Vivemos um período tenebroso, é verdade. Pode perguntar a qualquer senhor idoso que esteja atrás de um copo de cerveja que ele confirmará que no tempo dele não era essa violência toda que vemos hoje.
Mas ele estará etílica e redondamente enganado. Das espécies existentes, talvez a que melhor se afeiçoe da morte é a espécie humana. Talvez pelo fato de termos a consciência da finitude da nossa existência, a morte exerce um misto de terror e fascínio desde tempos imemoriais. Hoje, a morte e a brutalidade, quando andam juntas, se tornaram uma ingrata parcela de nossa vida. Ligamos a Tv e vemos pessoas matando e morrendo pelos mais variados motivos. Abrimos o jornal e chega a pingar sangue. A internet então, é literalmente um show de horrores.
Nem parece que o sexto mandamento é “Não matarás”.
Não preciso nem me alongar muito. Hoje pela manhã, mal abri a internet e já dei de cara com a terrível cena de uma mulher sendo degolada num golpe de espada, e o pior, ela segurava um bebezinho de poucos meses de idade que foi degolado junto, no mesmo golpe fatal. (não veja. O link está aqui só para que não me acusem de ter inventado tal maldade)
É impossível dizer bom dia depois de ver uma coisa assim. No meu email tem pelo menos uns cinco videos, mandados por leitores que certamente conhecem pouco este blog, e que sugeriram pautas como “cenas de degola praticadas por grupos muçulmanos” com direito a zoom na cabeça decepada rolando na areia. Tem gente que pensa que isso aqui é o Faces da morte…
Diversos leitores exigem que eu me manifeste sobre os atentados terroristas em Paris, sobre a questão da liberdade de expressão e tudo mais que se vê por aí em praticamente todos os lugares, porque não sei quando começou, mas sei que é fato que todos os meios de comunicação parecem ter um pacto de “vamos falar sobre isso”.
Esse tipo de distorção gera uma ideia de que as pessoas devem ser monotemáticas. Nove em cada dez mesas de bar estão discutindo quem é Charlie e quem não é. Se Alá ou Maomé podem ser desenhados ou se a ridicularização de figuras sagradas de qualquer religião justificaria assassinatos bárbaros.
Não demora alguém bate na mesa e diz que os Estados Unidos devem meter um míssil termonuclear na Caaba durante o Ramadã e “mandar o máximo de muçulmanos conhecer Alá pessoalmente”.
As redes sociais são um show de radicalismo que muitas vezes me pergunto onde termina a zoeira e onde começa o ridículo. E certas coisas viram o “assunto do momento”.
É como se o mundo parasse por um período e só aquelas mortes ali fossem realmente importantes, que por sua força simbólica poderiam mudar as engrenagens carcomidas da realidade e nos levassem a um mundo de maior compreensão e paz, ou quando muito, num esforço de eliminação do terrorismo.
Sinto muito. Acordem. Isso é uma utopia. Não vai acontecer.
O terrorismo não vai acabar, porque ele é favorecido por uma questão fundamental: É econômico e tem efeito.
Como já mencionei em outros posts (até nos de ufologia) há uma lei que permeia todo o universo, e se de fato houver outras dimensões, ela também estará lá. É a lei da Economia. Seja onde for do cosmos, uma reta, o menor caminho entre dois pontos, será sempre mais econômica que uma curva. O próprio universo, a entropia do macro e do micro e seu funcionamento busca a economia e ela está expressa até nas questões mais básicas da gravitação. É a lei da economia que está por trás da forma como o universo se expande, e também é o que explica os planetas serem esféricos, também está diretamente ligado às formas das galáxias.
No nosso mundinho insignificante diante do cosmos, e nossas rusgas babacas por causa da religião, a economia também se faz presente. É mais econômico o terror, porque ele necessita sempre de menos. Menos pessoas, menos treinamento, menos tecnologia, e tem impacto real e direto. O terrorismo produz o medo e o medo, no caso, o medo da morte, é uma das mais poderosas forças que podem afetar a capacidade de discernir das pessoas.
Não só do Homem. Por que existe o estouro da boiada? Porque os cardumes se movem em violentos e imprevisíveis deslocamentos? O medo da morte permeia o universo dos vivos.
Já dizia o ditado, padrão Tim Maia que “para morrer, basta estar vivo”. A questão da morte é tão central para a humanidade que até nos dez mandamentos está lá no sexto mandamento: “Não matarás”.
Apesar dos dez mandamentos serem a base da tradição cristã e também de religiões não cristãs, como o Assêret Hadibrot do judaísmo, onde a lei de não matar surge nas bases da Torá, apesar de tudo, muito se matou (e ainda se matará) em nome da religião. De todas elas. O que por si só, revela como o ser humano pode ser incoerente.
Mas hoje a coisa se banalizou de modo que lembra os mais vis espetáculos romanos, quando o prazer das multidões era ver as pessoas sangrarem até a morte no centro do coliseu.
Me espantei ao ver minha timeline no facebook abarrotada de pessoas praticamente comemorando a morte de um traficante na Indonésia.
As pessoas parecem ter perdido a noção de que não é certo comemorar uma morte. Uma morte, sobretudo de execução de um criminoso confesso, é uma falha. É o ato derradeiro de um longo teatro de erros cujos personagens mais importantes permanecem impunes.
