must have, e ao passar pelas ruas do Rio, você já testemunha isso cristalizado em bancas de camelôs LOTADAS de pochetes de todos os tipos e tamanhos. Entre as que eu acho realmente uteis estão as que são à prova d’água para você poder ir na praia com suas coisas e nadar com carteira, celular e chave do carro. Só não pode receber “o abraço de Yemanjá”. O fato é: O que é modinha hoje pode não ser amanhã e voltar a ser depois de amanhã.
12- Hoverboards
Um misto de brinquedo tecnológico com skate elétrico, o hoverboard brotou tão espetacularmente quanto os estojos de muitos compartimentos do Paraguai nos anos 80. Todas as Valentinas e todos os Enzos tinham, então ser pai nessa época, era receber pedidos insistentes para ter uma traquitana que me intriga ainda hoje como funciona.
Os modelos mais baratos eram uma opção, mas tem aquele negócio, “as vezes o barato sai caro” e eles pegavam fogo.
13- Comida japonesa –
Nos anos 90 o Brasil recebeu uma verdadeira Tsunami de comida japonesa. Enquanto restaurantes de comida japonesa eram um ou outro na década de 80, nos anos 90 isso se tornou praticamente uma obsessão nacional, que entrou pela primeira década dos 2000 e segue firme ainda hoje. Alguns acabaram virando rodízio e acredito que é praticamente impossível achar uma cidade de médio porte que não tenha pelo menos uns 18 japonês pra escolher. O advento do restaurante japonês nos mostra que por mais modinha que algumas ideias sejam, algumas conseguem fincar uma âncora no coração do povo e ficam de vez.
14- Cinema 3d –
Surgiram como uma puta incrível novidade. Aquele negócio era mesmo espetacular, mas como tudo que há na vida, um dia cansa. Alguns filmes se saíram melhor que outros em 3d. No auge do bagulho, a galera pagava para ver filme de romance em 3d. Pessoalmente, eu não curto muito filme 3d de cinema, porque eu já uso óculos, e é um treco ingrato usar um óculos em cima do outro, o que te faz ver o filme agradecendo a Deus por ser com a sala de luz apagada, tamanha vergonha. Outro problema é puramente técnico. Num filme 3d às vezes algo importante ocorre lá no fundo do 3d enquanto a legenda está “travada” no primeiro plano do 3d. Esse esforço de ver o que ocorre no plano do fundo e ler a porra da legenda no primeiro plano, tornam o filme 3d cansativo. Em 100% das vezes que fui, senti dor de cabeça depois. Então eu evito. E não conheço NINGUÉM que goste.
15- Calvão de “cria”
A ultima moda agora é esse corte de cabelo aqui que dispensa comentários.
16- Fumar pendrive
Fumar é naturalmente um treco da idade da pedra. Não falo figurativamente não, falo na real mesmo! Quando Colombo chegou a América, ele se deparou com algo curioso. Os índios, que eram povos que estavam historicamente ainda na idade da pedra, fumavam. Colombo achou quilo legal e levou o tabaco para a Europa como uma grande novidade. Desde então, essa novidade que hoje é velha, causou milhões de mortes e as mais variadas doenças pelo mundo. Uma indústria multibilionária que trabalhou e investiu muito para tornar o tabagismo um símbolo de poder, de elegância e luxo, o cigarro e o tabagismo, aos poucos foi perdendo seu glamour e gradualmente vinha se tornando mais e mais um comportamento a ser combatido. Mas aí surgiu a nova modinha de fumar o “cigarro eletrônico” que usa um sistema para vaporizar água e nicotina pura + saborizantes artificiais criando um sistema de fumar por vapor em vez de fumar por fumaça dos Derby de varejo. Claro que fumar cigarro eletrônico logo pareceu ser algo cool e os jovens logo aderiram a moda de brincar de soltar fumaceira. O resultado está chegando rápido. Cada vez mais jovens morrendo e sendo internados com complicações respiratórias gravíssimas.
Nossa a moda da Bike amarela foi muito boa, ainda mais aqui em SP que não tem muitos espaços de lazer, mas acabou, pelo menos nos lugares que eu vou, se tiver só na Faria Lima mesmo. Teve a moda do copo de coxinha, tudo que é lugar vendia salgadinho num copo. Confesso que a moda da Palleta foi a pior, negócio caro e enjoativo, mas do frozen Yogurt deixa saudades, eu amava aquilo e no Sesc era super barato.