Não lembro se já contei aqui, do meu primeiro dia dos pais.
Logo depois de ter o Davi, que nasceu quase no dia dos pais, eu não lembro exatamente o motivo, (afinal isso tem uns doze anos) mas eu estava sozinho em casa, e tinha que fazer umas compras.
Eu saí fui ao mercadinho aqui perto a pé e voltei. Tudo beleza, comprei uns biscoitos, chocolate, suco, uma cervejinha, e tal e também uma pizza para fazer no jantar (compra de homem, heheheh).
Pois bem. Eu estava subindo de elevador quando o treco fez, “plam” e travou. Apagou a luz. De cara já me caguei pensando que ia aparecer a menina fantasma do Topa tudo por dinheiro, hahahaha.
Eu já estou acostumado a elevadores que travam, porque aqui falta luz se chove, se venta e se faz muito sol. Ou seja, todo dia ta faltando luz porque o transformador da rua explode.
Imaginei que fosse isso.
Peguei o interfonezinho do elevador para pedir ao porteiro para vir me buscar e claro, o interfonezinho era meramente decorativo.
Restou apertar o alarme, que fazia um barulhinho bem fraco. Percebi de imediato que não ia adiantar nada. Mesmo assim, tentei tocar a quinta sinfonia de Beethoven no botão do alarme.
Sentei no chão e verifiquei o mais importante: Tinha sinal no celular?
Não tinha, afinal eu estava numa caixa de aço, mas ele estava perto o suficiente da minha casa para pegar o sinal do meu wifi. E outra coisa muito importante, a bateria estava cheia.
Sentei confortavelmente abri o cebolitos e fiquei jogando joguinho no celular.
Um tempão depois, eu ouvi um eco:
“EEEEi… Tem alguém aí???”
Era o porteiro. Eu gritei em resposta que eu estava preso.
O porteiro respondeu que o elevador tinha dado defeito na máquina. E aí me preocupei. Não era uma falta de luz temporária. Era algo mais complicado.
O porteiro avisou que eles já tinham chamado o socorro da empresa e que estava estimado em 45 minutos. Eu falei que não tinha problema. Estava tudo bem.
Impressionado com a minha calma, o porteiro disse que se precisasse de alguma coisa era só chamar, e ficou lá tentando me acalmar.
Os 45 minutos se tornaram mais de três horas, porque aconteceu alguma coisa. Parece que a empresa era lá de Nova Iguaçu e tinha dado alguma creca na avenida Brasil.
A essa altura, eu já tinha enjoado de esperar, e vendo que não ia ser tão cedo que eu ia para conforto do meu lar, deitei no chão do elevador e comecei a ver breaking bad.
Já estava de noite quando finalmente os caras da empresa chegaram para me resgatar.
Eles também ficaram impressionados com minha calma.
“O senhor está bem?” — Eles perguntaram.
Eu disse que estava vendo breaking bad e como um dos caras da empresa também via ainda trocamos uma ideia.
No fim eu tinha comido meus chocolates, cebolitos, bebido todo o suco e feito xixi no vasilhame. Felizmente a pizza estava intacta.
E assim, passei o meu primeiro dia dos pais, preso no elevador. Felizmente não tenho claustrofobia, senão essa aventura seria bem mais dramática.
Você já ficou preso no elevador?