Hoje minha timeline está repleta de notícias sobre o Brasil prometendo sanções econômicas à Indonésia em função da execução. Na verdade, penso que o Brasil quer se vingar pelo fato da nossa presidente despreparada e muito mal assessorada nos mais variados aspectos ter feito papel de trouxa (mais uma vez) diante do mundo. Acostumada a mandar, acostumada a dar esporros, acostumada ao asseclas e bajuladores, Dilma não gosta de ser contrariada.
E foi. E por tabela, foi alvo de esculachos diversos nessa panela de fodidos que se dividem entre os que a defendem e os que a atacam chamada Brasil.
As pessoas se condoem do fato de a autoridade máxima do Brasil ter tentado influir na decisão amparada legalmente pelo governo da Indonésia, a despeito do volume horrendo de mortes brutais diárias no Brasil. Os números não deixam dúvidas de que estamos no olho de um furacão sangrento:
No Mapa da Violência 2014, que compila dados de 2012 podemos ver que a coisa anda mal pro nosso lado. Ao todo, foram 56.337 mortes, o maior número desde 1980. O total supera o de vítimas no conflito da Chechênia, que durou de 1994 a 1996. A taxa de homicídios também alcançou o patamar mais elevado, com 29 casos por 100 mil habitantes.
Diante de tal cenário, a morte se tornou algo banalizado. Diariamente pessoas são mortas por motivos estúpidos, e já nem causa mais surpresa quando inocentes são mortos por despreparo policial que ainda atira primeiro e pergunta depois:
No Brasil se mata até por um prato de comida. Tenho amigos que dão aula para crianças que já mataram, não tem o menor remorso, e certamente um dia também estarão nas estatísticas da violência. Há crianças que vão para a escola pulando defuntos jogados pelas ruas, em grotões distantes que são terreno de desova. Gente que vê morto toda semana como jardineiros vêem flores.
Lembro de uma vez que executaram uma quadrilha de uns cinco perto da minha casa. “Um dos bandidos caído emborcado numa poça de sangue, tinha uma morte tatuada no braço” – me disse uma das testemunhas, um amigo meu que tem a casa bem diante da cena grotesca (que inclusive ficou com buracos de balas).
Uma significativa parcela dessas mortes está realmente na conta do narcotráfico. Sem meios para dispor das vias legais para controlar “o negócio”, já que tráfico está por gênese em condição ilegal, a “lei” do tráfico lança mão da barbárie, do terror, para impor sua “ordem” no caos que ela mesmo estimula. Vacilou, dançou. É pipoco. É cabeça decepada no campinho para todo mundo ver.
Os controles de áreas de compra e venda de drogas, as facções, as traições, os ajustes de contas, o grande volume de dinheiro que desperta a cobiça… Todas as variáveis do negócio de entorpecentes é repleto de violência.
Muitos acreditam erroneamente, que liberando geral o uso de drogas fará despencar a violência, acreditando em outra utopia cor de rosa que diz que o traficante sem ter emprego vai arrumar um serviço e virar cidadão de bem quando o Estado lhe tomar sua boca de fumo.
É claro e cristalino o fato de que acostumado ao dinheiro rápido, o bandido não vai largar sua profissão de bandido. Se tornará um assaltante, roubará casas, praticará sequestros, e tentará com as armas que lhe cabem (em sentido figurado e literal) manter seu negócio de traficar drogas, buscando drogas cada vez mais pesadas, e impondo sua banca à força em territórios dominados.
Essa guerra de facções onde todos os morros e favelas estão “dominados”, jamais vai acabar. Eu chego a rir quando vejo pessoas acreditando que máquinas de propaganda como as UPPs terão um efeito de acabar com o tráfico nas comunidades. É impossível, as facções e são dezenas delas, estão sempre em guerra. Cai um lider hoje, amanhã chega outro, seu pessoal passa fogo nos que estavam ali, e ocupam a área, até que outra facção tente tomar ou retomar o pedaço.
Matar traficante é uma coisa que acontece diariamente na guerra entre polícia e bandidos em plena zona urbana. Essa barbárie sem fim não tem efeito pratico além de encher o IML de defuntos, muitos deles sem nenhuma relação real com o problema das drogas como os que morrem de balas perdidas. Cada traficante que morre é rapidamente substituído numa fila infinita de moleques que tentam aquele caminho, seja porque é o caminho mais fácil na ótica dele, seja por uma questão social, para chamar a atenção das meninas com o poder que um armamento de guerra representa, seja porque aquele é o único caminho que lhe foi apresentado. Não tem solução mágica. Não tem sigla milagrosa que vai acabar com o problema.
O conflito armado urbano é só a ponta do iceberg. Quem está realmente por trás de tudo isso? São claro, pessoas poderosas, com muita afinidade com o poder. Não precisa nem ir muito longe, basta lembrar daquela estranha história de helicóptero de político repleto de drogas.
