O Brasil é ridículo, cara. Fizeram um negocio que quando vi achei sensacional que é um portal do artesão.
Você se cadastra no portal e submete seu trabalho para receber uma carteira de artesão que vai permitir participar de eventos, facilidade de vender, soluções tributarias e etc e tal. Aí tudo lindo. Sou um artesão, passo horas e horas esculpindo gravando, colando, pintando, catando ate pedaço de bicho morto para botar nos meus trabalhos, então, pensei: Essa é pra mim. ( momento merchã: veja meu trabalho aqui e me segue la)
Mandei meu trabalho, fui vetado. Perguntei o porque.
Após mais de uma semana de espera, eles respondem. O burocrata não entendeu meu trabalho. Expliquei que faço trabalho à mão, escultura, uso fibras naturais ate partes de animais, vegetais, faço figuras religiosas esculpo em durepoxi e etc…
O burocrata puxou então uma lei maluca onde o governo no poder de suas atribuições magníficas e espetaculares, diz o que é e o que não é artesanato.
“Na lei não consta durepoxi e por isso, não é artesanato”.
Eu queria mandar o cara catar coquinhos, mas é ilegal esculhambar funcionário publico no exercício de sua atividade. Então me dei ao trabalho de ler a portaria.
Mandei pro cara:
“Bom dia, o durepoxi é um material de natureza mineral que sofre transformação química. Isso está contemplado no parágrafo 5. Fora isso, também uso gesso, argila e ceras, materiais naturais. Conforme o documento que o senhor me enviou está lá:
“Matéria prima é todo material de origem vegetal, animal ou mineral, empregado na produção artesanal que sofre tratamento e ou transformação de natureza física ou química, podendo ser utilizado em estado natural ou manufaturado.”
Daí ele responde: “mas não ta escrito durepoxi lá. Seguimos o que está descrito na Lei Portaria 1007/2018. ”
Argumentei que posso então esculpir meu trabalho em madeira se ele preferir. E levaria lá pra ele ver.
Então ele respondeu que eu poderia fazer isso mas só seria considerado artesanato se ele fosse com “identidade cultural da região.”
E quem define qual é a tal identidade cultural da região?
“Nós.”
Você não pode ser diferente. Bem vindo à Banânia. Seu trabalho tem que ser padronizadinho conforme manda o manual que eles definem. Senão, o cara-crachá do Carimbador maluco, não bate o carimbinho e não te dá a carteirinha. Carteirinha que diz que você faz o que você sempre fez. “Documento, logo existo.”
Nessa merda aqui, até para você ser um artesão precisa de passar na peneira da burocracia.
Se não ta lá escrito no papel, não existe. Chegamos no ponto muito parecido com os burocratas de “O processo” do Kafka.
Será que se você não tentar de novo, não cola? Se cair na mão de outro analista?
Pq mano, essas coisas vão muito do entendimento (e do saco) de quem pega seu caso pra analisar.
Me lembra quando eu tinha carro gnv. Um paspalho no detran fica olhando as fotos do teu veículo no momento que você esta na inspeção e algum bosta de lá disse que meus pneus tinham desenhos diferentes (teu carro pode vazar gnv, o que não pode é ter pneus diferentes ou a maçaneta da porta não funcionar direito).
Na semana seguinte levei de novo, com os mesmos pneus e foram aprovados. Você deveria mandar de novo. Vendi aquela merda dois meses depois, nada que te faça depender do governo vale a pena.
Sobre o portal do artesão, fiquei com vontade de esculpir algum lixo horrível com barro do meu quintal e mandar pra lá só pra encher o saco deles.
Banânia é uma definição que, a cada dia, se encaixa melhor aqui na Terra Brasilis.
Estado fazendo estadisse