O incrível Castelo Hearst

Conheça a mansão desse intrigante jornalista e milionário dos EUA que ergueu um castelo para chocar as pessoas

Você já ouviu falar do Castelo Hearst? Este é um dos mais incríveis castelos do mundo. Não só por sua posição privilegiada, mas por sua beleza e opulência, que são de deixar qualquer um bolado.

0_caf4b_e81b1739_origO Castelo Hearst não é uma antiguidade histórica. Basicamente, podemos dizer que é apenas uma residência de altíssimo luxo. O castelo foi erguido pelo magnata das comunicações chamado William Randolph Hearst.

Na época áurea, sua empresa, a Hearst Corporation, foi proprietária de nada menos que 28 jornais, entre eles o San Francisco Examiner, o Chicago Examiner, o The New York Journal e o Boston American; além de 18 revistas, entre as quais estão a famosíssima Cosmopolitan e American Weekly.

Não obstante, o magnata ainda controlava cadeias de rádio e era dono de uma produtora de cinema.

Hearst é considerado um dos precursores da chamada “imprensa marrom”. O filme Cidadão Kane, de Orson Welles, talvez tenha sido baseado em sua vida. No entanto, Welles negava isso publicamente, talvez para não se comprometer com alguém tão poderoso. Ele era quase que o Senhor Burns daquele tempo. Mas isso não impediu que em 1974, sua neta Patty Hearst fosse sequestrada por membros do Exército Simbionês de Libertação.

Hearst ficou obcecado com a ideia de erguer um castelo. Este castelo era o Castelo Hearst. Ele levou 15 anos para finalmente acabar de construir este castelo, que era seu sonho de infância.

O Hearst Castle fica na California. Apesar de que existem manchas em sua biografia, como uma morte misteriosa ocorrida em seu iate e abafada por ele, Hearst não esteve sempre do “lado mau” da história. Ele foi um fervoroso apoiante do New Deal e os seus jornais foram os mais ativos na denúncia da perseguição nazista contra os judeus, que desencadearia a Guerra.

Hearst também é conhecido por ter ajudado os nazistas na guerra psicológica contra a União Soviética. Ele também ganhou o apelido de “pai” da chamada imprensa amarela, a imprensa sensacionalista.

William Hearst começou a carreira como um simples redator em 1885, quando o seu pai George Hearst, milionário da indústria mineira, senador e também redator, lhe deu a chefia do jornal São Francisco Daily Examiner. Assim, começou o império jornalistico de Hearst que de uma maneira definitiva iria deixar marcas profundas na vida e nos conceitos dos norteamericanos.

Depois da morte de seu pai, William Hearst vendeu todas as ações da indústria de mineração que herdou e começou a investir todo o capital no mundo jornalístico.

A primeira compra que ele fez foi o New York Morning Journal, um jornal de tipo tradicional que Hearst transformou totalmente num jornal sensacionalístico. As notícias eram compradas a qualquer preço e quando não havia crueldades ou crimes violentos para contar, cabia aos jornalistas e fotógrafos “arranjar” o assunto, mesmo que fosse inventado ou exagerado.

As mentiras de Hearst fizeram dele milionário e pessoa importante no mundo jornalístico, sendo em 1935 um dos homens mais ricos do mundo com uma fortuna avaliada em 200 milhões de dólares. Depois da compra do Morning Journal, Hearst continuou a comprar e fundar jornais diários e semanários por todos os EUA. Na década dos anos 40, William Hearst era proprietário de 25 jornais diários, 24 semanários, 12 estações de radio, 2 serviços de noticias mundiais, um serviço de notícias para filme, a empresa de filme Cosmopolitan e muito mais.

Já em 1948 ele comprou uma das primeiras estações de televisão dos EUA, a WBAL-TV em Baltimore. Os jornais de Hearst vendiam 13 milhões de exemplares diários e somavam mais de 40 milhões de leitores! Quase um terço da população adulta dos EUA lia diariamente os jornais de Hearst! E além disso, muitos milhões de pessoas em todo o mundo recebiam a informação da imprensa de Hearst através dos serviços de noticias, filmes e uma série de revistas que eram traduzidas e editadas em grandes quantidades em todo o mundo.

Bom, talvez, imitando a fama de seu dono, o castelo hoje é um lugar deveras polêmico. Tem gente que acha horrível, tem gente que acha incrível. Há aqueles que abominam a mistura de estilos, a overdose de detalhes e a opulência que dá overdose só de olhar. Mas há quem veja nisso tudo um retrato da mente de um homem que planejava – e efetivamente conseguiu – dominar a mente do povo Norte Americano durante décadas.

Praticamente, todo mundo concorda que existe somente uma palavra capaz de definir o Hearst Castle: OVER.