A Polícia Federal faz continuamente grandes apreensões de drogas (tirando proveito da guerra de facções, quando uma costuma “dedar” a outra, além de grandes e bem feitos programas de inteligência). Mas embora isso represente uma frustração financeira para os grandes cartéis, eles são ricos. Sabem desses riscos. Os cartéis são como investidores da Bolsa de Valores, sabem que estão sujeitos a perder grana, mas também quando ganham, o lucro cobre facilmente seus prejuízos eventuais. [wp_ad_camp_5] Acabar com todos os cartéis com os barões invisíveis que alimentam o afluxo de drogas é uma missão e tanto, eu diria semi-impossível. Atualmente, a droga que hoje atravessa a fronteira (sem policiamento por redução de custos) amanhã estará na bandeja de prata sendo servida como canapé cerebral nas festas badaladas daquele figurão da Globo que se eu falar o nome aqui vou ser processado até minha próxima encarnação.
Todo mundo sabe como funcionam esses “usos recreativos” da alta sociedade. O cara cheira até perder os dentes e depois vem com camisetinha branca desfilar na orla de Copacabana pedindo paz. Que linda essa hipocrisia.
Por outro lado, comemorar as mortes dessa guerra nos torna pessoas muito parecidas com as que vibravam nos tempos do coliseu. Com toda nossa evolução tecnológica ainda somos os mesmos sacos de merda que pediram a libertação do Barrabás em vez de clemência para Cristo? Sim, somos.
Note que não estou defendendo o tal do Marco Archer (curumim) o traficante brasileiro que tinha orgulho de dizer que era um profissional do tráfico, que NUNCA TINHA TRABALHADO EM NADA HONESTO sem ser no tráfico internacional na vida dele, e que o fazia sabendo dos riscos.
Vi muitas pessoas torcendo a história desse cara para ele parecer vítima. Mal assessorada, a Dilma certamente caiu nessa conversa fiada. Ontem ouvi na CBN uma professora de direito internacional da USP que também caiu na conversa fiada romântica de que Archer estava levando droga para o próprio uso, e que ia tentar vender para pagar uma conta médica e “limpar o nome”. Curumim não era um pobre coitado e dizia isso para quem quisesse ouvir. É dele a frase abaixo:
“Ora, em todo lugar do mundo existem leis para serem quebradas. Se eu fosse respeitar leis nunca teria vivido o que vivi”.
Após dizer isso, ainda desafiou o repórter: “Você não faria a mesma coisa pelos 3,5 milhões de dólares”?
Para Marco Archer, o dinheiro valia o risco: “A venda da droga em Bali iria me deixar bem de vida para sempre.”
Como sabemos, sua tentativa de ficar bem de vida resultou nele ficando bem sem vida. Esqueça o roteiro de Sessão da Tarde. O tal Curumim era um traficante contumaz. Sabia dos riscos e como se diz na bandidagem, a casa caiu. Perdeu playboy.
Justifica pedir clemência? Penso que sim. Matar uma pessoa é barbárie. Mesmo sendo uma lei, é uma lei que apóia a barbárie. O narcotráfico é uma coisa deletéria, que destrói vidas, arruina a sociedade. Isso é fato inquestionável. Mas o traficante não coloca a droga no nariz de ninguém. Ninguém é obrigado a consumir com arma na cabeça. A pessoa que faz isso o faz por motivação própria, de modo que não há a figura do traficante desvinculada da figura do consumidor e nem da do barão milionário encastelado na mansão que vive de exportar grandes quantidades para abastecer este mercadão repleto de dinheiro e sangue. Matar o traficante é o que faz o Bope, o Core e PM todo santo dia em excursões à áreas conflagradas dos morros cariocas. Resolve?
É enxugar gelo.
Desse ponto de vista, Marco Acher e sua vida de aventuras para ganhar dinheiro fácil (de um jeito que me parece burramente muito difícil), é mais desprezível do que qualquer outra coisa. Sua morte não muda porra nenhuma e é a mais pura das babaquices, a coroação do papel de palhaço querer sanções comerciais com a Indonésia, o que é – CLARO – uma conversa fiada para justificar a imposição de tributos, já que a balança comercial entre os dois países é prejudicial para o Brasil. Importamos de lá mais do que exportamos pra eles. Assim, Marco Archer, o insignificante traficante carioca está sendo usado mais uma vez, como foi em toda sua vida estúpida. Só que dessa vez pela política externa do Brasil, mais interessada no dindim e em pagar de machão pro mundo.
O que é pior mesmo em tudo isso é ver as pessoas querendo endeusar o presidente da Indonésia, por ser implacável com o tráfico e por isso, motivo de orgulho e “exemplo” para o Brasil. O povo, talvez por sua deficiência em Geografia da escola, ignora que a Indonésia é um país conhecido por ser conivente com outros delitos e por ter modestos índices de desenvolvimento humano, corrupção alta e desigualdade social. Se é exemplo de alguma coisa, o exemplo não é dos melhores.
Marco Archer até quando morreu estava sendo usado, como uma guimba de cigarro que não presta para nada. Sua execução na ilha de Nusa Kambangan, é, pelo menos na minha opinião, um simples ato de propaganda. Ela serviu apenas para confirmar o discurso do novo presidente, Joko Widodo, de que teria tolerância zero com o tráfico. Widodo, tomou posse em outubro de 2014, empunhando a bandeira da tolerância zero, apoiada por 70% da população. Ele precisava dar uma demonstração de sua bandeira. Archer, junto de outros cinco condenados pelo mesmo motivo, incluindo outro brasileiro, foi de bucha.
