( Continuação da parte 2)
Ali, atrás da grande carroça estava uma gaiola de ferro. Ela era feita com barras grossas e parecia uma gaiola de passarinho, porém, gigante. No interior daquela coisa, havia uma criatura. Os olhos esbugalhados de pavor. A boca entreaberta revelava uma língua grande e escura. Os poucos dentes que restavam naquela boca eram amarelos.
Alexander sentiu o cheiro de fezes e podridão.
Pedaços de ossos se espalhavam no chão da gaiola.
-O que é isso, velho? Que abominação é esta?-Perguntou Alexander assustado.
-Este é o futuro marido de Sandra.
-O quê? Como? -Tudo parecia rodar. Aquelas palavras atingiram seu peito como lâminas em brasa.
-É triste, mas é verdade. Este é Alifi, Alexander.
-Alifi?
-Sim, Alifi é louco desde os dez anos de idade. Quando nasceram, Sandra e Alifi foram prometidos um ao outro. Porém, aos dez anos, não se sabe como, ele ficou assim. Agora come carne crua e vive nu nesta jaula.
-Mas não é justo. -Retrucou Alexander.
-É a nossa lei. Console-se. A sua Mikaela pelo menos é normal e muito bonita também, menino.
-Não. Não pode ser. -Alexander saiu desnorteado. Andou pela floresta até achar uma rocha. Sentou-se ali e ficou a pensar nas armadilhas do destino.
Enquanto isso, na colônia cigana, Sandra era acordada pela mãe.
A moça ajudou as irmãs menores a tirar o leite das vacas. Durante todo o tempo, só pensava em Alexander. Aquele era o rapaz de seus sonhos.
Sandra carregava o balde com leite pelo acampamento quando Dimitri apareceu.
-Deixa, eu levo pra você.-Falou todo galanteador.
-Obrigada. Está mesmo pesado. -Disse a moça.
-Escuta. Eu vi sua dança ontem. Não preguei meus olhos pensando em você.
-Mesmo? – Perguntou Sandra, sentindo-se lisonjeada.
-Sim. Posso perguntar uma coisa?
-Claro.
-Aquela rosa. Você jogou pra mim, não foi?
-Hã? …Não!
-Não precisa ter vergonha, Sandra. Eu sei que foi pra mim. Caiu aos pés do meu primo, aquele menino. Mas eu sei. Eu vi seus olhares para mim.
-Desculpe, acho que você se enganou. Eu joguei a rosa para seu primo.
-Pro Alexander? Aquele idiota? Ah. Conta outra. Até parece.
-Pois foi.
-Ah, querida. Perca as esperanças. Alexander vai casar.
-Hã? Como? – Arrepiou-se Sandra.
-Sim, beleza. Ele vai casar com a Mikaela. Aquela lá, ó. -Disse apontando Mikaela que carregava um jarro.
Sandra tentou disfarçar o desgosto da notícia.
-Bem bonita a moça.-Disse ela mordendo os lábios para tentar conter as lágrimas.
-Bonita mesmo. E eles se amam. O amor é lindo, não?
-Sim. Pode me dar o balde, por favor. Obrigado…
-Dimitri.
-Isso. Dimitri. Adeus. – Falou Sandra, não contendo uma lágrima que desceu pelo seu rosto.
Dimtri virou-se e caminhou satisfeito sentindo o sol que descia por entre as árvores. Parou, se espreguiçou e pensou:
“Essa tá no papo!”
Mikaela passou carregando o jarro.
-E aí loura?
-Dimitri… Como vai?
-Tenho uma boa notícia.
-Daquela lacraia? -Perguntou Mikaela colocando o jarro no chão.
-Sim.
-Eu vi vocês dois de papo.
-Ela está interessada no seu homem, Mika.
-Mikaela.
-Que seja…
-Eu sei. Eu vi os dois se olhando ontem. Passei a noite em claro pensando na desgraçada. O Alexander. Você viu como ele olhava pra ela com aquela cara de bobo? Ele nunca olhou assim pra mim.
