Vestígios do osso da mandíbula e dois molares de um peludo de porte médio foram encontrados em uma escavação liderada pelo pesquisador Rafael Guedes Milheira, arqueólogo da Universidade Federal de Pelotas. O artigo científico resultante foi publicado no periódico International Journal of Osteoarchaeology.
Uma observação detalhada da superfície e do esmalte dos dentes permitiu diferenciá-los das presas de parentes menos amigáveis dos cães, como o lobo-guará e um canídeo chamado “graxaim-do-campo”, espécie de primo latino-americano da raposa que também frequenta a região. Uma análise química preliminar também dá dicas sobre a dieta do cãozinho vintage: é provável que ele fosse alimentado com restos de peixe pescado na própria lagoa.
Esses são os primeiros indícios de cães domésticos pré-colombianos encontrados em território brasileiro. Na América do Sul, até agora, catioros nativos só haviam sido encontrados na região dos Andes e na Patagônia.
Segundo a Folha de S. Paulo, meio metro abaixo dos ossos caninos foram encontrados três fragmentos de um crânio humano. A descoberta reforça uma associação já verificada entre cães e rituais funerários nas populações que habitaram o território americano antes da chegada dos europeus. Muito mais do que um simples auxílio na caça, já era notável na época a relação afetiva entre o ser humano e o animal.
Fonte: Galileu