Por fim, os últimos a tirar proveito do bucha foram os jornais e Tv. Márcio Gomes, o jornalista da Globo que cobre o oriente foi preso e teve até os passaportes dele e da equipe apreendidos pelas autoridades da Indonésia, quando na tentativa de espetacularização da execução.
Como uma execução é algo que tem hora e local para acontecer, a mídia deitou e rolou, com notícias diárias dos “preparativos da execução”. É uma contagem regressiva e o povo, da sociedade da morte cultua essas coisas, e também é por este motivo que eu preferi esperar o desfecho da execução para me pronunciar. Eu não me sentiria confortável de ter a sensação de que estava ganhando audiência neste blog às custas da execução do desprezível Marco Archer. De todos os que tiraram proveito desse cara, está o governo da Indonésia.
O maior indício de que essas execuções tem caráter de propaganda é que a Indonésia aliviou a pena do radical Umar Patek, que elaborou explosivos utilizados em um atentado em Bali, em 2002, que matou mais de 200 pessoas, a maioria estrangeiros. Com graves problemas sociais e de corrupção, a Indonésia está bem longe de ser exemplo. O quarto país mais populoso do mundo, a Indonésia ocupa apenas o 108º lugar no último ranking de Desenvolvimento Humano divulgado pela ONU, atrás do Brasil, que está na 79ª posição (uma vergonha para nós).
O caso desse traficante é um caso lapidar de incoerência nos mais variados níveis. Não acho errado um país pedir clemência para um condenado à morte, mesmo para o mais desprezível dos traficantes de droga. Mas é estranho que o Brasil se manifeste tão claramente diante desse tipo de agressão ao direito à vida, e exima-se de se manifestar claramente com relação às penas de mortes dos seus aliados, como Cuba e Venezuela. Sem falar nos EUA, onde a pena de morte come solta.
As sociedades da morte tem seu entretenimento marcado por ela. Pegue qualquer filme de domingo à noite na Globo e conte as mortes.
– Ah, mas aquilo é filme, é ficção. Não é de verdade.
Concordo. Não é de verdade, felizmente. Aliás, é estupidez da grossa querer culpar filmes, livros, RPG e videogames pela violência. Não são as matrizes da violência e da morte, mas sim um reflexo claro de quanto ela permeia a sociedade. As mortes ali presentes surgem nesses filmes porque elas estão tão intrinsecamente ligadas a nossa sociedade brutalizada que é quase impossível ver um filme onde ninguém morre hoje em dia.
É… As coisas estão esquisitas.
O universo do que é verdade, mentira ou realidade caramelizada por ideologias é cada vez mais complexo. Veja que no mundo em que vivemos, a incoerência chega ao ponto de pessoas pedirem paz usando camisetas com a foto de Che Gevara, o líder revolucionário caramelizado pela ideologia, mas que a História não esconde o fato de que era um Facínora da pior qualidade.
Gevara gostava de matar pessoas inocentes e fuzilar gente na frente dos filhos ou das mães. vendido para as grandes massas como um símbolo da luta contra o imperialismo, ele era um covarde, que humilhava seus inimigos desarmados. No “Livro Negro do Comunismo”, Jose Vilasuso, um cubano que à época era promotor dos julgamentos comandados por Guevara, conta como fugiu horrorizado e enojado com o que presenciou. Ele estima que Che promulgou mais de 400 sentenças de morte apenas nos primeiros meses em que comandava a prisão de La Cabaña. Um padre basco chamado Iaki de Aspiazu, que sempre estava à mão para ouvir confissões e fazer a extrema unção, diz que Che pessoalmente ordenou 700 execuções por fuzilamento durante esse período. Já o jornalista cubano Luis Ortega, que conheceu Che ainda em 1954, escreveu em seu livro “Yo Soy El Che!” que o número real de pessoas que Guevara mandou fuzilar é de 1.892.
Apesar disso, o assassino virou ícone, ganhando força – suprema ironia – pelas mãos do capitalismo que ele ardorosamente combatia: A revista Time, o classificou honrosamente como uma das “100 Pessoas Mais Importantes do Século”. Não satisfeitos com tão incompleto louvor, também o colocaram na seção “Heróis e Ícones”, ao lado de Anne Frank, Andrei Sakharov, Rosa Parks e Madre Teresa.
No playgroud do meu prédio, os meninos de classe media alta de sete, oito e nove anos, correm entre os carros do estacionamento trocando tiros de arminhas que disparam projéteis de espuma.
Ao mesmo tempo, seus pais entram no condomínio acelerando os carrões, desesperados de medo dos bandidos armados com revólveres de verdade ali na frente. Quase uma dezena de vizinhos já teve o carro roubado à mão armada aqui na rua e uma amiga que também é da vizinhança desistiu de morar aqui porque qualquer um que vá visitá-la tem que parar o carro e abrir a mala para que um moleque esquálido de doze anos vestindo bermuda e chinelos segurando um walkie-talkie diga ao “comando” que o carro “tá limpo” e não ameaça a hegemonia do tráfico. E isso acontece em plena luz do dia, a menos de 200 metros do posto policial.
O mais impressionante é tudo isso se tornar corriqueiro. Enquanto escrevo essas linhas no último suspiro das férias, ouço gritos de “perdeu, perdeu” pela janela. São os meninos e suas arminhas de plastico, que vão “executar” um garoto que fugiu da prisão – a casinha de PVC no parquinho.