-Pois bem, Mika. Eles dois estão se enrabichando.
-Eu sei. E o que você tem com isso?
-Calma, lourinha. Eu tenho boas notícias. Eu disse a ela que vocês dois vão casar. Já tirei ela da jogada.
-Ah. Muito obrigada. Agora só falta você convencer o cabeça dura do seu primo a casar comigo. Isso sim eu quero ver, seu bocó.
-Aí é com você, moça. Eu fiz a minha parte. Tô deixando a Sandra livre. Livre pra mim, lógico. -Disse o cigano rindo.
-Aí que você se engana redondamente. -Retrucou Mikaela.
-Do que você tá falando, garota?
-Minha tia falou que ela é comprometida.
-Aquela bruxa? O que a bruxa Zatanna sabe da moça? Vamos diga!
Mikaela sorriu maliciosamente.
-Surpreso Dimitri? Escute só a melhor parte: Ela é prometida de um louco.
-Não pode ser.
-Pois é. Vá até o paredão de pedra lá no fundo. É a carroça grande. Olha atrás dela. Conheça o prometido da sua pretendente. -Disse Mikaela sorrindo da desgraça de Dimitri.
O cigano correu como pode até o fim da clareira. Percorreu o paredão de pedra e chegou ao carroção. Ali estava a gaiola com Alifi. Babando, ele chupava um pedaço de osso enquanto grunhia de modo assustador.
Dimitri nunca tinha visto uma aberração como aquela. O corpo pálido, magro e com um cheiro terrível de morte.
Enquanto isso, em outro canto da floresta, sozinho, Alexander olhava a luz que entrava através da copa das árvores. O silêncio era cortado apenas pelo canto dos pássaros e o som dos insetos.
Alexander pensava em Sandra, em seus olhos, seu corpo e seus cabelos negros. Suas mãos macias e sua voz doce. A impossibilidade de ter aquela mulher para sempre era algo que o machucava profundamente.
Ele voltou para a aldeia resoluto a não aceitar aquela situação.
Ao chegar na grande clareira onde os dois grupos estavam acampados, Alexander viu Sandra caminhar cabisbaixa na direção da fonte. Ele correu até ela.
-Oi? -Perguntou Alexander
-Oi. -Disse Sandra secamente.
-O que foi? Está triste? -Perguntou Alexander.
-Nada não. Estou bem. Vou buscar água.
-Posso ir com você?
-Se quiser.-Disse ela, não dando muita atenção a Alexander.
Os dois andaram lado a lado por alguns minutos em completo silêncio.Em sua mente, Alexander tinha duvidas, ideias, ensaiava frases para dizer à moça. Mas foi Sandra que rompeu o silêncio com uma pergunta.
-Quando será seu casamento?
-Meu o que?
-Seu casamento com aquela menina loura. -Falou com indisfarsável ressentimento.
-Mikaela?
-Sim.
-Nunca.
-Nunca?
-É, eles querem que eu me case com ela desde pequeno. Mas eu não gosto dela, nunca gostei, nunca vou gostar. Eu não quero me casar com ela. Nada vai me obrigar a fazer isso. Meu coração pertence a outra mulher.
-Verdade? -Disse Sandra surpresa.
-Sim. Totalmente.
-E quem é esta felizarda? – Perguntou Sandra esboçando um sorriso.
-Você conhece bem. -Disse Alexander pegando na mão dela.
Os dois se beijaram longamente. Subitamente, Sandra afasta Alexander.
-Eu… Eu não posso. -Disse Sandra com olhar triste.
-Mas você não sente nada por mim?-Alexander abraçou a moça.
-Sim. Eu senti e sinto uma chama que queima em meu peito toda vez que te vejo e você não sai dos meus pensamentos desde que nos vimos pela primeira vez.
