O peixe bolha, não é, digamos, muito provido de beleza. Mas apesar de sua cara de “cruzamento do Jabba com a bolha assassina” ele tem conquistado a atenção e o fascínio de entusiastas da vida marinha.
A Fascinante Aparência do Peixe Bolha
Ok, bonito não é. O peixe bolha destaca-se pela sua aparência única, caracterizada por uma estrutura transparente e redonda semelhante a uma bolha. Essa extraordinária característica faz com que o peixe pareça flutuar dentro d’água como uma espécie de água-viva. Essa aparência singular tem sido um deleite para aqueles que exploram os mistérios dos oceanos.
Em 2013, uma competição internacional promovida pela Ugly Animal Preservation Society’s (Sociedade Internacional para a Preservação do Animal Feio) contou com participantes horrorosos de todos os cantos do mundo, mas não deu outra. O peixe-bolha ganhou de lavada. Olhando essas fotos, dá até pra entender o motivo, né?
A família do peixe bolha é a dos peixes Psychrolutidae, conhecida como peixes-bolha, peixes-sapo, escultores de cabeça chata ou escultores de girino, é composta por mais de 35 espécies distribuídas em 8 gêneros.
Esses peixes marinhos têm uma aparência única, com corpos em forma de girinos, cabeças grandes, e pele solta e móvel.
Características do peixe bolha
Esses peixes possuem cabeças grandes, corpos que se estreitam em caudas pequenas e planas, e sua pele é gelatinosa. Os olhos estão localizados no topo da cabeça, próximos à ponta do focinho. Muitos membros da família têm barbatanas peitorais grandes semelhantes a folhas e não possuem escamas, embora algumas espécies possam ter espinhos macios. Essas características são cruciais, pois vivem em regiões marinhas altamente pressurizadas, sendo predadores que economizam energia até que seja necessário gastá-la.
Estrutura Bucal e Alimentação
Alguns tipos de peixe-bolha tem uma língua curta e larga, com dentes cônicos ligeiramente curvados. Esses dentes estão dispostos em fileiras irregulares ao longo dos pré-maxilares. Além disso, possuem dentes faríngeos especializados que ajudam na decomposição de alimentos que caem de cima. Sua dieta inclui pequenos crustáceos, canetas marinhas, vermes marinhos e outros organismos que nadam próximos a eles.
Distribuição Geográfica
Esses peixes são encontrados no Oceano Atlântico e Pacífico, habitando profundidades que variam de 300 a 1.700 metros. Algumas espécies adaptaram-se às águas mais frias do oceano Pacífico e Índico, sendo avistadas em locais como a costa mexicana do Pacífico e até no Lago Ontário, embora tenham sido consideradas extintas lá.
Longevidade impressionante
Os peixes-bolha são notáveis pela sua longevidade, podendo viver cerca de 130 anos. Adaptados ao ambiente de águas profundas, possuem uma taxa lenta de reprodução e crescimento. Sua vida no fundo do mar, entre 100 e 2.800 metros de profundidade, contribui para sua economia de energia, evitando predadores e selecionando uma dieta que favorece a conservação de recursos.
Habitat e Comportamento
Encontrado em regiões de águas mais profundas, o peixe bolha é conhecido por sua preferência por ambientes tranquilos. Sua natureza serena e movimentos graciosos tornam-no um espetáculo hipnotizante para quem tem a sorte de testemunhar sua dança subaquática. Todos os membros da família Psychrolutidae, como o peixe-bolha, são verdadeiras maravilhas adaptadas às profundezas dos oceanos. Sua aparência intrigante e estratégias de sobrevivência únicas oferecem uma visão fascinante da vida marinha nas regiões mais remotas e menos exploradas de nosso planeta azul.
Ele não tem esqueleto?
O peixe-bolha é encontrado em profundidades que variam entre 600 e 1,2 mil metros. Isso significa que eles são expostos a uma pressão até 120 vezes maior que na superfície da Terra. Para suportar toda essa pressão, seu corpo é completamente adaptado. Ele é formado por uma massa gelatinosa e seus ossos são muito finos e macios e não chegam a formar um esqueleto.
Mas mesmo sem ossos, o peixe-bolha é eficiente no cuidado com suas crias. Várias espécies de peixes costumam proteger seus ovos até que ele eclodam. Mas nenhum deles tem o cuidado que o peixe-bolha tem. As fêmeas não se afastam dos ovos e limpam eles com frequência.
Alimentação e Dieta
A dieta do peixe bolha é diversificada, alimentando-se principalmente de pequenos crustáceos e plâncton. Sua capacidade de se camuflar nas profundezas do oceano faz com que seja um predador eficiente, capturando suas presas com precisão.
Importância Ecológica
Além de sua “beleza estonteante”, o peixe bolha desempenha um papel vital no equilíbrio ecossistêmico. Ao controlar a população de pequenos organismos marinhos, ele contribui para a manutenção da biodiversidade nos oceanos.