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Tudo nele é over. Dá uma olhada:

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O que mais poderíamos dizer de uma casa que tem nada menos que 56 quartos, 61 banheiros, 19 salas de estar e um jardim com quadras de tênis, piscina e até um zoológico?

Dá uma olhada no complexo:

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Pensa no que você considera algo mega-over… A casa do Michael Jackson? O castelo é mais! O palácio deste cara se compara apenas a aqueles palácios mega-exagerados, como era o do Saddam, do Kadafi e aqueles palacetes loucos dos políticos da Ucrânia…

Uma vez que o castelo em si não é uma antiguidade histórica, não podemos dizer o mesmo de muitas de suas peças internas. Ele tem muitas obras de arte legais. Tá certo que mal dá pra encontrar no meio da confusão, mas o William Hearst sabia o que era coisa boa. Conta-se que na época, chegavam caminhões e caminhões de peças que ele mandava trazer da Europa e do Egito para decorar a construção.

 

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Há quem diga que o Hearst Castle é cafona. De fato, é.

Tem um toque permanente de Clodovil nele. Mas não é porque é cafona que deixa de ser curioso e interessante de se conhecer.
Você vai concordar comigo, que tem pouca coisa nesse mundo mais cafona que LAs Vegas e o povo vai pra lá direto fotografar Torre Eiffel falsa, pirâmide de vidro e gôndolas que andam numa piscininha. Mas o povo vai, e vai porque é legal, mesmo sabendo que é bem over também.

Uma das principais características do castelo é sua posição privilegiada, no alto das montanhas com vista para o Oceano Pacífico.

A piscina do lugar é um show à parte. Ela é considerada uma das 5 piscinas mais lindas do mundo, e de fato é. O cara joselitou totalmente ali na piscina, e mandou trazer uma construção romana LEGÍTIMA que colocou decorando a piscina! Segura seu queixo:

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Se você acha que ele parou ali, espere só para ver que o cara gostava tanto duma piscina que mandou fazer uma piscina interna, inspirada nas Termas da Caracala em Roma e decorada com oito estátuas de deuses romanos:

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Até a escada da piscina é de mármore puro:

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Hearst trouxe muitos convidados importantes do início do século 20 para ficar em sua casa. Grandes nomes incluíam Calvin Coolidge e sua esposa, Winston Churchill, George Bernard Shaw, Barbara Stanwyck, Clark Gable e Joan Crawford.

O castelo usa um mix de arquitetura Mediterrânea do lado de fora, comparável a de uma catedral medieval espanhola. O edifício é composto por vários prédios, incluindo a Casa Grande e três casas de hóspedes. A casa fica no topo de uma montanha, com acesso apenas por um passeio de ônibus angustiante de 5 milhas, que segue o seu caminho em torno da encosta. A encosta foi usada para colocar ali o zoológico pessoal de Hearst, onde ele mantinha seus ursos e zebras, mas que também incluiu, cangurus, avestruzes, camelos e girafas, entre outros.

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Como eu já disse antes, uma das coisas mais legais do castelo não é do castelo em si. É a vista do castelo, que realmente é espetacular, com vista sobre o Pacífico e San Simeon, de um lado, e sobre a extensão montanhosa de propriedade da Hearst o outro.

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Embora Hearst fosse um homem casado, ele visitou primeiramente o castelo com sua amante, Marion Davies. A organização e design do castelo foi supervisionado pela arquiteta de San Francisco, Julia Morgan, que não só encheu Hearst com seus tesouros, mas também supervisionou pessoalmente os arranjos para trazer hóspedes famosos e influentes para dormir. Com tantos cômodos, cada um totalmente diferente do outro, decorar o castelo foi uma tarefa que consumiu anos.

 

 

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Os detalhes estão por todo lugar. Em alguns cômodos são tantos, que chegam a dar overdose.

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Olha a lareira humilde:

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E a mesinha de jantar:

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Mas se for pouco, não se preocupe, dá pra usar outras salas para acomodar os comensais:

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Você pode ver um filme no cinema do castelo:

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Ou desfrutar de um dos vinhos caríssimos que o magnata gostava de tomar direto na adega do castelo Hearst (este é só um pedaço da gigantesca adega que tem mais de 100m2) :

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A biblioteca também é um espetáculo, repleta de obras raras:

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Há muita tapeçaria também, além de salas “temáticas”, como esta aqui que é a sala gótica:sala

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Os banheiros também são exagerados. Dá uma olhada nessa banheira:

 

 

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No castelo também tem sala de jogos, com mesas de boa qualidade:

 

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Hoje, o castelo é um monumento histórico do estado da Califórnia. Muito do que já pôde ser visitado no passado hoje está com acesso limitado. No entanto, a família e a Hearst Corporation retém direitos sobre a casa, utilizando-a para eventos privados ocasionalmente. O castelo, incluindo a piscina exterior aquecida chamada apropriadamente de “Netuno”, também podem ser alugadas por meros US$ 12.000 POR CABEÇA!