-Então? Se nós desejamos, por que não podemos nos casar? -Perguntou Alexander, enchendo o balde com água na nascente.
-Eu sou prometida…- Disse Sandra.
-Eu sei. Ephraim me contou. Nós vimos o infeliz naquela… Gaiola.
Sandra sentou-se numa pedra e começou a chorar.
-Calma Sandra.
-Como assim calma? Você viu Alifi. Você acha justo que eu me case com ele daquele jeito? Eu não o amo. Eu ficarei solteira para sempre.
-Eu falarei com seu pai hoje à noite. Pedirei a sua mão em casamento. -Disse Alexander de uma só vez.
Os olhos verdes de Sandra brilharam.
-Você teria coragem?
-Sim. Por você eu faço tudo. Nada me impedirá de viver ao seu lado, minha querida.
Os dois se beijaram novamente e voltaram com a água para a aldeia.
Quando se aproximavam, separaram-se e Sandra levou a água para a carroça. Alexander foi para o barracão onde alguns homens forjavam lâminas de grande precisão.
Ele ficou ajudando os homens, mas não tirava Sandra dos pensamentos. Mentalmente, ele repassou tudo que gostaria de dizer ao pai da moça, no pedido de casamento. Naquela noite ele escolheria o melhor momento, e então faria o pedido.
Quando faltava pouco para o início dos preparativos, uma enorme nuvem cobriu o acampamento e uma chuva torrencial irrompeu, com clarões de relâmpagos e trovões estourando no céu. Isso atrapalhou os planos de Alexander, de se aproximar de Zaid durante a festa. Ephraim informou a todos que estava transferindo a festa para a noite seguinte, caso a chuva desse trégua.
Naquela noite, o jovem ficou deitado em sua cama de pele, olhando para o teto da cabana. Ficava ali, com os olhos abertos no escuro, pensando e repensando no pedido de casamento, em ser feliz com Sandra e nada mais. Até que dormiu um sono inquieto. Acordou diversas vezes, sem conseguir relaxar. Os pensamentos ecoavam em sua cabeça. Quando já começava a amanhecer o dia, ele finalmente relaxou e dormiu mais profundamente.
Alexander foi acordado por um grito de pavor. Vestiu o mais rápido que pode suas roupas e saiu do lado de fora. Era uma grande confusão, em meio a lama com as pessoas que corriam por todos os lados.
– O que aconteceu? -Perguntou ele a um jovem que passava correndo.
-Mataram alguém.
-O que? Onde?
-Lá atrás, perto do paredão! – Gritou o jovem apontando, aos berros, enquanto entremeava-se em meio a multidão.
Alexander correu até o local, que já estava cheio de ciganos. Algumas mulheres choravam. Homens tentavam tampar a vista das crianças da cena horrenda.
Ali estava Alifi, morto em meio a uma poça de sangue. A cabeça, separada do corpo, estava de lado, com os olhos arregalados e a língua enorme pendendo da boca.
Zaid chegou ao local do crime e ordenou que todos voltassem para suas barracas. Ele reuniu-se com os anciões do grupo para tomar as providências. Cremaram os restos mortais de Alifi.
Zaid escutou atentamente as opiniões e suspeitas e cada um dos velhos membros daqueles clãs. Havia um assassino entre eles, e isso era inadmissível.
Durante o almoço não se falava em outra coisa senão o crime bárbaro contra o doente mental. Em todas as cabanas os ciganos especulavam quem teria feito aquilo e porque. Enquanto quase todos comiam, na cabana de Zaid, o chefe cigano tinha uma conversa franca com Sandra:
-É verdade. -Disse Zaid à Sandra.
-Quer dizer que estou livre? Livre? – Perguntou Sandra, com o mais belo sorriso que jamais estampou em seu rosto até então.
-Sim, minha filha. Com a triste morte de Alifi, agora você está oficialmente livre para o casamento.
-Pai, eu gostaria de me casar com…
-Já? Mas nem o seu prometido morreu e já pensas num novo?
