Padre zumbi – Parte 1 – Escultura

Ontem mesmo eu esculpi o Padre Zumbi, mas só consegui assar ele hoje. Vamos ao passo-a -passo:

Eu começo sempre usando a base de MDF, onde faço dois furos e um corte entre eles no fundo da base. Nos furos eu passo um arame de alumínio no exato calibre do furo. O arame faz um “U”, atravessando a base e as duas pontas ficam para cima. Eu torço as duas pontas, de modo a fazer um tipo de “pino”, que servirá para sustentar a peça durante a confecção.

 

O arame não pode ser muito torcido ao ponto de romper-se. Eu seguida, eu pego Super Sculpey e aperto sobre a coluna central. Nessa fase eu poderia usar papel alumínio comprimido para fazer um recheio e assim economizar a massa, mas optei por usar uma massa velha que eu tinha aqui e fiz 100% de massa.

Eu sei… Não ta parecendo o padre ainda.

Eu vou adicionando massa até ter uma forma aproximada da peça. Neste ponto, eu usei a outra peça (ao fundo) para ver se não estava muito fora da medida.

Em seguida, começa a parte mais gostosa da parada, que é esculpir mesmo o zumbi. Para facilitar, eu separei a cabeça do corpo.

Eventualmente, eu “monto” as duas peças para ver como ficam juntas e onde tenho que tirar e/ou colocar mais massa. A ideia é fazer um padre idoso, contaminado, mas não com um semblante de fúria, como o zumbi C foi. Testei ele um pouco corcunda para ver como ficaria.

Nessa fase eu posso brincar com ele, virando a cabeça, inclinando mais ou menos. Até ficar numa pose que me agrade.

Quando eu acho que está razoável, começo a trabalhar os detalhes. A primeira parte são as estruturas da cabeça, a começar pelos olhos. Eu uso um cutelo para fazer linhas quase invisíveis na peça, que me guiam para não errar muito nas proporções, embora a assimetria facial num zumbi não seja nada odioso.

Eu uso esferas de rolamento para os olhos, um macete muito útil que poupa um grande tempo. Daí em diante não tem mistério. É pegar o instrumental e ir mexendo na cara dele até ficar como eu quero.

Quase toda peça que eu faço, eu tento inventar algo diferente. Nessa eu fiquei pensando um jeito de fazer um cabelo que parecesse o cabelo de quem recou a cabeça, mas ele já começou a crescer. Modelei o zumbi careca, com a cabeça lisinha e construí uma ferramenta para fazer dezenas de micro-furos na cabeça dele de uma só vez. A ferramenta parece um pequeno pincel com cerdas de aço. Inclinando a ferramenta e molhando ela em álcool isopropílico antes de bater contra a careca do padre, eu consegui fazer uma espécie de textura que lembra um carpete. Acho que poderá funcionar com a pintura de pincel seco logo mais.

 

Depois disso, eu modelei o crucifixo.

Eu planejava comprar uma corrente em miniatura para usar no crucifixo, mas na loja que eu fui só tinha umas correntonas enormes. Nenhuma como eu idealizei, o que me obrigou a rever a ideia da corrente, pois se eu fosse usar corrente, ela teria que ser colocada manualmente nas peças, após a pintura, já que a forma vazada da corrente impede tirar o molde dela.

Dessa forma, usei um arame bem fino, quase da espessura de um fio de cabelo, que trancei apertadinho e assim fiz uma “cordinha” com ele. Como é arame, é moldável e funciona bem na massa que vai ao forno.

É importante que o arame esteja bem encaixadinho na massa de modo que não passe silicone por baixo dela, o que invariavelmente estragaria o molde. O próprio crucifixo também é assim. Na parte em que ele se desprende da batina, é preciso fazer um reforço invisível por baixo, que impede o silicone de passar ali e eventualmente quebrar o molde ou a cópia.

Qaundo eu achei que a peça estava legal, levei ao forno para assar.

Agora que a peça esta assada, vamos para a fase de pintura e acabamento amanhã (com minhoquinhas felizes!)

Espero que tenham gostado.

Se alguém quiser este zumbi, basta comentar dizendo que quer e eu te coloco na lista.

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Philipe Kling David
Philipe Kling Davidhttps://www.philipekling.com
Artista, escritor, formado em Psicologia e interessado em assuntos estranhos e curiosos.

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Comentários

    • Tem muitas massas possíveis para esculpir. A que eu mais uso é a polyclay Super Sculpey, que vc pode assar no forno e ela fica dura. Mas também já usei muito epoxi. Também uso plastilina e eventualmente oil base clay. Mas essas duas não secam, e podem se reaproveitadas, mas o ruim é que nelas não da pra pintar.

  1. Achei muito bom, no nível das demais. Mas sendo sincero, me arrependi de ter votado no padre, que tinha a história mais interessante. O Soldado-Zumbi ia dar um diferencial muito legal agora, até enriquecer a coleção iria, mas enfim, vamos aguardar a repescagem! Parabéns pelo trabalho!

  2. Cara, suas esculturas estão ficando cada vez melhores. Sou seu fã. Meu sonho de criança era trabalhar em Hollywood fazendo esculturas e maquiagens para efeitos especiais. Se não tivesse passando por uma fase ruim ($$$), com certeza ficaria com uma escultura dessas. Queria poder contribuir com o projeto. Boa sorte nessa empreitada. Grande abraço.

  3. Tá mto show.. parabéns pelo seu trabalho..

    Ficou parecido com aquele padre malucão do filme A Profecia.. numa versão zumbi.. rsrsrs.. principalmente por causa da cabeça raspada.. mto legal..

    Parabéns!!

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