Se você acha que o cara torrou toda a grana dele nesse castelo, errou feio! Ele tinha outras propriedades! Suas propriedades incluíam Babicora, uma fazenda de gado de 1 milhão de hectares no México, a propriedade de 67.000 hectares de Wyntoon no norte da Califórnia, o Castelo de St. Donat no País de Gales (sim, ele tinha mais de um castelo!) além de várias propriedades comerciais e residenciais em todo os EUA, e os 270 mil hectares em San Simeon, sobre o qual Hearst Castle residia.

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Aqui em baixo está o pavilhão do zoológico. Hoje, felizmente sem animais.

 

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Em um artigo publicado na BBC News, W. Joseph Campbell, professor da Escola de Comunicação da Universidade Americana em Washington e autor do blog Media Myth Alert, afirma que Hearst era uma “figura contraditória” e que a fortuna que herdou do pai fez dele uma pessoa instantaneamente antipática. Ele cita David Nasaw, um dos biógrafos do empresário, para defini-lo:

“William Randolph Hearst era um homem enorme com uma voz fraca; um homem tímido que ficava confortável diante de multidões; um defensor da guerra em Cuba e no México, mas um pacifista na Europa; um chefe autocrático que não podia demitir ninguém; um marido dedicado que vivia com sua amante; um californiano que passou metade da vida no Leste [dos EUA]. Diante de tantas contradições, não é surpresa que Hearst fosse, e continue a ser, objeto de tanta fábula e engano.

Durante a segunda metade dos anos 1890, ele estimulou um ponto de vista ativista sobre o jornalismo, batizado de “jornalismo de ação”, em que os jornais teriam obrigação de penetrar de forma consistente na vida pública para cuidar dos males que não eram tratados pelo governo.

O auge do “jornalismo de ação” ocorreu em outubro de 1897, quando um repórter do New York Journal liderou a fuga de Havana de uma prisioneira política de 19 anos. Auxiliado por cúmplices cubanos, o jornalista conseguiu levar a jovem de navio para Nova York, onde foi recepcionada com festa por Hearst. Campbell ressalta que, em alguns aspectos, o “jornalismo de ação” de Hearst ecoava a ideia do pioneiro do jornalismo investigativo britânico William T. Stead de “governo pelo jornalismo”, proposta uma década antes.

O compromisso de Hearst com o “jornalismo de ação” acabou minado por suas ambições políticas. Ao mesmo tempo, o rival Adolph Ochs, que havia comprado um quase falido New York Times em 1896, passou a defender um jornalismo imparcial, completamente oposto ao modelo ativista. A “ideia” de imparcialidade venceu, e este acabou se tornando o modelo tradicional do jornalismo.

Hearst morreu em 14 de agosto de 1951, aos 88 anos, em Bervely Hills, na California.

 

Aqui podemos ver o complexo visto do alto:

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Em suma, o Castelo Hearst é mais do que um simples marco arquitetônico. É um testemunho vivo de uma época passada, um portal para os excessos da “Era de Ouro”. Ao explorar este magnífico castelo, somos levados a uma viagem através da história, da arte e da opulência desenfreada. Uma visita ao Castelo Hearst é, verdadeiramente, uma imersão em um capítulo extraordinário da herança americana.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. É engraçado. O que sobra de grana para os endinheirados norte-americanos falta-lhes em elegância e equilíbrio. O castelo é um patchwork de exageros. Qualquer château do vale do Loire, por mais simples que seja, dá de 10 X 0 nesse monumento à cafonice.

  2. É verdade que o dinheiro é dele e ele faz o que quiser. Coloque-se no lugar dele; primeiramente voce ia pensar en voce mesmo, nos seus sonhos, em realizar todos os seus desejos, etc. Pode ser que a tivesse em seus planos abranger outra pessoas, fazer algum tipo de redistribução de renda, caridade, projetos de alcance social, etc,. Só que no atribular dos acontecimentos, e pensando em realizar suas próprias ambições, voce não tenha percebido o tempo passar e quando se dá conta… “está nos braços de MORFEU”.

  3. Suuuuuper brega. Mais brega que o próprio brega. Aquele teto em forma de casa de abelha ficou horrível. Os exageros na decoração cansa as vistas. Coisa mesmo de gente com muito dinheiro e sem a menor noção pra gastar. Mas confesso que gostei das piscinas. Deve ser legal dar um mergulho nelas. E deve dar pra fazer uns filmes sinistros naquela sala gótica, hein?

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