domingo, dezembro 22, 2024

O medo dos ninjas feiticeiros de 1998

Eu tenho medo dos ninjas místicos também!

Esse título seria um bom nome de disco para o Ronnie Von.
Mas de fato, estou sendo literal. Houve um medo de – acredite se quiser – NINJAS FEITICEIROS. Pra valer. Mesmo.

E pior esse medo persiste até hoje! Em 1998, na vila indonésia de Kaligondo, havia um sujeito chamado Soemarno Adi, que alegava ser um feiticeiro.

images 87 | Bizarro | bizarro, Indonésia, ninjas
Bem vindo a Kaligondo

Como prova de seus poderes, ele desligou toda a eletricidade do mercado uma noite. Podemos pensar em um ou dois métodos que ele pode ter usado que não exigiam nada sobrenatural, apenas um comparsa e um disjuntor, mas seja como for a “façanha” consolidou sua reputação de feitiçaria na região.

Quando por algum motivo, um bando de vacas começou a morrer, a população da vila pensou que Adi poderia ser o responsável.

Eles exigiram que ele abandonasse a magia negra, e ele se recusou, já que fazer magia era o trabalho dele. Então, eles o apedrejaram até a morte.

De acordo com Jason Brown, Banyuwangi é um centro de crença em magia negra na Indonésia. A magia negra praticada em Banyuwangi é uma mistura de crenças animistas e misticismo islâmico que se desenvolveu a partir de conflitos inter-religiosos durante o período da corte de Mataram no século XVI. A crença na magia negra, ou dukun santet , é generalizada na área. Supostos feiticeiros também foram mortos na Indonésia em 1965.

Logo, se espalharam notícias de que estava aberta a “temporada de caça aos feiticeiros”, e até o final do ano, o povo de Java Oriental já havia matado mais 308 supostos feiticeiros.

Às vezes, os relatos se referiam a esses feiticeiros como “ninjas” (eles se vestiam todos de preto, supostamente), sugerindo que os casos contra eles nunca foram muito claros.

O povo começou a se pelar de medo de dar de cara com um ninja.

As histórias passavam de boca em boca, dizendo que sob o manto da escuridão, agressores mascarados atacam seus alvos, decapitando-os ou estripando-os, antes de desaparecerem tão rápida e silenciosamente quanto surgiram, afinal, é o que um ninja faz.

Chamados de “ninjas”, os agressores estavam por trás de alguns dos assassinatos de pessoas acusadas de serem feiticeiras na parte oriental da ilha de Java, na Indonésia, entre 1998 e 1999. A maioria das vítimas eram civis comuns, líderes locais ou clérigos afiliados à organização islâmica Nahdlatul Ulama.

Em um país onde a feitiçaria faz parte da vida nas áreas rurais há muito tempo, os feiticeiros passaram a ser responsabilizados por quase todos os problemas, desde fracassos de colheita até doenças incuráveis. Chutou o dedo mindinho na quina da mesa? Ninjas! Com certeza! Dor de cabeça? Comeu alguma coisa e vomitou? Só há uma explicação racional: NINJAS FEITICEIROS!

Um ninja assassinado

Ninja Banyuwangi | Bizarro | bizarro, Indonésia, ninjas
Suposta foto do ninja

O ninja estava todo vestido de preto e foi encontrado usando um radio walkie-talkie em operação. Existem duas versões sobre esse evento com o ninja. Alguns dizem que o ninja era uma pessoa que só usava uma fantasia preta e carregava uma arma, enquanto outros dizem que a figura do ninja que eles viram era exatamente como um ninja do Japão e era capaz de se mover com grande habilidade,  pulando de um lado para o outro, o que humanos comuns não conseguem fazer. Eles sempre são descritos como são altamente treinados e sistemáticos.

A matança de supostos ninjas se espalhou para Java Central e Ocidental , embora nenhuma morte por supostos ninjas tenha sido relatada nessas regiões. Em novembro, a polícia de Java Central deteve cerca de 200 pessoas com doenças mentais, pois corriam o risco de serem atacadas se saíssem à noite e não conseguissem se explicar.

Em 18 de outubro de 1998, cinco homens foram mortos na área de Turen. Um foi espancado até a morte, um foi queimado e três foram decapitados. Em 20 de outubro de 1998, ocorreram três assassinatos. Dois foram apreendidos de um carro da polícia por justiceiros que supostamente cortaram suas gargantas; o terceiro homem foi decapitado e sua cabeça exibida em uma estaca.

O bagulho escalou nua proporção louca: Em 24 de outubro em Gondanglegi, Malang Regency, outros cinco supostos ninjas foram mortos por moradores. Uma vítima foi queimada até a morte enquanto outra foi decapitada. Em 31 de outubro e 1º de novembro, três policiais foram mortos em Madura após serem suspeitos de serem ninjas. Em 31 de outubro, um homem no norte de Jacarta foi atacado por suspeitas de ser um ninja, marcando a primeira vez que o susto impactou Jacarta.

Ao todo, 307 pessoas foram mortas durante o susto no total: 194 pessoas em Banyuwangi, 108 em Jember e sete em Malang.

Hipóteses esquisitas

Houve uma série de hipóteses sobre quem estava por trás dos assassinatos.

Alguns argumentaram que os assassinatos foram encorajados secretamente pelos militares em um esforço para desestabilizar o novo governo indonésio, ou para enfraquecer o Nahdlatul Ulama ou o emergente Partido Islâmico do Despertar Nacional. O Nahdlatul Ulama alegou que as forças de segurança estavam envolvidas. A Comissão Nacional de Direitos Humanos concluiu em 2018 que os assassinatos foram “conduzidos por agressores ‘treinados’ e ‘organizados’, e que as forças de segurança nacionais permitiram os assassinatos ao não intervir até setembro de 1998.

Entretanto, os indonésios lembram desse pânico como um caso de histeria em massa e tomaram medidas recentes para evitar que algo assim se repita. Em 2022, eles finalmente aprovaram uma lei formal criminalizando poderes sobrenaturais.

Mas mesmo com uma lei padrão Odorico Paraguaçu de qualidade, o medo e desconfiança que algum ninja feiticeiro ainda se oculte nas sombras, persiste nos distantes rincões da Indonésia até os dias de hoje.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Philipe Kling David, autor de mais de 30 livros, é editor do Mundo Gump, um blog que explora o extraordinário e o curioso. Formado em Psicologia, ele combina escrita criativa, pesquisa rigorosa e uma curiosidade insaciável para oferecer histórias fascinantes. Especialista na interseção entre ciência, cultura e o desconhecido, Philipe é palestrante em blogs, WordPress e tecnologia, além de colaborador de revistas como UFO, Ovni Pesquisa e Digital Designer. Seu compromisso com a qualidade torna o Mundo Gump uma referência em conteúdo autêntico e intrigante.

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