O velho desgraçado

Hoje eu já tava voltando puto pra casa porque os caras lá da divisão de informática estão mexendo no server e fiquei sem poder mexer no MG o dia todo. Aí fui atravessar a rua e um ônibus deu um freiadão bem em cima de mim. Eu odeio esses motoristas insignificantes que se acham fodões porque pilotam uma merda dum troço enorme cheio de infeliz dentro. O cara ficou ali parado com cara de bunda acelerando aquela joça. O sinal estava vermelho pra ele. Mas sabe como é. Parece que ele acha que é uma afronta um reles pedestre atravessar a rua na frente dele. Mesmo que ele seja obrigado a ficar ali.

Então eu continuei o meu caminho chingando mentalmente aquele zé ruela de tudo que é nome. Quando eu vou chegando na barca, um chato vem me vender caneta. Uma coisa que tá sobrando no Rio é maluco dando papelzinho. Depois disso vem os chatos que pedem licença para falar com você. Falar o caramba, porque o cara dispara uma saraivada de palavras que se agrupam numa espécie de chiado incompreensível onde ele estende uma caneta com um folheto de alguma coisa do tipo “Tenho Aids, sou surdo, estou desempregado, sou ex-viciado, vá ao teatro”. Em geral, quando estou de bom humor eu falo alguma coisa em inglês e faço cara de paisagem. Costuma funcionar. Com os chatos do papelzinho eu digo que não sei ler.

Aliás, o lance do maluquinho que dá papelzinho é um saco também. Um dia eu vinha voltando sozinho do almoço num calor sufocante de 40 graus e um sujeito com cara de marginal me estendeu o papel e falou: “Só tem apertadinha”.

Daí eu me toquei que o papelzinho não era o classico “compro ouro” ou “Cigana mãe Fulana de Ogum” era um anúncio de puteiro. ZBM da pior qualidade. Eu devolvi o papelzinho e falei:

– “Ih, não vai dar, cara. Eu não tenho pau.” – E fiquei sério olhando pra ele.

O cara ficou meio sem graça. Não sabia se ria ou não. Aí viu que eu tava sério e todo constrangido, falou: – Pô, foi mal aí.

Tudo bem. Eu tô acostumado. – Disse indo embora com um olhar meio triste.

Depois, eu comecei a rir enquanto já estava longe. Nunca mais ele me deu o papel das “apertadinhas”. Mas em compensação, de vez em quando, nos dias que eu vou comer no Chan-Chan (o apelido do pé sujo que vende Yakisoba perto do meu trabalho) o sujeito tá lá olhando pra mim com uma cara de piedade e eupreciso conter a minha mente que pode ler a dele: “Coitado do garoto… Não tem pau.” “Lá vai o Eunuco”….

Realmente, deve ser uma merda não ter pau.

Mas voltando ao caso, eu estava na barca e parei para tomar um guaraná natural ali naquela lanchonete de dentro da estação da praça 15. Eu peguei meu guaraná e ia tomando calmamente quando uma porra dum velho desgraçado veio correndo esbaforido e me acertou uma barrigada no meu copo. Eu usei todo o meu poder paranormal e ainda peguei um pouico do Ki emprestado de um chinês que passava ali perto para tentar conter a onda que se projetou como um dragão negro de guaraná natural ali do meu copo.

Mas não deu. Meio copo de guaraná caiu no chão. O caro guaraná natural que havia me custado um real e iria matar a minha sede estava agora espalhado numa bela poça no chão da barca.

Eu me preparei para falar um singelo “Tudo bem” para o velho que naturalmente iria me pedir desculpas, mas qual não foi minha surpresa ao ver que o coroa estava com cara de bunda pra mim. Meu Deus, eu pareço até um proctologista! Meio mundo com cara de bunda pra mim hoje!

O velho ficou olhando com a maior cara feia. Eu segurando o copo com 1/4 de refresco fiquei meio sem ação. Pensei em eu pedir desculpas. Mas calmaí… Eu estava tranquilo, na minha. parado. O velho me atropelou. Ele veio por trás e quem bate na trazeira é sempre o culpado. Tudo bem que não foi na trazeira, mas sim no meu copo caro de guaraná natural. E naquele meio segundo que antecedeu a ação eu pensei em falar pro velho:

1- O prazer foi meu.

2- Agora vai lamber! Anda, lambe!!!! (apontando pra poça)

3- Véio viadinho. Tá com cara de bunda mal lavada é? Vem pra dentro!

