domingo, dezembro 22, 2024

O Tripa de burro: A história mais estranha que ouvi ontem

Uma das coisas legais de ter um blog de coisas estranhas e curiosas como este aqui é que as pessoas ficam logo sabendo que curto contar e ouvir (principalmente ouvir) histórias estranhas, os famosos “causos”.

Ontem, ao visitar o Paulo, meu amigo e infância que está doente, tive brevemente com o sogro dele, que mora desde que nasceu no interior do Espírito Santo.

E papo vai, papo vem, ele me contou um caso que sempre o intrigou. O caso chama “tripa de burro”. Resolvi escrever o caso aqui, para que a memória mais tarde não me traia e eu acabe esquecendo do caso.

Tripa de Burro é uma pessoa. Apesar do apelido estranho, que ninguém sabe como surgiu, ele era um cara “gente boa”. Meu amigo não sabia o nome real do Tripa de Burro, já que todos o chamavam apenas pelo apelido. Esse meu amigo o conheceu na juventude, foi muito amigo do tripa de burro, oportunidade que teve de presenciar os mais diversos fenômenos, mas por alguma razão que nem ele sabe explicar, nunca teve coragem de confrontar o amigo sobre aquilo que parecia – e era – impossível.

O tripa de burro não tinha casa. Ele morava num toco de árvore. A história fica estranha de cara, pois alguém morando debaixo duma árvore parece bem estranho. O cara morava debaixo de uma árvore grande, que tinha aquelas raízes largonas, onde o Tripa de burro tampava com folhas de palmeira, fazendo assim um minúsculo espaço de sobrevivência. Ele se abrigava ali dos temporais, chuvas e era onde ele dormia à noite.

tripadeburrocapa

Certa vez, um fazendeiro local, compadecido pela situação precária do Tripa de burro, mandou erguer nos fundos da fazenda uma casinha de um quarto apenas para ele. Nessa época, o tripa de burro – que trabalhava colhendo café e vendendo madeira – já tinha por aí uns 60 anos. Nunca teve família e parece ter surgido do nada.

Mesmo com sua casinha, o tripa de burro morava nela umas duas vezes na semana. Nos demais dias, ele dormia no cafofo ao pé da árvore enorme de raízes gigantes.

Até aí, não há nada estranho na história. Ela só fica esquisita agora:  O tripa de burro nunca teve sequer uma enxada. Nunca teve machado, machadinha, facão, serrote, nada. Meu amigo foi muito próximo ao tripa de burro ao ponto de jurar de pé junto que o tripa jamais pegara numa enxada na vida, o que por si só já é estranho para um homem do campo. As ferramentas são o que nos tornam menos primitivos, mas o tripa de burro parecia ter aversão a elas.

Entre as estranhas “manias” do Tripa de burro, estava o de nunca- jamais – em hipótese alguma, andar numa estrada. Ele só andava pelo mato, sempre paralelo às cercas das fazendas. Ele jamais ia à cidade ou ao vilarejo, e vivia com os mantimentos, roupas de doações e etc que recebia dos amigos. Amigos tinha muitos, mas todos com a mesma característica, um certo temor daquele homem, que parecia mais ligado ao mundo das florestas e matas do que o das pessoas.

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Apesar de não usar ferramentas, o tripa de burro ganhava a vida vendendo madeira. Ele vivia solitário num cantão da fazenda onde quase ninguém ia, em parte porque muitas pessoas tinham medo dele. O tripa de burro não era um homem assustador, mas aos poucos as histórias sobre ele começaram a se espalhar. E elas tinham motivos para estranhar aquele homem, vivendo quase como um indivíduo pré-histórico, e que embora sozinho, escolhia e derrubava árvores enormes, ninguém sabe como…  Ninguém nunca teve coragem de perguntar.

Sem machado, sem serra sem nada. As grossas toras de madeira eram carregadas nas costas, já cortadas, sem marcas de serram serrote, nada. Cortes limpos e precisos, como cortados a laser. O Tripa de burro vendia barato os grossos troncos de jacarandá, e diversas outras madeiras de lei, super pesadas, super densas… Sempre cortadas na altura de um homem, mas sem marcas de ferramentas.