Traído pela pressão
Pode parecer curioso como um bicho tão feioso pode existir, mas a realidade é que onde ele vive realmente, ele é praticamente como um peixe normal. Ele só fica feioso, como uma geléia mal humorada, após ser retirado das profundezas. A pressão afeta seu corpo e ele vira essa coisa esquisita das fotos. Quando um peixe-bolha é retirado da água, a descompressão pode fazer com que ele se expanda e relaxe a pele, distorcendo suas feições e dando-lhe aquele nariz grande característico. E em terra ou no convés de um barco, o tecido gelatinoso do peixe-bolha não mantém a sua estrutura, e o animal desmorona numa massa disforme, muito semelhante a uma água-viva arrastada pela água .
“A imagem que todos conhecem é realmente horrível porque é uma imagem morta”,
É o que diz Simon Watt , o biólogo, comediante e comunicador científico que criou a Ugly Animal Preservation Society. “Na natureza, eles não são exatamente reis ou rainhas da beleza, mas não parecem tão deprimidos.”
Sua forma real lembra a de um girino com uma cabeça arredondada que se afila para uma cauda.
Conservação e Preservação
Infelizmente, o peixe bolha enfrenta desafios devido às atividades humanas, como a pesca predatória e a degradação do habitat marinho. A conscientização sobre a importância da preservação dessas criaturas é fundamental para garantir que futuras gerações possam continuar admirando essa maravilha aquática.
Não se sabe com certeza qual o volume populacional do peixe bolha. Esses animais são tão difíceis de serem encontrados, que até 2003 só havia um único registro da espécie — o primeiro espécime foi encontrado por um navio de pesquisa na costa da Nova Zelândia em 1983.
Outra curiosidades sobre eles, é que eles não tem dentes. Seu corpo gelatinoso é ideal para que eles não precisem gastar energia para se movimentar. Por isso mesmo, eles não possuem a bexiga natatória, uma bolsa de ar que ajuda a manter o peixe flutuando e o ajuda a controlar onde ele fica na água. Lá embaixo, a pressão pode ser mais de 100 vezes maior que a pressão atmosférica que você sente agora. Assim, o peixe bolha tem uma variedade de adaptações para viver em habitats de alta pressão, incluindo um corpo mole, com ossos moles e muito poucos músculos.
Em 2003 ele foi fotografado e catalogado pela primeira vez, durante uma expedição em Norfolk Ridge, a noroeste da Nova Zelândia. Os cientistas acharam a criatura tão curiosa, que o batizaram de “Sr. Bolinha”.
Atualmente ele pode ser visto na Coleção de Ictiologia do Museu Australiano.
Ele é venenoso?
Uma pergunta que muitas pessoas fazem é se o peixe bolha é um peixe venenoso, ou tóxico de alguma maneira, como acontece com os baiacus.
Ocorre que por ser tão raro, viver tão lá no fundo, ele raramente é capturado em condições de ser estudado, que dirá comido, mas por mais incrível que possa parecer, teve um maluco que comeu um!
Em 2019, o Daily Mail Australia relatou que um homem que trabalhava no Sydney Fish Markets comeu um peixe-bolha . Ele não pareceu sofrer quaisquer efeitos nocivos, o que parece indicar que esse seja um peixe menos perigoso, mas o cara se arriscou demais!
Embora seja improvável que tal peixe algum dia se torne comercialmente disponível, mesmo que seja seguro para comer, o impacto que estamos tendo sobre o peixe-bolha agora por capturá-lo acidentalmente ainda é desconhecido devido ao pouco conhecimento que se tem sobre essa população.
Peixe bolha, o rei da preguiça!
Ele nada com o mínimo de esforço possível. Como muitos peixes de águas profundas, o peixe-bolha não tem bexiga natatória, o órgão em forma de saco de ar que ajuda os peixes mais próximos da superfície a controlar sua flutuabilidade. Se o fizessem, seriam esmagados pela pressão. Em vez disso, a composição corporal gordurosa do peixe-bolha entra em ação. Na verdade, é menos denso do que a água em que vive.
“Se você pensar em como o óleo flutua na água, é mais ou menos assim: ter alto teor de gordura significa que eles ficam mais flutuantes”, diz Watt. O peixe bolha simplesmente flutua na água ou no fundo do mar, permanecendo praticamente imóvel e usando o mínimo de energia possível. Isso economiza trabalho.
“Ser preguiçoso é uma estratégia de sobrevivência, e ser gordo para ajudar a ser preguiçoso é uma estratégia de sobrevivência.”
Todos nós podemos nos identificar com isso, certamente.
Conclusão: Não é tão feio e mora nas Profundezas
O peixe bolha, com sua forma graciosa e aparência fascinante, é um tesouro dos oceanos que merece ser apreciado e protegido. Ao explorar as profundezas do nosso planeta azul, somos lembrados da delicadeza e da diversidade que caracterizam a vida marinha. Vamos unir esforços para preservar e celebrar a beleza do peixe bolha, garantindo um legado de maravilhas aquáticas para as gerações vindouras.