Eu estava tomando café e vi a rápida e superficial cobertura da ComicCon Experience pelo programa Mais Você da Ana Maria Braga. Eu já havia visto também a (péssima) cobertura do mesmo evento pelo pessoal do Pânico, que me pareceu um programa claramente em decadência dado o envelhecimento da fórmula do jornalista irritante com a gostosa-burra. Infelizmente por questões puramente econômicas eu não fui a este evento (estava trabalhando para ganhar o dinheiro que eu justamente não tinha para pagar o caro ingresso).
É curioso isso porque muitos amigos estranharam eu não ir ao ComicCon Experience.
“Você não vai? Como assim?”
Veja que interessante, agora eu sou socialmente obrigado a ir num determinado evento, porque alguém acredita que eu sou um nerd. O que nos leva a segunda frase lapidar da pessoa:
“Mas então se você não vai na meca do nerdismo, não vai poder dizer que é nerd!”
Se eu não fosse formado justamente em Psicologia, e não soubesse que é parte da natureza humana a tendência a estereotipação e inclusive o preconceito, poderia ficar desconfortável com a ideia de que:
1- Há uma “meca” do Nerdismo.
2-Quem não vai na Meca não é nerd.
3-Eu quero dizer que sou nerd.
São muitas questões que essa simples frase abre. Eu poderia fazer o clássico movimento conhecido como talk to my hand, mas tentei explicar que eu não sou nerd. O que causou uma estupefação talvez tão grande quanto provavelmente seria se eu dissesse que estou apaixonado por uma lhama. O cerne desta estupefação é que eu parecia na contra-mão do social vigente desejo de ser nerd.
“Como assim você acha que não é um nerd?”
O cara acha que sou nerd com base em suas próprias ideias do que é um nerd. Logo, se pra ele eu não gosto de futebol, uso óculos, coleciono espadas, esculpo dragões e sei que o Canceroso fuma cigarros Morley e foi ele que matou JFK, eu sou nerd.
Ao ver o programa da Ana Maria Braga, Fernando Ceilão (um daqueles casos clássicos do gordinho que emagrece e parece estranho no video, tal qual o meu conterrâneo Hassun) pergunta a varias pessoas a questão central:
O QUE É UM NERD?
Com praticamente todas as respostas da mesma pergunta orbitando com termos diferentes uma mesma ideia, as respostas que surgem no programa não deixam duvidas: “Nerd é aquele cara que curte a cultura pop”.
As pessoas acham que ser Nerd é isso. Quem sou eu pra dizer que não?
Tudo que posso dizer sobre isso é que os nerds de outrora eram diferentes dos atuais. Nerds tinham interesses impopulares, suas habilidades sociais eram limitadas e seu tempo era praticamente todo dedicado justamente aos passatempos impopulares.
Talvez por tudo isso, acabaram representados de forma pouco lisonjeira.
Não sou eu quem vai te dizer quem deve ou não ser chamado de nerd. Vamos falar sobre nerds e cultura de consumo, e como eles se tornaram quase sinônimo um com o outro.
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Os jovens necessitam de procurar amigos com os mesmos gostos e pensamentos, formando um grupo. É bastante difícil caracterizar aprofundadamente um grupo social, pois estes estão sempre em mudança gerando novos grupos. Há vários tipos de movimentos por aí nos dias de hoje: basofes, betos, desportistas radicais, dorks, drag queens, emos, from uk, geeks, góticos, grunges, headbangers, hippies, hipsters, mods, playboys, plocs, preppys, punks, rastas, skinheads, taceurs, vegans, white powers, yuppies e claro, nerds.
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A origem do Nerd
O Termo “Nerd” foi cunhado pelo autor Dr. Seuss para esta estranha criatura no livro infantil “If I ran the Zoo”, em 1950.
De alguma maneira, o termo logo caiu no gosto popular, sendo usado num artigo da revista Newsweek como sinônimo para uns jovens conservadores de Detroit que tinham um comportamento parecido.Suspeito que caras tipo o Carlton.
Em paralelo, na década de 50, havia um departamento de pesquisa e desenvolvimento da Nortel, uma companhia de eletricidade no Canadá. Os pesquisadores do laboratório de tecnologia dessa empresa, costumavam ficar noites em claro para fazer suas pesquisas, e conversavam entre si numa linguagem tão técnica que se tornava icompreensível. Logo foram também batizados como Nerds. Em meados da década de 60, este termo passou a se referir também aos físicos e intelectuais que eram muito inteligentes e desenvolviam métodos e projetos muito difíceis para a compreensão das pessoas comuns.