Cultuamos a morte, buscamo-na em todos os lugares e de todas as formas, mas quando ela finalmente se apresenta em toda sua glória cruel, brutal e sanguinolenta, nos horrorizamos, para logo depois comemoramos e pedimos que volte, com mais sangue, tripas e dor.
Somos a sociedade da morte. E criamos os nossos filhos para ela.
Não é bem o tema do post, mas este caso da execução de Archer mostra como o Brasil está passando de anão para inseto diplomático. O Marco Feliciano (sim, eu, como a maior parte dos brasileiros, acho esse cara um idiota, mas é preciso lhe fazer justiça no caso) vinha lutando pela clemência de Curumim há anos, para que ele fosse mandado para ser julgado aqui, sem sucesso. Quando ele deixou a Comissão de Direitos Humanos, o caso foi ARQUIVADO por seus sucessores no cargo. Agora me vem a presidanta (não tenho o mínimo respeito por esta mulher vil) dando uma de indignada….
Diego,
Isto para não citarmos que as mãos da Dilma estão longe de estarem limpas de sangue, este derramado pessoalmente e sem nenhum devido processo legal por detrás. Mortes cruentas e torturantes, lancinantes, de pessoas assassinadas na base da coronha de armas ou no uso de explosivos com os quais a nossa chefe de estado gentilmente abria carros-forte nos seus tempos de juventude.
Pois é, a tal “comissão da verdade” só serve pra um lado.
opa, podia citar umas fontes dessas afirmações? abrazz
Olá Moa, tudo bem?
Claro, com o maior prazer:
A princípio, o CISA (Centro de Segurança e Informação da Aeronáutica) divulgou, ainda em 13 de abril de 2011 (e após mais de 30 anos de sigilo) o manifesto intitulado “A Campanha de Propaganda Militar”, de autoria dos líderes do grupo guerrilheiro VAR-Palmares, do qual a presidente participou de forma ativa, determina o “justiçamento” de militares (ou seja, o assassinato de oficiais do EB e outras forças da Pátria) de forma covarde, vez que reconhecem no mesmo documento que não detém “nenhuma possibilidade” de enfrentar os militares nas cidades.
Com este intento bem presente no manifesto (pode pesquisar o nome do documento entre aspas, para ter acesso direito ao texto – de 5 páginas – divulgado pelo Arquivo Nacional em pesquisa do Google), não faltam exemplos das ações do bando, sendo que inclusive o Sr. Antonio Roberto Espinosa (ex-líder da VAR) declarou (Folha de São Paulo) que as ações, em especial a tentativa de sequestro de Delfim Neto, era coordenadas e arquitetadas por uma cúpula de 5 membros, dos quais fazia parte Dilma Vana Rousseff (posteriormente negado por esta – motivos mais do que óbvios).
Entre as ações dos guerrilheiros da VAR-Palmares, dentre eles Dilma Rousseff, os quais você pode encontrar digitando os nomes dos eventos e das pessoas envolvidas junto do nome “VAR-Palmares” no Google:
– Assassinato do Delegado Otávio Gonçalves Moreira Júnior (Rio);
– Assassinato do Policial Militar Manoel Silva Neto (Rio);
– Assassinato do Soldado sentinela Mario Kozel Filho, com uso de explosivos, que dilaceraram seu corpo arremessando pedaços a 400m de distância;
– Assassinato do capitão do exército americano Charles Chandler;
– Sequestro do cônsul-geral do Japão em São Paulo, Nobuo Okuchi;
– Sequestro do embaixador da República Federal da Alemanha no Brasil, Ehrenfried Anton Theodor Ludwig von Holleben;
– Sequestro do embaixador suíço no Brasil, Giovanni Enrico Bucher;
– Assassinato a golpes de coronha na cabeça do Tenente da Polícia Militar de São Paulo Alberto Mendes Júnior, depois que o mesmo se entregou como refém a um grupo de terroristas, em troca da vida dos soldados de seu pelotão;
– Assassinato do agente Cecildes Moreira de Faria;
– Assassinato do guarda civil José Antunes Ferreira;
– Assassinato do comerciante Manoel da Silva Dutra;
– Assassinato do major do Exército da Alemanha Ocidental Edward Ernest Tito Otto;
– Assalto ao Banco Aliança, com o assassinato de Cidelino Palmeiras do Nascimento;
– Assassinato do marinheiro inglês David Cuthberg a tiros;
– Assalto a carro forte da Transfort S/A, com o assassinato de José Amaral Vilella;
– Assalto armado à FPESP;
– Roubo à casa de Adhemar de Barros;
– Assalto ao Banco do Estado do Rio Grande do Sul;
– Assalto ao Banco do Brasil;
– Assalto ao supermercado do SESI;
– Assalto a 3 supermercados da rede Pão-de-Açúcar;
– Sequestro de avião da Cruzeiro do Sul;
Fica bem claro o motivo de a chefe de estado não se submeter à comissão da verdade, que em minha opinião é mero revanchismo destes criminosos e terroristas contra os militares.
Boa, Phillipe, chega de sangue e mortes. Vamos falar de flores, música e poesias e pinturas, né? É, mas nem tamto também, hehe!