NOTA DO PHILIPE: (Nessa época não havia nenhuma consciência ambiental. Para o povo daquele tempo, as árvores estavam na Terra para serem derrubadas e deviam ser, para plantar café, criar gado e fazer carvão, bem como os animais selvagens deviam ser mortos pelo simples motivo de existirem.) 

Além disso, quando responsável por uma rua de café ( os cafezais se dividem em “ruas” como um cemitério) onde a pessoa que é responsável pela colheita tem um certo numero de ruas para colher. Apenas a rua do Tripa de burro não tinha mato. Era limpa. Não havia sequer uma erva daninha ou qualquer outra coisa que “sujasse” sua rua de café. Ninguém entendia aquilo, mas ninguém também perguntava qual era o segredo, já que ele não tinha enxada. O tripa de burro também colhia café numa velocidade fenomenal. E aqui vai a parte mais estranha de todas. Meu amigo falou que varias vezes precisou ir até o Tripa de Burro para dar um recado, e quando estava se aproximando, via o tripa falando com varias pessoas. Ele ouvia o amigo conversando e ouvia as pessoas respondendo, mas quando ia chegando mais e mais perto, as vozes sumiam e só estava o tripa de burro, sozinho no mato.

Meu amigo sempre achou estranho que o tripa conseguia conversar com pessoas invisíveis. E ele tinha certeza disso, porque ouvia as pessoas claramente respondendo. Esse fenômeno se repetiu diversas vezes, principalmente nos arredores da casinha do tripa de burro. Ouvia-se as vozes, que segundo ele eram de umas vinte pessoas, mais a voz do tripa, só que ao chegar perto elas sumiam e só restava ele, quietão, vagando ou parado, de braços cruzados no meio do mato.

Tornei a pressionar, perguntando: – Mas você ouvia as pessoas? 

Ele jurou de pé junto que ouvia sim, e que eles falavam com o Tripa direto, mas era impossível de entender o que estavam dizendo. Ele identificava as vozes, mas não sabia o que estavam falando.

Fiquei pensando se talvez o tripa não fosse louco, alguém que falava sozinho e ele mesmo respondia com diversas vozes (já vi isso acontecer) incorporando diferentes personagens, algo que seria viável para aplacar a solidão de quem mora na floresta. Mas essa ideia não poderia explicar como alguém com aversão a ferramentas derruba um jacarandá centenário, parte em pedaços e leva para vender na fazenda. O próprio tamanho da tora descrita me parece inviável para um homem, ainda mais idoso levar nas costas, por quilômetros da mata até a sede da fazenda.

Também não faço ideia de como esse sujeito conseguia manter uma área tão grande sem ervas daninhas, mato ou grama. Meu amigo dizia que ao redor do pequeno casebre, não havia nenhuma erva daninha em muitos e muitos metros ao redor e isso lhe causava grande admiração.

Perguntei se ele estava vivo, já que seria uma delícia me aventurar pelo interior do Espírito Santo em busca de encontrar esse homem, mas meu amigo disse que o tripa havia morrido. Ele sumiu. Ficou desaparecido por muito tempo, e o povo não ligou, porque era normal ele sumir e depois surgir com os troncos de madeira de lei para vender. Só que ele jamais voltou. Posteriormente, seu corpo foi encontrado, nos pés do jacarandá centenário onde ele morava, seco.

Estava seco como uma múmia, coberto de baratas. Segundo meu amigo, nem enterraram, largaram pra lá e “a terra o comeu”.

O mistério do Tripa de burro, que ninguém sabe de onde surgiu, e nem como conseguia seus feitos desapareceu para sempre.

A história do Tripa de burro me lembrou uma outra que ouvi de outro amigo, sobre um eremita com poderes sobre-humanos, mas essa vou contar em outro post.

Antes que me perguntem, não inventei isso, não é conto. O Tripa de Burro existiu mesmo e meu amigo realmente conheceu ele. 

 

Se você curtiu este caso, não deixe de ver o do homem que lutou com um lobisomem e sobreviveu para me contar. 