4- Por obséquio, vossa senhoria não poderia ser menos DESASTRADO? HEIN SEU PUTO?

5- Se eu mostrar o ferro o senhor vai pedir desculpa. Então pode começar.

6- O último que derrubou meu suco e – levou porrada até pedir penico – foi o Chuck Norris!

Mas eu não falei nada. Fiquei ali só encarando o velho. Ele me deu as costas e correu para as barcas. Eu tentei mandar o meu poder de derrubar-velhos-metidos-a-besta, pra ver se ele caía entre a barca e a ponte, e ficasse esmagado ali, derramando todos os intestinos na água. Aí então, eu viria correndo e daria um senhor tiro de meta naquela cabeça careca, mandando os óculos e a dentadura pararem lá no meio da pista do Santos Dumont. Mas meu poder mental não funcionou. O velho entrou na barca e felizmente eu nunca mais vi aquela cara de bunda outra vez.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

  1. Oi Philipe!
    Cara, hoje por pouco que não aconteceu mais uma história pra vc pôr no mundo gump ou por pouco eu nao pago o maior mico da minha vida (apesar de agora estar arrependida de nao ter feito!)
    Bom, eu leio seu blog ha um ano mais ou menos e indiquei ele pro meu namorado. É tipo leitura diária, sempre mando posts pra amigos e etc, gosto MUITO mesmo daqui. Meu namorado tbm viciou e já até comentou aqui várias vezes (o nome dele é thiago)!
    Bem, acontece que hoje eu estava indo pro meu curso mais ou menos 18h da tarde, no ingá indo pegar o ônibus e vejo um cara IGUAL você, se não era você né. tava sozinho andando. eu já vi fotos suas aqui e já li que vc era de niterói, mas hoje em dia não sei se vc ainda mora aqui ou se se mudou. na hora eu gelei um pouco e “caralho!! é O cara do Mundo Gump! ai meu deus falo com ele ou nao falo?! e se nao for o cara?” me achei meio louca na hora por quase falar com uma pessoa que nunca vi na vida mas que mesmo assim acompanho o blog ha bastante tempo entao acabei desistindo e fui embora. Olha não sei se era você ou não, por isso deixo a pergunta: vc ainda mora em nikiti? se sim, esteve pelo ingá hoje?! pq se era vc mesmo, poxa… perdi uma chance única hein e podia ter rendido um bom post. Senão, vc já pode escrever sobre pessoas loucas que acham que te vêm na rua uahsuahsuahsuahshauh
    bom é isso!
    parabéns pelo blog viu?!
    eu e meu namorado simplesmente adoramos!

    Mariana

  2. Pronto, agora ja desabafou e ta mais leve… tomara que o gordo que fez isso leia teu blog… ou ele vai rir muito ou vai vai rir muito.

  3. [quote comment=””]Pronto, agora ja desabafou e ta mais leve… tomara que o gordo que fez isso leia teu blog… ou ele vai rir muito ou vai vai rir muito.[/quote]

    Porra, Philipe, nem sei por onde começo a comentar..
    Minha esposa é a rainha de mandar reclamações para o SAC dessa josta que é a Barcas S.A., pelos N motivos, que você que é usuário também deve conhecer muito bem. Além disso, me regozijo ao lembrar que não mais preciso pegar as barcas, mas encaro a dura realidade de lojista no ALCÂNTARA…
    Para isso peço um minuto de silêncio…
    Cara, as vezes entram umas criaturas tão mal educadas, que dá raiva… mas isso não é exclusivo ao Alcântara não… tenho amigos lojistas aqui em Niterói, melhor, Icaraí, que transformam quase que a maioria dos mal educados do Alcântara, em gentis senhoras educadas, para ter noção, educação, na verdade, é só um termo, o pior meu caro, é o que acho, ser o termo ideal, a total falta de senso de civilidade, de respeito, por assim dizer, a pessoa pode até ter educação, mas não tem respeito para com o próximo, que está ali parado, pensando em sua vida sem pênis… hehehehe, não resisti, é quando um velho idiota, acha que sua calva e barriga volumosa justifica seu erro. Assim como a barcas S.A. Justifica o seu mal serviço, usando de melhorias que foi obrigada a fazer por contratar o serviço, e até hoje não cumpriu um terço do que prometeu!