A violência sempre foi extremamente banalizada na história humana, basta abrir um livro pra ver: nações sendo construídas à custa de sofrimento e morte, assassinos sendo cultuados como heróis, impunidade para os crimes dos “nobres” e “bem nascidos”, a classificação de seres humanos como “de bem” e “escória” e a ideia de quem pertencer a esse último grupo merecer morrer, governos ditatoriais pra quem vidas humanas eram apenas ativo financeiro-temos isso até hoje-enfim, banalização da violência não é e nem nunca foi exclusividade dos tempos modernos. Somos uma espécie extremamente destrutiva desde os nossos primórdios. E isso é triste.
Sinceramente o texto mais coerente que eu vi até agora em relação a violência, nós fugimos dela ao mesmo passo que corremos em direção à ela.
Ótimo texto! Gostaria de perguntar uma coisa, a foto dos meninos jogando futebol com uma cabeça é verdadeira? achei ela estranha, fui pesquisar e parece q é uma montagem. Mas isso não tira o crédito do teu texto! Parabéns!
Aquela foto não mostra um menino jogando bola com uma cabeça decepada. è uma foto sensacional, que parece mostrar isso mas graças a genialidade da fotógrafa que escolheu o ângulo certo. Dá pra ver a bola atrás da cabeça e o desfoque sutil das crianças em relação à cabeça decepada no primeiro plano. Na foto havia uma desova do trafico nos fundos dum campo de futebol. Enquanto esperava o IML buscar, as crianças impacientes começaram a jogar bola no campo com defunto e tudo. A fotografa do jornal se posicionou e fez a foto, que rodou o mundo. Mas é uma foto real, ele só não ta jogando bola com a cabeça do morto.
Philipe,
Uma pergunta, sem qualquer pretensão desleal: Para você, toda a vida possui igual valor?
è uma pergunta complexa, que não sei responder. A princípio eu diria que todos tem o mesmo direito á vida, inclusive aqueles que cometem as maiores barbaridades. Se pensarmos que a pena de morte livra o mundo do sujeito, aí acho válido, mas se pensar que a ideia de inferno e pagar pelos pecados é algo não provado cientificamente, a morte para este criminoso pode ser melhor que ficar preso sendo obrigado a trabalhar. O que eu não consigo conceber mesmo é alguém ficar preso sem fazer porra nenhuma, comendo e bebendo às custas do povo. Primeiro que eu acho que o estado não deveria tirar a vida das pessoas, já que a vida é da pessoa e não do estado e o estado não deve poder tirar alguma coisa se ele não tem a capacidade de devolver, até porque os criterios de julgamento do estado nunca são perfeitos. Em segundo lugar, o que poderia ser feito é estabelecer cotas de doação de sangue para todos os presos. É um contrassenso que pessoas morram por falta de sangue e presos em completa condição de saúde possam doar mas não o façam. Tem que rolar doação de sangue compulsória e doação de órgãos opcional com redução de pena. Só nisso, o preso que é um problema para a sociedade, começa a dar sua contribuição efetiva pra ela. Dessa forma penso que pena de morte é estupidez. O Estado pode fazer um uso melhor do preso. Não faz porque não quer.
Muito boa resposta, Philipe. Muitos pontos que você mencionou já ecoaram em minhas ideias nos idos das aulas de criminologia. Como os vários questionamentos feitos deixam claro, não é uma questão nada fácil definir o que é a repercussão do direito à vida frente à (justa) expectativa de que o sujeito delinquente não volte a causar danos a seus semelhantes na vida em sociedade.
Um dos juristas que mais me colocou ideias a maturar sobre o assunto é o alemão Günther Jakobs, com sua teoria intitulada “O Direito Penal do Inimigo” (vale ler a resenha, já que, tenho certeza, um tão bem redigido e fundamentado texto como este que publicou lhe custou algum tempo de pesquisa sobre o tema – o que por certo demonstra interesse). Segundo ele, os sujeitos que se desobrigam por completo da submissão às normas recíprocas que permitem o convívio pacífico em sociedade não podem ser presenteados com a mesma série de benefícios e garantias que servem aos cidadãos obedientes a estas normas. Trocando em miúdos, criminosos de carreira que desprezam a vida e os mais básicos direitos alheios não podem ser tratados com as mesmas garantias do cidadão que convive pacificamente em sociedade, mas que eventualmente delinquiu. Aquele criminoso de carreira é, na visão de Jakobs, o inimigo. Ele rejeita o contrato social e, portanto, não estabelece qualquer vínculo recíproco de garantias com a sociedade, pelo que esta a ele nada deve. Há aqui a diferenciação entre o criminoso eventual e o criminoso total, sendo que somente ao segundo se aplica a tese em questão.
Aí criamos uma situação perigosa do ponto de vista da moral e da ética judaico-cristã: estamos obrigatoriamente destituindo um ser humano de sua qualidade de igual, colocando-o em patamar de inferioridade quanto a suas garantias fundamentais. Isto torna o criminoso “inimigo” um objeto, sujeito aos interesses da sociedade, esta que é, antes de tudo, a personificação dos interesses da maioria. E aí a sociedade, ente autopoiético e autodeterminável por natureza, não encontraria em nenhuma cláusula de direito natural (pois isto não existe) objeções concretas pelas quais não possa eliminar o delinquente em função de seu objetivo maior: promover o bem estar e o convívio pacífico da maioria, dos obedientes às normas do contrato social. Neste viés, não seria punição, mas mera garantia do bem jurídico maior (bem estar, vida e paz da maioria) em detrimento do menor (a singular vida do criminoso “inimigo”, de total rejeição ao convívio social pacífico) quando estes passam a colidir, uma forma de preservação autônoma do ente social através de um mecanismo de ponderação de valores jurídicos que aplicamos cotidianamente em nosso direito.