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Philipe Kling David, autor de mais de 30 livros, é editor do Mundo Gump, um blog que explora o extraordinário e o curioso. Formado em Psicologia, ele combina escrita criativa, pesquisa rigorosa e uma curiosidade insaciável para oferecer histórias fascinantes. Especialista na interseção entre ciência, cultura e o desconhecido, Philipe é palestrante em blogs, WordPress e tecnologia, além de colaborador de revistas como UFO, Ovni Pesquisa e Digital Designer. Seu compromisso com a qualidade torna o Mundo Gump uma referência em conteúdo autêntico e intrigante.

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Comentários

  1. Que história incrível essa, né? Fico pensando como seria se possuísimos algum tipo de poder exepcional. Provavelmente, ambiciosos que somos, tiraríamos um proveito fabuloso, de engrandecimento em todos os aspectos né? Esse seria a atidude mais lógica, do comportamento humano!
    Nese caso, em questão já pensaríamos que esse camarada era um “ET” e ponto fianl. Mistéééééériooooo!

  2. Tenho um caso também, vivido por mim mesmo, que me arrepiou até o último fio de cabelo e que até hoje não sei a explicação. Em janeiro de 2009 (ou 2010, não tenho certeza), eu e uns amigos alugamos um apê em Ubatuba, bem naquela época em que houve várias quedas de barreiras nas estradas daquela região entre Angra dos Reis e o litoral norte de SP, que até morreu gente e tal. Certo dia, pegamos o carro pra conhecer algumas praias mais para o norte e, no caminho, vários trechos da estradas estavam bloqueados por causa dos desbarrancamentos dos dias anteriores, tinha muita lama e pedras. Passamos por Trindade e fomos até Parati, que estava totalmente imunda e fedida por causa da lama, então resolvemos voltar até Trindade pra conhecer a praia e passar o dia por lá. Não sei se você já foi lá, mas pra chegar até a praia de Trindade, você precisa usar uma estradinha entre a praia e a estrada principal onde grande parte dela é de terra. A praia é muito bonita, tem umas pedras imensas na areia, onde se pode subir pra ver o mar, a única coisa que estraga é a quantidade enorme de bichos grilo que ficam acampados por lá, mas fora isso a praia é bem legal e ficamos lá até de tardezinha quando o sol começou a baixar. É aí que as coisas ficaram estranhas. Começou a chover forte e pegamos o carro pra voltar pela estradinha, e todo mundo que estava na praia fez o mesmo, o que fez com que formasse um transito monstruoso na estradinha de terra que mal tinha largura pra passar dois carros. O trânsito foi se movendo devagar até que parou completamente quando chegamos numa ladeira muito ingrime. A essa altura a estradinha já tava uma lama pura e quando não havia mais sinal de que não fosse mais andar, a galera dos carros começou a sair pra ver o que tinha acontecido, alguns colocando pedras atrás das rodas dos carros pra escorar, porque a lama era muito escorregadia e a ladeira bem alta. Ficou meio que um climinha de festa, a galera conversando, os sons dos carros ligados, etc. Eu e um amigo resolvemos subir a pé a ladeirona pra ver o que estava causando o congestionamento lá em cima e a uns 100 metros do fim da ladeira eu encontrei o motivo: Um caminhão baú enorme, que não sei o que estava fazendo lá e nem como entrou naquela porra de estradinha, aparentemente estava carregando peso demais e ficou sem tração pra subir a ladeira até o final, ainda mais com a lama. NÃO TINHA COMO AQUELE CAMINHÃO SAIR DALI POR CONTA PRÓPRIA, ERA IMPOSSÍVEL! Vi o motorista do caminhão fora dele meio cabisbaixo conversando com um motociclista de capacete com uma aparência de: PQP como vou sair daqui?! e mais algumas pessoas dos carros tentando escorar o caminhão com pedras pra ele não descer e fazer um strike em todos os carros. Daí descemos a ladeira de novo pra avisar os outros amigos sobre o que tava acontecendo, e que pelo visto ia demorar muito pra resolver a situação, pelo visto teríamos até que acampar por ali até que viesse algum guincho resgatar o caminhão, e isso se parasse de chover e a pista secasse. E então, como que por um milagre, uns 5 minutos depois que desci o transito começou a andar novamente!!!! As galera meio com cara de assustada foi entrando nos carros e seguindo viagem, não havia mais nenhum sinal do caminhão, e nisso voltamos até Ubatuba. Não entendi porra nenhuma, era impossível aquele caminhão sair dali. Depois esquecemos um pouco da história e fomos até a casa de um parente de um dos nossos amigos, que morava lá em Ubatuba mesmo, em um sitio no meio do mato, fomos pegar água na casa dele pq no apê que alugamos estava em falta. Era um tiozinho que chamava Souto. Daí papo vai papo vem, contamos da nossa “aventura” em Trindade e de como achamos estranho aquela parada do caminhão. Quando o Souto ouviu isso na hora ele perguntou:
    – Era um caminhão baú branco?
    Dissemos que sim, e aí ele perguntou assim:
    – E o motorista tava usando um uniforme azul e tava conversando com um motoqueiro de capacete?
    Dissemos que sim de novo, eu já tava ficando com cagaço. Não tinha como ele saber daquilo. E aí ele falou o seguinte:
    – De tempo em tempo tem gente que diz que vê esse caminhão, dizem que ele perdeu o controle do caminhão na estradinha para Trindade, atropelou um motoqueiro e os dois morreram, se vocês repararem tem duas cruzes de madeira na beira dessa estrada. E vira e mexe tem gente, igual a vocês, que dizem que viram esse caminhão atolado na pista, o motorista dele conversando com um motoqueiro, e do nada ele desaparece.
    Cara, eu não sou de acreditar em espíritos, mas na hora que ele contou essa história descrevendo certinho o caminhão, caminhoneiro e motoqueiro exatamente do jeito que EU VI PESSOALMENTE, me deu um gelo na espinha e eu quase caguei nas calças. Nunca mais quis voltar pra Trindade depois disso. E assim como você disse no caso do Tripa de burro, isso realmente aconteceu, eu vi e testemunhei tudo pessoalmente!