Era costume entre alunos do MIT praticar o “bullying” com os estudantes menos populares. Assim como também com os rapazes que tiravam as melhores notas da classe. O primeiro termo da palavra nerd foi o “knurd”, que ao contrário é drunk, que em inglês significa ‘bêbado’. Knurd é o som que a palavra Nerd faz ao ser dita em inglês. Logo, o trocadilho, se referia aos menos populares, que como não iam às festas, não teriam a oportunidade de ficarem bêbados.
O conceito de nerd não seria tão popular se não houvesse uma força de Hollywood por trás. Logo, o termo nerd apareceria na tela grande, como um eficiente mecanismo de rotulação social para loosers. A expressão foi sacramentada em séries de televisão como “happy Days” exibida de 74 a 84. Justo em 84 quando Happy Days chega ao fim, surge um ponto de mutação na construção do estereótipo, com “A vingança dos Nerds”.
É importante notar que embora o rótulo só seja efetivado na utilização do termo “nerd”, personagens com essas características sempre rondaram o cinema. Do famoso Dr. Frankenstein (quem poderá dizer que um cara obcecado em trazer um morto de volta à vida usando pedaços de defuntos não é um nerd?) e todos os “cientistas malucos”, a pessoas mais introspectivas e inventivas, como Data, aquele oriental de Os Goonies.
E claro, no mundo real, muito antes do estereótipo grudento se tornar uma moda, caras como do Tolkien eram considerados pessoas comuns.
Gradualmente, o termo nerd, originalmente pejorativo, começou a mudar. Muitos atribuem isso ao aparecimento da revolução tecnológica, trazida ao mundo por justamente caras como Bill Gates, que pareciam tão alinhados a “estética nerd” que essa ideia chega a ser difícil de ser questionada. As fotos falam por si.
Ao ser convidado por uma escola para dar uma palestra, Bill Gates leu para os alunos 11 regras. A ultima delas se refere aos nerds: “Seja legal com os NERDs. Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar PARA um deles”, disse.
Pelo fim da década de 80 e início da década de 90, período em que eu estava na escola, o termo “nerd” ainda era muito pejorativo. Ninguém normal queria ser nerd, mas todo mundo ambicionava ser um “playboy”. Era um tempo de construções sociais, em que tudo estava tomado por facções, ou tribos urbanas. Os doidões, surfistas, esportistas, nerds, playboys, góticos, punks, patricinhas. Mesmo que você não se alinhasse com nenhuma “casa” como nas casas de HarryPotter, alguém iria jogar você lá e foda-se. Depois que te rotulam, você está fodido. Nos anos 80/90 gangs eram coisas maneiras e se você não tivesse uma gang, bem, você era um merda. Até o Michael Jackson tinha uma gang, porra.
Mas naquele tempo, muito antes do conceito de nerd ganhar corpo e sofrer uma transmutação de um estigma para uma moral social, havia o CDF.
O cdf sigla para (cu de ferro) era o cara que estudava pra caralho e sabia tudo. O cara que tirava nota boa. Logo, esses dois estereótipos, o do Nerd e o do CDF iriam se engolfar numa ideia só, afinal, não basta ser estranho, é preciso ser bom na porra toda num nivel quase jedi.
Enquanto o CDF se funde com o Nerd no Brasil, surgem subgêneros de rotulação social, que vão do “Geek” ao “dork”. Um Diagrama de Venn mostra o que seria um Geek, um Nerd e um Dork, especificamente nos EUA:
Se formos entrando em subclasses, a coisa não tem fim. É incrível não apenas a variabilidade de “estilos nerds” como a necessidade e capacidade de rotulação das pessoas.
Mas então chegamos no ponto em que ser Nerd virou uma coisa boa, afinal, nerds estavam ficando ricos.
Enquanto na fase da Vingança dos Nerds suas representações eram de certa maneira vergonhosas, nos novos tempos, de Nerd-cool, era previsível que surgissem novos ídolos, que não apenas reconstruiriam o estereotipo, mas estabeleceriam também outras bases de estereotipação comportamental.