Acho que isso coaduna com sua afirmação de que “a pena de morte livra o mundo do sujeito, aí acho válido”. Justifica-se plenamente, em minha opinião.
Quanto ao aspecto utilitarista (em favor da sociedade, sempre) que é destrinchado nas medidas por você sugeridas (trabalho do preso, doação de sangue e de órgãos, sempre na finalidade compensatória à sociedade), sou completamente endossante de seu discurso, mas há um problema: para que isso se mostre factível, necessário desamarras os mesmos nós que impedem a utilização das ideias de Jakobs em nosso controle do crime, os da idêntica valoração dos cidadãos e dos inimigos aos olhos da lei.
Só discordo neste ponto, quando diz que “o estado não deveria tirar a vida das pessoas, já que a vida é da pessoa e não do estado e o estado não deve poder tirar alguma coisa se ele não tem a capacidade de devolver, até porque os criterios de julgamento do estado nunca são perfeitos”. Atualmente tiramos uma coisa dos condenados, através do estado, e que não pode igualmente ser restituída: o tempo. E o tempo, assim como com o espaço, não se mostra indissociável do conceito de vida, especialmente no que diz respeito à quantificação dela. Tirar o tempo de alguém da forma como faz a pena não deixa de ser subtrair deste alguém a vida em si, apenas de forma fracionada.
Obrigado por sua resposta.
Realmente, não tinha pensado nesse lance do tempo. Bem pensando mesmo. NO entanto, podemos pensar também que o tempo é um fator inexoravel, que independe do estado, ele passará para o preso como passará para a sociedade toda.
Olá Philipe, quando li este trecho “Matar uma pessoa é barbárie. Mesmo sendo uma lei, é uma lei que apóia a barbárie.”, me lembrei imediatamente de algo que li em algum site Libertário sobre as leis da Indonésia.
O texto que li mostrava um fato histórico, que a Inglaterra importava seda, chá e porcelana da China, porém, os chineses não tinham interesse algum nos produtos britânicos, gerando déficit britanico com a china, ai então a Inglaterra pra passar a perna começou a contrabandear o Ópio que eles produziam na Índia para a China, fazendo a sociedade chinesa se ruir nas drogas, então o imperador da China mandou uma carta a rainha da Inglaterra e impôs leis rígidas contra drogas.
Posteriormente a Inglaterra entrou em guerra contra a China em decorrência das duras leis impostas pelo imperador Chines, alegando que eles não estavam mais de acordo com o livre comércio e veio então a Guerra do Ópio, e num momento posterior veio então a Segunda Guerra do Ópio (a China foi massacrada pelos ingleses e é extraordinário o fato de ela ser o que é hoje).
Passadas essas tragédias, os países ao redor foram extremamente afetados por essas guerras, um deles, a Indonésia, que era um dos portos nos quais os Ingleses aportavam seus navios para ir a China, e o povo de la também passou a consumir deliberadamente o Ópio, e como eu li na matéria, “As guerras passaram, mas o trauma ficou.”
Na china existem penas severíssimas para drogas, e na Indonésia, como sabemos, são condenados à morte….
Mas o brasileiro sabia deste risco, e quando adentrou na Indonésia com suas drogas aceitou totalmente correr o risco, ele não fez por necessidade, fez por opção.
Abraço Philipe, excelente matéria.
Curiosidade: em quem você votou, Dilma ou Aécio?
Na Dilma não voto nunca mais porque quem não cumpre as mais básicas promessas de campanha, não merece meu voto.
Perfeito texto! Parabéns Philipe, acompanho seu blog a bastante tempo e este texto é simplesmente sensacional! Profundo e Racional. Realmente os problemas sociais são muito mais complicados que as medidas maquiadoras que são tomadas, o pior é não enxergar uma mudança desses problemas tão cedo, infelizmente.
Acompanho seu site há bastante tempo e nunca havia me pronunciado… Até hoje. Foi seu melhor texto. Parabéns!
Identifiquei ali naquelas linhas muitas ideias que compartilhamos sobre este assunto que, resumidamente, invoca bastante incoerência e hipocrisia de nossa amada raça humana (aliás especialista nisso, não?)… Mas também vi outros assuntos que eu retocaria, mas diferentemente da maioria dos opinadores da internet não vou invocar gritos de escárnio, repúdio ou indignação contra você. Faz parte descordar, mas estou satisfeito pela maior parte em concordância. Estou grato por essa leitura. Obrigado por compartilhar conosco.
Texto foda!
Da primeira à última linha, infelizmente é a realidade.
Liguem a Skynet, por favor!
Brilhante como sempre, Philipe.
Não costumo me manifestar apesar de ler seus post’s diariamente. São ricos, racionais e permeados de uma humanidade tremenda. Parabéns.