    • Eu tive lá em trindade dia 20 de janeiro do ano passado, já tinham asfaltado a estradinha. Sabe que no dia que vc conta aí, eu tb estava nessa estrada, eu tava em ilha grande quando previ que daria aquela desgraça. Foi uma intuição foda de que algo ia dar merda firme. Fugi de lá com a Nivea no primeiro barco e quase fomos esmagados por pedras gigantes na estrada.
      Quando passei nessa estradinha no ano passado, eu vi um caminhão baú capotado lá. Perdeu a direção e entrou mata adentro. Aquela estrada é uma loucura, íngreme pra caralho. Aqui no blog tem um post com fotos noturnas da praia que vc falou.

      • Pode ter sido o caminhão fantasma também heheheh Putz aquelas quedas de barreiras foram tensas mesmo, tava dando muito medo de andar por aquela estrada e cair tudo em cima da gente!

  3. Será que não existe nenhuma foto desse Tripa de Burro? Se ele era uma figura conhecida na região onde viveu no ES, alguém deve ter tido a ousadia alguma vez…

  4. Philipe Kling David, acho que o melhor a se fazer é ir até o lugar e colher depoimentos de quem conviveu com ele (se ainda resta alguém vivo). Imagina aí, tu podes até escrever um livro sobre esse cara.

  5. Nao muito a ver com isso, mas numa associacao livre:

    Fiz um curso de primeiros socorros da Cruz Vermelha. Qdo na parte de queimaduras, um colega perguntou ao instrutor o que ele achava dos coupeurs de feu (cortadores de fogo; uma especie de benzedeiros que curam queimaduras).

    O instrutor contou que extra-oficialmente alguns hospitais de Paris chamam essas pessoas quando o caso é muito grave.

