Volta e meia conto coisas estranhas e curiosas que eventualmente acontecem comigo. Não gosto de usar meu espaço para reclamar, mas sim para divertir e entreter os leitores. Um caso peculiar aconteceu comigo anteontem, quando um cara completamente doido bateu no meu carro.
Tudo começou quando eu estava voltando do almoço para meu estúdio e parei numa loja de tintas para comprar uma tinta. A maldita da tinta não tinha chegado ainda e voltei correndo, na chuva para meu carro, estacionado logo em frente. Normal, operação de sempre. Bota o cinto, liga o carro, dá seta, olha pra ver se dá e sai.
Tinha um carro creme atrás que parou pra eu sair da vaga. Manobrei e saí. Eis que acabo de sair da vaga ando uns dois metros e sinto uma batida no meu carro. Parei, olhei e tinha um carro prata, que cortou o carro creme pela direita e claro, bateu no meu. Bateu devagar. Esperei, como estava chovendo, o cara não desceu pra ver nem nada, pensei: “bom, deve ter escorregado no asfalto molhado”. Eu não ia encher o saco do cara, na chuva por uma batida de leve, mesmo ele estando errado. Dei um joinha pro cara, e segui. Não andei nem cem metros ele me fechou e saiu do carro gritando ensandecido. Confesso que nesse momento eu achei ate que era um assalto. Encostei do jeito que deu, desliguei meu carro e desci. Ele me acusava de ter batido no carro dele. Mostrei onde ele bateu, atrás, como não dei ré em cima dele nem nada, e como ele cortou de maneira imprudente o carro de trás e bateu no meu, eu disse que aquilo era um caso de imperícia, e que claro, meu seguro poderia pagar, ou o dele se ele tivesse um eventual prejuízo. Olhei meu carro, só tinha um arranhado leve. O dele uma fratura no para-choque. Um conserto de uns cem merreis.
Mas o cara estava bem alterado. Vendo que ele estava querendo partir para a porrada e que tinha um naipe bem estranho, para efeito de ilustração ele era o clone desse cara aqui só que muito magro e ligeiramente mais novo:
Eu sugeri que ele me desse o telefone dele, que eu iria acionar a polícia para pedir que fossem ao local documentar a colisão, para então acionar o seguro. Nesse momento ele me disse:
– “Não vou te dar meu telefone! É meu telefone que você quer? Eu vou te dar é outra coisa!” – E entrou com meio corpo pra dentro do carro dele.
Nessa hora, olhei em volta e como chovia a rua estava deserta. Antevi que ele puxaria um revólver para atirar em mim. Pensei, “agora ferrou!”
Daí ele tira um puta dum barrão de ferro cromado de dentro do carro dele, do tamanho de um cassetete de polícia e veio pra cima de mim com a barra. Eu habilmente me esquivei no melhor estilo Bruce Leroy, (Invejosos diriam que saltei como uma gazela louca para trás) e então ele atacou meu carro.
Começou a desferir porradas com a barra de ferro e estourar meu carro todo. Farol, para-brisa, vidro da janela, retrovisor. Cada porrada era um prejuízo maior no meu carro que comprei ano passado e nem acabei de pagar ainda. Eu só repetia: – Pra que isso, véio? Pra quê, cara? – logicamente, longe do alcance da barra. Se eu gostasse de armas e estivesse armado, eu teria matado essa pessoa ali mesmo, até porque, se meu filho estivesse na cadeirinha, ele teria morrido.
Não me pergunte o motivo de tamanha fúria desse filho duma puta, que ate hoje eu também não entendi. Quando ele estourou o vidro nem na reta onde fica o meu filho (que por sorte, estava na escola e não vai ficar ferido nem traumatizado) ele deu um pancadão tão forte que estourou o vidro numa explosão. O barulho foi alto e ele correu para o carro dele e fugiu. Eu liguei para a polícia, mas nessa hora a gente fica meio abobado – Mas fiquei abobado só após anotar a placa do carro do otário.
Fui com meu carro para a delegacia para prestar queixa. Aí teve uma parada engraçada. Eu com o carro TODO fodido, engarrafei no túnel a caminho da delegacia. Do nada noto uma kombi cheia de peão do meu lado, todo mundo olhando o carro. Daí um cara comentou com o outro: “Alá, a mulher descobriu a amante, com certeza!”
Na primeira, me mandaram para outra, porque a investigação seria mais rápida. Cheguei lá, estranhei: Cachorro vira-lata na sala de espera, uma bagunça absurda, motos empilhadas no caminho do banheiro, tinta descascando, forro soltando. O lugar estava literalmente caindo aos pedaços, o que reflete o absoluto estado de falência do estado do Rio. O policial me informou que só havia uma unica resma de papel para a delegacia toda, e que era uma doação.
O policial me pede a descrição do sujeito e eu: – Sabe o Pai do Chiclete da novela? O matador?
