Meu amigo Bruno me escreveu com uma ideia de artigo. Ele recebeu pela internet “uma foto bem emblemática que retrata como a China vem se preparando para ser a principal potência mundial nos anos que estão por vir”.
Nesta imagem acima, vemos uma sala de aula na China onde cada aluno tem em sua mesa uma IMPRESSORA 3D de alta tecnologia além de caixas (suponho que com cabos e insumos dos equipamentos)
Bruno manda também uma outra imagem, dessa vez, do nosso querido Brasil onde vemos uma “sala de aula”.
Bruno sugere que eu observe que a “sala de aula” no Brasil carece das condições mínimas, que é justamente A SALA. E por fim ele me pergunta: “Como vamos competir?”
Caro Bruno: Não vamos.
O grau de precariedade educacional no Brasil é chocante. É terrivelmente chocante, porque não é só um retrato do presente, é também por tabela um retrato amargo do futuro, que não tem como ser nada bonito para o nosso lado. A foto, é da “escola” Escola Municipal Faustino Dias dos Santos, do Assentamento Família Feliz, na região da Matança, que fica a 70 km da sede do município de Porto Nacional, Tocantins, feita em 2012. Quando a foto foi feita, faltava refeitório, faltavam banheiros adequados, faltava transporte escolar e por faltar TUDO, as crianças estudavam debaixo de mangueiras.
Ah, mas isso é coisa velha, agora já deve estar tudo solucionado! – Talvez sim, no caso de Porto Nacional, mas a falta de infraestrutura básica para fornecer o direito constitucional a uma educação de qualidade é mazela endêmica neste país.
Essa semana mesmo vi no noticiário o caso de mais uma escola, que fica no Maranhão, onde os alunos estão estudando debaixo de árvores, tal qual na do Tocantins. Mas o pior é que não é só lá, o descaso se repete pelos rincões do país, como no caso de Bom Jardim, também no estado da dinastia Sarney.
Há menos de cinco minutos, enquanto eu dirigia, ouvi no radio sobre a caçada pela prefeita foragida, que desviou o dinheiro da merenda e da educação para sustentar uma vida de luxo. Adivinha onde? Se você chutou Bom Jardim, justamente onde a foto da “sala de aula acima foi feita”, nas terras do clã Sarney, acertou.
Mas vamos voltar ao assunto do post. Quando eu digo que o problema do Brasil não é e nem nunca foi de Educação, estou dizendo literalmente. Não é mesmo. Educação não é problema, a falta dela é. E isso nós temos de sobra nesse país, onde na ampla maioria dos serviços públicos o que não falta está pendurado precariamente em arremedos improviso e jeitinhos.
Mas por outro lado, temos que situar um pouco a conversa. Pra começar, essa comparação da China com o Brasil tá meio miguelada. Primeiro porque quando se fala China, há dezenas de “Chinas” que podemos escolher. O mesmo no que diz respeito a Brasil.
Nos países de grandes dimensões como China e Brasil, temos situações bastante similares no que tange às desigualdades sociais. Se você escolher os prismas com cuidado, é facil fazer a “propaganda” reversa. Quer ver? Compare aí:
Tá vendo, meu chapa? Há um Maranhão lá na China. Aliás, deve ter um monte.
Dessa forma, podemos ver que essas comparações são não apenas inúteis, mas funcionam como uma belo instrumento de “colocar no furingo do governo”. O típico negócio que a Globo gosta de fazer. Não podemos deixar de notar que estamos numa agonizante situação social: O país afunda em crise, há descontrole e insegurança governamental, não há pra onde correr, e o cofre da nação sangra de todas as maneiras, entre má gestão e corrupção disseminada. Essas situações de falta de infraestrutura, professores ganhando salários de fome, a falta de compromisso e controle nas esferas de gerenciamento de recursos públicos só irão piorar. Não adianta pensamento mágico. Estamos na merda e a merda vai aumentar, mas nem por isso devemos comparar uma escola boa na China com uma… Sei lá que adjetivo dar a umas cadeiras sob uma árvore e uma professora que provavelmente é um “professor leigo” (sabia que isso existe formalmente no Brasil? República do Improviso é isso aí. “Professores leigos”).
Esqueçamos as comparações com outros países. Esqueçamos que o Brasil ocupa a 85ª posição no IDH.