Todo mundo quer ser Nerd
A era da modinha enfim pegaria o estereótipo e tornaria isso num negócio. E num BOM negócio. Logo, qualquer pessoa que unisse o gosto de ler, o interesse por jogo de videogame e coisas como a série Star Wars, Star Trek, Senhor dos Anéis, e um ou outro quadrinho ja estava automaticamente classificado como Nerd e portanto dentro do seleto clube de compradores compulsivos de bugigangas esvaziadoras de bolso.
Há um aspecto que me parece profundamente conectado ao “nerdismo”, que é essa criação puramente comercial entre a identificação nerd enquanto grupo social e sua capacidade de consumo. Esse fenômeno provavelmente já deve ter sido notado por alguém da Sociologia, e é muito provável que já existam muitos trabalhos sobre essa dialética do nerd enquanto ávido consumidor de elementos não apenas de necessidade intrínseca, mas também extrínseca, que digam ao mundo quem ele é.
Certamente o movimento de converter pessoas não nerds em nerds, convencendo-as de que “agora é cool ser um nerd” gera pessoas com necessidade de consumo dos produtos nerd-extrínsecos, que dizem para o mundo que aquela pessoa, porque consome aquele produto, só pode ser um nerd, o que é socialmente desejável. Talvez, poderíamos especular livremente que o que é socialmente desejável seja que ela se torne uma ávida consumidora, foda-se se é de maquiagem cara ou de camiseta bazinga, desde que siga comprando, siga vendo videos do youtube e vendo as propagandas e fazendo dinheiro no bolso alheio.
Mas isso, não é uma constatação anti-capitalismo. Pode parecer, mas não é. Eu acho que a coisa sempre foi assim. Basta ver a História pregressa das lojas de departamento, por exemplo e outras “mecas” de consumo, como a explosão da era shopping, e depois a explosão da era dos grandes “shows”, aqueles com camisetas eu vou, eu estou, eu fui, todas devidamente vendidas. As “mecas” sempre estiveram aí e elas são mutantes, elas vão se adaptando, tentando novas combinações genéticas para construir pontes entre a carteira de um e o bolso de outro.
Orgulho Nerd
Em algum ponto dessa viagem, surge o “Dia do orgulho Nerd”.
Sempre acho suspeito “dia do orgulho”, seja a porra que for. Gays, héteros, evangélicos…
Se alguém acha que deve sentir orgulho e incentivar esse orgulho, é porque existem forças invisíveis atuando para a criação de certos grupos. E quais seriam esses interesses?
Longe de mim querer dizer que isso está errado. Não estou julgando, mas no fundo, há uma clara força atuando para a criação de um grande repositório de nerds. Qual a explicação mais óbvia que não o dinheiro?
Autointitulação
Há uma tendência comum a ser observada por aí. Se você vê um amigo que se esforça em se dizer um nerd, então você pode interpretar sua mensagem como ele sendo “um ávido consumidor de alguma coisa”.
Isso fica bem palpável da seguinte forma:
“Sim, eu sou um nerd total … Gosto de X”. “Eu gosto de Y, eu sou um pouco nerd.”
É nesse contexto que surgem por exemplo, pessoas que amam o programa Glee. Eles provavelmente referirão a si próprios não como nerds, mas como “Gleeks” (sim, existe). Este é um termo que refere-se basicamente a pessoas que são “nerds sobre Glee”.
Se você gosta de Dr. Who, você provavelmente se autointitulará “Whovians”. Os “nerds de Star Trek”, viram Trekkies, os de Xfiles “excers” e por ai vai.
Há também as formas mais amplas. Se seu interesse é de videogames, lá estará você se rotulando orgulhosamente de “gamer”, ou mesmo um “hardcore gamer”. Se você realmente gosta de assistir filmes, você provavelmente diria que você é um “cinéfilo”.
Assim, arrisco conjecturar que com o tempo, a nerdice apenas se tornou uma forma de classificar as pessoas por coisas que eles gostam. Compare isso com a vocação, que categoriza as pessoas pelo que elas fazem. Essa ideia traz uma outra particularidade do universo nerd. Diferente de seus predecessores, eles não são lá muito produtivos.
Se você é um fã de cinema, então você gasta seu tempo vendo um monte de filmes, despendendo muito tempo e dinheiro em seu passatempo, e enquanto faz isso, obrigatoriamente não produz ou cria qualquer coisa. Claro que me refiro de modo geral, uma vez que há aqueles gamers/youtubers que jogam e estão produzindo programas simultaneamente e de quebra ganham dinheiro no processo.
A massa, é invariavelmente improdutiva, e isso não é algo dito pejorativamente, é uma simples constatação da natureza humana.