-Sim, meu pai. Ele irá falar com o senhor na festa, esta noite.
-E quem é o homem corajoso que tentará tomar a minha filha? -Perguntou Zaid, afiando um punhal.
-Alexander.
-O órfão? Aquele criado pelo velho Epharim?
-Sim, pai.
-Eu não gosto desse. Arrume outro.
-Mas pai… – A expressão de liberdade lentamente se desvaneceu do rosto da jovem Sandra.
-Nada de conversa. Eu não quero este homem desposando filha minha. Não vou com a cara do garoto.Além do mais…
-O que? – Perguntou Sandra com os olhos marejados de lágrimas.
-Nada, nada. Esqueça. -Disse Zaid trocando um olhar silencioso com a mãe de Sandra.
-Fala pai! – Disse Sandra levantando-se.
-Eu já disse. Não é nada. Apenas não quero você com ele. Existem muitos outros jovens mancebos disponíveis, Sandra. Escolha qualquer um…
-Eu já fiz minha escolha, meu pai. -Disse Sandra não conseguindo mais conter as lágrimas. Ela saiu da cabana e correu para a floresta aos prantos.
Zaid fogou o punhal contra o grosso pilar da cabana. Olhou nos olhos de Petra.
-Zaid. Por que? -Perguntou Petra.
-Os sonhos. – Disse Zaid.
-Eles tornaram a falar? – Questionou Petra.
-Sim. Falaram antes de encontrarmos o clã de Ephraim.
-E o que eles disseram?
-Que nossa descendência sucumbirá. O resto é confuso. Imagens, eu vi o jovem, vi fogo e morte.
-Não pode ser. -Disse Petra perplexa.
-Sim. É verdade. Os sonhos nunca erraram. Tudo se concretizou. Veja a morte do Alifi. Está tudo acontecendo. Tudo lança nossa filha na direção desse maldito rapaz. Vamos perder nossa filha, Petra.
A mãe de Sandra apenas olhou com tristeza para o líder cigano. Ambos ficaram em silêncio se olhando por um tempo, até que Zaid rompeu o silêncio:
-Temo que quem tenha matado Alifi seja ele.
Petra olhou com os olhos profundamente verdes arregalados.
– Será?
-Temo que sim.
-Pobre Sandra. – Ela disse baixando os olhos.
-Farei tudo para mudar este destino.
-O destino não se muda, meu amor.
-Isso é o que veremos. – Disse Zaid, pegando o punhal da coluna e saindo da cabana.
Enquanto isso, na floresta, próximo a um riacho, Dimitri lava uma faca coberta de sangue. Ele olha ao redor, com apreensão. Após eliminar os vestígios do sangue, Dimitri guarda a faca e inicia a volta para o acampamento. Nessa hora surgiu Mikaela na frente dele. Dimitri se assusta e quase dá um grito de pavor quando ela salta de uma árvore.
-Maldita seja! Mikaela, quer me matar?
-Assustando-se atôa, Dimitri? Tá com medo de que?
-Eu? Nada.
-Nada é? E por acaso esse sangue aí na sua manga não é do retardado mental não?
Dimitri se assusta. Ele olha em busca do sangue. Não há nada.
-Dimitri, seu burro. Caiu hein? – Riu Mikaela. – Viu como é fácil descobrir as coisas quando um bocó como você tenta escondê-las?
-Maldita. Eu te mato. Se você abrir a boca…
-Queito, Dimitri. Este é nosso segredo. Conte comigo. Conte com meu silêncio.
-Para sua sorte, espero que possa contar.
-Adeus, bocó. – Disse Mikaela sorrindo e adentrando a floresta.
-Onde vai loura? – Perguntou Dimitri.
-Buscar ervas. Minha avó precisa de umas plantas.
-Nos vemos na festa.
-Até logo. Bocó. – Riu Mikaela sumindo entre as plantas.