  4. Não é só com você , Philipe, que aparece uns chatos, vou contar três casos que aconteceu comigo :
    Quando eu estava fazendo faculdade , sentou um crente do meu lado no ônibus, eu estava voltando da casa de uma tia minha, e de repente o bicho começou a pregar a palavra do Senhor para mim, oras se eu tivesse interesse iria à uma igreja, e para não haver atrito entre a minha opinião e a dele eu simplesmente concordava com tudo que o indivíduo falava e ainda completava com amén e aleluia e o pior é que o cara não se tocava que estava me incomodando e para completar desceu no ponto final assim como eu também desci, ainda bem que foi a primeira e a última vez que me aconteceu um negócio desses , pois acho que é cada um na sua .
    Depois, já formado, bateram aqui em casa os tais de Testemunhas de Jeová e para acabar com a encheção de saco perguntei à eles o seguinte : O que foi que o tal de Jeová fez de tão grave que ele precisa de tanta testemunha ? , sumiram de lá e nunca mais apareceram , porque será ?
    O outro caso foi de um grupo de falsas ciganas que tocaram a campanhia aqui de casa , atendi a porta e elas me perguntaram se eu não queria que lessem a minha mão, respondi o seguinte : A senhora não está vendo escrito na minha testa ” Desempregado e fudido ” , foram embora sem nada falar , porque será ?
    Isso sem falar dos inúmeros telefonemas, que acho que todos recebem, empurrando algum produto, serviço, empréstimo ou cartão que você não solicitou, para esses apenas digo : não obrigado e desligo . Concluo que para pessoas chatas você deve aprender a dizer não, senão você está perdido !

  5. o comentário acima me lembrou da vez q um kra na sala d embarque d um vôo q eu ia fazer pra vitória tentou me empurrar uma assinatura d uma revista qualker. Eu deixei o kra falando por uns cinco minutos, com cara d interessado, e depois dele jogar akele verde td do tipo “vc q é um rapaz inteligente…”. Ele já devia estar td feliz com a venda garantida quando me perguntou: “vc tem cartão de crédito?”. Respondi inocentemente: “não…”, na hora ele tentou segurar a cara de bunda e tentou desconversar dizendo:”vc tem q arranjar um cartão, o jovem moderno sem cartão blá blá blá”.

  6. [quote comment=””]Um dia de fúria parceiro?
    HuehueheuhuEHuehue[/quote]
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    hoje minha sexta já começou bem, infelizmente começou bem graças à sua desgraçada ..rsrs

    seu blog está cada vez melhor, parabéns.

  7. [quote post=”1725″]Olha não sei se era você ou não, por isso deixo a pergunta: vc ainda mora em nikiti? se sim, esteve pelo ingá hoje?![/quote]

    Provavelmente era eu mesmo. Eu moro no Ingá.
    Mas cuidado, porque meu sósia está por aí tb.
    Quando me encontrar, fale a palavra mágica “Run Forrest” e ganhe uma camiseta do MG!

    Tô brincando. Essa promo não existe.

  8. Caramba, já passei por algo muito semelhante, só que foi suco de caju, mas foi na barca e foi um velho…. será que temos algum tipo de velho tarado por derrubar líquidos dos copos alheios na barca??? Ein ein ein? Seria tipo um “sufocador de piranhas” que não pode ver um copo cheio???

    =]

  9. heheheheeh

    me diverti muito lendo isso, parabéns, o dia foi ruim mas pelo menos vc pôde divertir outras pessoas com isso suhauhsahusauhsa

    ah mas confesso que só começei a ler pa a palavra MG me chamou a atenção rsrs

    vou visitar mais o site, gostei bastante!

    abraço

  10. [quote comment=””]Porra devia ter jogado o resto do guaraná nas costas do velho quando ele tivesse indo embora.
    Já que era pra perder o guaraná que pelo menos dividisse o preju
    Vai ver o velho ganha um trocado do dona da banquinha de guaraná natural.[/quote]

  11. Poxa, mendigo é foda!
    Aqui onde eu trabalho Porto Alegre/RS tem sempre um pra pedir qualquer coisa. Ou é comida, ou é dinheiro ou cigarro!
    caramba!

  12. [quote comment=”38839″]ooooww philipe, me desculpa a ignorância, mas BARCA?? oq seria? um tipo de barraquinha, ônibus, sei lah…
    :/ O_o :P[/quote]

    Tiza, eu trabalho Rio de Janeiro, que fica de um lado da Baía da Guanabara e moro em Niterói, que fica do outro lado dessa Baía. Existe uma ponte que liga as duas cidades e também uma estação de barcas, que são uns barcões enormes cheios de poltronas. Imagina um cinema sem tela que navega. È isso. Esse barco fica indo de lá pra cá, levando gente de uma cidade pra outra. Isso é a barca.

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