O mesmo vale para os jogadores, para as pessoas que seguem programas de TV, e assim por diante ad infinitum. Aliás, é graças a essa característica que o mercado se estrutura, já que o consumo desse contingente é o que transforma o trabalho de outras pessoas em algo produtivo.
Há um efetivo percentual de pessoas que entram nesse universo e o transformam em negócio. A exemplo cito meu amigo e parceiro Castrezana, ou como ele é atualmente conhecido, o “Nerd Rabugento”. Ele consegue tornar seu hobby num negócio, mas quantos Castrezanas existem?
Nem todo mundo encontra uma maneira de fazer isso. Para um volume expressivo de pessoas, o “passatempo nerd” não alcança patamares para além do consumo. Sua devoção ao passatempo nerd se estende até onde o tempo e o dinheiro lhes permitem ir. Nem preciso dizer que tem casos que beiram a patologia.
O impacto da Internet no nerd way of life
É fato inegável que a Internet trouxe um monte de novos hobbies para o mainstream.
Produtores de conteúdo de todos os tipos hoje postam suas criações para o mundo ver. Eu sou um.
Em um determinado momento, chegamos à conjuntura de que há muitas oportunidades para alguém que navega na internet se distrair com fotos engraçadas, alguns vídeos do YouTube, joguinhos de facebook, redes sociais, e assim por diante.
Nos anos 90, pré internet, havia um problema ligeiramente semelhante, que era “excesso de consumo de televisão”.
Desde que a internet começou a ser predominantemente povoada por “nerds”, uma grande parte do conteúdo da internet se tornou uma saída para passatempos nerds. Por outro lado, a internet tornou possível às pessoas com interesses semelhantes se conectarem a outras iguais. Isso não parece, mas teve um impacto social fodido no planeta. Agora, diferente de tudo que houve antes na Terra, uma pessoa lá da Conchinchina pode reafirmar opiniões um do outro do outro lado do mundo.
Convenções para pessoas com interesses semelhantes nerds estão pipocando pelo mundo. è quase certo que você pode achar um evento para qualquer subcultura você poderia imaginar hoje em dia. Quer evento live de Madmax? Tem… Quer de De Volta para o Futuro? Também tem!
Tornou-se fácil encontrar solidariedade e camaradagem dentro de seu passatempo nerd. Este advento produziu uma tendência de facciosismo em círculos nerds.
O que significa isso? Significa que de um estranho modo, a maioria das pessoas presumem que seus próprios interesses são inerentemente melhores do que os interesses de outras pessoas, por isso às vezes uma (ou mais) subculturas nerds irão depreciar outras subculturas nerds.
Já se ligou? Não só você é rotulado e se auto-rotula definindo-se pelas coisas que você consome (o que poderíamos imaginar algo que talvez denote uma existência superficial), mas você também pode ser rotulador e definidor das pessoas que você gosta e também das pessoas que você não gosta pelo que elas consomem!
“O quê? Como você pode não gostar de Star Wars? Eu amo!”
Lembra até os fanboys mais insuportáveis, como os de empresas de tecnologia.
Não ame o que eles amam e você pede para que te odeiem. É o novo mal do século.
Mesmo que o novo significado de “nerd” seja turbinado pelo mercado de consumo para se tornar apenas um termo geral para descrever o que você gosta, já houve uma forte associação com o termo e com conjuntos de habilidades específicas. Ser bom com computadores, ser bom com Matemática, ser bom com a ciência, e por aí vai.
Ser proficiente nestes assuntos exige um nível de dedicação que é bem mais cabulosa que as atuais pessoas nerds da cultura pop dedicam aos seus hobbies. A diferença real é, proficiência nestes indivíduos estava mais atrelada pelo que “faziam”. Uma vez que, me repetindo, ficou muito mais fácil trabalhar com computadores ao longo dos últimos 30 anos, a proficiência computadores já não é mais estritamente um elemento nerdificador.
Matemática e ciências permanecem assuntos difíceis, mas a popularidade das tirinhas nerds e imagens virais vagamente relacionadas com a ciência tem atraído um público muito casual, todos os quais estão dispostos a adotar também o termo “nerd”.
A maneira que “nerd” é usado hoje parece avançar para o insustentável.
Se o termo permanecer tão vago, então, eventualmente, sua redundância ficará clara, e essa palavra caminhará para se tornar supérflua.