Enquanto isso, na cabana dos homens, Alexander estava usando um fole para aquecer as brasas. Ao seu lado homens parrudos desferiam golpes de martelo sobre placas de aço em brasa. Uma criancinha magra entrou na cabana e foi até Alexander. Em seu ouvido ele escutou que Sandra o esperava na borda da clareira.
Alexander saiu em disparada.
Encontrou Sandra olhando para as árvores. Seus olhos vermelhos de tanto chorar.
Sandra contou a Alexander que seu pai não queria que ela se casasse com ele. Levantaram e caminharam juntos pela floresta.
-Eu não vou abrir mão de você, Sandra.
-Nem eu. Não desejo que meu pai impeça nossa união. Mas ele é o líder. E ele disse que não nos abençoa.
-Vamos fugir então.
-Fugir?
-Sim, vamos fugir. Esta noite. Saímos ao anoitecer e viajamos sem parar até um lugar distante, onde dejamos só nós dois. Construirei uma cabana e teremos filhos, criaremos nosso próprio clã. Tenho cavalos, que herdei de meus pais. Posso pegá-los e vamos neles.
-Mas…
-É nossa única chance, meu amor.
Os dois jovens se abraçaram e beijaram-se longamente à sombra das antigas árvores da floresta. Em meio ao mato e formigas, escondida de cócoras sobre uma grossa raiz, estava Mikaela, escutando tudo. Mikaela tinha o ódio no olhar.
Minutos depois, Mikaela estava na cabana da velha Zatanna. Após contar tudo para a velha, Mikaela escutou de Zatanna um plano para impedir a fuga dos dois.
-Só tem um jeito, Mika. -Disse a velha decrépita com seus dedos magros apontados para ela.- Temos que fazer Sandra morrer.
-Matar, tia? – Perguntou Mikaela assustada.
-Não de verdade, Mika. Você sabe aquele cogumelo verde que cresce nas cascas de carvalho?
-Sim, tia.
-Vá na floresta e traca pra mim. Mas cuidado. Lave as mãos depois de pegar neles. São muito venenosos. Mas numa quantidade certa e em mistura com os ingredientes certos, produzirá um estado de morte, sem no entanto ceifar a vida da filha de Zaid. Traga também açafrão e raiz de verbasco. O resto deixe com sua tia. -Disse a velha rindo.
-E então, tia? E depois?- Perguntou Mikaela querendo entender o plano de Zatanna.
-Então nós vamos forjar a morte da filha de Zaid. Pensando ter perdido o amor, ele ficará fragilizado e casará com você.
– Mas tia… Ele é um Cabeça dura. Não vai casar-se comigo nem assim.
-Não casaria se tivesse outra opção, mas ele será acusado de assassinato e de abusar de você. A suspeita já paira sobre ele, que eu posso sentir. Iremos dar a ele o sono mais profundo. Quando ele dormir, nós o levamos para a carroça e você dorme com ele. Se ele não casar, a pena é a morte.
-Nossa! – Sorriu Mikaela. – Eu sei quem pode nos ajudar. O primo dele. Aquele grandão. Ele está louco pela filha de Zaid.
-Vai funcionar, Mika. -Disse a velha. – Agora vá logo buscar os cogumelos. Combine com o primo dele. Eu começarei a fazer o veneno.
Naquela noite uma bela lua cheia iluminou o céu. A fogueira foi montada no meio da clareira rodada pelas cabanas dos dois grupos. Ciganos músicos tocavam belas antigas canções. Crianças brincavam com coelhos.
No centro da roda, ao redor da fogueira, estava Zaid. Do outro lado, sentando em silêncio, alheio a tudo, Alexander buscava com o olhar encontrar Sandra. Mas não via nada.
