Parece coisa do filme Minority Report. Seria possível a existência de um algoritmo tão avançado capaz de prever um crime? Sabemos que a cada dia, o big data somado ao poder computacional e a inteligência artificial no reconhecimento de padrões vem controlando o que nós lemos, conversamos, influenciam em nossos padrões de compra, e hoje é um assunto em pauta -talvez influencie nossas decisões políticas. Os algoritmos vieram para ficar e a tecnologia vem acelerando seus processos ao ponto de que já não sabemos mais diferenciar o que seria uma simples ideia de filme de ficção científica da realidade plausível.
O algoritmo anti-crime
Cientistas da Universidade de Chicago desenvolveram um novo algoritmo que prevê crimes com até 90% de precisão, analisando dados e padrões de aprendizado.
O sistema lembra bastante o do filme com Tom Cruise que falamos aí em cima. Mas diferente do filme, que usava clarividentes, trata-se de um sistema alimentado por IA que também é capaz de prever crimes com uma precisão de 90%. E seus sistemas não requerem Precogs, apenas dados passados para que possam prever o futuro, porque querendo ou não, nosso comportamento pode ser entendido como uma espécie de impressão digital que diz muito sobre nós.
Sabe-se, por exemplo que muitos psicopatas com tendências a produzir chacinas, leram os mesmos livros. É bem difundida a informação que dependendo de uma certa sequencia de livros que você alugue numa biblioteca dos EUA, seu nome e endereço automaticamente entram para uma lista do FBI na hora.
Basicamente o sistema não garante o que vai acontecer, mas ele entende um volume de padrões que a mente humana não conseguiria lidar e encontra uma sequencia específica que pode apontar para uma futura condição criminosa.
Os cientistas de dados e sociais da Universidade de Chicago desenvolveram esse algoritmo avançado que funciona aprendendo padrões de tempo e localizações geográficas a partir de dados públicos sobre crimes violentos e contra a propriedade. De acordo com a Universidade de Chicago, o novo modelo “isola o crime observando o tempo e as coordenadas espaciais de eventos discretos e detectando padrões para prever eventos futuros. Ele divide a cidade em blocos espaciais de aproximadamente 300 metros de largura e prevê crimes nessas áreas, em vez de depender de bairros tradicionais ou limites políticos, que também estão sujeitos a preconceitos. ”
Aparentemente, a precisão das previsões do novo algoritmo foi de até 90% e funcionou não apenas para Chicago, mas também com dados de outras sete cidades dos EUA: Atlanta, Austin, Detroit, Los Angeles, Filadélfia, Portland e São Francisco.
“Criamos um gêmeo digital de ambientes urbanos. Se você alimentá-lo com dados do que aconteceu no passado, ele lhe dirá o que vai acontecer no futuro”, disse Ishanu Chattopadhyay , PhD, professor assistente de medicina na UChicago e autor sênior do estudo.
É evidente que para esse funcionamento correto é preciso um volume coerente de dados de base. No Brasil, esse sistema seria bem falho, pois um numero expressivo de pessoas que são vitimas de crimes simplesmente não dão ciência as autoridades. Sem dados estatísticos, procurar o crime é como caçar preás numa floresta.
O modelo foi testado e validado usando dados históricos de Chicago em torno de duas grandes categorias de crimes: crimes violentos (homicídios, assaltos e agressões) e crimes contra a propriedade (roubos, furtos e roubos de veículos motorizados) e, de acordo com o recém-publicado estudo poderia prever crimes futuros com uma semana de antecedência com cerca de 90% de precisão.
É uma métrica realmente estonteante. Mas como dizia Carl Seagan, prefiro ver para crer, uma vez que “alegações extraordinárias exigem provas extraordinárias”. Se funcionar como dizem, será ótimo.
Talvez ainda não estejamos no nível do Minority Report de prever crimes, mas essa tecnologia alimentada por IA definitivamente parece um passo nessa direção.