Como o policial me disse, bom sujeito não anda com barra de ferro no carro. É possível que talvez essa pessoa “peculiar” tivesse passagem na polícia, foragido ou algo do tipo, para se recusar se identificar e ficar tão agressivo.
Daí abri o processo de representação criminal contra o louco varrido. Como eu anotei a placa, localizamos o carro e o dono era outro. O sistema da polícia tinha as fotos dos filhos do dono e do dono, um senhor de idade, mas não era nenhum deles. Agora, tenho que esperar essa investigação achar o cara lá em Maricá, onde é o domicílio do proprietário. Enquanto isso vou morrer numa grana de seguro para consertar o meu prejuízo.
O cara da oficina da seguradora disse: “Para ser folgado assim, e sendo de Maricá, certamente é da Milícia”.
Mas pelo menos estou vivo e isso é uma boa notícia. Mais um dia normal aqui em Vice City!
Semelhante aconteceu comigo na cidade de Aquidauana, três anos atrás.
O cara bateu no meu carro na estrada, embriagado, e veio pra cima me ameaçar. Arma em punho, falou que era meu fim. Com a distância próxima, vi que era de brinquedo (provavelmente airsoft) e aí já saquei a minha arma pra ele, que implorou dizendo que era uma brincadeira.
Eu ri e dei dois tiros nele. A cova improvisada foi a uns 300 metros do acostamento, num mangue próximo ao rio Miranda. Pra cavar sem ferramenta foi complicado, mas ficou fundo o bastante pra dar fim no folgado. O carro e os documentos eu tive que jogar dentro do rio, numa área que sabia que era funda.
Voltando pro meu carro ouvi um barulho, estava anoitecendo já e conforme chegava próximo do carro vi duas luzes que me ofuscavam a visão. Pensei que eram policiais da estrada mas quando me aproximei numa distância que pude distinguir, vi um enorme objeto pairando sobre meu carro, emitindo um som chiado e então o clarão tomou conta do lugar
Era o início da guerra das máquinas
“Exorcizamus te, omnis immundus spiritus, omnis satanica potestas, omnis incursio infernalis adversarii, omnis legio, omnis congregatio et secta diabolica. Ergo, omnis legio diabolica, adiuramus te…cessa decipere humanas creaturas, eisque æternæ perditionìs venenum propinare…Vade, satana, inventor et magister omnis fallaciæ, hostis humanæ salutis…Humiliare sub potenti manu Dei; contremisce et effuge, invocato a nobis sancto et terribili nomine…quem inferi tremunt…Ab insidiis diaboli, libera nos, Domine. Ut Ecclesiam tuam secura tibi facias libertate servire, te rogamus, audi nos.
Não sei o que é mais bizarro. A história do pirado com a barra de ferro ou esse comentário a cima.
O mundo está cheio de bizarrice… e de automóveis.
Se você tivesse assim como eu uma camera automotiva teria o ajudado muito. Obrigado pelo seu rrlato de controle emocional, ajudou muito.
Força aí Philipe! De todas as possibilidades, quando envolve a loucura, foi a menor.
E com certeza, um cara desses vive um sofrimento contínuo, deve estar fodido. Você está melhor que ele, com certeza!
Quando e se tiver um esclarecimento do caso, explane pra nós, gosto de sensação da justiça sendo feita, e também, pra compensar todas as unhas que roí lendo essa história.
cara totalmente descontrolado, mas ainda bem que você não se machucou e seu filho não estava. Isso prova que você pode estar totalmente certo mas se alguem quiser comprar briga com você por absolutamente nada, a pessoa com certeza vai.
Fiquei curioso para saber que carro é esse… Geralmente reconheço com facilidade mas tá osso…rs.
O meu? Um Duster
Que loucura, rapaz. É triste ter que lidar com esse tipo de situação e insegurança na vida. Pelo menos por enquanto estamos todos em casa. Força aí, e não deixe de contar a resolução da investigação.
Poxa, que história! Já passei um “aperto” no trânsito aqui de Anápolis, interior de Goiás. Era um sábado, estava indo buscar a digníssima no trabalho. Devido ao horário e o dia, não haviam muitos veículos rodando. Parei em uma faixa de pedestre para que uma senhora pudesse atravessar a rua e “pegar” o ônibus que a estava esperando. Nenhum outro veículo estava atrás do meu carro. Enquanto a senhora atravessava apressadamente, um sujeito parecidíssimo com o “Mc Poze”, que pilotava uma moto CG Titan com escapamento furado e sem retrovisores, virou a esquina em alta velocidade, parecendo o Dick Vigarinda atrás do Pombo e quase bateu na traseira do meu carro. Indignado, ele buzinou, parou do meu lado, fixou o olhar nos meus olhos por um longo tempo, subiu a camisa, me mostro um revólver 38 em sua cintura e saiu correndo. Não sei descrever muito a sensação, mas acho que foi parecido com a sua, ou seja, fiquei meio “abobado”.