Quando finalmente encontrou, Viu Zandra vestida num vestido majestosamente vermelho, com os cabelos negros esvoaçantes, e uma rosa vermelha se destacado entre as madeixas. O vestido cobria-lhe um dos ombros e deixava o outro de fora. Ao chegar na festa, Sandra atraiu todos os olhares. Zeroth tocou uma bela musica cigana, e após a reverência, Sandra abriu o vestido vermelho e iniciou um lindo bailado.
Os homens bebiam vinho e todos cantavam. Sandra dançou como nunca, com seus belos olhos verdes a brilhar o fogo da paixão.
Enquanto todos olhavam para Sandra e seu bailado, Mikaela surgiu com uma taça de vinho. Saída diretamente da cabana de Zatanna. Correu de volta com a taça e deixou ao lado de Alexander. A festa transcorreu normalmente, com muita comida, musica e conversas. O fantasma da morte de Alifi já não causava mais tanta preocupação e os homens dançaram animados. No meio da dança, Alexander começou a sentir-se tonto. Pensou ser o vinho. Sentou-se num tronco de árvore para pegar um ar.
As mulheres foram dançar juntas e todas animadas moviam seus quadris ao redor da fogueira. Alexander já não conseguia mais localizar Sandra. Tudo parecia um borrão de cores e luzes. As vozes pareciam vir de muito longe. Ele sentiu o corpo ficar dormente e afundar lentamente no tronco. Alexander caiu para trás, desmaiado.
Do meio da mata, em plena escuridão, surgiu Dimitri. Ele levantou Alexander pelo braço e colocou-o nas costas. Voltou para a mata.
Enquanto isso, Sandra dançava animada com as doutras meninas do clã.Volta e meia ela olhava para Alexander e sorria, mas dessa vez, ele não estava mais sentado no tronco. Sandra pensou que ele tivesse saído para buscar mais vinho e distraiu-se com as conversas comidas e musicas.
A festa já começava a acabar quando Sandra se deu conta que desde a dança das meninas não havia mais encontrado Alexander. Ela levantou-se e começou a procurar.
De uma carcomida cadeira de madeira escura, a velha Zatanna observou Sandra mover-se de um lado para outro da festa, procurando e perguntando se alguém havia visto Alexander. Zatanna sabia que naquela altura, Mikaela já estava deitada com ele, nua, sob as peles.
Já era tarde. Os homens retiraram-se, bêbados, para suas cabanas. Alguns cambaleavam sozinhos. Outros eram ajudados por suas mulheres e filhos.
Só restou Sandra, a andar como um fantasma pelo centro da aldeia. Olhando em todos os cantos em busca de Alexander. A velha Zatanna veio na direção de Sandra.
-Filha, viu a Mikaela?
-Não senhora.
-Não é a Mikaela que está procurando aqui no escuro? – Perguntou Zatanna.
-Não… Não. Quer dizer… Ela sumiu? – Perguntou Sandra.
-Sim. Desde a dança das meninas que não a vejo. Ela estava conversando com o menino do Ephraim mas aí… pluft.
-Ah. – Disse Sandra, engolindo uma estranha sensação de desgosto.
-Sabe como são esses jovens, né minha filha. O vinho, a musica… Daqui a nove meses ela pare um bacuri. -Disse a velha rindo com a meia dúzia de dentes.
Sandra não consegua nem falar. Apenas acenou com a cabeça. A velha deulhe às costas e saiu.
Sandra correu até a cabana de Ephraim para ver o leito de Alexander vazio.
A cinaga então correu até a cabana de Mikaela, para descobri-la vazia.
-Estão juntos. -Ela disse baixinho.
Sandra então correu até as carroças. Olhou uma a uma até encontrar, na carroça de Alexander, os dois, dormindo abraçados e nus entre as peles.
(Continua amanhã)
O trem aê tá bão, viu?! Continua! :love:
ta muito bom
continue
Li hj as 03 partes AMEIIII :love: não vejo a hora de chegar amanhã pra saber o que vai acontecer hahahaha
a, mais mais *-*
Nussa, mto bom MESMO ! To louco pra ler o desfecho dessa saga.