    Era a deixa pra entrarmos nessas historias! Aí o instrutor contou que no Camarao, sua terra natal, ele presenciou um fato quase magico: durante um amistoso entre vilarejos, promovido pela Cruz Vermelha, lá pelas tantas um cara teve uma perna quebrada (segundo o instrutor quase com fratura exposta). Chamaram um curandeiro local. O cara pegou um galho de arvore, disse algumas palavras ou frases com o galho sobre a perna do cara, depois quebrou o galho e o cara saiu andando!
    Segundo meu instrutor, ele disse q se nao tivesse visto, nao acreditaria…

    ——–

    Vi uma reportagem aqui onde mostrava que muitas pessoas no interior fazem uso de sourciers (pessoas que conseguem saber onde tem agua subterranea com uma forquilha ou pendulo). Na reportagem fizeram um teste, um sourcier conseguiu descobrir nao só onde havia agua, mas a que profundidase estava (colocaram as maquinas pra perfurar e nao deu outra!). Mais incrivel, alguns conseguem descobrir tendo somente o mapa da propriedade!!!! Interessante que parece ser uma capacidade masculina, e passa de pai para filho, mas nao todos os filhos.

    ——-

    1990. Entrei pra faculdade de psicologia e um dos meus professores estava lecionando seu ultimo semestre porque, segundo ele, a psicologia freudiana nao fazia mais sentido pra ele (a tempo: adoro e defendo a psicanalise).
    Bom, entao ele estava nesse momento existencial importante, e nos contou varias coisas que viu e que lhe impressionaram (nao só misterios, mas o que nos interessa aqui:)

    Qdo jovem, fez parte do Projeto Rondon; numa cidadezinha perdida (no Amazonas se nao me engano), eles estavam na frente de um bar quando chegou um cara com uma vaca tomada por bernes. Chamaram um cara, que estava no bar, uma especie de benzedeiro que, bebado, comecou a rezar ao redor da vaca. Meu professor disse que ficaram muito tempo, sem esperar nada daquilo, quando os bernes começaram, um a um, a cair da vaca.

    Essas historias me impressionam porque nao se pode falar em sugestao (no caso da vaca) , nem de alguma sensibilidade do tipo fisico (no caso do sourcier que encontra agua atraves de um mapa.

      • Cara! Meu pai faz isso direto pra se exibir e eu sempre achei que fosse normal, moro numa cidade do interior e presenciei varios vizinhos interessados em abrir poços virem até ele para fazer isso de achar água, e eu acreditava que tinha algum truque, sei lá, que o meu pai nunca contou alegando que é so pegar uma forquilha de pessegueiro, de preferência, “puxar assim”, fazer “sei lá o que” e pronto.
        Acho que ele, assim como eu (até ler teu comentário) faz ideia da bizarrice que envolve tal atividade… Puxa!!!! Da proxima vez em que ele vier do sítio com certeza vou perguntar, pois já nem lembrava mais disso.

  6. Ah! Tem um conto do Mia Couto (escritor moçambicano) que fala sobre um outsider rural que morava num tronco de arvore.

    —–

    Agora que convivo mais com africanos é que tenho a dimensao do qto a cultura brasileira esta impregnada da cultura africana. Todo esse fascinio pelo magico, essa abertura de espirito pro misterio “caseiro” e nao institucional, das grandes religioes, é muito africano.

  7. Minha família por parte de mãe é descendente de cangaceiros, parentes de um dos chefes de lampião conhecido localmente como “toinho das mortes” (nada haver com o do filme de Glauber Rocha), lá pelas bandas de Sergipe.
    Certa vez, ela e minha avó foram visitar um “chegado” da família, muito conhecido na região e recluso, tipo o Tripa de Burro. Vivia isolado, mas era muito respeitado e os cangaceiros, sempre que passavam pela região, iam pedir sua benção. Chegando lá no casebre dele, não havia ninguém, só um toco de árvore. Num piscar de olhos…lá estava ele no ligar do toco. O cara virava toco de árvore! Por isso ele só era encontrado por quem ele quisesse. Como se não bastasse, durante a conversa este senhor mandou um garoto, que morava com ele e estava presente na ocasião, ir brincar do lado de fora da casa. O garoto simplesmente virou um porquinho e saiu correndo….! Parece mentira, mas não é. Fato presenciado pela minha mãe e minha avó que, por sinal, nasceu em 1909, na Paraíba.

  8. Saber com certeza “o que” pode ter sido este Tripa de Burro acho que ninguém saberá. Mas hipóteses podem ser levantadas. A minha: era um ser híbrido, com genes humanos e de alguma outra raça do universo; dizem que “eles” andam fazendo essas experiências por aí já há algum tempo com diferentes propósitos.

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