Novamente, se todo mundo é um nerd, então ninguém é um nerd. O termo pode seguir seu caminho como todas as outras palavras da moda que vieram antes dele, passando por um boom de uso e, em seguida, perderá seu glamour para a próxima palavra da moda.
Esse é o terrível destino das palavras que só servem para descrever as pessoas por aquilo que elas consomem; e uma vez que as tendências de consumo são naturalmente mutantes, assim será com as palavras que os acompanham. Somente existe uma chance para o termo nerd, e é sua migração para descrever o que fazemos, em vez de o que nós consumimos.
Quem sabe um dia, “nerd” perderá enfim a sua popularidade. Como escreveu Nelson Motta, “A vida vem em ondas, como o mar, num indo e vindo infinito”.
Talvez “Nerd” seja apenas usado em pequenos círculos sociais, novamente para descrever aqueles que realmente gastam seu tempo trabalhando em um conjunto de habilidades ecléticas e técnicas. Então, as pessoas que usam o termo para definir o que eles consomem continuarão a tirar novas palavras do seu significado original para que ele possam melhor ajustar e ressignificar suas vidas sem sentido.
cara, trabalhava numa empresa de tecnologia que abracou a moda nerd, no comeco foi legal, tinha um dia especial no ano que empresa liberava video games, cinema e varias atividades dentro do predio, tudo que o nerd gosta, mas isso foi tomando proporcoes absurdas, os gerentes adotaram postura de mestres jedis, usando sabres de luz de brinquedo e enchendo as bancadas de action figures, todo endomarketing ficou voltado pra cultura nerd, os corredores ganharam som ambiente com tematica sci-fi, as reunioes ficaram cheias de trocadilhos e piadinhas de “nerd”, ficou insuportavel, eu ja nao aguentava mais tanto star wars espalhado por todo canto, o absurdo chegou em campanhas de recrutamento especificando caracteristicas “nerds” pro perfil do funcionario, e ate entrevistas tematicas, era um inferno, e certamente esse foi um dos motivos pelo qual tive que sair, foram 2 anos aturando tudo aquilo, o pior era os gerentes mais velhos que nao tinham conhecimento sobre assunto forcar piadinhas e trocadilhos errando nomes de personagens ou fazendo alguma referencia sem saber od que falava, sentia vergonha alheia quase todos os dias.
tudo bem a empresa abracar isso, mas apenas de liberdade pra quem gosta e nao trasnforme o lugar numa comic con que é bizarro.
Isso dá um curta-metragem do caralho.
Temos aqui o the Office brasil
imagine the office com uns 350 funcionarios
Concordo que o conceito nerd esta sendo bem massificado e explorando mas eu gosto mais de viver em uma sociedade assim que uma vidrada no guitarrista drogado auto destrutivo.
Fato. Mas também é importante lembrar que o guitarrista drogado autodestrutivo é também um estereótipo. Existem guitarristas fenomenais que estão bem longe desse conceito.
Você tirou algumas palavras da minha boca,
Eu era o moleque que jogava Warcraft II com 4 anos, arrumava o PC dos outros, sabia na ponta da língua a configuração do meu computador, era/é japa, gostava de anime, dentre outras coisas (se liga na pose de luta aos 5 anos). A diferença é que tudo aquilo era feito com espontaneidade, eu as fazia porque realmente gostava, muitas daquelas atividades não me escalavam no “ranking social” na visão das pessoas, algumas vezes eram até mesmo de caráter depreciativo.
O que vejo hoje são pessoas tentando se encaixar em estereótipos que não são feitos para elas (eu pelo menos não completamente), elas fazem as coisas porque “os outros” vão gostar, ou porque “fica bem na foto” – sendo aquilo não corresponde à pessoa por trás daquela casca, tudo é muito superficial, é dificil encontrar autenticidade.
A autenticidade é o item mais escasso da atualidade.
A verdadeira definiçao de nerd é: kra que nao pega mulher, normalmente usa óculos, é muito bom em alguma coisa como programação, matemática ou física ou química. Normalmente curte jogos eletrônicos e filmes de ficçao e tem habilidades sociais quase nulas. Quem era isso detestava ser chamado de nerd pq a porra é pejorativa. Que jovem gostaria de ser taxado como um kra q não pega mina? Na verdade hj quem se classifica como nerd não eh nerd. Eh qualquer coisa menos o nerd original. Nerd q eh nerd nao se classifica como nerd. Ele tenta fugir desse estereótipo a qualquer custo.