Nossas questões são sérias. A forma como escrotizamos a educação na “Pátria Educadora” vai cobrar um preço altíssimo que aliás, já estamos a pagar há alguns anos. Muitas pessoas olham para trás e não conseguem entender como há 10 anos o Brasil tinha um PIB de aproximadamente 800 bilhões de dólares, hoje só de imposto arrecada mais de um trilhão e ainda continuamos com esse IDH ridículo. Se fossemos uma republiqueta enfiada no meio dum deserto, sem acesso ao mar nem nada, tudo bem, mas um país que tem petróleo, ouro, ferro, manganês, produção agrícola lá em cima, sem terremotos, furacões, tsunamis nem guerras, tudo isso multiplica a nossa vergonha de pagar tamanha carga de impostos e receber isso em troca. Apesar de arrecadarmos muito mais de imposto do que era o nosso PIB inteiro há apenas 10 anos, soa surreal como a tão propagandeada 8ª economia do mundo mantem um IDH dessa magnitude atrás de Peru, Albania, Trinidad e Tobago, Panamá, Palau, Belarus, Bahrein, Barbado.
Com nossa economia em colapso, crise política e falta de dinheiro causada pela redução nos preços das commodities, fica palpável que somos e seremos uma colônia de exploração. Não conseguimos mudar isso, e se depender da classe política que trabalha em prol dos próprios interesses, nunca mudaremos. Estamos condenados a essa nau à deriva, gigante e entregue à própria natureza. Eternamente em busca de um milagre.
Gostaria de poder ter um vislumbre do futuro e ver o que será do Brasil daqui uns bons anos.
Eu sempre digo: O pior do Brasil é o brasileiro.
As crianças, em sua maioria, não querem estudar (preferem o whats app) ou não são incentivadas para tal (é melhor ser funkeiro ou jogador de futebol). Têm todo o conhecimento do mundo nas mãos, mas nenhum interesse em buscá-lo e possuí-lo (a internet é uma ferramenta poderosa, mas usada de maneira errada).
E não é só problema de educação, é o fato de ninguém estar nem aí para o outro.
A criançada precisando de educação e merenda, enquanto isso, a prefeita indo em balada VIP de camarote e mostrando o luxo, que foi pago com o dinheiro do povo. Isso mostra o tipo de pensamento do governante médio brasileiro, que é quase um mantra entre os políticos: “tiro o meu e o povo que se foda”.
Mas o que pensar em um país no qual ser honesto é taxado de ser trouxa?
Como você mesmo diz, não temos tsunamis, terremotos, furacões, temos ouro, agricultura e etc., ou seja, o que estraga o Brasil é o próprio povo, que vota em troca de bolsa esmola, vale gás e outras pequenas vantagens. No país da lei de Gerson o que está escrito na bandeira deveria ser: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”.
Enquanto isso, o governo, em vez de diminuir as depesas, pensa o seguinte: “já que o dinheiro não vai dar, o que faremos? Já sei, pega mais do povo e paga a conta. O que é mais uma flechada para São Sebastião? Já ta todo mundo ferrado mesmo…”.
É mais do que a falta de educação, é a necessidade de uma mudança cultural, mesmo.
Sugiro ao Bruno assistir ao filme “Nenhum a Menos”, que retrata a realidade de uma escola na zona rural da China. Muito mais tocante do que a foto das carteiras embaixo de uma árvore!
Nosso governo é um estrategista miope, ele so se prepara para o que vai acontecer semana que vem, um das situacoes exemplo mais classicas do Brasil é a reacao da autoridades com relacao catastrofes naturais, temos sorte de nao ter que passar por terremotos ou furacoes, mas inundacoes sao comuns em todos os estados, no Amazonas por exemplo, todo ano o Rio Negro sobe e inunda o centro de Manaus e municipios do interior
Isso ocorre desde sempre, e é um evento previsto pelo menos seis meses antes, todos os anos, os meteorologistas anunciam a mesma coisa “esse ano o rio vai subir”, mas quando chega a epoca das chuvas a mesma coisa acontece, cidades alagadas, corte de luz, pessoas isoladas, doenças por conta da rede de esgoto, transito caótico, aí o governo vai la faz aquele drama e diz que vai tomar providencias, vai distribuir cesta basica pro interior, vai construir passarelas provisorias no centro.
Mas o que ocorre na verdade sao pessoas sem abrigo fazendo protesto na prefeitura pra receber um lugar e uma indenizaçao pra poder se manter na enchente, passarelas feita de sacos de areia e madeira no centro da cidade, e logico cortes de luz diarios, todo ano eles agem como se isso fosse a primeira vez, investir em galeria subterranea pra escoamento ninguem quer, implementar plano emergencial pra cidades do interior tambem nao, preparar abrigos com atendimento medico e alimentacao pra quem perde a casa nem pensar.