Você traduz muito do que penso e expresso. É bom saber que não estou sozinho no universo.
Continue assim!
CURUZES!!!!
Em tempo: “não há nada tão ruim que não possa ficar pior”
Na fila que distribui senha para Marte.
Que adianta? Se vão outros humanos com você…
Nem a favor nem contra, no caso do traficante brasileiro, sabia do risco, foi julgado e condenado. Acho que o Brasil não deveria ter se envolvido. Se julgado no Brasil, infelizmente acredito que já estaria solto.
Quanto a morte, infelizmente é um chamariz …
Excelente texto. Li compulsivamente durante minha hora de almoço… parabéns!
Traficantes são a escória. É verdade que muitos entram nas drogas porque querem. Para um amigo da família foi diferente. Viciado aos 8 anos na escola. Ja sao 29 anos de internações, recaídas e agressões a mãe, viúva, e destruição da residência.
Fora essa parte concordo contigo. Para mim também não existiria pena de morte. Prisão perpétua, trabalho forçado não remunerado e assistência a eutanásia seria ideal, na minha opinião.
Philipe, só tenho que discordar uma coisa, a morte não está sendo banalizada, que eu saiba, no século passado por exemplo, a execução de presos por exemplo era quase que como um espetaculo. Aqui no brasil, em cidades do interior, que podem ser usadas para retratar os tempos mais antigos, andar com uma garrucha na cintura ainda é normal, e matar por uma simples discussão de bar ou uma gracinha feita contra filha ou esposa tambem é. Minha familia é de uma cidade assim, eu sei como é. Eu acho que ver pessoas pedidndo a morte de outras causa mais impacto hoje porque a ideia de direito fundamental a vida já é reforçada em nós desde pequenos na escola. Lembremos que o mundo passou a reforçar o ideal de direito a vida a pouco tempo, principalmente depois da 2 guerra e os horrores do holocausto.
Mas é o que eu digo no post. A morte é parte da sociedade desde sempre, ela era o ponto máximo das lutas no coliseu romano, era praticada em rituais pré-hispânicos na América muito antes de Cristo, para agradar deuses e trazer benefícios para o povo… A morte sempre esteve por aí com as mais diversas funções. O que há hoje é uma banalização completa da morte. Enquanto antigamente era comum que se limpasse a “honra” com sangue, hoje o cara assalta e do nada resolve matar o pobre assaltado, que nem reagiu. Quando perguntado por que, o bandido diz que apenas resolveu que ia matar. Não havia sequer um motivo. Enquanto no passado a execução dos presos funcionava como um aviso (do mesmo modo que pendurar os pedaços do Tiradentes pelo Brasil) hoje há a espetacularização da morte a serviço do prazer de quem consome (tipo os snuff videos) e para ganhar dinheiro, como os jornais pinga-sangue tornaram a morte em negócio. No México então, a coisa é pior ainda.
Hoje vejo que estamos vivendo uma CULTURA DE MORTE. Isso tem surgido desde os anos 60, e tem crescido cada vez mais.
É só vermos os programas de maior audiência – onde as reportagens são sempre sobre DESGRAÇAS.
É só vermos as bandas mais famosas – sempre cultuando a violência, o feio e a morte.
É só vermos as músicas mais tocadas de todos os tempos – são sempre músicas deprimentes, sujas ou que exaltam a morte.
É só vermos os noticiários – todos, seja na TV, na internet ou escrito: estão recheados de morte.
É só vermos os desenhos animados – quer algo mais violento que os desenhos infantis que passam diariamente nas TVs?
É só vermos as megaproduções – sempre mostrando morte em massa, e se possível das formas mais cruéis.
É só vermos o que essa revista Charlie Hebdo está fazendo – incentivando a violência.
É só olharmos os jogos de videogame de maior sucesso – violência pura, morte é tão comum e o feio é a regra.
Convenhamos: agredir o animal não o faz mais manso, só o ajuda a ser ainda mais violento.
Para onde se olha, a morte e o feio estão sendo exaltados de uma forma ou de outra. Sempe há um tópico que mostra o quão cruel e medonho o ser humano pode ser.
Hoje, ninguém mais se espanta com um corpo na rua, uma bala perdida ou uma criança abandonada, uma criança abortada cruelmente e jogada no lixo. Isso está tão presente em toda parte que virou algo normal, e nossa sensibilidade já se acostumou a tudo isso. É só mais um. A vida é assim mesmo.
Eu sei como vai ser o futuro e não preciso prever nada. Vamos voltar a Idade Média que, aliás, não existiam pessoas tão insensíveis como agora.
Rapaz, esses dias a qualidade dos posts tem ido de 100% pra 150% rapidinho… Duas belezuras dissertativas (essa e a da tosqueleza) que fazem gosto de ler.
Fico feliz que tenha gostado.
Philipe, esse é o texto que eu vou compartilhar em comemoração ao aniversário do blog. Parabéns pelo ótimo trabalho.
Valeu mesmo, Luan!
Perfeito, tudo que disse foi exato o RJ está disso para pior e por meios de contatos de autoridades sei que até mesmo a própria policia está dividida em meio a está corrupção lamentável desejo melhoras para este estado…
Mais um otimo texto que caracteriza o mundogump.
É o quinto mandamento.