Nerd é o novo hipster, que era o novo emo, que era o novo “cluber”…???
nos Cinemas e TV os nerds são odiados e geral tem repulsa por eles, na mídia convencional os Nerds são os perdedores onde os fod*es ficam denegrindo eles nas escolas e faculdades, tirar nota A é ofensa a todos ta turma, o tipo idolatrado pela “galera” é bom de labia, usa roupas da moda e é cheio de atitude(mesmo sendo um burro ele vai la e finge que sabe oque ta fazendo e funciona)
eu sou Nerd
sou auto de data em modelagem 3d, sei programação de computadores, manutenção, construí e gerencio redes para empresas, gosto de física(estou escrevendo artigo de física e espero publicar em breve) e matemática, acompanho a economia e leio varios sites do assunto todo dia, fuço em celulares e ja troquei sistema android padrão de muitos celulares por ROM CM etc e estudo quanto é assunto(energia, solar, eolica, e estou lendo tudo sobre os tokamaks e acompanhando)
e quando vc é assim Nerdão e vai com “galera” num churrasco ou pizzaria etc… ai começa os assuntos… ai aparece os fod*es
-pow, essa parada de carros elétricos é fod* heim, os caras são pica, tem que ser pica para
ai vc responde: – não é tão complicado, vende até kit para transformar seu carro em elétrico, a questão é vontade, tempo e dedicação
-mas essa parada né facil assim não, o cara tem que ser cranio, eu me garanto e montava um heim
ai mulharada da mesa tudo babando pelo cara só porque ele tem “atitude” mesmo que não falou nada com nada, e vc ali que entende assunto só porque não usou um tom mais agressivo, não embelezou as palavras
basicamente te ignoram e te acham um chato pq fica usando palavras difíceis etc
esse foi só um exemplo do que é ser Nerd num mundo onde 90% puxa saco de “famosos”, atores que ganham milhões para fingirem serem outras pessoas, cantores que ganham fortuna para fazer barulho com a boca por algumas horas na semana e jogadores de futebol que vão la e vencem pelos caras
mas o tempo passa… e Nerds se tornam milionários e as pessoas que eram os fod*es na escola/facul, que pregavam que quem tirava notas boas era sempre como algo ruim… se tornaram pessoas com trabalhos simples(pelo nojo que tinham de estudar e tirar notas boas na escola/facul)
hoje os Nerds como os caras do google, bil gates, Elon musk(sozinho humilhou a NASA e toda industria automotiva) dentre outros… estão mudando o mundo e estão milionários
É isso aí.
Não generalize. Não ache que por ser nerd você vai ser rico e o “cara do fundão” não. Assim como muitos nerds se dão bem, a maioria tem um emprego normal e muitos da galera do fundão, por serem mais “desenrolados”, são chefes dos nerds.
É bem por aí mesmo. Vejamos o John McAffee (criador do antivírus McAffee): é um nerd ou um cara do fundão?
http://www.tecmundo.com.br/personalidades/36091-john-mcafee-a-historia-do-milionario-malucao-da-informatica.htm
Sempre odiei estereótipos, costumava parar de fazer certas atividades depois que essas ganhavam gosto popular para não entrar em rótulos que eu não julgava certos para mim, pois sempre fazia tudo na maior espontaneidade e nunca dependi de ninguém para tal. É frustrante vc ver que aquilo que te fazia ser um looser é agora algo que torna quem te rotulava em cool, por isso, mesmo que eu tivesse chance de me “misturar” preferia sempre ficar longe da hipocrisia da aparência, sempre busquei minha autenticidade e sentia pena dos que não conseguiam ter seus gostos próprios e faziam as coisas para os outros gostarem. Ficava me perguntando como é que as pessoas não enxergam isso dentro do próprio meio e eu de fora consigo ver tudo e sentir vergonha alheia “incubada” sempre? É meio complicado isso, vc se sente meio deslocado, uma amiga de infância que estuda psicologia que eu não vejo há anos me perguntou pelo facebook se eu ainda estava “tentando me encaixar” como sempre, mas no sentido de procurar gostos em comum, parei pra pensar sobre isso e cheguei a conclusão que é isso realmente. É meio difícil achar alguém com gostos em comum pois eu não colaboro muito, ela depois mencionou que era apaixonada por mim na sexta série pela minha personalidade… Eu nunca iria descobrir, pois além de não gostar da fruta, eu era meio ingênuo demais.