O mesmo acontece na educaçao e em todas as areas, acho ridiculo prefeito fazer alarde porque pintou escola e trocou as cadeiras, isso é publicidade do mediocre, nao é mais que obrigacao, isso tem que ta la sendo feito todo ano, eles tem que se preocupar em anunciar um reajuste justo pra professor, mais seguranca nas escolas, reforma dos planos de ensino, isso sim sao coisas relevantes, pintar escola e rebocar parede ate alunos com boa vontade sao capazes de fazer (o que ja ate aconteceu por ai)
Enquanto os prefeitos se orgulham de tapar buraco na rua e rebocoar escola, o mundo ta girando a tecnologia ta avancando e os caras nao querem subir o nivel, vivem numa bolha como mafiosos, mediocres e ignorantes.
Mas quem sabe daqui mais 500 anos as coisas mudem
A Austrália tem pouco mais da metade da idade do Br e está bem melhor! Repito o post lá de cima: “… é um fato, difícil de aceitar. Mas é assim, não confundir com está assim.”
Está tudo organizado pra ser assim.
O sistema funciona assim, foi implantado assim e perdurará assim. Os administradores da educação do Brasil são muito eficientes, pena que trabalham para manter tudo como está. Infelizmente é um fato, difícil de aceitar. Mas é assim, não confundir com está assim.
tem razao, é ingenuo criticar as acoes, a verdade é como voce disse, esta pensado pra ser assim, a maquina é comandada pra girar ao contrario
como pais aceitam que filhos estudem no meio do mato ao ceu aberto, sim para nós do sudeste é facil por aqui nunca aceitaríamos isso, mas no nordeste povo la cresceu acostumado a serem os zero a esquerda e a serem um encosto e que o “coronel” e prefeito la são quase deuses e merecem o bom, espero que com celulares e acesso a internet expandindo eles ganhem conhecimento e cresçam e não aceitem mais essas coisas
eu acho que isso é cultural
a corea do sul e Noruega eram bem pobres e aos poucos avançaram na educação mesmo sem dinheiro na época
se a educação fosse prioridade os moradores empresários se juntavam e fariam a escola ser um lugar santo, basta ver as igrejas por ai, impecáveis
a prioridade aqui é outra
homens que gostam de ver machos com salários milionários correndo atrás de bola e “vencendo por eles”(sou um M na vida mas se meu time ganha, to na boa), enquanto o cara no bar diz “meu time fez gol e é melhor que o seu”, agora ja viu pai ir reunião da escola e dizer la “meu filho é melhor que o seu, tirou nota A”
estádios bem conservados porque todos fãs de futebol não iriam aceitar que a casa do time que “vence por ele” estivesse uma porcaria
e a mulherada viciada em novela ve o pobre(sempre o pobre é limpinho e honesto e o rico é infeliz e passa dia todo infernizando o pobre) e comentam sobre a novela como se fosse algo real que aconteceu
esse povo foge da realidade porque o mundo real na brabo, mas eu acho que mundo real não esta ruin por falta de grana, esta ruin por falta de prioridades e de respeito
O principal problema Brasileiro não é político/econômico, mas sim cultural/educacional. Não, não falo da educação escolar, mas sim da familiar.
Cara, o Brasil tem um problema cultural tão sério que pra mudar isso talvez só daqui há uns 200 anos.
Eu odeio discutir política porque as pessoas não sabem, é um saco. Elas tratam nosso sistema governamental como um time de futebol, onde o culpado é sempre o téncnico, a diretoria e depois os jogadores, mas nunca, NUNCA focam na base.
Eu olho pro meu lado e só vejo pessoas cagando no próprio país. Pessoas que criticam um presidente enquanto jogam latas de refrigerantes no chão.
Esse país pode trocar de técnico por mais de mil vezes que isso não vai mudar. Pois educação escolar, economia, política, tudo isso é reflexo da nossa própria fuça. Afinal, quem aqui é a maioria?
“- Mas não elegemos ‘brasileiros’ p/ resolver essas questões por nós?”
Esse é mais um problema cultural do Brasileiro, fuga de responsabilidades. Querem que o governo eduque seus filhos, limpe suas ruas e as suas bundas, enquanto a única coisa que um ‘carinha’ desse faz é dormir no trabalho e pegar a sobra do pouco que ganha pra comprar cachaça. Ainda que eu ache que o título ‘trabalhador exemplar’ (escravo corporativo) seja bem menos importante do que o comportamento humano perante a sociedade.
Tem gente que não consegue manter nem a própria vida organizada. Qual o problema delas?
Enfim, é por isso que sou antissocial.